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Escrevi, recentemente, dois posts comentando o cientificismo (AQUI e AQUI), que é a teoria do conhecimento que observo na base do discurso dos neo-ateus. Nesses posts, procurei rejeitar o cientificismo.
O que eu quero deixar bastante claro é que uma rejeição ao cientificismo NÃO é uma rejeição à ciência. Reconhecer outras formas de conhecimento não é algo contra a uma forma específica qualquer. O exemplo a seguir, que é análogo, deixa isso bem claro. Imagine que exista um artista que seja um prodígio no piano realizando um concerto. Eu faço parte da plateia desse concerto. Ele interrompe sua exibição para me fazer uma pergunta: “A música não é uma forma muito bela de arte?”. Eu respondo: “Sim, é uma forma muito bela de arte.” Ele emenda uma outra pergunta: “E existem outras formas artísticas de produzir coisas belas?”. Eu respondo sobriamente: “É evidente. Existem outras formas na arte de produzir coisas belas”.
Se ele respondesse “NOSSA! Desde quando você passou a odiar a música?” poderíamos, no mínimo, dizer que ele ficou maluco. Do fato de eu reconhecer que uma prática X não é exaustiva para um determinado campo, não segue nem lógica nem necessariamente que eu rejeito essa prática. O raciocínio seria um belo non sequitur.
Então está claro que uma crítica ao cientificista não é mais uma crítica para o método científico do que a crítica ao fanatismo pela música é uma crítica para a beleza da música. Hoje, eu quero ir além e dizer que o teísta tradicional tem bons motivos para gostar do empreendimento científico. Seguidamente, vemos neo-ateus fingindo o papel de Representante da Ciência e sugerindo que o sucesso crescente da ciência “torna cada vez mais difícil acreditar em Deus” (o que é fácil de falar e, sem dúvidas, tem ótimos efeitos retóricos; o difícil é produzir uma justificativa coerente dessa alegação). Se meu raciocínio estiver certo, então esse tipo de estratagema é inútil, pois o sucesso do empreendimento científico é algo compatível e coerente com o teísmo.
Preliminarmente, o argumento pode ser construído da seguinte maneira.
Deus é um criador. Ele pode criar tanto seres inanimados como seres dotados de consciência. Entre os seres inanimados, está um Universo físico. Entre os seres dotados de consciência, estão os seres humanos. Os seres humanos são seres finitos, mas dotados de poderes para fazer ações e dotados de conhecimento. Esses seres também são seres dotados de liberdade significante, o que lhes permite decidir como usar seus poderes e conhecimentos para o benefício ou malefício dos outros. Eles também são seres seres dotados de responsabilidade, o que significa que eles tem obrigações e deveres morais para cumprir. Com base no cumprimento dessas obrigações (ou conforme eles usem sua liberdade de acordo com suas responsabilidades), eles podem ser recompensados ou punidos no fim de suas vidas terrenas. Sobre essa história, a maioria dos monoteístas, incluindo judeus e muçulmanos, possivelmente estaria de acordo. O refinamento teológico dessas afirmações existe, é claro; mas algo como isso, é, em linhas gerais, o que as doutrinas básicas dessas religiões dizem.
Mas, obviamente, para que os humanos possam exercer sua liberdade de forma significante e de forma responsável, é preciso que eles vivam em um ambiente que lhes PERMITA descobrir, com certa segurança, quais os resultados de suas ações que envolvam os outros e a manipulação do ambiente. Se eu desejo construir uma casa (para ajudar aqueles que resolveram se drogar e querem largar o vício, por exemplo), eu preciso ser capaz de adquirir crenças verdadeiras sobre quais os padrões das minhas ações que são capazes de construir uma casa. Caso contrário, seria extremamente difícil exercer minha liberdade e minha responsabilidade de forma efetiva. Se, cada vez que eu tentasse construir uma casa, um novo padrão totalmente imprevisível fosse necessário para tal, eu ficaria privado (ou severamente limitado) do bem de cooperar com pessoas que precisam de ajuda dando-lhes um local de conforto e apoio. Assim, o ambiente precisa expressar regularidades (relativamente) simples no comportamento de suas substâncias inanimadas. E, possivelmente, essas regularidades também expressariam fórmulas relativamente simples do padrão de comportamento das substâncias. E não só as substâncias se comportam dentro de padrões simples e regulares, mas também nós deveríamos ter a capacidade (intelectual) de entender esses padrões. O ambiente pode ser o melhor possível, mas, se não houver sujeitos capazes de conhecê-lo, isso seria irrelevante para o tópico que estamos discutindo. Então, para exercermos a liberdade e a responsabilidade de forma efetiva, precisamos de (1) um ambiente que apresente o padrão propício para previsão de nossas ações e seus resultados, e (2) faculdades cognitivas que possam descobrir esses padrões
Mas o sucesso da ciência está justamente baseado nessas idéias. O ambiente físico apresenta um padrão. Os seres humanos tem a capacidade de descobrir e revelar qual a “codificação” que está por trás desse padrão, sendo capazes de manipular e prever suas ações a partir desse conhecimento. Então, os teístas tem doutrinas que podem ser relacionadas justamente com as condições que possibilitam o sucesso do empreendimento científico. Agora, eu não afirmo que essa história é verdadeira (e talvez o argumento precise de alguns ajustes, mas a idéia básica é essa). O que eu digo é que ela é possivelmente verdadeira e, no mínimo, coerente com a tradição cristã ou com a tradição das religiões monoteístas. Além disso, possivelmente algum raciocínio similar foi utilizado pelos “pioneiros” da ciência no Ocidente, como Kepler e Newton, quando dedicaram suas vidas para a investigação da natureza. Como explica Rodney Stark, citando Alfred Whitehead, no livro A Vitória da Razão:

Whitehead compreendeu que a teologia cristão foi fundamental para o surgimento da ciência no Ocidente (…) Whitehead explica: “A maior contribuição da Idade Média para a constituição de um movimento científico foi… a certeza de que existe um segredo, um segredo que pode ser descoberto. Como essa certeza ficou tão impressa na mente europeia? Deve provir na insistência medieval na racionalidade de Deus (…) Todos os pormenores foram supervisionados e organizados: a pesquisa da natureza só pode fortalecer a razão”. (…) A maioria das religiões não cristãs nem sequer acredita em uma criação: o Universo é eterno e, apesar de comportar ciclos, não tem objetivo nem propósito e, mais grave ainda, nunca foi criado; não tem um criador. O Universo é concebido como uma entidade completamente misteriosa, inconsistente, imprevisível e arbitrária. (…) Não há ocasião para celebrar a razão.
Se a religião inspira esforços para compreender a obra de Deus, é possível chegar à sabedoria; se para compreender uma coisa é necessário conseguir explicá-la, a ciência desenvolve-se de mãos dadas com a teologia. Foi exatamente nesses termos que pensaram as grandes figuras [Newton, Kepler, Descartes, etc] dos séculos XVI e XVIII.
Por isso, para um cristão tradicional, a nossa existência em um Universo regular que pode ser descoberto pela nossa mente é algo que poderíamos esperar e pelo qual nós deveríamos estar gratos por isso. Para um naturalista, assim como para os antigos orientais, a contingência de existir um Universo gigantesco, composto de várias substâncias diferentes, todas elas se comportando de maneira regular, codificado com leis da física e da química que levam para a produção de seres humanos, seres que vão ter a capacidade intelectual de descobrir grandes verdades sobre o Universo, sendo que esse ambiente é exatamente do tipo que apresentam relações que podem ser descobertas, é, no máximo, uma grande coincidência.
Se a ciência se baseia em princípios que podem florescer e nada se opõe à idéia de Deus. Dessa forma, a alegação de que “A Ciência torna a crença em Deus cada vez mais improvável” é bizarra. Os teístas acreditam que Deus é a expressão da razão; e a sabedoria de compreender o ambiente é um bem que nos foi possibilitado. E se esse é um presente de Deus, o mínimo que nós devíamos é gostar dele.

Referências:

1. SWINBURNE, Richard; The Evolution of The Soul, Oxford University Press, USA

2. STARK, Rodney; A Vitória da Razão



Fonte: Porque teístas deveriam gostar da ciência
Eduardo
Eduardo

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