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jesus - O que Jesus disse? O que Jesus NÃO disse? O+que+Jesus+disse
ANÁLISE DO LIVRO "O QUE JESUS DISSE?, O QUE JESUS NÃO DISSE?", DE BATH EHRMAN - A BÍBLIA ESTÁ, DE FATO, CHEIA DE ERROS E CONTRADIÇÕES?

Por H. L. Nigro
Adaptado por Artur Eduardo

Em O que Jesus disse? O que Jesus não disse?, Bart Ehrman parece, superficialmente, apresentar uma tese convincente para a falta de fidelidade do Novo Testamento baseado nas mudanças dos manuscritos antigos durante o processo de cópia dos copistas, particularmente no segundo e terceiro séculos. Infelizmente, ele não é sempre o estudioso objetivo que ele mesmo afirma ser. Este trabalho, enquanto provê um documentário interessante sobre a disciplina do criticismo textual, somente conta metade da história.
Embora Ehrman saiba que a maioria esmagadora destes erros de cópia são aqueles (tais como os erros de ortografia) que são, em suas próprias palavras, “completamente insignificante[s], imateria[is], de pouca importância” (p. 217)[1], ele repetidamente passa rapidamente por cima deste ponto crítico e focaliza , em vez disto, as muito mais escassas adições e alterações intencionais, as quais a maioria já foi removida das nossas modernas traduções, ou mesmo que preservadas, têm pequeno ou nenhum impacto na doutrina cristã.
Adicionalmente, Ehrman freqüentemente deturpa o corpo da moderna erudição como que concordando com ele em matérias controversas quando, na verdade, alguns dos mais importantes estudiosos do Novo Testamento – incluindo o próprio mentor de Ehrman, Bruce Metzger – discordam dele. Apesar disto, ao final de seu livro, Ehrman admite que “pesquisadores competentes … altamente inteligentes chegam a conclusões opostas” (p. 218); até então, ele usa o termo inclusivo “pesquisadores” ou “muitos pesquisadores” para apoiar suas conclusões, ainda que raramente seja verdade.
É particularmente perturbador quando Ehrman especula sobre o assunto da autenticidade baseado em sua própria opinião ou reação pessoal quanto ao texto ao invés de [basear-se em] qualquer evidência histórica (por exemplo, ele visualiza diferenças secundárias de um evangelho para outro como tentativas deliberadas de alterar a mensagem e apresenta uma diferente visão da história) e, então, posteriormente em seu livro, deixa de chamar estas declarações “de especulações” para declarações “de fato”.
Pegue, por exemplo, sua argumentação de que Mateus e Lucas deliberadamente “apagaram” referências às emoções de Jesus (tais como compaixão ou ira, dependendo da variação lida que alguém escolha) na cura do leproso em Marcos 1.41. Por causa de que Ehrman prefere a leitura de que Jesus estava mais irado do que compassivo, ele argumenta que as descrições mais esparsas de Mateus e Lucas foram tentativas deliberadas de ocultar o que ele consideraria um fato embaraçoso. A argumentação de Ehrman ignora claramente o problema que, se os escritores do evangelho tinham inclinação para remover fatos embaraçosos, eles teriam ocultado os fatos muito mais embaraçosos deles, tais como a rejeição de Jesus por parte de Pedro, a incredulidade de Tomé, e o fato da tumba vazia ter sido descoberta por mulheres. Se eles deixaram estes fatos embaraçosos, porque eles deixariam fora do seu caminho algo tão inócuo quanto aqueles? Mais importante ainda, a argumentação de que isto é uma omissão deliberada (desta forma colocando dúvida nos motivos dos escritores) é uma interpretação pessoal que se sobrepõe ao texto – e completamente sem base nos fatos.
jesus - O que Jesus disse? O que Jesus NÃO disse? Ap%C3%B3stolo+Paulo
Rejeição subjetiva
Ironicamente, Ehrman usa seu treinamento em criticismo textual como a base para rejeitar a fé cristã. E, ainda, mesmo na própria admissão tácita de Ehrman, nenhum exemplo dado no livro toca o núcleo do ensino cristão.
Certamente, algumas adições dos copistas apóiam as afirmações do Novo Testamento sobre a divindade de Cristo, por exemplo; mas há um excesso de referências, incluindo as próprias palavras de Jesus, que não estão sob suspeita. E nenhuma destas discrepâncias coloca em xeque o coração da mensagem cristã, incluindo os detalhes relativos à morte expiatória, julgamento e ressurreição de Cristo, as quais formam o coração da fé cristã. Não somente isto, mas a confirmação dos pontos-chave dos relatos evangélicos podem ser encontrada em antigas crenças pré-Paulinas, as quais aparecem antes dos evangelhos ou epístolas serem escritas (a crença encontrada em 1 Coríntios 15, por exemplo, é comumente crida que ela apareceu dentro de uns poucos anos depois da morte de Cristo[2]), e nos escritos da Igreja antiga, tanto quanto em documentos seculares do primeiro e segundo séculos.
Curiosamente, Ehrman quase admite que o que importa não são os fatos da matéria, mas suas acusações pessoais (as quais são tão importantes que ele as faz na primeira e na última página do livro); que se a Bíblia foi realmente inspirada por Deus, então Deus teria preservado suas palavras originais perfeitamente através da história. Nenhum copista teria feito um simples erro ou uma simples mudança em qualquer ponto do tempo:

"Pois a única razão (pensava eu) de Deus inspirar a Bíblia seria para seu povo ter as suas palavras reais; mas se ele realmente queria que as pessoas tivessem suas palavras reais, certamente poderia ter preservado miraculosamente essas palavras, assim como primeiramente as inspirara milagrosamente. Dadas as circunstâncias de que não preservou as palavras, a conclusão me pareceu inevitável: ele não se deu ao trabalho de inspirá-las". (p. 221)
Isto explica porque, na mente de Ehrman, as menores e mais secundárias discrepâncias tiraram a sua fé do caminho. Não que a evidência realmente aponte para os documentos do Novo Testamento como não confiáveis em transmitir verdade histórica, mas antes porque Deus não atingiu os padrões pessoais do próprio Ehrman.
Através da lente da ofensa
Esta, no seu núcleo, é a lente através da qual Ehrman visualiza sua pesquisa. Isto é claro, não somente em suas justificativas, mas em sua teologia. Muitas das afirmações de Ehrman de que as mudanças no texto são significativas à teologia cristã, realmente refletem o que parece ser uma compreensão superficial do texto.
Em outros lugares, seus problemas quase parecem manufaturados. Pegue o exemplo do aparente “erro” de Jesus quando Ele diz, em Marcos 4, que a semente da mostarda é “a menor de todas as sementes da terra”. Respondendo ao corpo do trabalho de harmonização destas passagens, Ehrman escreve, “[...]talvez eu não precise arrumar uma explicação extravagante de como o grão de mostarda pode ser a menor das sementes quando sei perfeitamente que não é” (p. 20). Antes que conclua que Jesus proferiu uma asneira embaraçosa, não seria mais racional assumir que Jesus não estava fazendo uma declaração científica, mas antes estava a ferramenta comum do exagero para fazer um ponto importante – a comparação do tamanho da semente com a majestade da planta completamente desenvolvida? Para Ehrman ver isto como um erro antes do que como uma óbvia figura de linguagem sugere uma forte tendência através da qual ele interpreta o texto.
jesus - O que Jesus disse? O que Jesus NÃO disse? Trecho+de+Isa%C3%ADas
Esta tendência resplandece tanto através do restante do parágrafo quanto na lista de Ehrman, uma coleção de “contradições”, após cada uma das quais ele afirma que, antes de aceitar a harmonização, “talvez haja realmente uma diferença”. A resposta óbvia é “e talvez não haja”. Os exemplos que Ehrman dá são bem conhecidos dos estudiosos do Novo Testamento, e a maioria – se não todos – são facilmente harmonizados. Então nós ficamos com a solução fácil? Ou nós rejeitamos a solução mais intuitiva e focamos ao invés disto a menos intuitiva – que Jesus, que é comumente citado, mesmo por aqueles que não aceitam sua divindade, como o mais sábio homem que já viveu e que habitou em uma cultura de fazendeiros e agricultores, cometeu um erro grosseiro sobre o tamanho de uma semente comum?[3]
Por último, o que isto resume é a falta de respeito de Ehrman pela mensagem do Novo Testamento. Isto também é claro em suas incorreções nas citações bíblicas. Ocasionalmente, as referências bíblicas são rasteiramente incorretas. Em outros casos, se alguém ler a passagem a qual Ehrman está se referindo, ela nem sempre diz o que Ehrman afirma. Se Isto é um resultado de sua própria lambança ou resposta ao texto emocionalmente carregada, novamente ressalta uma questão acerca de sua objetividade.
De qualquer modo, sobre o quê o Cristianismo está baseado?
Com todas as coisas consideradas, há uma tremenda ironia aqui. Eu duvido que qualquer estudioso questionaria a discussão de Ehrman sobre os manuscritos em si. As alterações dos copistas são bem conhecidas, e que poucas “principais” modificações foram feitas ao texto são também bem conhecidas – mesmo para, ”hã, hum”, outros estudiosos do Novo Testamento – mas a despeito do propósito declarado do livro como uma introdução ao criticismo textual para leigos, é a conclusão que Ehrman formula que é a verdadeira mensagem do livro. Essas conclusões são altamente subjetivas, e é nas suas conclusões que muitos dos maiores estudiosos do Novo Testamento do mundo distinguem-se das visões dele.
A maior ironia é que Ehrman rejeitou sua fé no cristianismo bíblico no que ele vê como problemas irreconciliáveis com o texto; e, contudo, a fé cristã nunca foi baseada na perfeita preservação das traduções do Novo Testamento. É baseada no testemunho ocular do Cristo ressurreto, o qual é um dos eventos mais bem atestados na história antiga, com ou sem alterações dos copistas, e mesmo fora da Bíblia. Poderiam desaparecer todos os documentos do Novo Testamento, porém a historicidade do Cristo ressurreto, crucificado por nossos pecados e adorado pelos antigos cristãos como Deus, permaneceria intacta (veja The Historical Jesus, por Gary Habermas).
Uma ironia final é que, enquanto Ehrman pesquisou estes textos e rejeitou sua fé, muitos dos grandes intelectuais do nosso tempo têm olhado para as mesmas evidências e têm realmente fortalecido suas fés ou se tornam crentes pela primeira vez. Eu mesmo tomo algo muito diferente das evidências de Ehrman do que ele aponta, e realmente deleito-me com o livro e planejo adicioná-lo à minha biblioteca apologética apoiando a fé cristã – em grande parte, suspeito, para seu desapontamento.
Fonte: Apologia

NOTA: Como professor e estudante de apologética cristã posso assegurar que Ehrman é, no máximo, um dos que parecem querer ganhar dinheiro com ataques à autenticidade histórico-teológica da Bíblia, já que desde os anos 90 esta prática vem ganhando vulto. Vários "best-sellers" neste período focaram justamente o que acabei de escrever, e os mais sabichões do ramo editorial tem-se aproveitado disto ao máximo. Ehrman tem toda a pinta de um que se enquadra neste perfil: esconde-se atrás de um título; é ovacionado pelos que pensam como ele; é superficialíssimo em muitas de suas conclusões, além de econômico quanto às referências que apoiem suas principais premissas.

Uma coisa tem me chamado à atenção em praticamente todos os que se destacam, atualmente, como baluartes do ateísmo ou do agnosticismo: sua pretensão em apresentar ao grande público questões que (na melhor das hipóteses, já foram exaustivamente debatidas antes dos mesmos), segundo tais proponentes, aparecem em seus respectivos sucessos editoriais como exclusivamente identificadas e questionadas por tais autores. A negligência da sociedade moderna com a crítica e o bom senso impedem que falácias como estas se propaguem. Muitos desses homens são "deificados" pelo grande público leigo. Contudo, qualquer seminário que se preze jamais chamaria Dawkins ou Sam Harris, por exemplo, para uma palestra sobre as razões filosóficas do ateísmo, uma vez que estes (que, repito, são alguns dos maiores proponentes do ateísmo atual) mostram, em seus escritos e declarações, um conhecimento no máximo "ensosso", superficial e estudantil acerca da historicidade de Jesus, por exemplo.

Em Cristo Jesus,
Pr. Artur Eduardo

Interpretando mal o Cristianismo: os copistas realmente alteraram o conteúdo da Bíblia? E por quê?

Um exame crítico do livro de Bart Ehrman: O que Jesus disse? O que Jesus não disse?: quem mudou a Bíblia e por quê.

Por H. L. Nigro

Traduzido e adaptado por Leandro Teixeira.

O que Jesus disse? O que Jesus NÃO disse?

Em O que Jesus disse? O que Jesus não disse?, Bart Ehrman parece, superficialmente, apresentar uma tese convincente para a falta de fidelidade do Novo Testamento baseado nas mudanças dos manuscritos antigos durante o processo de cópia dos copistas, particularmente no segundo e terceiro séculos. Infelizmente, ele não é sempre o estudioso objetivo que ele mesmo afirma ser. Este trabalho, enquanto provê um documentário interessante sobre a disciplina do criticismo textual, somente conta metade da história.
Embora Ehrman saiba que a maioria esmagadora destes erros de cópia são aqueles (tais como os erros de ortografia) que são, em suas próprias palavras, “completamente insignificante[s], imateria[is], de pouca importância” (p. 217)[1], ele repetidamente passa rapidamente por cima deste ponto crítico e focaliza , em vez disto, as muito mais escassas adições e alterações intencionais, as quais a maioria já foi removida das nossas modernas traduções, ou mesmo que preservadas, têm pequeno ou nenhum impacto na doutrina cristã.
Adicionalmente, Ehrman freqüentemente deturpa o corpo da moderna erudição como que concordando com ele em matérias controversas quando, na verdade, alguns dos mais importantes estudiosos do Novo Testamento – incluindo o próprio mentor de Ehrman, Bruce Metzger – discordam dele. Apesar disto, ao final de seu livro, Ehrman admite que “pesquisadores competentes … altamente inteligentes chegam a conclusões opostas” (p. 218); até então, ele usa o termo inclusivo “pesquisadores” ou “muitos pesquisadores” para apoiar suas conclusões, ainda que raramente seja verdade.
É particularmente perturbador quando Ehrman especula sobre o assunto da autenticidade baseado em sua própria opinião ou reação pessoal quanto ao texto ao invés de [basear-se em] qualquer evidência histórica (por exemplo, ele visualiza diferenças secundárias de um evangelho para outro como tentativas deliberadas de alterar a mensagem e apresenta uma diferente visão da história) e, então, posteriormente em seu livro, deixa de chamar estas declarações “de especulações” para declarações “de fato”.
Pegue, por exemplo, sua argumentação de que Mateus e Lucas deliberadamente “apagaram” referências às emoções de Jesus (tais como compaixão ou ira, dependendo da variação lida que alguém escolha) na cura do leproso em Marcos 1.41. Por causa de que Ehrman prefere a leitura de que Jesus estava mais irado do que compassivo, ele argumenta que as descrições mais esparsas de Mateus e Lucas foram tentativas deliberadas de ocultar o que ele consideraria um fato embaraçoso. A argumentação de Ehrman ignora claramente o problema que, se os escritores do evangelho tinham inclinação para remover fatos embaraçosos, eles teriam ocultado os fatos muito mais embaraçosos deles, tais como a rejeição de Jesus por parte de Pedro, a incredulidade de Tomé, e o fato da tumba vazia ter sido descoberta por mulheres. Se eles deixaram estes fatos embaraçosos, porque eles deixariam fora do seu caminho algo tão inócuo quanto aqueles? Mais importante ainda, a argumentação de que isto é uma omissão deliberada (desta forma colocando dúvida nos motivos dos escritores) é uma interpretação pessoal que se sobrepõe ao texto – e completamente sem base nos fatos.
Rejeição subjetiva
Ironicamente, Ehrman usa seu treinamento em criticismo textual como a base para rejeitar a fé cristã. E, ainda, mesmo na própria admissão tácita de Ehrman, nenhum exemplo dado no livro toca o núcleo do ensino cristão.
Certamente, algumas adições dos copistas apóiam as afirmações do Novo Testamento sobre a divindade de Cristo, por exemplo; mas há um excesso de referências, incluindo as próprias palavras de Jesus, que não estão sob suspeita. E nenhuma destas discrepâncias coloca em xeque o coração da mensagem cristã, incluindo os detalhes relativos à morte expiatória, julgamento e ressurreição de Cristo, as quais formam o coração da fé cristã. Não somente isto, mas a confirmação dos pontos-chave dos relatos evangélicos podem ser encontrada em antigas crenças pré-Paulinas, as quais aparecem antes dos evangelhos ou epístolas serem escritas (a crença encontrada em 1 Coríntios 15, por exemplo, é comumente crida que ela apareceu dentro de uns poucos anos depois da morte de Cristo[2]), e nos escritos da Igreja antiga, tanto quanto em documentos seculares do primeiro e segundo séculos.
Curiosamente, Ehrman quase admite que o que importa não são os fatos da matéria, mas suas acusações pessoais (as quais são tão importantes que ele as faz na primeira e na última página do livro); que se a Bíblia foi realmente inspirada por Deus, então Deus teria preservado suas palavras originais perfeitamente através da história. Nenhum copista teria feito um simples erro ou uma simples mudança em qualquer ponto do tempo:




Pois a única razão (pensava eu) de Deus inspirar a Bíblia seria para seu povo ter as suas palavras reais; mas se ele realmente queria que as pessoas tivessem suas palavras reais, certamente poderia ter preservado miraculosamente essas palavras, assim como primeiramente as inspirara milagrosamente. Dadas as circunstâncias de que não preservou as palavras, a conclusão me pareceu inevitável: ele não se deu ao trabalho de inspirá-las. (p. 221)

Isto explica porque, na mente de Ehrman, as menores e mais secundárias discrepâncias tiraram a sua fé do caminho. Não que a evidência realmente aponte para os documentos do Novo Testamento como não confiáveis em transmitir verdade histórica, mas antes porque Deus não atingiu os padrões pessoais do próprio Ehrman.
Através da lente da ofensa
Esta, no seu núcleo, é a lente através da qual Ehrman visualiza sua pesquisa. Isto é claro, não somente em suas justificativas, mas em sua teologia. Muitas das afirmações de Ehrman de que as mudanças no texto são significativas à teologia cristã, realmente refletem o que parece ser uma compreensão superficial do texto.
Em outros lugares, seus problemas quase parecem manufaturados. Pegue o exemplo do aparente “erro” de Jesus quando Ele diz, em Marcos 4, que a semente da mostarda é “a menor de todas as sementes da terra”. Respondendo ao corpo do trabalho de harmonização destas passagens, Ehrman escreve, “[...]talvez eu não precise arrumar uma explicação extravagante de como o grão de mostarda pode ser a menor das sementes quando sei perfeitamente que não é” (p. 20). Antes que conclua que Jesus proferiu uma asneira embaraçosa, não seria mais racional assumir que Jesus não estava fazendo uma declaração científica, mas antes estava a ferramenta comum do exagero para fazer um ponto importante – a comparação do tamanho da semente com a majestade da planta completamente desenvolvida? Para Ehrman ver isto como um erro antes do que como uma óbvia figura de linguagem sugere uma forte tendência através da qual ele interpreta o texto.
Esta tendência resplandece tanto através do restante do parágrafo quanto na lista de Ehrman, uma coleção de “contradições”, após cada uma das quais ele afirma que, antes de aceitar a harmonização, “talvez haja realmente uma diferença”. A resposta óbvia é “e talvez não haja”. Os exemplos que Ehrman dá são bem conhecidos dos estudiosos do Novo Testamento, e a maioria – se não todos – são facilmente harmonizados. Então nós ficamos com a solução fácil? Ou nós rejeitamos a solução mais intuitiva e focamos ao invés disto a menos intuitiva – que Jesus, que é comumente citado, mesmo por aqueles que não aceitam sua divindade, como o mais sábio homem que já viveu e que habitou em uma cultura de fazendeiros e agricultores, cometeu um erro grosseiro sobre o tamanho de uma semente comum?[3]
Por último, o que isto resume é a falta de respeito de Ehrman pela mensagem do Novo Testamento. Isto também é claro em suas incorreções nas citações bíblicas. Ocasionalmente, as referências bíblicas são rasteiramente incorretas. Em outros casos, se alguém ler a passagem a qual Ehrman está se referindo, ela nem sempre diz o que Ehrman afirma. Se Isto é um resultado de sua própria lambança ou resposta ao texto emocionalmente carregada, novamente ressalta uma questão acerca de sua objetividade.
De qualquer modo, sobre o quê o Cristianismo está baseado?
Com todas as coisas consideradas, há uma tremenda ironia aqui. Eu duvido que qualquer estudioso questionaria a discussão de Ehrman sobre os manuscritos em si. As alterações dos copistas são bem conhecidas, e que poucas “principais” modificações foram feitas ao texto são também bem conhecidas – mesmo para, ”hã, hum”, outros estudiosos do Novo Testamento – mas a despeito do propósito declarado do livro como uma introdução ao criticismo textual para leigos, é a conclusão que Ehrman formula que é a verdadeira mensagem do livro. Essas conclusões são altamente subjetivas, e é nas suas conclusões que muitos dos maiores estudiosos do Novo Testamento do mundo distinguem-se das visões dele.
A maior ironia é que Ehrman rejeitou sua fé no cristianismo bíblico no que ele vê como problemas irreconciliáveis com o texto; e, contudo, a fé cristã nunca foi baseada na perfeita preservação das traduções do Novo Testamento. É baseada no testemunho ocular do Cristo ressurreto, o qual é um dos eventos mais bem atestados na história antiga, com ou sem alterações dos copistas, e mesmo fora da Bíblia. Poderiam desaparecer todos os documentos do Novo Testamento, porém a historicidade do Cristo ressurreto, crucificado por nossos pecados e adorado pelos antigos cristãos como Deus, permaneceria intacta (veja The Historical Jesus, por Gary Habermas).
Uma ironia final é que, enquanto Ehrman pesquisou estes textos e rejeitou sua fé, muitos dos grandes intelectuais do nosso tempo têm olhado para as mesmas evidências e têm realmente fortalecido suas fés ou se tornam crentes pela primeira vez. Eu mesmo tomo algo muito diferente das evidências de Ehrman do que ele aponta, e eu realmente deleito-me com o livro e planejo adicioná-lo à minha biblioteca apologética apoiando a fé cristã – em grande parte, eu suspeito, para seu desapontamento.

Notas

[1] Na sua seção sobre os textos do Novo Testamento, Ehrman sumariza o trabalho por Daniel Whitby como concluindo que “o texto do Novo Testamento é seguro, dado que raramente alguma variante citada por Mill [um oponente focado em variantes textuais] diz respeito a um artigo de fé ou a uma questão de conduta” (p. 96). Ehrman deixa esta avaliação incontestada, e poucas linhas mais tarde, acrescenta, “A defesa de Whitby bem que poderia ter atingido o alvo”, exceto para a publicidade adicional que ele trouxe para as variações, perfazendo suas críticas. Ironicamente, o poder do argumento, neste ponto do livro, parece descansar com Whitby. Deste modo, na página 100, quando Ehrman coloca que o número de variações podia ser de 400000 ou mais, o leitor é deixado pensativo com a relevância desta declaração. Se as variações não são substanciais , como Ehrman admite, qual é o problema? Se há 30000 variações textuais ou 400000, o volume adicional não as tornam mais graves, apenas mais numerosas. Compondo o problema, quando Ehrman continua sua documentação dos avanços na prática da crítica textual, ele resume o trabalho de Johann Wettstein como segue: “Nesse caso, versões variantes podem afetar pontos menores das Escrituras, mas a mensagem básica segue intacta, não importa que variante alguém perceba” (p. 123). Novamente, Ehrman deixa sua contribuição incontestada. Neste ponto, o leitor pode se admirar se Ehrman estava realmente argumentando pela confiabilidade dos textos. No fim das contas, Ehrman expõe que sua rejeição da autoridade deles não é baseada no que ele pode ver, mas no que não pode – e a importância que ele coloca em assuntos, segundo admite, teologicamente secundários e de pouca importância. Mas para o leitor perspicaz, a mensagem não escrita do livro é que, enquanto Ehrman ultimamente rejeita a autoridade dos textos do Novo Testamento baseados em assuntos secundários, ele claramente aceita a confiança deles em assuntos críticos e fundamentais do Cristianismo.
[2] Talvez as crenças dos mais antigos cristãos, 1 Co 15:3-8, seja o seguinte: “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras. E que foi visto por Cefas, e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo”. Gary Habermas, um dos mais notáveis especialistas sobre as evidências do primeiro e segundo século que corroboram para os manuscritos do Novo Testamento, nota que numerosos teólogos datam esta crença de três a oito anos após a crucificação de Cristo. Para uma lista de teólogos, bem como uma variedade de outras crenças pré-Paulinas, veja The Historical Jesus, por Gar Habermas, p. 144-146,154.
[3] Exemplos adicionais podem ser encontrados na página 143, na discussão de Ehrman das variações de leitura de Marcos 1.41, nas quais Jesus é alternativamente dito estar irado com o leproso e compassivo com ele. A despeito da grande tempestade de areia que Ehrman tenta criar sobre esta passagem, eu não consigo perceber sua relevância. A não ser as ofensas de Ehrman de que Deus não preservou o texto e permitiu leituras variantes em primeiro lugar, isto não é a questão. Se Jesus estava irado ou compassivo, ambas as emoções são justificáveis. O mesmo se aplica para a detalhada discussão de Ehrman sobre se Jesus estava afligido ou tranqüilo no jardim Getsêmani em Lucas 22. Novamente, qualquer uma das emoções é justificável. Além do mais, não é possível que Jesus tivesse sentido ambas as emoções? Não obstante, é baseado nisto e numa coleção de outros assuntos sem importância que Ehrman ultimamente rejeitou sua fé.

O artigo original pode ser encontrado aqui.

O QUE JESUS DISSE? O QUE JESUS NÃO DISSE?

Introdução

Todo fim de ano é o mesmo apelo mercadológico com o nome e a pessoa de Jesus Cristo. Este ano, uma das primeiras revistas de grande circulação que resolveu destilar suas conjecturas sobre Jesus foi a Galileu. Com a pergunta: “Jesus foi mal interpretado?”, o articulista da matéria comenta as “mais novas descobertas” do escritor estadunidense Bart Ehrma. Segundo a revista, o escritor em lide escreveu um livro sobre toda a problemática – O que Jesus Disse? O que Jesus não Disse? No conteúdo da matéria temos cosmovisão agnóstica do autor do livro supracitado mais entrevistas feitas a teólogos liberais. Sinceramente, achei o escopo fraco e de uma pobreza franciscana na questão de argumentação! Apesar de todas as supostas revelações serem caducas e redundantes e algumas delas conhecidas até pelos pais da Igreja, entendi que seria importante uma palavra de esclarecimento aos mais leigos.

Lembro-me que alguns anos atrás a questão não era “o que Jesus disse ou não disse”, mas se Ele realmente havia existido como indivíduo histórico. Hoje, com tantas descobertas históricas, arqueológicas, geográficas, filológicas, entre outras, fica difícil argumentarem que o Cristo não existiu. Agora, então a questão seria outra – Já que Ele existiu, então, arvoram, deve ter sido apenas um homem notável e nada mais. E mais uma vez os escritos neotestamentários são devastados (e isso é bom, pois não tememos os fatos).

A verdade é que se aplicássemos as muitas outras fontes históricas os mesmos rigores de que a crítica racionalista e até mesmo a cristã usou no estudo dos evangelhos, um bom número de acontecimentos do passado sobre cuja autenticidade não se levanta dúvida, passaria para o terreno das lendas. No entusiasmo de suas descobertas a alta crítica submeteu o Novo Testamento a provas de autenticidade tão severas, que, se as aceitarmos em outros campos, um cento de verdades históricas, como o Código de Hamurabi, Homero e sua Ilíada, Sócrates e Platão com suas belas conjecturas filosóficas, tudo não passaria do campo da lenda.

Encontramos, é verdade, algumas aparentes divergências em certas narrações contidas nos Evangelhos. Tais divergências, porém, são apenas detalhes e para as mesmas sobram explicações dos exegetas. No caso das conjecturas da Revista Galileu, todas as supostas revelações já foram desnudadas e explicitadas em vários compêndios teológicos que podem ser encontrados em várias livrarias, inclusive livrarias seculares. Ou seja, a argumentação do articulista da revista prova que o mesmo não tem o mínimo de conhecimento teológico da área em que resolveu pesquisar. E isso foi o problemático do conteúdo da matéria, sendo que perguntas bem elaboradas teriam deitado por terra todas as supostas descobertas do autor do referido livro.

Antes das minhas considerações, vem-me a mente as palavras do conhecido historiador francês Joseph Calmette, citado pelo escritor Mario Curtis Giordani: “O historiador (pesquisador) digno deste nome, não pode, com efeito, pense o que pensar em seu fórum íntimo, nem adotar a linguagem do orador de panegírico pronunciando seu elogio do alto da cátedra sagrada, nem o ceticismo do ateu ou do materialista que afasta a priori do seu campo de visão toda a noção de espiritual”.


REFUTANDO AS ACUSAÇÕES DA REVISTA

1º ACUSAÇÃO:

“Copistas distorceram o Novo Testamento para justificar dogmas da Igreja Católica”.


Até parece que a dogmática católica precisa adulterar a Bíblia para defender ou promover uma doutrina exótica e antibíblica. A concepção católica da Bíblia é que a mesma é subjugada pela Igreja e como tal a cátedra Papal possui poderes superiores aos escritos apostólicos. O pensamento católico é o seguinte: “A Igreja canonizou a Bíblia e por isso tem autoridade superior aos escritos sagrados”.

Vejam algumas doutrinas Católicas que não possuem respaldo teológico bíblico:

a) Assunção de Maria;

b) Infalibilidade do papa;

c) Dogma da Imaculada Conceição;

d) Transubstanciação;

e) A "confissão auricular";

f) O celibato sacerdotal;

g) Idolatria;

h) Água benta e ramos bentos;

i) Mariolatria;

j) Velas nas Igrejas;

k) Reza pelos mortos;

l) Canonização de santos...

Para nenhuma dessas doutrinas antibíblica o catolicismo lançou mão de adulterar a Bíblia. Na verdade a leitura da Bíblia foi proibida aos leigos no concílio de Tolosa em 1222. Ou seja, a primeira acusação não procede às conjunturas fidedignas documentais e históricas.


2º ACUSAÇÃO:

“Só Deus sabe o quanto o verbo foi modificado na Bíblia ao longo dos séculos”.


Atualmente sabe-se da existência de mais de 5.300 manuscritos gregos do Novo Testamento. Acrescente-se a esse número mais de 10.000 manuscritos da Vulgata Latina e, pelo menos, 9.300 de outras antigas versões, e teremos hoje mais de 24.000 cópias de porções do Novo Testamento (02). Nenhum outro documento da história se compara a isso. Temos subsídios suficientes para acreditarmos na confiabilidade da Bíblia como um dos documentos históricos mais importantes da historiografia humana.

Agora, as grandes questões: De que maneira os copistas do mundo todo, de diversas culturas atingidas pela bíblia, em tempos históricos diferentes, teriam orquestrado uma manipulação programada? Como a Igreja Romana teria domínio em todas as Igrejas do mundo para solicitar assim a tal adulteração? (Sem contar a histórica da rivalidade com a Igreja Patriarcal do Oriente). Como aceitarmos uma afirmativa de que não se pode saber a fidedignidade dos textos do Novo Testamento, se os manuscritos do século I ao século XV estão disponíveis ao mundo?

Já se sabe que a variação textual existente é de 5% e que tal variação não compromete a ortodoxia da Igreja, ou seja, o arvorado pela revista foi de uma leviandade sem tamanho! Se tal conjectura partiu do escritor norte-americano, então o seu livro é sem dúvida uma “obra-prima”.


3º ACUSAÇÃO:

“Textos foram inseridos na Bíblia”.

a) – Cláusula Joanina -
o texto de I Jo. 5:7 – “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um” (ARA).

É verdade que poucos são os manuscritos gregos até agora encontrados que contêm a Cláusula Joanina. Mas isto não provaria a sua inexistência. O fato de já terem sido encontrados alguns manuscritos gregos que citam o texto em estudo prova sua existência e nos dá a esperança certa de que outros também existiram, e, quem sabe, poderão até ser encontrados.

Para fortalecer seu argumento, os que omitem o referido texto costumam citar o fato de que Erasmo não a incluiu na 1ª edição de seu Novo Testamento Grego, porque não conhecia nenhum manuscrito grego que a contivesse. Mas, quando isto aconteceu, foi grande a reação dos que já conheciam a existência da Cláusula Joanina, mesmo em outras línguas. Para acalmar os ânimos, Erasmo prometeu que a incluiria nas próximas edições do Novo Testamento Grego, se viesse a conhecer algum manuscrito que a contivesse. Essa promessa foi cumprida na 3ª edição do Novo Testamento de Erasmo, por lhe haver sido apresentado o Manuscrito 61. A relutância de Erasmo para incluir a Cláusula Joanina na 1ª edição do seu Novo Testamento será um argumento a favor da sua inexistência? Ou, ao contrário, é mais uma razão ou prova de sua existência?

Um ponto importante que precisamos salientar é – “seria necessário acrescer este texto para que a doutrina da Trindade fosse corroborada?” É óbvio que não. A Bíblia é muito rica nessa questão e com ou sem esse texto não haveria nenhuma mudança. Tertuliano, no século II, já havia definido bem essa questão e para provarmos isso temos os escritos patrísticos.

Concluindo esse item, podemos ter a certeza que a problemática envolvendo o texto de I Jo. 5:7 nada tem a ver com manipulação do cristianismo.


b) – O texto de Mc. 16: 9-20:

O trecho em análise é citado por escritores dos séculos II e II, como Taciano e Irineu, e teve guarida na imensa maioria dos manuscritos gregos e outros. Sem dúvida, isso é uma prova contundente de que a Igreja aceitou esse texto desde o princípio como fidedigno (03 e 04).

Agora, e se o texto em foco não estivesse nos originais ou não fosse parte do evangelho de Marcos? Com certeza não iria me tornar ateu por causa disso. Também a doutrina cristã não seria alterada em um único milímetro. Eu gostaria de ter aqui espaço para mostrar ao leitor o trabalho que os críticos tiveram para arvorar a mutilação do evangelho de Marcos – é de dar dó! Bem, pra mim não há dúvidas de que o texto de Marcos é fiel aos originais.


c) – O Texto de Jo. 8:1-11

A narrativa tem todos os sinais de ser historicamente veraz. Obviamente é uma peça da tradição oral que circulava em certas porções da Igreja Ocidental, e que, subsequentemente, foi incorporada em vários manuscritos, em diversos lugares (04). Apesar disso, sua canonicidade, seu caráter inspirado e seu valor histórico, no entanto, não sofrem contestação – é fidedigno e bíblico. Tal passagem apenas corrobora com a natureza bendita de Jesus e mostra o ódio em que viviam os doutores da Lei.

Não consigo ver qual o impacto teológico sobre essa problemática, que é conhecida desde o século II. O que alguém ganharia acrescendo o tal texto? Em que isso muda os piedosos ensinamentos de Cristo? O que mais me chama a atenção em toda essa antiga celeuma é que o escritor Bart foi abalado por isso – Por quê? Afinal de contas todo seminarista quando estuda o evangelho de João aprende sobre isso. Há revistas dominicais, feitas pra leigos, que os autores comentam sobre o caso da mulher adultera. Então, em que essa “grande” revelação afetaria o cristianismo?

Bem da verdade, o Sr. Bart não escreveu tal livro para esclarecer, mas com uma índole mercadológica – apenas isso e nada mais, pois não acrescentou nada, mas nada mesmo!


d) – O Texto de Mc. 1:41:

Diz a revista: “Outro exemplo de modificação intencional apontado por Bart Ehrman... Ali é relatado que Jesus cura um leproso... Alguns manuscritos Jesus aparece irado e, em outros, sentindo compaixão... é claro que os escribas cristãos preferiram esta última versão... A Bíblia de Jerusalém... também apresenta a ira... Muitas pessoas se sentem ameaçadas pelas conclusões que apresento... Com isso, as pessoas compreenderam que a fé em Deus não se baseia nas palavras em um livro...”.

Realmente o texto no original indica que há uma incerteza filológica a respeito do texto de Marcos 1:41– irado ou cheio de compaixão. Provavelmente a confusão tenha surgido devido às palavras similares (cf. siríaco, etbraham, “ele teve dó”, com ethra`em, “ele se enraiveceu” (05)). O contexto nos mostra Jesus dispensando um milagre para um pobre leproso, um indivíduo que não tinha nenhum valor para sua sociedade, mas que recebeu atenção do carpinteiro de Nazaré - a tradução não poderia ser outra – “movido de compaixão” e não “irado”.

A revista diz que no verso 41, na Bíblia de Jerusalém, o texto diz que Jesus estava irado, mas não é verdade – “Movido de compaixão, estendeu a mão, tocou-o e disse-lhe: Eu quero, sê purificado” (texto extraído na íntegra da Bíblia de Jerusalém em português). Talvez haja uma nova tradução da Bíblia de Jerusalém ou houve uma breve confusão dos editores da Revista. Mas o fato é que os tradutores da Bíblia não foram manipuladores ao escolher, entre duas palavras parecidas, a que mais se aproximava do contexto. Não vejo nada de anormal aqui. A acusação do sr. Bart mais uma vez é fantasiosa e falsa. Também não veja nada de libertador nisso ou de significativo a ponto de fazer desmoronar a fé de alguém.


4º ) ACUSAÇÃO:

“Houve supressões intencionais de textos Bíblicos”

A Revista cita alguns textos bíblicos em quadrados coloridos (Mt. 6:9-13; Rm. 16:7; Lc. 2:33 e Lc. 23:33-34), onde é exposto o texto no original e abaixo uma suposta tradução suprimida de alguma “verdade comprometedora”. Em meu entendimento, o único texto que merece mais atenção é o de Romanos. Os demais são redundantes e qualquer pessoa virá que o defendido pela matéria não faz muito sentido.

– O texto de Rm. 16:7

Diz a revista: texto original – “Saudai Andrônicos e Júnia, meus parentes e companheiros de prisão, eminentes apóstolos”. Texto modificado – “Saudai a Andrônico e a Júnia, meus parentes; também companheiros de prisão, apóstolos eminentes”. Com essa leve alteração, os copistas livram os cristãos do constrangimento de ter Júnia, uma mulher, no meio de um grupo apostólico.

É pueril esse argumento! Explico:

1º) – Júnia é nome de mulher?

Parece evidente que Júnia era nome tanto de homem quanto de mulher no período neotestamentário. O problema é que não sabemos que gênero Paulo o usou em Romanos. Epifânio, o bispo de Salamina em Chipre, menciona Júnia de Romanos 16.7 como sendo um homem que veio a ocupar o bispado de Apaméia da Síria. Concorda com isto o testemunho de Orígenes (morto em 252 D.C.), que num comentário em latim à carta aos Romanos se refere a Júnia no masculino. Então, temos uma saudação a dois apóstolos e não a uma apóstola e um apóstolo. Diante do pressuposto perguntamos – pra que mudar o texto, se o grego pede o contexto no caso do nome em questão? E o que dizer dos testemunhos que apontam Júnia como um homem?

2º) – As traduções protestantes corroboram que Júnia era apóstolo – “Saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e meus companheiros de prisão, os quais são bem conceituados entre os apóstolos, e que estavam em Cristo antes de mim” (ARA).

3º) – Até mesmo traduções católicas corroboram que Júnia era apóstolo – “Saudai Andrônico e Júnia, meus parentes e companheiros de prisão, apóstolos exímios que precederam na fé em Cristo” (Bíblia de Jerusalém). – “Saudai Andrônico e Júnia, meus parentes e companheiros de cativeiro. Eles são apóstolos eminentes e pertenceram a Cristo mesmo antes de mim”. (Bíblia Edições Loyola).

Mais uma vez a acusação da revista e do sr. Bart é sem fundamentação, aleivosa e risível.


Bart – Um agnóstico

Diz a revista: “A história registra o caso de pelo menos um cristão que abandonou suas idéia sobre religião e Jesus ao tomar contato com essas questões bíblicas. O nome dele é Bart Ehrman – minhas convicções mudaram... nos mais de 30 anos que passei estudando... Logo me tornei um cristão mais liberal. Hoje... sou agnóstico...”.

Em resposta a essa argumentação de Bart, a revista cita um outro estudioso, mais moderado, que afirma que os argumentos de Bart não alteram a fé de ninguém – “de forma geral, a maioria dessas modificações (supostas e questionáveis) ficam apenas na parte externa dos textos, como se fosse uma maquiagem. O importante é que a essência é a mesma. Portanto os cristãos podem continuar acreditando no que lêem... O texto que conhecemos hoje é o mais próximo possível do original” (parênteses meu).

Bart deveria dar ouvidos ao seu colega e pesquisador. E mesmo que a maioria das suas conjecturas estivessem certas (e já provamos que não estão), não justificaria seu abandono da fé. Outro ponto importante de salientarmos é que nenhuma das “descobertas” desse escritor são novas ou que não foram escrutinadas devidamente por outros exegetas. O que posso concluir é que esse escritor não se tornou agnóstico por causa das suas pesquisas, mas por falta de uma experiência intrínseca e subjetiva com Deus.


Conclusão

O Novo Testamento é tão bem documentado que se não tivéssemos nenhum manuscrito grego, ainda assim seria possível reproduzir o seu conteúdo com base na multiplicidade de citações e comentários, sermões, cartas etc. dos antigos pais da Igreja. O volume de material do Novo Testamento é quase constrangedor em relação a outras obras da Antiguidade. Por isso, não resta agora mais nenhuma dúvida de que as Escrituras, principalmente as histórias a respeito de Jesus, chegaram até nós praticamente com o mesmo conteúdo dos escritos originais.

Fico feliz pela provocação feita por matérias desse tipo, pois só assim a oportunidade de falar sobre o assunto aflora.

Quando constato o milagre que Deus fez para que todo esse material (manuscritos e pergaminhos) chegasse até nós, a estrutura da minha fé pessoal torna-se ainda mais robusta e saudável. Sabemos que esse não será o último ataque, mas na adversidade Deus move homens para descobrir a verdade.


Bibliografia Recomendável:

(01) - Mario Curtis Giordani, “História de Roma”, Ed. Vozes, 1º Edição de 1968;

(02) – J. Macdowel, “Evidências que Exigem um Veredito”, Ed. Candeia, 2º Edição de 1992;

(03) – S.E. Mcnair, “A Bíblia Explicada”, Ed. CPAD, 10º Edição de 1992;

(04) – “A Bíblia de Jerusalém”, Edições Paulinas, 1985;

(05) – R. N. Champlin, “O Novo Testamento Interpretado”, Ed. Agnos, Edição de 1998;

06 – Lee Strobel, “Em Defesa de Cristo”, Ed. Vida, 1º Edição de 2000.
Eduardo
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