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17072012

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Realmente uma ideia de alma sobrenatural é reconfortante, e eu mesmo admito que queria acreditar na mesma. Porém acho que é difícil vendo o avanço científico e vendo como o cérebro influência em nós qualquer intervenção sobrenatural para o funcionamento do mesmo. Vejo por exemplo as doenças que o atingem, e como isso afeta a personalidade das pessoas, como pessoas que tem duas personalidades completamente diferentes vivendo no mesmo corpo por exemplo, ou como tratando do cérebro de uma pessoa podemos modificar completamente a sua essência.

Acho que um caso de destaque seria o de Phineas Gage ( http://pt.wikipedia.org/wiki/Phineas_Gage ). No caso um acidente liberou uma certa "maldade" que afetou sua personalidade. Apesar de estar bem fisicamente, essa alteração no cérebro fez com que ele se tornasse alguém totalmente diferente. E será que isso não pode se aplicar em todos nós?

Então dissertem sobre como pode existir uma alma sendo pelo que parece todas as nossas funções são suprimidas pelo nosso cérebro físico, e também sobre o nosso livre arbítrio, que as vezes parece mais depender do acaso do que das nossas decisões.

Phineas Gage foi um jovem supervisor de construção de ferrovias da Rutland e Burland Railroad, em Vermont, EUA. Em 1848 de setembro, enquanto estava preparando uma carga de pólvora para explodir uma pedra, ele socou uma barra de aço inadvertidamente no buraco. A explosão resultante projetou a barra, com 2.5 cm de diâmetro e mais de um metro de comprimento contra o seu crânio, a alta velocidade. A barra entrou pela bochecha esquerda, destruiu o olho, atravalma - A alma e o cérebro  Phineasessou a parte frontal do cérebro, e saiu pelo topo do crânio, do outro lado.

Gage perdeu a consciência imediatamente e começou a ter convulsões. Porém, ele recuperou a consciência momentos depois, e foi levado ao médico local, Jonh Harlow que o socorreu. Incrivelmente, ele estava falando e podia caminhar. Ele perdeu muito sangue, mas depois de alguns problemas de infecção, ele não só sobreviveu à horrenda lesão, como também se recuperou bem, fisicamente.

Porém, pouco tempo depois Phineas começou a ter mudanças surpreendentes na personalidade e no humor. Ele tornou-se extravagante e anti-social, praguejador e mentiroso, com péssimas maneiras, e já não conseguia manter-se em um trabalho por muito tempo ou planejar o futuro. Passou a ter comportamentos inconseqüentes. "Gage já não era Gage", disseram seus amigos. Ele morreu em 1861, treze anos depois do acidente, sem dinheiro e epiléptico, sem que uma autópsia fosse realizada em seu cérebro. O médico que o atendeu, John Harlow, entrevistou amigos de parentes, e escreveu dois artigos sobre a história médica reconstruída de Gage, um em 1948, intitulado "Passagem de uma Barra de Ferro Pela Cabeça”, e outro em 1868, intitulado "Recuperação da Passagem de uma Barra de Ferro Pela Cabeça”.

Phineas Gage tornou-se um caso clássico nos livros de ensino de neurologia. A parte do cérebro que ele tinha perdido, os lobos frontais, passou a ser associada às funções mentais e emocionais que ficaram alteradas. Harlow acreditava que, "o equilíbrio entre as faculdades intelectuais e as propensões animais parecem ter sido destruídas."

O crânio dele foi recuperado, e preservado no Warren Medical Museu da Universidade de Harvard.alma - A alma e o cérebro  BrainSkull

Mais recentemente, dois neurobiologistas portuguêses, Hanna e Antônio Damasio da Universidade de Iowa, utilizaram computação gráfica e técnicas de tomografia cerebral para calcular a provável trajetória da barra de aço pelo cérebro de Gage, e publicaram os resultados em Science, em 1994. Eles descobriram que a maior parte do dano deve ter sido feito à região ventromedial dos lobos frontais em ambos os lados. A parte dos lobos frontais responsável pela fala e funções motores foi aparentemente poupada. Assim eles concluíram que as mudanças no comportamento social observado em Phineas Gage provavelmente foram devidos a esta lesão, porque os Damasios observaram o mesmo tipo de mudança em outros pacientes com lesões semelhantes, causando déficits característicos nos processos de decisão racional e de controle da emoção.

"Gage foi o início histórico dos estudos das bases biológicas do comportamento",
disse Antônio Damasio.
Eduardo
Eduardo

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