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O Helenismo na Judéia

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O helenismo já percorria o oriente antes das conquistas de Alexandre, o contato com os gregos mercadores disseminava a cultura helênica. Com a vitória de Alexandre sobre Dario III, rei da Pérsia em 333 a.C., a expansão cultural grega propagou-se integralmente, sobre outras civilizações. Demonstrando influências significativas dos elementos gregos a outros povos, sobre tudo no Oriente. Costumes, arte, princípios educacionais, filosofia, assim como a língua grega comum foi absolutamente difundida, como veículo de comunicação no Oriente Médio.

Mesmo após a morte de Alexandre o helenismo continuou a ser implantado, durante os cem anos seguintes. Sob controle dos Ptolomeus, a Judéia mesmo sendo uma importante rota de passagem, não despertou interesse dos novos dominadores, ainda assim não ficou imune ao helenismo. Durante o governo de Ptolomeu II (282 a.C. – 46. C.) José um jerosolimita1 do clã dos Tobíadas, que não reconhecia na Torá, as leis que regulamentavam a vida, alcançou o cargo de coletor de impostos.

Os Ptolomeus que governavam Alexandria costumavam respeitar as leis locais, diante dos tributos cobrados aos seus tutelados, oferecendo o cargo a um judeu acostumado a interação estrangeira e íntimo aos costumes gregos proporcionou através dos Tobíadas a implantação do helenismo na Judéia “José evidentemente estava à vontade no mundo grego e conseguiu introduzir as altas finanças dos helenos em Jerusalém, tornando-se o primeiro banqueiro judeu. Muitos de seus correligionários orgulhavam-se de seu sucesso”. (Armstrong, 2000, p.135)

A literatura judaica helenística demonstra o tamanho da influência. A primeira tradução dos textos bíblicos em hebraico para outro idioma foi para o grego. Essa tradução data do terceiro século a.C. e visava atender aos judeus da diáspora que não falavam o hebraico, apenas o grego. Entretanto supostamente essa tradução pode ter ocorrido para satisfazer a curiosidade, quanto ao livro dos judeus por Ptolomeu II, filho de um dos principais generais de Alexandre que governou o Egito e a Palestina. Embora os historiadores Arnaldo Momigliano2 e Elias Bickerman3 não compactuem com a idéia de que a ordem para tradução tenha partido de Ptolomeu II.

A maior comunidade judaica da diáspora, com mais de cem mil judeus, encontrava-se em Alexandria, um importante centro disseminador da cultura helênica, onde os judeus eram parte da população local e falavam a língua grega, a educação e os costumes adotados eram helenos.



O Helenismo na Judéia Palaciod
Palácio de Herodes - Imagem retirada da réplica da Cidade, localizada no Centro Cultural Jerusalém.

Setenta e dois estudiosos foram reunidos na capital ptolomaica para esta tradução, a Septuaginta. A influência dos textos sagrados em grego foi expressiva, pois se tornou a escritura judaica padrão e ainda foi pertinente na formação do Novo Testamento, o livro do Cristianismo, já que as citações foram extraídas da Septuaginta.

De início o monoteísmo judaico conservador do templo, ofereceu resistência ao sincretismo religioso helenístico. A fusão de costumes gregos, persas, egípcios, mesopotâmicos deflagrou ao judeu de Jerusalém um universo confuso e oposto as suas aspirações estritamente religiosas e morais. Não nos cabe a ingenuidade de camuflar o decurso das influências, visto que os judeus já vinham ao longo de sua trajetória em constante contato com diversas culturas, em conseqüência da diáspora.

Muitos desses judeus viam no helenismo a possibilidade da quebra com o tradicionalismo e eram atraídos pela liberdade grega. Essa aculturação helenística sobre os judeus pode ser notada com grande rigor já na segunda metade do século I a.C. e no primeiro século d.C. Quando o helenismo alcançou a elite de Jerusalém, os saduceus [4] sucumbiram a magnificência da arquitetura helenística e do prazer heleno.

No reinado de Herodes o grande, final do séc. I a.C. quando a Judéia era província romana, Herodes criou cidades helenizadas, com anfiteatro, hipódromo, palácios com grandes colunas. Construções monumentais todas em arquitetura helenística. Jerusalém com uma população de aproximadamente cento e vinte mil habitantes, e que no período das peregrinações religiosas ao Templo chegavam a quinhentos mil, dados descritos por Josefo. Demonstram que mesmo sob forte devoção espiritual, o helenismo permaneceu.

A historiografia grega inventariava fragmentos históricos restritos, esmiuçando a historicidade nas interpretações, ao passo que a historiografia judaica preocupava-se em relatar a história desde a criação do mundo, numa pesquisa ampla. Entretanto historiadores e filósofos judeus foram considerados helenistas. Como o historiador Flávio Josefo (37d.C. – 100d.C.) que acredita-se ter escrito apenas “Guerra Judaica” em aramaico. Sua grande obra, Antiguidades Judaicas um paralela a bíblia hebraica foi escrita em grego, assim como o restante de sua obra.

Filon (20 a.C.- 50 d.C) é outro exemplo clássico de judeu helenista nascido na Judéia, mas domiciliado em Alexandria, tentou integrar a filosofia grega a teologia mosaica, escreveu toda sua obra em língua grega, segundo o historiador americano Nathan Ausubel “ele foi um platônico e pitagórico firme, mais um escritor filosófico do que um escritor de filosofia. Era um poeta escrevendo sobre religião em prosa filosófica. Provavelmente nenhum escritor da era helenística, judeu ou gentio, podia-se comparar com ele quanto ao estilo literário cristalino”. (1989, p.330)

Judeus helenizados provenientes da diáspora e de língua grega, já na primeira metade do séc. I d.C. enfadados com o sistema religiosos tradicional, pelo desprezo a que eram submetidos pelos diferentes partidos políticos religiosos, se enveredavam para o cristianismo primitivo, seguindo os apóstolos cristãos.

A literatura judaica esteve apoiada nas bases da literatura helenística. A utilização da língua grega como veículo de comunicação entre várias cidades helenizadas propiciou a expansão do cristianismo, a influência nos judeus helenísticos é facilmente observada nos registros dos escritos sagrados, um exemplo foi o estilo literário do Novo Testamento que apresenta explicações por parábolas e epístolas.

Embora o helenismo fosse conhecido na antiguidade, como a disseminação da língua grega comum o koiné, o helenismo obteve uma conotação mais ampla no séc. XIX com o historiador alemão Johann Gustav Droyser, segundo Gunneweg “…época moderna da Antiguidade. O helenismo, mais do que uma mescla de culturas, é uma metamorfose dos componentes que nela se encontram… O helenismo era uma moda e, ao mesmo tempo, uma necessidade civilizacional onipresente. Quem almejava riqueza e um modo de vida superior precisava abrir-se a ele e, pelo menos aprender grego”. (2005, pag. 250)

Concluindo o helenismo chegou a Judéia, não nós moldes de outras cidades helenizadas, que de início aceitou a helenização como aculturamento, e até mesmo como doutrina civilizatória. O helenismo teve profundo impacto sobre os judeus da diáspora, que estavam longe do templo em Jerusalém. Mas foi relevante também sobre a Judéia, Cesaréia [5] que foi capital da Judéia estava debruçada sobre o helenismo,

Jerusalém não escapou a um verniz helenístico motivado pelos interesses da elite. O tradicionalismo judaico sacerdotal tentou minimizar essa influência, e até por determinados períodos resistiu, como na revolta macabéia [6].Logo podemos concluir que a Judéia não passou imune ao helenismo, ela sobreviveu com ele, e com todas as suas especificidades religiosas.



[1] Jerosolimita aquele que é natural de Jerusalém

[2] Arnaldo Momigliano (1908 – 1987) Historiador italiano, um judeu conhecido por seu profundo conhecimento historiográfico.

[3] Elias Bickerman (1897 – 1981) conhecido como historiador dos judeus, um dos mais importantes historiadores da antiguidade Greco-romana.

[4] Saduceus era um partido político religioso formado por uma aristocracia sacerdotal, não acreditavam na ressurreição e na sobrevivência da alma.

[5] Cesaréia uma antiga colônia de pescadores que Herodes, a transformou em uma vitrine do mundo Greco-romano.

[6] Revolta liderada por Judas o macabeu em 168 a.C.contra a dominação selêucida de Antioco IV, que queria abstrair a cultura judaica para implantar a cultura helenística.



Bibliografia:

ARMSTRONG, Karen. Jerusalém – Uma cidade, três religiões. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

AUSUBEL, Nathan. Conhecimento Judaico. Rio de Janeiro: A. Koogan, 1989.

GUNNEWEG, Antonius H.J. História de Israel. São Paulo: Edições Loyola, 2005.

JOSEFO, Flávio. História dos Hebreus. 11ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007.

LÉVÊQUE, Pierre. O Mundo Helenístico. Tradução Teresa Meneses. Lisboa: Edições 70, 1987.

MOMIGLIANO, Arnaldo. As raízes clássicas da historiografia moderna. São Paulo: EDUSC, 2004.

MOMIGLIANO, Arnaldo. Os Limites da Helenização. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.
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