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O cristianismo pós-moderno de Leonardo Boff Leonardo_boff590


O RISCO DE UM CRISTIANISMO PÓS-MODERNO: O CASO DE LEONARDO BOFF




O ideal de normatização, segurança e conhecimento por meio de técnicas que proporcionem o domínio da natureza marcou a Modernidade. Quando o desenvolvimento tecnológico se revelou dúbio (na ocasião das duas grandes guerras mundiais) e a Ciência ineficaz para solucionar todos os dilemas, a Modernidade entrou em colapso. A partir de então, entramos no período Pós-Moderno. O secularismo (perca do sentido religioso) cedeu lugar a uma espiritualidade difusa. A busca pela Verdade se tornou a tolerância entre muitas verdades (regulamentadas por comunidades interdependentes). O prazer pessoal passou a ser um modelo de vida, substituindo a antiga moral social.[1]

Neste âmbito, o Cristianismo enfrenta o desafio de perder sua relevância. Diversas abordagens evangelísticas são propostas para os novos tempos. Ao mesmo tempo, corre-se o risco de sofrermos a influência da mentalidade pós-moderna, a qual, inevitavelmente, prevalece sobre certas denominações e indivíduos cristãos.

No presente artigo, abordaremos o risco de nos tornarmos cristãos pós-modernos, exemplificando a questão com o caso do teólogo Leonardo Boff, ex-frei franciscano e um dos proponentes da Teologia da Libertação. Tomamos com base entrevistas dadas por Boff a setores da imprensa e seu mais recente livro, Ética da Vida.[2]

ENGAJAMENTO CONTRA O CRISTIANISMO “ACIDENTAL”

Leonardo Boff permanece como um dos mais influentes teólogos latinoamericanos contemporâneos. Juntamente com Gustavo Gutiérrez e demais pensadores católicos, Boff contribuiu para a criação da Teologia da Libertação, conforme ele próprio depõe: “[…] Foi na ebulição latinoamericana, na década de 1970, depois de assumir a cátedra de teologia em Petrópolis, e nesse contexto que junto com outros elaboramos a teologia da libertação.” Para o ex-frade, a Teologia da Libertação (TL, doravante) teria “um olho na realidade conflitiva” (injustiça social) e outro na “reflexão crítica moderna”.[3]

No centro dessa teologia, se acha o pobre, que luta e sofre, elemento que constitui, na avaliação de Guilherme Vilela Ribeiro de Carvalho, o seu caráter “pré-teológico”. Carvalho chama a atenção para o aspecto revolucionário da TL, uma vez que a única forma de romper a opressão (e “libertar o pobre”) se dá com a ruptura do sistema opressor.[4] Um reflexo disso no Brasil está na íntima relação entre a TL e o Movimento dos Sem-Terra (MST). “[…] O MST nasceu da Igreja[Católica] [,] mas hoje tem um curso próprio. É importante que a Igreja tenha lhe dado uma mística e que continue como aliado leal, mas é independente.” [5]

Por sua forte influência marxista e seu ativismo político-social, a TL foi condenada pela igreja Católica e Leonardo Boff, em virtude da imposição do “Silencioso Obsequioso”, renunciou seu ministério em 1993. Na época, o coordenador do processo contra o ex-franciscano foi Joseph Ratzinger, eleito papa em 2005. Atualmente, Boff continua a lecionar, escrever, dar palestras e participar de comunidades de base. Ele explica seu engajamento divisando dois fazeres teológicos: o primeiro, preocupado em aprofundar as questões da fé e o segundo, que se ocupa com as questões do mundo. Em sua visão, a Teologia deve “pensar os problemas humanos e sociais, sempre, lógico, à luz da pertinência da fé.” Caso contrário, se a Igreja Ocidental “não se preocupar em adaptar-se às transformações do mundo, ela ficará cada vez mais acidental.”[6]

CRISTIANISMO SEM VERDADE

Boff reconhece que há “uma mudança de paradigma civilizacional”. O novo período, que a mídia tem inaugurado com seu papel “quase messiânico”, é a “fase planetária”. Enquanto a cultura ocidental “homogeneizou toda a humanidade” com violência (o que, diríamos, corresponde à Modernidade), surgiram desigualdades. A solução? “[…] A saída é uma democratização da democracia. […] Fazer participar o mais possívl todo mundo em todas as coisas que interessam a todos. A consequência é mais igualdade e mais satisfação geral.”

Para a igreja participar positivamente deste processo, ela tem de aprender a dialogar. “[…] Ou nos abrimos e dialogamos, com os riscos inerentes, ou então nos fechamos seremos condenados à fossilização, ao dogmatismo, e novamente ao fundamentalismo e às guerras religiosas e ideológicas.”[7]Aqui, com maestria, o teólogo define o dilema do Cristianismo, em geral, perante os desafios do Pós-Modernismo – ou dialogar ou contentar-se com a irrelevância; porém, se o enunciado do problema ficou claro, o que dizer da resolução apontada?

Antes de respondermos à pergunta, devemos entender os termos que Boff propõe para o diálogo religioso. Ele defende que o “cristianismo tem que ser uma coisa boa para os seres humanos e não só para os cristãos.” [8] Perguntado pela revista Veja sobre a questão do aborto, o teólogo responde que a “Igreja não tem o monopólio da ética e da verdade.” [9]Em outro momento, Boff declara ser “preciso que a Igreja abdique do monopólio da verdade, que ela não tem.” [10]Como, então, conhecer a verdade religiosa, se não através da mensagem cristã? [11]

Em seu livro, Ética da Vida, Boff faz afirmações semelhantes, mas de uma forma mais generalizada, aplicando o que havia dito sobre o Catolicismo ao Cristianismo como um todo. Ele argumenta que, “renunciando à sua pretensão de deter o monopólio da verdade religiosa”, o Cristianismo pode dialogar com “outras tradições religiosas”, o que servirá para “perseverar o que há de mais sagrado nos seres humanos, isto é, seu sonho para cima, sua transcendência, sua abertura para Deus.” Esse diálogo é fundamental porque “cada cosmologia, como produz uma imagem do ser humano, produz também uma imagem de Deus”, [12] o que, em última análise, compreende a resposta para o homem pós-moderno, aquele que “procura uma cultura espiritual na qual o ser humano em sua subjetividade e gratuidade ocupe um lugar mais central.” [13]

E quanto a Deus? DEle “não se pode dizer nada, porque todos os nossos conceitos e palavras vêm depois e derivam do universo. E queremos falar Daquele que é antes do universo. Como?” [14]Em outro artigo, o tema é ampliado: o escritor afirma que o Ser Supremo “não pode ser tão transcendente, pois se assim fosse, como saberíamos Dele? […] Anunciar um Deus sem o mundo [i.e., sem ter qualquer relacionamento com o mundo criado] faz, fatalmente, nascer um mundo sem Deus”; por outro lado, a imanência absoluta é descartada. “[…] Se Deus existe como as coisas [do mundo físico] existem, então Deus não existe. Ele é o suporte do mundo, não porção dele.” Resta então conceber a realidade de Deus como transparência, a qual “afirma que a transcendência se dá dentro da imanência, sem perder-se dentro dela […]”. Em síntese, Deus continua “uma realidade concreta, mas sempre para além de qualquer concreção.”[15]

Em meio à uma releitura do Cristianismo, sob lentes místicas, que se apropria de elementos de outras religiões, Boff cita o trecho de uma conversa que teve com o Dalai Lama, para dizer que a religião verdadeira é a que nos faz melhores, a “que nos faz compassivos, abertos, sensíveis e expostos à vulnerabilidade de todas as coisas. A que nos faz mais descentrados do nosso eu.” [16]Com isso, se conclui que alguém não precise ser particularmente um cristão a fim de atingir a espiritualidade “onienglobante” [17]defendida por Boff.

NOVA EMBALAGEM, MESMA ESSÊNCIA

A proposta de Boff nos leva a questionar o quão cristão seria um Cristianismo que abrisse mão de seu exclusivismo, sendo que mesmo Jesus era um exclusivista – Ele declarou ser a “Verdade”, o Único meio de acesso a Deus (Jo. 14:6) e que a Vida Eterna seria alcançada somente por quem se relacionasse com o Deus Verdadeiro e Ele, Seu representante (Jo. 17:3). Além disso, Jesus identificou a Bíblia como a própria Verdade revelada (Jo. 17:17). Por toda a Bíblia, profetas, apóstolos e mesmo Jesus lutaram para estabelecer limites bem definidos para a Verdade, em oposição declarada às religiões pagãs, ao sincretismo religioso e a heresias dentro da fé. Seria impossível, desta forma, conciliar Cristianismo e Pós-Modernismo, porque a fé cristã reivindica possuir uma Verdade absoluta, revelada por Deus e aplicável ao qualquer ser humano em qualquer época.[18]

De que outra maneira responderíamos ao dilema levantado por Boff – ou o diálogo com a cultura ou o isolamento? Sem dúvida, os cristãos não podem se isolar. Entretanto, o diálogo não deve significar perda de identidade e consequente abandono da missão (Mt. 28:19-20). Lembremo-nos de que, ao enviar Seus discípulos ao mundo, Jesus sabia de potenciais conflitos religiosos que eles enfrentariam; mas não bastava a pregação a pessoas não-realizadas com suas crenças culturais – todos deveriam ouvir e ser persuadidos, e os que aceitassem se converteriam da autoridade de Satanás para o senhorio do Deus Único (At. 26:29). Jesus, afinal, não é Senhor dos cristãos; Ele é o “Senhor de todos” (At. 10:36).

Assim, as estratégias podem se adaptar ao momento, nunca a mensagem. “[…] Relacionamentos, amizade, amor e cuidado pelo semelhante são muitíssimo importantes para todo discípulo de Cristo, mas não são tudo o que representa o cristianismo”, escreve Aleksandar Santrac. “[…] Se utilizarmos linguagem pós-moderna ou vocabulário não ameaçador, nunca devemos fazer isso a expensas da verdade como revelada na Palavra de Deus.” Santrac continua lembrando que evangelismo da amizade não substitui o evangelismo doutrinário, porque Jesus praticou ambos.[19] Semelhante a algumas marcas que, ao renovar determinado produto, inovam apenas na embalagem, o Cristianismo do século XXI precisa de nova embalagem para o mesmo conteúdo – a Verdade de Deus, ainda necessária no mundo pós-moderno.


[1] Para um resumo do desenvolvimento do Pós-Modernismo e suas consequências sobre a espiritualidade contemporânea, ver: (a) Douglas Reis, Paixão Cega: o herói que precisou perder a visão para enxergar (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2010), especialmente as pp. 8-20; (b) idem, O que há de errado com a máquina do mundo (e porque o mundo passou a ser visto como uma máquina)?, primeiro capítulo de Marcados pelo futuro: vivendo na expectativa do retorno de nosso Senhor (Niteroi, RJ: Editora ADOS, no prelo).
[2] Leonardo Boff, Ética da Vida: a nova centralidade (Rio de Janeiro, RJ: Editora Record ltda, 2009).
[3]Apolinário Ternes, “A igreja é autoritária, se recusa a ouvir o seu povo”, entrevista com Leonardo Boff, A Notícia, 29 de Setembro de 1997, p.G3.
[4]Guilherme Vilela Ribeiro de Carvalho, O dualismo natureza graça e a influência do humanismo secular no pensamento social cristão, em Cláudio Cardoso Leite, Guilherme Vilela Ribeiro de Carvalho, Maurício José Silva Cunha (org.), Cosmovisão cristã e transformação: espiritualidade, razão e ordem social (Viçosa, MG: Ultimato, 2006), pp. 144, 151. Para uma análise mais completa da TL, ver Amin, R. Rodor, The impact of Liberation Theologies on the church, Kerigma, Ano 4 - Número 2, 2º. Semestre de 2008, pp.42-75, disponível em http://www.kerygma.unasp-ec.edu.br/artigo8.03.asp .
[5]Márcia Feijó, Metáforas de Leonardo Boff, Diário Catarinense, 27 de Agosto de 1997, Variedades, p.5, box Opiniões de um cidadão engajado.
[6]Apolinário Ternes, Op. cit., p. G2.
[7]Idem, G3, G2.
[8]Márcia Feijó, Op. cit, p. 4.
[9]Ernesto Bernardes, Teologia da colisão, entrevista com Leonardo Boff, Veja, 16 de Agosto de 1995, p.8.
[10]Apolinário Ternes, Op. cit., p. G2.
[11]Vale lembrar que, para a Igreja Católica, a Verdade religiosa se relaciona com, pelo menos, três elementos: as escrituras, a Tradição, e a autoridade do Papa. Indiferente disso, Boff parece criticar não apenas a pretensão católica à verdade, mas à própria definição cristã de verdade, como ficará claro a seguir.
[12]Leonardo Boff, Op. cit, pp. 113, 81.
[13]Apolinário Ternes, Op. cit., p. G3.
[14]Leonardo Boff, Op. cit., p. 95.
[15]Leonardo Boff, Transcendência e transparência, A Notícia, 15 de Dezembro de 2007, p. A2.
[16]Apolinário Ternes, idem.
[17]Leonardo Boff, Ética da Vida, p. 83.
[18]Para uma análise crítica mais ampla, ver Douglas Reis, A verdade ou a vida, capítulo quinto de Marcados pelo futuro: vivendo na expectativa do retorno de nosso Senhor (Niteroi, RJ: Editora ADOS, no prelo).
[19]Aleksandar S. Santrac, Evangelismo além da amizade, Ministério, ano 79, no 2, Março/Abril de 2008, p.23.
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