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A Parabóla do Homem Rico e o Mendigo Lázaro
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27082010
A Parabóla do Homem Rico e o Mendigo Lázaro
INTRODUÇÃO
O compêndio da Bíblia encerra grandes lições para seus estudiosos. Devido a sua diversidade de assuntos, por vezes ela é mal compreendida, e desta forma surgem interpretações incorreras.
Um exemplo clássico da situação acima é a parábola do rico e Lázaro, citada em Lucas 16:19-31. Parábola que têm sido mal aplicada mesmo no meio evangélico.
O propósito desta pesquisa é buscar de maneira segura algumas soluções para perguntas como: Para quem foi direcionada esta parábola? Por que Jesus usou esta parábola? Qual o propósito fundamental desta parábola?
O presente estudo limitou-se a pesquisa em dicionários, comentários, enciclopédias e obras literárias de diversos autores em fontes no português e inglês. A pesquisa iniciou-se com esta breve introdução, seguida de quatro partes fundamentais. A primeira explicando, o que é uma parábola e o uso de suas interpretações. Na segunda é abordado o público alvo da parábola do rico e Lázaro. Na terceira, um rápido estudo das palavras relevantes do texto. E a quarta parte sendo a aplicação para a época e para o presente. Encerrando o trabalho com o resumo e conclusão desta obra.
Através deste compêndio, o grupo de alunos pesquisadores, espera contribuir para que esta parte das Santas Escrituras seja mais bem compreendida. [/size]
CAPÍTULO I
O QUE É UMA PARÁBOLA?
A palavra inglesa parábola vem do grego parabolé tendo o significado de: uma justaposição, uma comparação, uma ilustração, uma parábola, um provérbio. Esta palavra vem do verbo paraballõ significando, ordenar as coisas ao lado de outra, ou seja, por comparação.
Essencialmente o grego parabolé e sua equivalente hebraica masal são mais plenos em significados de que a palavra inglesa parábola, limitando sua definição como uma narrativa cujos propósitos primários é ensinar a verdade. Na forma literária é uma metáfora ampliada.
Mas nos Evangelhos uma parábola é uma narrativa colocada lado a lado de uma certa verdade espiritual para fins de comparação. As parábolas do nosso Senhor geralmente foram baseadas sobre experiências comuns da vida familiar diária de Seus ouvintes, e freqüentemente sobre incidentes específicos que recentemente tinham ocorrido ou que eles podiam ver no momento. A narrativa em si própria era simples e resumida, e sua conclusão geralmente tão óbvia de modo a não permitir incertezas. Colocada lado a lado de uma verdade espiritual era designada para ilustrar. A parábola assim tornava-se uma parte pela qual os ouvintes podiam vir a compreender e apreciar a verdade. Assim encontrava as pessoas onde elas estavam e, por uma agradável e familiar vereda, conduzia os seus pensamentos para onde Jesus pretendia dirigir-lhes. Esta era uma janela pela qual a alma podia alentar sobre as vistas da verdade celestial.
A Interpretação das Parábolas de Cristo
Estudando as parábolas de Jesus é muito relevante seguir integralmente os princípios de interpretação. Esses princípios podem ser sintetizados assim:
1 – Uma parábola é um modo pelo qual a verdade pode ser vista, e não uma verdade em si própria.
2 – O contexto em que uma parábola é dada – o lugar as circunstâncias, as pessoas a quem foi falada, e o problema em discussão – deve ser tomada em consideração e feita à chave para interpretação.
3 – A própria introdução e conclusão de Cristo para as parábolas geralmente tornam claro seu propósito fundamental.
4 – Cada parábola ilustra um aspecto fundamental da verdade espiritual. Os detalhes de uma parábola são significativos unicamente quando contribuem para a classificação daquele ponto particular da verdade.
5 – Antes que o significado da parábola no reino espiritual possa ser compreendida é necessário ter um quadro claro da situação descrita na parábola, em termos de costumes e modelos do pensamento e expressão. Parábolas são vívidas palavras ilustradas que devem ser vistas, conforme foi falado, antes que possam ser compreendidas.
6 – Em vista do fato fundamental que uma parábola é dada para ilustrar a verdade, e geralmente uma verdade particular, nenhuma doutrina pode ser baseada sobre detalhes incidental de uma parábola.
7 – A parábola integral e em parte, deve ser interpretada em termos da verdade, e é designada para ensinar, quando colocada em linguagem literal no contexto imediato e em qualquer lugar das escrituras.
Estabelecido o significado e a interpretação das parábolas pode-se adentrar ao próximo tópico da pesquisa.
CAPITÚLO II
QUAL O PÚBLICO ALVO?
Quando se lê o texto de Lucas 16:19 a 31, naturalmente ocorre a interrogação sobre para que público Jesus direcionou esta parábola.
Acerca do pouco que se sabe e quanto às circunstâncias que rodearam a apresentação desta parábola o Comentário Adventista do Sétimo dia afirma que fica evidente o fato de que esta parábola foi dirigida especialmente aos fariseus (Lc 15:2, 16:14), mas também aos discípulos (16:1), aos publicanos e aos pecadores (15:1), e finalmente ao grande público que também estava presente (Lc 12:1, 14:25 e 15:1).
Os fariseus termo que significa separados, era a seita mais segura da religião judaica segundo Atos 26:5. Foi uma seita criada no período anterior à guerra dos macabeus com o fim de oferecer resistência ao espírito helênico que se havia manifestado entre os judeus, tendente a adotar os costumes da Grécia.
Torna-se relevante nesta parte da presente pesquisa conhecer a crença desta seita. Os fariseus sustentavam a doutrina da predestinação que consideravam em harmonia com o livre arbítrio. Criam na imortalidade da alma, que haveria de reencarnar-se também na existência do espírito, criam nas recompensas e castigos na vida futura, de acordo com o modo de viver neste mundo, que as almas dos ímpios eram lançadas em prisão eterna, enquanto que as dos justos, revivendo iam habitar em outros corpos.
Os fariseus eram estritos e fanáticos conservadores bíblicos, e como escribas difundiam ensinos exagerados que circundavam a lei e às observâncias legalistas. Josefo, que também era fariseu diz que eles, não somente aceitavam a lei de Moisés interpretando-a com exagerada diligência, como também haviam ensinado ao povo mais práticas de que seus antecessores, que não estavam escritos na lei de Moisés. Conseqüentemente esta crença tornou-se hereditária, professada por homens de caráter muito inferior ao que ela professava.
CAPITÚLO III
ESTUDO DAS PALAVRAS
Hades, o além, o mundo subterrâneo dos mortos é traduzido também por inferno.
Na LXX, Hades ocorre mais de 100 vezes, na maioria das vezes para traduzir o hebraico Sheol, o mundo subterrâneo que recebe todos os mortos. É uma terra de trevas, onde não há lembrança de Deus (Jo 10:21-22, 26:5, Sl 6:5, 30:9 [LXX 29], 15:17 [LXX 13], Pv 1:12, 27:20, Isa 5:14).
Portanto, para compreendermos o significado real de Hades é necessário estudarmos o significado de Sheol no AntigoTestamento.
Sheol: Sepultura, inferno, cova.3 O vocábulo não ocorre fora do A.T, à exceção de uma única vez é nos papiros judaicos de Elefantina, em que é usado com o sentido de Sepultura.4A palavra obviamente se refere de alguma maneira ao lugar dos mortos.
Há grande divergência de opinião acerca do significado do termo, o que é em parte causado por diferentes maneiras de entender o ensino do Antigo Testamento sobre a questão da morte e ressurreição.
Um dos problemas de Sheol é que homens tantos bons (Jacó, Gn 37:35) quantos maus (Core, Data, etc., Nm 16:30) vão para lá. Mas a melhor tradução para Sheol parece ser “sepultura”. De acordo com o seu uso na Bíblia.
No judaísmo rabínico, sob influência persa e helênica apareceu a doutrina da imortalidade da alma, alterando-se, assim, o conceito de Hades. A atestação mais antiga desta doutrina é em Enoque 22.
Um fator contribuinte neste ponto é a substituição da doutrina neotestamentária da ressurreição dos mortos (1Co 15) pela doutrina grega da imortalidade da alma. Assim acontece no cristianismo irrefletido, que fracassa por não perguntar se a crença se fundamenta no N.T ou no pensamento grego pagão.
Ao chamar Abraão de Pai Abraão (16:24, 27 e 30), o rico está apelando para a afinidade sangüínea com o Pai desta Nação. Entretanto, essa atividade genética, física, especialmente na teologia de Lucas (3:8), nada significa. Segundo uma lenda judaica, Abraão estará sentado à entrada do inferno a fim de certificar-se de que nenhum israelita circuncidado seja atirado ali. Entretanto, até mesmo para os israelitas sentenciados a passar algum tempo no inferno, Abraão detém a autoridade de retirá-los de lá e recepcioná-los, encaminhando-os ao céu. Provavelmente essas tradições deram ao rico da parábola a esperança de que Abraão pudesse confortá-lo.
Seio (de Abraão), kolpon, em Lucas 16:22, aparece no caso acusativo, singular masculino. Como região, enseada, o mesmo sentido usado em Jo 1:18.
Três expressões eram comumente usadas entre os Judeus para expressar o futuro estado da bem-aventurança, a saber: 1 – o Jardim do Éden (ou paraíso), 2 – o trono da glória, e 3 – o seio de Abraão. Na parábola do Rico e Lázaro (Lc 16:20), é usada a terceira dessas expressões, a qual também era a mais comumente usada entre as três.
Para os judeus, a comunidade do AntigoTestamento o termo:Hêq, sulco, dobra, colo, regaço, seio. Possuía uma variedade de idéias abstratas e figurativas.
É usado para enfatizar a intimidade familiar (Dt 28:54). O cuidado atencioso e o desvelo podem ser por ele expresso, como no caso do desvelo da viúva para com seu filho enfermo (I Rs 17:19) e da promessa divina de carregar seu povo junto ao seio (Isa 40:11). Colocar as esposas do rei morto ou deposto no regaço do novo rei representava a autoridade desse monarca (II Sm 12:8, cf. também II Sm 16:20-23), Noemi colocou formalmente o filho de Rute no seu regaço como símbolo de que o menino era seu legítimo herdeiro (e também herdeiro de seu falecido marido) Rt 4:16.1Portanto este termo poderia significar: hospede favorecido do céu.
A idéia de filiação era um importante conceito judaico sobre a salvação.3 Um homem justo ou justificado é um filho de Abraão, que está sendo transformado à imagem do Filho (Rm 8:29, II Co 3:18), alguém que terminará por participar de toda a plenitude de Deus(Ef 3:19) e de sua natureza divina (II Pe 2:4).
Na passagem de João 18:23 nota-se que jazer no seio era o lugar dos convivas mais favorecidos. A expressão “seio de Abraão” do N.T transmite a idéia de consolo, paz e segurança, visto que Abraão, como progenitor da nação judaica, naturalmente preocupava-se com o bem estar de todos os seus descendentes.
CAPÍTULO IV
ESPLICAÇÃO DA PARÁBOLA
Esta parábola é a mais comentada do evangelho de Lucas, devido ser mal interpretada e equivocadamente compreendida por alguns leitores. Muitos têm afirmado que este relato de Cristo não é uma parábola, pelo fato dEle não a ter mencionado como tal. Esta declaração é improcedente, desde que há outras parábolas aceitas como parábolas, sem que Jesus as mencionasse como pertencendo a este gênero literário. Porém, de acordo com o Manuscrito D, que é o Código de Beza, esta parte do evangelho de Lucas se trata de uma parábola.
Há uma seqüência de parábolas mencionadas por Jesus nesta parte de Lucas, a do filho pródigo, o administrador infiel e automaticamente a parábola do rico e Lázaro.
Existe uma suposição de que Jesus queria dizer através desta parábola que os homens bons e maus recebiam suas recompensas após a morte, porém esta alegoria contradiz dois princípios:
1º) Um dos princípios mais relevantes de interpretação segundo já foi visto, é que cada parábola tem um propósito de ensinar uma verdade fundamental.
2º) O sentido de cada parábola deve ser analisado apartir do contexto geral da Bíblia.
Na verdade Jesus nesta parábola não estava tratando do estado do homem na morte, nem do tempo quando se daram as recompensas. 2 Ademais interpretar que esta parábola ensina que os homens recebem sua recompensa imediatamente após a morte, é contradizer claramente o que a Bíblia apresenta por um todo (Mt 16:27, 25:31-40, ICo 15:51-55, Isa 4:16, 17, Ap 22:12), dentre outros textos.
Obviamente nesta parábola Jesus estava fazendo uma clara distinção entre a vida presente e a futura, pretendendo através desta relação mostrar que a salvação do judeu-fariseu, ou de qualquer homem, seria individual e não coletiva, como criam, e isso através da verdadeira consideração a imutável lei de Deus aos profetas (Lc 16:27-31).
A parábola do rico e Lázaro tem o propósito de ensinar que o destino futuro fica determinado pelo modo que o homem aproveita as oportunidades nesta vida.
Em conexão com o contexto da parábola anterior do administrador infiel. “Se, pois, não vos tornardes fiéis na aplicação das riquezas de origem injusta, quem vos confiará a verdadeira riqueza?” Lc 16:11.
Sendo assim, compreende-se que os fariseus não administravam suas riquezas de acordo com a vontade divina, e por isso estavam arriscando seu futuro, perdendo a vida eterna.
Portanto fica estabelecido que interpretar esta parábola de forma literal, resultaria em ir contra os próprios princípios encontrados nas escrituras, como comenta Chaij: “Fosse essa história uma narrativa real, enfrentaríamos, o absurdo de ter que admitir ser o ‘seio de Abraão’ o lugar onde os justos desfrutarão o gozo, e que os ímpios podem se ver e falar uns com os outros”.
Na Bíblia não encontramos um lugar de descanso referindo-se como seio de Abraão. Mas segundo o historiador Josefo os judeus do tempo de Jesus criam numa fábula muito semelhante à dada por Cristo. Obviamente não se pode deixar de reconhecer a íntima semelhança entre a fábula judaica e a parábola do rico e Lázaro. Por isso os Judeus do templo de Jesus costumavam chamar o lugar dos justos de seio de Abraão. Uma afirmativa que não é bíblica.
Aplicação
As lições apresentadas nesta parábola são claras e convincentes, porém os justos ou injustos receberam suas recompensas somente no dia da ressurreição (Jo 14:12-15,20 e 21, Sl 6:5, 115:17, Ec 9:3-6 e Isa 38:18).
“A Bíblia não descreve um céu onde os justos são vistos pelos ímpios e nem um inferno de onde os perversos contemplam os justos e com eles mantém conversação”.
Na verdade esta parábola traça um contraste entre o rico que não confiava em Deus e o pobre que nele depositava confiança.2 Os Judeus criam ser a riqueza um sinal das bênçãos de Deus pelo fato de serem descendentes de Abraão, e a pobreza indício, do seu desagrado para com os ímpios.
O problema não estava no fato do homem ser rico, mas sim por ser egoísta. A má administração dos bens concedidos por Deus haviam afastado os fariseus e os Judeus da verdadeira riqueza, que é a vida eterna, esqueceram do segundo objetivo que se encerra na lei de Deus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” Mt 22:39.
A Bíblia declara que todos os homens enfrentaram o juízo final, e este é o tempo de assegurar a salvação (Ec 12:14; Isa 1:27; Jr 33:15 e Ap 19:02).
Ellen White deixa claro que:
O diálogo entre Abraão e o homem outrora rico, é figurativo. O importante e o propósito da parábola, é que a todo homem é dada suficiente luz para o desempenho dos deveres dele exigidos. Há responsabilidades do homem são proporcionais às suas oportunidades e privilégios.
Ao descrever a parábola do rico e Lázaro, “Cristo desejava que Seus ouvintes compreendessem a impossibilidade de o homem assegurar a salvação da alma depois da morte”.
Mostrando assim... “a completa falta de esperança em aguardar uma segunda oportunidade. Esta vida é o único tempo dado ao homem para preparar-se para a eternidade”.
RESUMO E CONCLUSÃO
A Parábola do rico e Lázaro encontrada em Lucas 16:19-31 têm levantado interpretações incorretas sobre o que Jesus estava falando com esta ilustração.
Não se pode deixar de lado o propósito do uso das parábolas, que era em primeiro lugar clarear a mente para ali introduzir uma verdade fundamental, não sendo em si própria uma verdade.
No contexto de Lucas 16 vários grupos de pessoas estavam envolvidas, porém o objetivo desta parábola é direcionado especialmente aos fariseus. Esta seita judaica cria na doutrina da predestinação, imortalidade da alma, assim como também nas recompensas e castigos na vida futura. As almas dos ímpios eram lançadas em prisões, enquanto as dos justos, reviveriam em outros corpos.
Ao estudar as palavras do texto relevantes como seio de Abraão, e Hades, nota-se que a esperança do povo judeu, e não só do grupo de fariseus, depositavam suas esperanças no fato de serem descendentes de Abraão e que por ele ser seu progenitor salvaria toda a sua semente.
Portanto Jesus estava usando as crenças dos fariseus para lhes dar uma mensagem fundamental de quê o destino de cada homem fica determinado pela forma que aproveita as oportunidades nesta vida.
A aplicação mais relevante desta parábola reside na metodologia de Jesus em levar a mensagem do Evangelho. Cristo usou a crença dos fariseus, para lhes ensinar uma verdade fundamental que significa a oportunidade de vida que existe enquanto o homem vive. O que hoje é aparentemente um problema ao se ler a Bíblia, foi a solução para dar a mensagem àqueles homens. Jesus em Lucas 16:19-31, não estava interessado em provar o que era errado e sim o que era certo, pois Ele é a Verdade, Cristo estava mais preocupado em salvar as almas, quebrando paradigmas, conceitos e preconceitos, pois Ele fez tudo para salvar as pessoas. E a mensagem foi dada.portanto uma obra de transformação.
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Estudo elaborado Por:
Esequiel Bussmann, Gilberto Gregório,
João Marcos, Misael dos Reis, Rodrigo Serveli,
Ronaldo Rebouças
Maio de 2002
O Rico e Lázaro:
Um texto muito discutido, que aborda um outro assunto (entenda o contexto), mas muito usado por certas denominações que crêem em um tormento eterno, é o que nos diz Luc. 16:22-30 - Aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico e foi sepultado. No inferno, estando em tormentos, levantou os olhos e viu ao longe a Abraão e Lázaro no seu seio. Então, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim! E manda a Lázaro que molhe em água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama...
Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro igualmente, os males; agora, porém, aqui, ele está consolado; tu, em tormentos. E, além de tudo, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que querem passar daqui para vós outros não podem, nem os de lá passar para nós. Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. (Lucas 16:22-30).
Vamos entende-lo melhor:
1 – Uma parábola, usa elementos (certos ou errados) conhecidos para fazer uma analogia... Por exemplo: As 10 noivas! Então, o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram a encontrar-se com o noivo. (Mateus 25:1) É certo ou errado ter dez noivas? Percebeu?
2 – Naqueles dias os judeus tinham incorporado elementos estranhos (paganismo vindo do tempo do exílio em Babilônia) ao Velho Testamento.
3 – Note a incoerência com a realidade quando o rico pede água: "eles" tinham corpo (língua, dedos) e necessidades físicas (sede).
4 – O espiritismo (satanismo) já estava operando (comunicação com "os pretensos" mortos).
5 – O contexto esta afirmando que para a salvação (a vida eterna) as suas obras (riquezas) não são suficientes... e portanto, não só as obras (muito realizada – hoje – pelos espíritas) mas também o cumprimento das leis (a Lei e a Fé em Jesus Cristo...).
6 – Você gostaria de receber a vida eterna com Cristo, se "de lá" você ficasse vendo "o tormento eterno" de, por exemplo, sua mãe (caso ela não recebesse a salvação)? Afinal, que "Deus" é este que permite o sofrimento até mesmo dos seus filhos salvos?
A Bíblia cita casos de pessoas especiais a quem Deus deu um tratamento também especial... A estes, a bíblia é clara em citá-los; vejamos alguns:
Enoque; que em sua "juventude" (apenas trezentos e sessenta e cinco anos...) foi resgatado por Deus... Gen. 5:23e24 e Heb. 11:5.
Moisés, que foi impedido (pela sua transgressão: Nun. 20:10-12) de entrar na terra prometida, imediatamente após a sua morte... Jesus (o arcanjo Miguel) o resgatou para a vida eterna – Judas 9.
Elias, que após cumprir toda missão a ele delegada, subiu aos céus (testemunhado por Elizeu, o qual recebeu, por sucessão, todo o dom divino dado a Elias ) em uma carruagem de fogo, enviada por Deus... II Reis 2:11.
E, no monte da transfiguração (Mat. 17:1-6), Pedro, Tiago e João viram Moisés e Elias, não em espírito, mas em alma viva... Compreendeu? Não?
Então, pela Bíblia vejamos o que significa alma: Em Gênesis 2: 7 temos que Deus criou o homem do pó da terra (corpo), deu-lhes o "fôlego de vida" (espírito) e o homem tornou-se uma alma vivente (no hebraico: nephesh chaiyah); ou seja: corpo + espírito = uma alma vivente...
E somente ao homem, Deus chamou "uma alma vivente"? Não. A tudo que vive! Veja Apoc. 16:3; Gen. 1:30. Então, somente ao homem, Ele deu o "fôlego da vida"? Também não! Veja Gên. 7:21e22... Então, o quê nos diferencia das demais criaturas?
Três coisas: 1 – ELE próprio, do pó nos criou... Gen.2:7; 2 – Nos fez à Sua Imagem e Semelhança... Gen. 1:27 e 3 – Nos deu o livre arbítrio (a liberdade de escolha; que nos permitiu escolher "o pecar").
Portanto, tanto o homem como os animais – isto sabemos – morrem, pois o mesmo "fôlego de vida" dele sai por ocasião de sua morte: Ecl. 3:19.
Então, pela Bíblia, como é definida a morte?
Quando Deus criou o mundo, Fez o perfeito... E Viu que era bom... (Gen.1:31). Não havia morte... Veio então a transgressão, e por este único homem entrou o pecado no mundo e junto com o pecado a morte... Rom. 5:12.
Desde então, durante o curto espaço de tempo em que estamos "vivos", temos que sofrer as conseqüências do "ato de Adão". Temos as doenças, as tragédias, as calamidades, a morte de entes queridos – todas armas de Satanás, o grande acusador – etc. E, não seria então um pouco injusto, uns serem "levados" antes que outros o fossem, isto é, ficarmos aqui mais um pouco, enquanto outros já estão vivendo com Cristo (ou no "inferno")?
E é justamente por isso que Deus permitiu a morte, não como "uma passagem desta para melhor" e sim como um estado intermediário entre esta vida e a vida eterna com Ele. Um "lugar" de espera... onde todos esperam. Repito, que todos esperam – Heb. 11:40 "por haver Deus provido coisa superior a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados". Percebeu? A Bíblia não diz que vamos direto para o Céu, após um julgamento imediato (nem mesmo Abraão já subiu aos céus – veja Hebreus 11)...
Estaremos aguardando, como nossos antepassados, inconscientemente em uma sala de espera...
Mas, então como é esta "sala de espera"?
Jó a descreveu assim: Mas, se eu aguardo já a sepultura por minha casa; se nas trevas estendo a minha cama; (Jó 17:13).
Podemos perceber que desde a "antiguidade" a morte é descrita como um "dormir". Veja: Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança. (1 Ts 4:13).
Em outra passagem, Paulo cita a mesma figuração, referindo-se à Cristo: Mas, de fato, Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. (1 Cor. 15:20), mostrando com isso, ser Cristo o principal dos que "dormiram e acordaram..."
E, o próprio Senhor Jesus Cristo, usava este sentido figurado para a morte: Isto dizia e depois lhes acrescentou: Nosso amigo Lázaro adormeceu, mas vou para despertá-lo. (João 11:11) e no verso 14, João complementa: Então, Jesus lhes disse claramente: Lázaro morreu.
Podemos pensar então, que dormimos em um estado consciente? O Salmista responde no capítulo 146, verso 4, assim: Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; nesse mesmo dia, perecem todos os seus desígnios. Leia também Eclesiastes 9:5 e 6.
Não! A morte é um sono inconsciente... Jó 14:21. Para ele (o morto) o tempo não existe! Não importando se, por exemplo, passou 5.500 anos de sua morte... para ele será como um piscar de olhos... e estará com Cristo; todos nós, simultaneamente...
Se assim não fosse, imagine se lá na sepultura, estivéssemos vendo o sofrimento dos nossos entes queridos, aqui nesta vida... que tormento seria esta espera!
E em nenhum lugar, a Bíblia se refere à alma como uma entidade imortal (ela só subsiste quando da união do corpo com o espírito, proveniente de Deus), capaz de viver independentemente de nosso corpo... Você já leu Eclesiastes 12:7? Lá você verá o processo inverso da vida, ou seja, o que acontece quando morremos: e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu...
Mas, conforme Eclesiastes 12, na ressurreição nossos corpos não estarão misturados ao pó da terra? Sim... mas você não acha que Deus não tenha a nossa "receita" guardadinha em seus "arquivos"? Não restaurou completamente Lázaro, que já estava em estado de putrefação? – João 11:39.
E o espírito? Exceto, em algumas passagens incoerentes, onde o "príncipe deste mundo", através de seus anjos satânicos, quer nos fazer crer que os espíritos venham comunicar-se conosco, almas viventes... a Bíblia é clara em afirmar que o espírito é de Deus e a ele retorna. Mas, por exemplo, analise I Samuel 28:3-25 e responda com quem Saul conversou? Veja que aquele pretenso Samuel acertou sobre os resultados daquele dia a seguir... E aquela "visão" levou Saul ao desespero... levando-o ao suicídio... Ponto para Satanás!
E a morte? Sabemos que o homem foi criado com imortalidade condicionada ao não pecar, e que somente após a segunda volta de Cristo – dentro em breve! – ele, o vencedor – receberia a imortalidade... Isto indica que todos seremos ressuscitados conforme I Cor. 15:51-54 "Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória".
Este texto, também explicaI Cor. 15:50 - Isto afirmo, irmãos, que a carne e o sangue não podem herdar o reino de Deus, nem a corrupção herdar a incorrupção; apesar de que o próprio contexto isto confirma, ou seja; este corpo miserável, corrupto, pecador, que nem mesmo a face do Senhor pode encarar (Adão, antes do pecado, podia...), não subirá aos céus, como Jesus Cristo Subiu!
Mas este texto é muito usado para os que querem que o céu seja somente para os espíritos bons, não em carne e osso... Será que Deus, ao nos criar, ERROU em nossa constituição física e terá que nos modificar – só espírito – para subirmos aos céus, como seus filhos... Não somos Sua semelhança? E para os ímpios, o inferno!
Mas, o que é inferno?
Em nossa cultura (paganizada) a palavra inferno, significa um lugar de tormento eterno, mas no original hebraico (sheol) ou no original grego (hades) ela indica, entre outras coisas, um lugar escuro, côncavo, subterrâneo, empregado como sepultura. Por isso, em algumas versões bíblicas temos a sua tradução por inferno, em outras, traduzidas por sepultura e até algumas versões modernas nem mesmo a traduzem, deixando como está no original (sheol – lugar de silencio).
Também grande confusão – conclusões – traz a palavra "eterno" (tormento eterno). Muitos a transformam em "para sempre", não querendo (para acomodar a sua teoria humana) verificar, histórica e biblicamente o seu real significado... E, após analisarmos com imparcialidade poderemos ver que:
1 – Eterno significa impossível retornar, refazer, voltar atrás,etc. Ex: A chama de um fósforo, após queimar totalmente o seu "combustível", ela se apaga "eternamente"; ou seja: não dá para reacendê-la... Por outro lado, não pode ser "extinto"... é impossível apagá-lo, imediatamente após riscá-lo (enquanto a "pólvora" lá estiver).
2 – Sodoma e Gomorra ainda queimam até hoje, já que foram destruídas pelo "fogo eterno"? – Judas 1:7.
3 – E, em Malaquias 4:1 (Pois eis que vem o dia e arde como fornalha; todos os soberbos e todos os que cometem perversidade serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo), entendemos que os ímpios serão totalmente destruídos, sofrendo as conseqüências dos seus atos... eternamente destruídos, pois sofrerão eternamente o castigo, prometido mesmo antes das suas transgressões... Ou seja: definitivamente!
Portanto, quando você ler textos ou versículos bíblicos e encontrar a palavra inferno, mentalmente substituam por sepultura; a palavra alma por vida; e quando encontrar fogo eterno entenda "aquele que queima totalmente" ou seja: de resultados eternos (pois este provém do Eterno), irreversíveis... e veja como isto facilita o seu entendimento...
Agora que você já tem elementos e significados suficientes para compreender, leia Apoc. 6:8e9: "E olhei, e eis um cavalo amarelo e o seu cavaleiro, sendo este chamado Morte; e o Inferno (a Sepultura) o estava seguindo, e foi-lhes dada autoridade sobre a quarta parte da terra para matar à espada, pela fome, com a mortandade e por meio das feras da terra. Quando ele abriu o quinto selo, vi, debaixo do altar, as almas (vidas) daqueles que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que sustentavam..."
Você acha difícil, para Deus, mostrar um "vídeo-tape"...? Pois em visão, Ele não mostra fatos que já aconteceram e fatos que virão no futuro? Veja as profecias em Daniel (leia também o próximo estudo desta série especial: Dons Espirituais). Para ele (Daniel), eram visões "seladas" para um futuro distante... Para nós, profecias "abertas" e realizadas em quase sua totalidade, faltando praticamente, somente Cristo voltar nas nuvens e então, todo o olho o verá! Apocalipse 1:7.Ficou claro? Amém!
http://eventosfinais.tripod.com/Oricoelazaro.htm
Última edição por Eduardo em Qua Jan 12, 2011 10:25 am, editado 1 vez(es)
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A Parabóla do Homem Rico e o Mendigo Lázaro :: Comentários
A Parabóla do Homem Rico e o Mendigo Lázaro
Lucas 16:19-31
LITERALMENTE FALANDO:
Por suas atitudes, quem merece de fato, o Céu? – O Rico ou Lázaro?
Manda a sinceridade que o todo desta parábola seja interpretado literalmente, já que parte assim é feita, para financiar a fugaz doutrina da imortalidade da alma.
“E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender. E sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava em particular aos Seus discípulos.” Marcos 4:33 e 34.
Vamos, com a ajuda do Espírito Santo, desvendar a parábola do Rico e Lázaro. Como ponto de partida, descubramos pelo dicionário qual o significado da palavra parábola. Diz o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa que é uma “narração alegórica”. Isto é: Parábola é uma alegoria e, segundo o mesmo dicionário, alegoria é: “Exposição de um pensamento sob forma figurada; ficção que representa um objeto para dar idéia de outro; continuação de metáforas que significam uma coisa nas palavras e outra no sentido.”
A palavra grega traduzida por “parábola” significa: “comparação”, “tipo”, “figura”. Isto é: Uma linguagem em códigos.
Mal comparando, e com a devida anuência do irmão, digo: Uma estória engendrada, um conto, que esconde e acoberta uma verdade importante (Eze. 17:2; 24:3). A parábola, pois, tem o objetivo de transmitir uma verdade; mas ela mesma não é esta verdade. Ouça o testemunho de Jesus e do evangelista Mateus:
“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis mas não compreendereis. E vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido. E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam os seus ouvidos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e Eu os cure.” – Mateus 13: 13-15.
“Tudo isso disse Jesus por parábolas à multidão. E nada lhes falava sem parábolas, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta que disse: Abrirei em parábolas a Minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.” – Mateus 13: 34-35.
Compor parábolas era o método particular que Jesus usava para o ensino. Ao expor através destas ilustrações a verdade que queria apresentar, Ele o fazia por um motivo todo especial; e a respeito, diz-nos Ellen G. White, abalizada escritora:
“Entre as multidões que O rodeavam, havia sacerdotes e rabinos, escribas e anciãos, herodianos e maiorais, amantes do mundo, beatos, ambiciosos que desejavam, antes de tudo, achar alguma acusação contra Ele. Espias seguiam-Lhes os passos, dia a dia, para apanhá-Lo nalguma palavra que Lhe causasse a condenação, e fizesse silenciar para sempre aquele que parecia atrair a Si o mundo todo.
“O Salvador compreendia o caráter desses homens e apresentava a verdade de maneira tal, que nada podiam achar que lhes desse ensejo de levar seu caso perante o Sinédrio. Em parábolas, Ele censurava a hipocrisia e o procedimento ímpio daqueles que ocupavam altas posições. E, em linguagem figurada, vestia a verdade de tão penetrante caráter, que, se as mesmas fossem apresentadas como acusações diretas, não dariam ouvidos às Suas palavras e teriam dado fim rápido ao Seu ministério.” – Paráb. Jesus, pág. 22.
Está claro então que havia um motivo especial para o Mestre falar em parábolas, sobretudo para que se cumprisse também a profecia messiânica que diz: “Abrirei em parábolas a Minha boca...” Salmo 78:2.
Há uma corrente de leitores da Bíblia que afirma com veemência ser a narrativa de Jesus sobre o Rico e Lázaro não uma parábola, e sim uma doutrina real. Ao agirem assim, além de contradizê-la, chocam-se com uma barreira evangélica, formada pelos mais respeitáveis teólogos dos mais variados ramos protestantes, que concordam ser este conto puramente parábolico. Portanto, é preciso ficar sacramentado, sem nenhuma sombra de dúvidas, que a narração é uma parábola: A parábola do Rico e Lázaro.
Por conseguinte, a doutrina da imortalidade da alma e do galardão após a morte, extraída, como fazem, dessa parábola, é acima de tudo inconveniente, pois sabido é, e aceito pelos mais eminentes exegetas, que não se pode firmar doutrina sobre parábolas, pois ela é uma ficção, uma alegoria, uma metáfora.
O Doutor Joseph Angus, teólogo evangélico (da Igreja Batista), em sua obra – História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 181 aconselha-nos judiciosamente a respeito das parábolas. Diz ele:
“Converter delicados pormenores em grandes verdades escriturísticas é obscurecer o grande desígnio do todo. E assim trazemos um significado para a parábola em vez de extrair dela o significado. Isso é um hábito que nos pode levar aos enganos mais sérios.” – Grifos meus.
Particularmente, não acho existir “engano mais sério”, do que esconder-se o verdadeiro sentido parabólico desta estória, para apresentar a doutrina da imortalidade da alma, a doutrina do Céu e inferno, ou seja: O Céu para o bom, e o inferno para o mau, imediatamente após a morte. Ouça, ainda, E.G. White:
“Nesta parábola Cristo se acerca do povo em seu próprio terreno. A doutrina de um estado consciente de existência entre a morte e a ressurreição era mantida por muitos dos que ouviam as palavras de Cristo. O Salvador lhes conhecia as idéias e compôs Sua parábola de modo a inculcar verdades importantes em lugar dessas opiniões pré-concebidas.” – Parábolas de Jesus pág. 263.
Em síntese, prezado irmão, estamos diante de uma estória contada por Jesus, que, se estudarmos diligentemente (cavando fundo), notaremos a beleza da verdade que o Salvador queria ensinar. Antes de começarmos a estudar a parábola, deixe-me dizer-lhe o que falou um eminente teólogo:
“É regra aceita em teologia que as doutrinas não devem ser baseadas sobre parábolas.” – F.D. Nichol, Answers to Objections, nota ao pé, pág. 567 – citado em Subtilezas do Erro.
Pois bem, façamos de conta que estes teólogos, pesquisadores e escritores estejam errados, e chegamos à incongruência de considerar essa parábola literalmente, como a aceitam muitos sinceros cristãos. Então vamos considerá-la assim, toda literalmente, certo? Coloquemos, portanto, em pauta, o Rico da parábola.
• Nem a Bíblia nem Jesus disseram que o rico era mau. Dizem apenas que era rico. E ser Rico não é característica do desagrado de Deus; pelo contrário, a riqueza do cristão é sinal de bênçãos do Céu.
• Abraão foi chamado “amigo de Deus” e os cristãos sabem do cuidado do Senhor sobre ele e sua família, e, no entanto, lemos em Gênesis 13:2: “Era Abraão muito rico em gado, em prata e em ouro.”
• Jó, o habitante da terra de Uz, homem sincero, reto e temente a Deus, foi tam-bém amado por Ele e lemos em seu livro, capítulo 1 versículos de 1 a 3: “...e era o seu gado 7.000 ovelhas, 3.000 camelos e 500 juntas de bois e 500 jumentas, era também muitíssima a gente a seu serviço, de maneira que este homem era maior que todos os do Oriente”. Aí está o homem mais rico do Oriente e também um grande amigo de Deus, e por Ele lembrado e amado.
• Salomão, José de Arimatéia, Nicodemos, este, afirmam, era tão rico, que sua fortuna daria para sustentar a nação judaica por 10 anos, e no entanto não foi repelido por Jesus; pelo contrário, o Mestre amou-o profundamente.
Então, caro irmão, depreendemos daí que não é nenhum pecado ser rico. E a Bíblia informa simplesmente, nesta parábola: “Havia um homem rico... e ele morreu...” (Luc. 16:22). E isso não é, nunca foi, jamais será pecado tão grave que o possa lançar ao inferno. Vê, se formos tratar esta parábola literalmente, pergunto: O que é errado? O que fez o Rico para se perder e ser lançado no inferno?
Não esqueça, Jesus apresentou simplesmente um homem Rico. Não disse que ele era transgressor da Lei de Deus, nem mau, nem avarento. Nem que tenha adquirido sua riqueza com fraude, injustiça ou roubo. Apenas um homem rico. Coloquemos em pauta, agora, o mendigo Lázaro.
• Nem a Bíblia, nem Jesus, mencionam que ele tenha sido um crente bom e fiel, e muito menos cumpridor da Lei de Deus. Diz, simplesmente: Era um mendigo.
• Ouça irmão, e não se escandalize: Mendicância é prova do desfavor de Deus (perdão Senhor!). Não precisa desencostar-se da cadeira, nem engolir seco, estamos considerando literalmente a parábola, e é isso o que diz a Bíblia, e aqui está Davi para provar; diz ele: “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência mendigar o pão.” Sal. 37:25.
(Por conseguinte, literalmente falando, o nosso bom mendigo parabólico, coitado, não era justo, muito menos descendente de algum justo. Ademais, a Bíblia silencia quanto ao fato de que pelo menos ele tenha feito algo de bom, para merecer o Céu).
Por isso, irmão, aceitar essa parábola literalmente, como se quer admitir, forçoso será crer que o mendigo foi salvo pelos “méritos da pobreza”, o que contraria frontalmente o plano de salvação, pois é notório que o homem só será salvo mediante sua fé na aceitação de Jesus Cristo como seu Salvador.
A Bíblia não ensina, em nenhum lugar, que por ser pobre ou ter sofrido muitas agruras, padecido muitas dores, alguém ganhe por isso o Céu por recompensa. Tal não é bíblico! O que as Escrituras mencionam a respeito é que os pobres sempre teremos conosco (Mat. 26:11), e que temos o dever de ampará-los, mas também eles deverão fazer sua decisão ao lado de Cristo, se é que desejam habitar o Céu um dia. (Sabe, eu já fui tão pobre, meu pai morreu deixando minha mãezinha com 4 filhos. Minha irmã era a mais velha e contava 10 anos. Morei em morro e favela. Carrego com orgulho uma marca de fome em meu braço esquerdo. Com ela irei para o Céu, mas... só porque eu também fiz minha decisão por Cristo.)
Literalmente falando, a benemerência deste Rico parabólico assumiu proporções maiores, porque Lázaro não era um mendigo somente, era um farrapo de gente, com o corpo todo carcomido por uma doença terrível, possivelmente a lepra.
Sabe você como era que um leproso deveria andar quando não estava enclausurado? Sua obrigação, por Lei, era passar ao largo e gritar: “Sou leproso”, “estou imundo”, “afastem-se”. (Lev. 13:44-46). Isto quando não eram apedrejados. Coitados! Pobres criaturas!
Agora meu irmão, imagine o seguinte:
– Você acorda de manhã, e junto com seus filhos se prepara para sair, quando, ao abrir o portão, depara com esse pobre “trapo” de gente, caindo aos pedaços, e os seus cães lambendo aquelas feridas em carne viva, devorada pela lepra. Diga sinceramente, qual seria sua reação? Daria a ele comida, mesmo sendo migalhas (migalhas de rico é fartura) de sua mesa ou chamaria a Polícia ou a Saúde Pública?
– Sim, qual seria sua atitude ao encontrar, na porta de sua casa um leproso, em avançado grau de enfermidade?
Sua reação, meu amado, é uma incógnita, mas a do Rico da parábola, não. Permitiu-lhe comer migalhas e não o expulsou de sua porta; e, do relato, imaginamos haver durado dias essa beneficência. Portanto, esse Rico parabólico não é um homem mau, mas bom, de coração inclinado a apiedar-se dos desvalidos da sorte, não acha?
Agora lhe pergunto sinceramente: Considerando as virtudes de ambos, (certamente baseando-se no literal, que é o que estamos fazendo com toda a parábola), quem merece o Céu? Sim, argumentando literalmente, se Lázaro por ser mendigo foi para o Céu, o Rico não pode deixar de ir também, porque não é pecado ser rico, e, esse da parábola, demonstrou genuína humanidade, não expulsou o mendigo de sua porta, não chamou a Polícia nem a Saúde Pública, e ainda permitiu-lhe alimentar-se do pão de sua mesa.
Isto bastaria para derrubar a tese de que essa parábola tem que ser aceita literalmente para fundamentar a doutrina da imortalidade da alma e do galardão imediato após a morte; mas, não paremos aqui.
Continuemos considerando-a literalmente, e segure-se firme, para que a terra não fuja de debaixo dos seus pés, porque diz o relato fictício que Lázaro morreu, e foi para o “seio de Abraão”. Lucas 16:23.
Então, ensina esta parábola, se tomada ao pé da letra (literalmente), que o homem, sendo pobre, mendigo, desvalido, ao morrer, tem como prêmio, ou recompensa, o Céu (seio de Abraão). Então, façamos as seguintes perguntas:
• Você não acha que o seio de Abraão seja muito pequeno, porque no máximo este patriarca devia ter de altura, 2,30 m?
• E os pobres e mendigos que morreram antes de Abraão, para que seio foram?
• Caberá no seio de Abraão todos os pobres do mundo quando morrerem, pois é sabido que a maior parte da população mundial, que já se aproxima dos 5 bilhões, são pobres?
• Bem, se apenas por ser mendigo alguém tem direito ao Céu, o crente então jamais poderá ficar fora dele, e que seio é esse para caber tanta gente? Abel, que viveu antes de Abraão, para que seio foi?
• Agora, pasme o irmão. Para onde fugir, diante desta pergunta: E Abraão, chamado o amigo de Deus, homem justo e bom, o pai da fé, morreu, e para onde foi? Para o seu próprio seio?
Percebeu?
Como se pode notar, uma parábola jamais poderá ser interpretada literalmente, porque, se assim for, teremos de admitir que Abraão tem um seio descomunal para acolher tanta gente. Os que aceitam essa parábola literalmente, terão de crer nesse absurdo, ou então aceitá-la no que lhes satisfaz, o que é uma grande desonestidade para com a Palavra de Deus.
Pois bem, continuemos considerando a parábola literalmente, e como tal, em seguida, temos na narrativa de Jesus que admitir seja a fronteira entre o Céu e o inferno tão próxima uma da outra que permite conversação, diálogo entre as pessoas que gozam as delícias do paraíso com as do suplício eterno.
Se a parábola ensina assim (como querem os imortalistas), que os eleitos de Deus personificados pelo mendigo conversam com os ímpios no inferno, personificados pelo Rico; imaginemos por exemplo, que você, irmão, esteja no Céu, gozando a bem-aventurança, contemplando a face gloriosa do Salvador, usufruindo da calmaria celestial, passeando por entre aquele belo jardim, sentindo o frescor e perfume das flores, quando, de repente, você ouve gemidos, e estes aumentam gradativamente. Então, você contempla seu parente no inferno, o fogo inclemente devorando-o; dores, gritos horripilantes, tormento indizível. Medite: Como você se sentiria no Céu, vendo do lado de lá, ali bem pertinho, um seu querido neste estado? Afinal, o Céu e o inferno estão separados por uma “parede-de-meia”? Ora irmão, é inadimissível; é insuportável crer numa coisa dessa! Mas é o que se terá de admitir ao aceitar que esta parábola foi um conto real, uma doutrina de Jesus.
Não terminemos aqui! Ainda deve nos impressionar o fato de que, ao se basear nessa parábola para afirmar que a alma é imortal, e se, de crente, vai para o Céu após a morte, volto a perguntar: Que almas eram essas? Sabe por quê?
• Tinham dedos (Luc. 16:24).
• Tinham línguas (Luc. 16:24).
• Tinham olhos (Luc. 16:23).
• Tinham sede (Luc. 16:24).
• Falavam e ouviam (Luc. 16:27-31).
Ora, se essas almas tinham dedos, é lógico que deveriam ter braços. Se tinham línguas, forçoso é crer que tinham boca, se possuíam olhos, era preciso terem rostos.
– Meu irmão, um rosto precisa de um pescoço, o pescoço precisa de um tronco, um tronco precisa de membros, braços, pernas, pés, etc. E, se falavam e ouviam, certamente tinham sentimento, e esse era traduzido pela sede, e tudo isso porque o cérebro funcionava.
Então, por favor, que “almas” eram essas que têm um corpo completo, com cabeça, tronco e membros? Ou não eram almas? E agora amado, para onde ir?
Bem, ainda assim, os que preconceituosamente crêem na imortalidade inerente da alma, e do galardão imediato após a morte, asseveram que essa parábola é uma doutrina porque as “almas” estavam conscientes através do diálogo que mantiveram. Mas, desculpe-me, isto é um equívoco, porque o diálogo havido não foi entre as “almas” que se imaginam, pois segundo a narrativa os personagens eram pessoas reais com corpo e tudo.
Quer ver algo mais estranho e inquietante? Releia a parábola e considere também que nela não aparecem o Senhor Jesus, nem Deus, nem anjos. Ora, que Céu é esse que não se encontra o Criador? Nem o Seu trono? Despido de toda a beleza de que é provido!!
Finalizando, para os que aceitam essa parábola literalmente e sobre ela fundamentam a doutrina mencionada, não poderão, então, fugir da aceitação de outras parábolas similares relatadas pela mesma Bíblia, no campo literal.
Há, por exemplo, no livro de Juízes 9:7-15, a parábola de Jotão. Lemos ali que as árvores falavam, e que levantaram reis sobre elas, certamente outras árvores. Você crê que as árvores falavam? Eram conscientes? Certamente que não. Temos absoluta certeza. Mas é uma parábola. Então, aceita-se uma e outra não? Como é isso?
Observe esta outra parábola bíblica:
II Reis 14:9
“Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O cardo que está no Líbano enviou ao cedro que está no Líbano, dizendo: Dá tua filha por mulher ao meu filho; mas os animais do campo que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo.”
Então, que lhe parece? Cardo e cedro são árvores. Árvores de lei e estão falando. E que casamento de filhos de árvores é esse? Querido irmão, são parábolas, e parábolas são metáforas, ficção, estória, não podem ser entendidas literalmente. Jamais.
Tudo aí é figurado. É uma ilustração. Nada mais que dois reis: O de Judá (Amazias), e o de Israel (Jeoás); são personificados pelas árvores. Jeoás compôs a parábola para Amazias. Este não a atendeu (II Reis 14:11), e por isso, o povo do “cardo” (Amazias) foi ferido pelos “animais do campo” (exército do “cedro” – Jeoás).
Na parábola da ovelha perdida, a ovelha é um animal, mas representa o pecador (Lucas 15). Não há o que negar, parábola é um ilustrativo para extrair-se uma verdade. Na parábola do semeador, a semente é o evangelho. A vinha do Senhor é a casa de Israel. Isaías 5:1-7.
Nenhuma das quarenta e quatro parábolas proferidas por Jesus podem ser aceitas literalmente, porque parábola é uma ilustração para clarear o ensino.
Chegamos então à conclusão de que é um equívoco considerar parábolas pelo lado literal e aplicá-las para sedimentar doutrina bíblica. Fica, por conseguinte, claro, que Jesus não ensinou o que se prega hoje em dia, baseando-se nesta parábola.
Finalmente, afirmo, essa parábola não foi mencionada por Jesus como uma doutrina. Digo-lhe no Senhor. A única coisa de escatológica e doutrinária, em toda a narração, só é o verso 31, que é o final da estória e que trata da ressurreição, nada mais.
O que, afinal, desejava ensinar o Senhor? É o assunto que estudaremos a seguir, com toda a sinceridade de uma meiga criança.
Fizemos o estudo literal dessa parábola, apenas para demonstrar a que absurdos chegaríamos caso a aceitássemos como uma doutrina e não uma estória, ficção, como realmente é, uma vez que ela tem sido usada literalmente para abonar a doutrina da imortalidade da alma.
O Rico da parábola era uma “símile” dos judeus, a quem Deus fez os depositários dos oráculos divinos. Deveriam por isso ser a luz das nações. Os reis da terra deveriam caminhar vendo a glória de Deus sobre eles. Isaías 60:3.
O mendigo parabólico também era uma “símile” (analogia – semelhança) dos gentios, que eram, coitados, considerados como cães, imundos e indignos do favor do Céu, pelos judeus.
Destacamos ainda, da lavra desta célebre escritora evangélica, Ellen G. White, este outro pensamento:
“O Senhor fizera dos judeus depositários da verdade sagrada. Nomeou-os mordomos de Sua graça. Deu-lhes todas as vantagens temporais e espirituais, encarregou-os de partilhar estas bênçãos. Uma instrução especial fora-lhes dada concernente ao tratamento de irmãos empobrecidos, dos estrangeiros dentro de suas portas e dos pobres entre estes. Não deveriam procurar ganhar tudo para o proveito próprio, antes deveriam lembrar-se dos necessitados e repartir com eles. E Deus prometeu abençoá-los de acordo com as obras de amor e misericórdia. Como o rico, porém, não estendiam a mão auxiliadora para aliviar as necessidades temporais e espirituais da humanidade sofredora. (Permitia-lhe comer das migalhas. Mas ele poderia fazer muito por ele e não o fez). Cheios de orgulho, consideravam-se o povo escolhido e favorecido de Deus; contudo não serviam nem adoravam a Deus. Depositavam confiança na circunstância de serem filhos de Abraão. ‘Somos descendência de Abraão’ (João 8:33), diziam, com altivez. Ao chegar a crise, foi revelado que se tinham divorciado de Deus, e confiado em Abraão como se fosse Deus.” – Parábolas de Jesus, págs. 267/268, grifos meus.
Assim que, foram os judeus comparados ao homem Rico da parábola, porque tinham as riquezas do evangelho; no entanto, não cumpriram a vontade de Deus a seu respeito, que era de ser a luz dos gentios. No campo religioso, os pobres gentios pegavam mesmo, apenas as migalhas.
No pátio do Templo de Jerusalém havia uma linha demarcatória que, se os gentios dali passassem, eram mortos no ato, isso porque eram considerados indígnos de cultuar a Jeová neste santuário. (Leia-a à página 379).
Entretanto, encontramos nas Escrituras belos exemplos de verdadeira fé entre os gentios, como é o caso do centurião romano de Cafarnaum pedindo a Jesus que curasse seu criado, conforme se lê em Mateus 8:5-13. Nesta experiência o centurião expressou exatamente o que os judeus pensavam dos gentios:
“No sou digno de que entreis em minha casa...” (verso 8).
No entanto, o centurião demonstrou grande fé quando disse: “Diga somente uma palavra e meu criado sarará...” (verso 8). Jesus curou o servo daquele gentio e publicamente elogiou sua fé com estas palavras: “...Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé...” (verso 10), assegurando que muitos gentios assentar-se-ão à mesa com Abraão (Veja Gálatas 3:27-29; Romanos 10:12). Anote agora, este outro belo exemplo de sublime e sincera fé:
“E, partindo Jesus dali, foi para as bandas de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou dizendo: Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoniada. Mas Ele não lhe respondeu palavra. E os discípulos, chegando ao pé dEle, rogaram-lhe dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E Ele respondendo disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela e adorou-O dizendo: Senhor, socorre-me. Ele porém, respondendo disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé: Seja isto feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.” – Mateus 15: 21-28.
Jesus não possuia o preconceito dos judeus com relação aos gentios. Ele apenas procedeu assim para que fosse revelada, publicamente, a fé daquela mulher gentílica, naquEle que veio para o Seu próprio povo, e este não O aceitou.
Aqui estão, amados, dois exemplos de grande fé, revelada por aqueles que eram literalmente considerados como “cães”, indígnos dos favores e bênçãos divinos, por serem gentios. No entanto, mereceu do Mestre elogios tais, por uma fé que não havia encontrado em Seu próprio povo.
Por favor, observe a preferência de Jesus pelos FILHOS. Quem são eles?
Mateus 10:5-6
“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
Eram, portanto, os filhos, a casa de Israel, nação judaica, aquele povo tão amado por Deus, nação diferenciada entre todas com bênçãos inefáveis; e agora, para sedimentar, provar o cuidado, amor, preferência de Deus por ela, o próprio Jesus vem, e envia discípulos a lhes pregar as boas-novas do Reino.
Por conseguinte, queria Jesus ensinar, na parábola do Rico e Lázaro, que os judeus (Rico) banqueteavam-se na mesa da verdade, enquanto os gentios (Lázaro), coitados, eram os cachorrinhos que procuravam a todo custo apanhar migalhas do evangelho. E parabéns para eles, passaram das migalhas para as gemas puras e cristalinas do santo evangelho do Senhor.
Os ricos vestiam-se de linho branco. O branco significa paz, pureza, e era isso que Deus lhes desejava, caso ouvissem, e fossem fiéis ao legado divino. Os gentios eram o Lázaro tão repelente quanto o leproso. Eram os leprosos espirituais. Não tinham direito, como pensavam os judeus, às bênçãos e favores de Deus. Mas, irmão, a mesa da verdade, da qual se orgulhavam os judeus, tornou-se em laço para eles.
Romanos 11:9
“E Davi diz: Torne-se-lhes sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, por sua retribuição.”
E, na verdade, esse foi o quinhão de um povo recalcitrante, endurecido por tanta desobediência e rebelião. Embora representassem a preferência nacional de Deus, os judeus rejeitaram e mataram o Senhor do evangelho, por isso foram “quebrados” e outros “galhos” foram “enxertados” na Oliveira – nós, os gentios – representados na parábola, por Lázaro, o mendigo. Romanos 11:17-21.
A maior prova de que o Rico (nação judaica) recebeu “seus bens em sua vida”, como informa a parábola, foi o fato de ter sido chamada para ser o sacerdócio real de Deus na Terra, nação santa, peculiar. Sobre ela dispensou o Senhor, por séculos, bênçãos sem medidas, deu-lhes uma terra onde mana leite e mel e por fim deu-lhes o próprio Messias. E qual foi a reação do Rico (judeus)?: “...Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam...” João 1:11.
Os judeus, portanto, rejeitaram o Messias (o Rico morre). Esta rejeição consolidou-se com o apedrejamento de Estêvão, o primeiro mártir (Atos 7:54-60), quando então os filhinhos ou o Rico da parábola, perderam definitivamente a preferência divina, bem como o direito à salvação como um povo, embora individualmente tenham direito a ela.
Após o apedrejamento de Estêvão, ocorreu uma grande perseguição aos cristãos (Atos 8:1). Esta perseguição, conquanto não pareça, constituiu-se em uma milagrosa operação celestial, pois o evangelho foi anunciado poderosamente aos gentios (Lázaro), para que eles também participassem do banquete da salvação. Agora, não comeriam mais migalhas da mesa de seu Senhor, mas fariam parte inconteste da mesa da verdade. Veja que maravilhoso:
“Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se pregasse primeiro a Palavra de Deus; mas visto como a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios; porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te puz para luz dos gentios, para que sejas de salvação até os confins da Terra. E os gentios ouvindo isso, alegraram-se, e glorificavam a Palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. E a Palavra do Senhor se divulgava por toda aquela província.” Atos 13: 46-49.
“Ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia, que também os gentios tinham recebido a Palavra de Deus.” Atos 11:1.
Perceba o quadro atual:
O RICO EM TORMENTO
(judeus)
Perderam a hegemonia nacional, conforme a Parábola. Perderam o privilégio de ser o povo escolhido de Deus (Deut. 7:6). Perderam o majetoso templo, a nação, e dispersos foram por todo o mundo. Muito embora Deus os ame a todos, e, individualmente tenham direito à salvação, desde que aceitem a Jesus Cristo como Salvador pessoal.
LÁZARO CONSOLADO
no seio de Abraão
(gentios)
Possuem a verdade, exercem fé, crêem, vivem e pregam o evangelho, esperam a volta de Jesus e transformaram-se na geração eleita de Deus, ouça: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquEle que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tinheis alcançado misericórdia, mas agora alcan-çastes misericórdia.” I. Pedro 2:9-10.
ABRAÃO
Entrou nessa parábola, porque é considerado o pai da fé, segundo a Bíblia. E todos os que se salvarem, o serão pela fé em Cristo, e nunca por obras ou méritos próprios; e serão chamados filhos de Abraão pela fé. Gálatas 3: 9.
O SEIO DE ABRAÃO
Quer dizer, simplesmente: Privilégios e favores. Ó gentios! Como Deus nos ama!
Para finalizar, tenhamos em mente este pensamento:
“Na parábola do Rico e Lázaro, Cristo mostra que nesta vida os homens decidem seu destino eterno. Durante o tempo da Graça de Deus, esta é oferecida a toda alma. Mas, se os homens desperdiçam as oportunidades na satisfação própria, segregam-se da vida eterna. Não lhes será concedida nova oportunidade. Por sua própria escolha cavaram entre eles e Deus um abismo intransponível.” – Paráb. de Jesus, pág. 260. E.G. White. Grifos meus.
Meus queridos irmãos, está claro que, nesta parábola, Jesus continua apresentando a lição iniciada com a parábola do mordomo infiel de Lucas 16:1-12, e a tônica de Seu ensino é que o “destino eterno” de uma pessoa é determinado pelo uso que ela faz das oportunidades que se apresentam HOJE.
Assim, pois, sem sombras de dúvidas, a parábola do Rico e Lázaro foi apresentada por Jesus para esclarecer definitivamente que o destino do homem – rico ou pobre é decidido aqui nesta vida, “pelo uso feito dos privilégios e oportunidades” conferidos por Deus.
Leia, como complemento: Mateus 16:27; 25:31-41. I Coríntios 15:51-55. I Tessalonicenses 4:16-17. Apocalipse 22:12, etc.
Tenho ânsias de explodir em brados de aleluias ao Senhor, pois que Ele é bom, e nos dá sabedoria para andarmos na luz. – Aleluia! Glória a Deus!
Veja também: http://www.centrowhite.org.br/textos.pdf/01/30.pdf
A Parabóla do Homem Rico e o Mendigo Lázaro
Lucas 16:19-31
LITERALMENTE FALANDO:
Por suas atitudes, quem merece de fato, o Céu? – O Rico ou Lázaro?
Manda a sinceridade que o todo desta parábola seja interpretado literalmente, já que parte assim é feita, para financiar a fugaz doutrina da imortalidade da alma.
“E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender. E sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava em particular aos Seus discípulos.” Marcos 4:33 e 34.
Vamos, com a ajuda do Espírito Santo, desvendar a parábola do Rico e Lázaro. Como ponto de partida, descubramos pelo dicionário qual o significado da palavra parábola. Diz o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa que é uma “narração alegórica”. Isto é: Parábola é uma alegoria e, segundo o mesmo dicionário, alegoria é: “Exposição de um pensamento sob forma figurada; ficção que representa um objeto para dar idéia de outro; continuação de metáforas que significam uma coisa nas palavras e outra no sentido.”
A palavra grega traduzida por “parábola” significa: “comparação”, “tipo”, “figura”. Isto é: Uma linguagem em códigos.
Mal comparando, e com a devida anuência do irmão, digo: Uma estória engendrada, um conto, que esconde e acoberta uma verdade importante (Eze. 17:2; 24:3). A parábola, pois, tem o objetivo de transmitir uma verdade; mas ela mesma não é esta verdade. Ouça o testemunho de Jesus e do evangelista Mateus:
“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis mas não compreendereis. E vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido. E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam os seus ouvidos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e Eu os cure.” – Mateus 13: 13-15.
“Tudo isso disse Jesus por parábolas à multidão. E nada lhes falava sem parábolas, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta que disse: Abrirei em parábolas a Minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.” – Mateus 13: 34-35.
Compor parábolas era o método particular que Jesus usava para o ensino. Ao expor através destas ilustrações a verdade que queria apresentar, Ele o fazia por um motivo todo especial; e a respeito, diz-nos Ellen G. White, abalizada escritora:
“Entre as multidões que O rodeavam, havia sacerdotes e rabinos, escribas e anciãos, herodianos e maiorais, amantes do mundo, beatos, ambiciosos que desejavam, antes de tudo, achar alguma acusação contra Ele. Espias seguiam-Lhes os passos, dia a dia, para apanhá-Lo nalguma palavra que Lhe causasse a condenação, e fizesse silenciar para sempre aquele que parecia atrair a Si o mundo todo.
“O Salvador compreendia o caráter desses homens e apresentava a verdade de maneira tal, que nada podiam achar que lhes desse ensejo de levar seu caso perante o Sinédrio. Em parábolas, Ele censurava a hipocrisia e o procedimento ímpio daqueles que ocupavam altas posições. E, em linguagem figurada, vestia a verdade de tão penetrante caráter, que, se as mesmas fossem apresentadas como acusações diretas, não dariam ouvidos às Suas palavras e teriam dado fim rápido ao Seu ministério.” – Paráb. Jesus, pág. 22.
Está claro então que havia um motivo especial para o Mestre falar em parábolas, sobretudo para que se cumprisse também a profecia messiânica que diz: “Abrirei em parábolas a Minha boca...” Salmo 78:2.
Há uma corrente de leitores da Bíblia que afirma com veemência ser a narrativa de Jesus sobre o Rico e Lázaro não uma parábola, e sim uma doutrina real. Ao agirem assim, além de contradizê-la, chocam-se com uma barreira evangélica, formada pelos mais respeitáveis teólogos dos mais variados ramos protestantes, que concordam ser este conto puramente parábolico. Portanto, é preciso ficar sacramentado, sem nenhuma sombra de dúvidas, que a narração é uma parábola: A parábola do Rico e Lázaro.
Por conseguinte, a doutrina da imortalidade da alma e do galardão após a morte, extraída, como fazem, dessa parábola, é acima de tudo inconveniente, pois sabido é, e aceito pelos mais eminentes exegetas, que não se pode firmar doutrina sobre parábolas, pois ela é uma ficção, uma alegoria, uma metáfora.
O Doutor Joseph Angus, teólogo evangélico (da Igreja Batista), em sua obra – História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 181 aconselha-nos judiciosamente a respeito das parábolas. Diz ele:
“Converter delicados pormenores em grandes verdades escriturísticas é obscurecer o grande desígnio do todo. E assim trazemos um significado para a parábola em vez de extrair dela o significado. Isso é um hábito que nos pode levar aos enganos mais sérios.” – Grifos meus.
Particularmente, não acho existir “engano mais sério”, do que esconder-se o verdadeiro sentido parabólico desta estória, para apresentar a doutrina da imortalidade da alma, a doutrina do Céu e inferno, ou seja: O Céu para o bom, e o inferno para o mau, imediatamente após a morte. Ouça, ainda, E.G. White:
“Nesta parábola Cristo se acerca do povo em seu próprio terreno. A doutrina de um estado consciente de existência entre a morte e a ressurreição era mantida por muitos dos que ouviam as palavras de Cristo. O Salvador lhes conhecia as idéias e compôs Sua parábola de modo a inculcar verdades importantes em lugar dessas opiniões pré-concebidas.” – Parábolas de Jesus pág. 263.
Em síntese, prezado irmão, estamos diante de uma estória contada por Jesus, que, se estudarmos diligentemente (cavando fundo), notaremos a beleza da verdade que o Salvador queria ensinar. Antes de começarmos a estudar a parábola, deixe-me dizer-lhe o que falou um eminente teólogo:
“É regra aceita em teologia que as doutrinas não devem ser baseadas sobre parábolas.” – F.D. Nichol, Answers to Objections, nota ao pé, pág. 567 – citado em Subtilezas do Erro.
Pois bem, façamos de conta que estes teólogos, pesquisadores e escritores estejam errados, e chegamos à incongruência de considerar essa parábola literalmente, como a aceitam muitos sinceros cristãos. Então vamos considerá-la assim, toda literalmente, certo? Coloquemos, portanto, em pauta, o Rico da parábola.
• Nem a Bíblia nem Jesus disseram que o rico era mau. Dizem apenas que era rico. E ser Rico não é característica do desagrado de Deus; pelo contrário, a riqueza do cristão é sinal de bênçãos do Céu.
• Abraão foi chamado “amigo de Deus” e os cristãos sabem do cuidado do Senhor sobre ele e sua família, e, no entanto, lemos em Gênesis 13:2: “Era Abraão muito rico em gado, em prata e em ouro.”
• Jó, o habitante da terra de Uz, homem sincero, reto e temente a Deus, foi tam-bém amado por Ele e lemos em seu livro, capítulo 1 versículos de 1 a 3: “...e era o seu gado 7.000 ovelhas, 3.000 camelos e 500 juntas de bois e 500 jumentas, era também muitíssima a gente a seu serviço, de maneira que este homem era maior que todos os do Oriente”. Aí está o homem mais rico do Oriente e também um grande amigo de Deus, e por Ele lembrado e amado.
• Salomão, José de Arimatéia, Nicodemos, este, afirmam, era tão rico, que sua fortuna daria para sustentar a nação judaica por 10 anos, e no entanto não foi repelido por Jesus; pelo contrário, o Mestre amou-o profundamente.
Então, caro irmão, depreendemos daí que não é nenhum pecado ser rico. E a Bíblia informa simplesmente, nesta parábola: “Havia um homem rico... e ele morreu...” (Luc. 16:22). E isso não é, nunca foi, jamais será pecado tão grave que o possa lançar ao inferno. Vê, se formos tratar esta parábola literalmente, pergunto: O que é errado? O que fez o Rico para se perder e ser lançado no inferno?
Não esqueça, Jesus apresentou simplesmente um homem Rico. Não disse que ele era transgressor da Lei de Deus, nem mau, nem avarento. Nem que tenha adquirido sua riqueza com fraude, injustiça ou roubo. Apenas um homem rico. Coloquemos em pauta, agora, o mendigo Lázaro.
• Nem a Bíblia, nem Jesus, mencionam que ele tenha sido um crente bom e fiel, e muito menos cumpridor da Lei de Deus. Diz, simplesmente: Era um mendigo.
• Ouça irmão, e não se escandalize: Mendicância é prova do desfavor de Deus (perdão Senhor!). Não precisa desencostar-se da cadeira, nem engolir seco, estamos considerando literalmente a parábola, e é isso o que diz a Bíblia, e aqui está Davi para provar; diz ele: “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência mendigar o pão.” Sal. 37:25.
(Por conseguinte, literalmente falando, o nosso bom mendigo parabólico, coitado, não era justo, muito menos descendente de algum justo. Ademais, a Bíblia silencia quanto ao fato de que pelo menos ele tenha feito algo de bom, para merecer o Céu).
Por isso, irmão, aceitar essa parábola literalmente, como se quer admitir, forçoso será crer que o mendigo foi salvo pelos “méritos da pobreza”, o que contraria frontalmente o plano de salvação, pois é notório que o homem só será salvo mediante sua fé na aceitação de Jesus Cristo como seu Salvador.
A Bíblia não ensina, em nenhum lugar, que por ser pobre ou ter sofrido muitas agruras, padecido muitas dores, alguém ganhe por isso o Céu por recompensa. Tal não é bíblico! O que as Escrituras mencionam a respeito é que os pobres sempre teremos conosco (Mat. 26:11), e que temos o dever de ampará-los, mas também eles deverão fazer sua decisão ao lado de Cristo, se é que desejam habitar o Céu um dia. (Sabe, eu já fui tão pobre, meu pai morreu deixando minha mãezinha com 4 filhos. Minha irmã era a mais velha e contava 10 anos. Morei em morro e favela. Carrego com orgulho uma marca de fome em meu braço esquerdo. Com ela irei para o Céu, mas... só porque eu também fiz minha decisão por Cristo.)
Literalmente falando, a benemerência deste Rico parabólico assumiu proporções maiores, porque Lázaro não era um mendigo somente, era um farrapo de gente, com o corpo todo carcomido por uma doença terrível, possivelmente a lepra.
Sabe você como era que um leproso deveria andar quando não estava enclausurado? Sua obrigação, por Lei, era passar ao largo e gritar: “Sou leproso”, “estou imundo”, “afastem-se”. (Lev. 13:44-46). Isto quando não eram apedrejados. Coitados! Pobres criaturas!
Agora meu irmão, imagine o seguinte:
– Você acorda de manhã, e junto com seus filhos se prepara para sair, quando, ao abrir o portão, depara com esse pobre “trapo” de gente, caindo aos pedaços, e os seus cães lambendo aquelas feridas em carne viva, devorada pela lepra. Diga sinceramente, qual seria sua reação? Daria a ele comida, mesmo sendo migalhas (migalhas de rico é fartura) de sua mesa ou chamaria a Polícia ou a Saúde Pública?
– Sim, qual seria sua atitude ao encontrar, na porta de sua casa um leproso, em avançado grau de enfermidade?
Sua reação, meu amado, é uma incógnita, mas a do Rico da parábola, não. Permitiu-lhe comer migalhas e não o expulsou de sua porta; e, do relato, imaginamos haver durado dias essa beneficência. Portanto, esse Rico parabólico não é um homem mau, mas bom, de coração inclinado a apiedar-se dos desvalidos da sorte, não acha?
Agora lhe pergunto sinceramente: Considerando as virtudes de ambos, (certamente baseando-se no literal, que é o que estamos fazendo com toda a parábola), quem merece o Céu? Sim, argumentando literalmente, se Lázaro por ser mendigo foi para o Céu, o Rico não pode deixar de ir também, porque não é pecado ser rico, e, esse da parábola, demonstrou genuína humanidade, não expulsou o mendigo de sua porta, não chamou a Polícia nem a Saúde Pública, e ainda permitiu-lhe alimentar-se do pão de sua mesa.
Isto bastaria para derrubar a tese de que essa parábola tem que ser aceita literalmente para fundamentar a doutrina da imortalidade da alma e do galardão imediato após a morte; mas, não paremos aqui.
Continuemos considerando-a literalmente, e segure-se firme, para que a terra não fuja de debaixo dos seus pés, porque diz o relato fictício que Lázaro morreu, e foi para o “seio de Abraão”. Lucas 16:23.
Então, ensina esta parábola, se tomada ao pé da letra (literalmente), que o homem, sendo pobre, mendigo, desvalido, ao morrer, tem como prêmio, ou recompensa, o Céu (seio de Abraão). Então, façamos as seguintes perguntas:
• Você não acha que o seio de Abraão seja muito pequeno, porque no máximo este patriarca devia ter de altura, 2,30 m?
• E os pobres e mendigos que morreram antes de Abraão, para que seio foram?
• Caberá no seio de Abraão todos os pobres do mundo quando morrerem, pois é sabido que a maior parte da população mundial, que já se aproxima dos 5 bilhões, são pobres?
• Bem, se apenas por ser mendigo alguém tem direito ao Céu, o crente então jamais poderá ficar fora dele, e que seio é esse para caber tanta gente? Abel, que viveu antes de Abraão, para que seio foi?
• Agora, pasme o irmão. Para onde fugir, diante desta pergunta: E Abraão, chamado o amigo de Deus, homem justo e bom, o pai da fé, morreu, e para onde foi? Para o seu próprio seio?
Percebeu?
Como se pode notar, uma parábola jamais poderá ser interpretada literalmente, porque, se assim for, teremos de admitir que Abraão tem um seio descomunal para acolher tanta gente. Os que aceitam essa parábola literalmente, terão de crer nesse absurdo, ou então aceitá-la no que lhes satisfaz, o que é uma grande desonestidade para com a Palavra de Deus.
Pois bem, continuemos considerando a parábola literalmente, e como tal, em seguida, temos na narrativa de Jesus que admitir seja a fronteira entre o Céu e o inferno tão próxima uma da outra que permite conversação, diálogo entre as pessoas que gozam as delícias do paraíso com as do suplício eterno.
Se a parábola ensina assim (como querem os imortalistas), que os eleitos de Deus personificados pelo mendigo conversam com os ímpios no inferno, personificados pelo Rico; imaginemos por exemplo, que você, irmão, esteja no Céu, gozando a bem-aventurança, contemplando a face gloriosa do Salvador, usufruindo da calmaria celestial, passeando por entre aquele belo jardim, sentindo o frescor e perfume das flores, quando, de repente, você ouve gemidos, e estes aumentam gradativamente. Então, você contempla seu parente no inferno, o fogo inclemente devorando-o; dores, gritos horripilantes, tormento indizível. Medite: Como você se sentiria no Céu, vendo do lado de lá, ali bem pertinho, um seu querido neste estado? Afinal, o Céu e o inferno estão separados por uma “parede-de-meia”? Ora irmão, é inadimissível; é insuportável crer numa coisa dessa! Mas é o que se terá de admitir ao aceitar que esta parábola foi um conto real, uma doutrina de Jesus.
Não terminemos aqui! Ainda deve nos impressionar o fato de que, ao se basear nessa parábola para afirmar que a alma é imortal, e se, de crente, vai para o Céu após a morte, volto a perguntar: Que almas eram essas? Sabe por quê?
• Tinham dedos (Luc. 16:24).
• Tinham línguas (Luc. 16:24).
• Tinham olhos (Luc. 16:23).
• Tinham sede (Luc. 16:24).
• Falavam e ouviam (Luc. 16:27-31).
Ora, se essas almas tinham dedos, é lógico que deveriam ter braços. Se tinham línguas, forçoso é crer que tinham boca, se possuíam olhos, era preciso terem rostos.
– Meu irmão, um rosto precisa de um pescoço, o pescoço precisa de um tronco, um tronco precisa de membros, braços, pernas, pés, etc. E, se falavam e ouviam, certamente tinham sentimento, e esse era traduzido pela sede, e tudo isso porque o cérebro funcionava.
Então, por favor, que “almas” eram essas que têm um corpo completo, com cabeça, tronco e membros? Ou não eram almas? E agora amado, para onde ir?
Bem, ainda assim, os que preconceituosamente crêem na imortalidade inerente da alma, e do galardão imediato após a morte, asseveram que essa parábola é uma doutrina porque as “almas” estavam conscientes através do diálogo que mantiveram. Mas, desculpe-me, isto é um equívoco, porque o diálogo havido não foi entre as “almas” que se imaginam, pois segundo a narrativa os personagens eram pessoas reais com corpo e tudo.
Quer ver algo mais estranho e inquietante? Releia a parábola e considere também que nela não aparecem o Senhor Jesus, nem Deus, nem anjos. Ora, que Céu é esse que não se encontra o Criador? Nem o Seu trono? Despido de toda a beleza de que é provido!!
Finalizando, para os que aceitam essa parábola literalmente e sobre ela fundamentam a doutrina mencionada, não poderão, então, fugir da aceitação de outras parábolas similares relatadas pela mesma Bíblia, no campo literal.
Há, por exemplo, no livro de Juízes 9:7-15, a parábola de Jotão. Lemos ali que as árvores falavam, e que levantaram reis sobre elas, certamente outras árvores. Você crê que as árvores falavam? Eram conscientes? Certamente que não. Temos absoluta certeza. Mas é uma parábola. Então, aceita-se uma e outra não? Como é isso?
Observe esta outra parábola bíblica:
II Reis 14:9
“Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O cardo que está no Líbano enviou ao cedro que está no Líbano, dizendo: Dá tua filha por mulher ao meu filho; mas os animais do campo que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo.”
Então, que lhe parece? Cardo e cedro são árvores. Árvores de lei e estão falando. E que casamento de filhos de árvores é esse? Querido irmão, são parábolas, e parábolas são metáforas, ficção, estória, não podem ser entendidas literalmente. Jamais.
Tudo aí é figurado. É uma ilustração. Nada mais que dois reis: O de Judá (Amazias), e o de Israel (Jeoás); são personificados pelas árvores. Jeoás compôs a parábola para Amazias. Este não a atendeu (II Reis 14:11), e por isso, o povo do “cardo” (Amazias) foi ferido pelos “animais do campo” (exército do “cedro” – Jeoás).
Na parábola da ovelha perdida, a ovelha é um animal, mas representa o pecador (Lucas 15). Não há o que negar, parábola é um ilustrativo para extrair-se uma verdade. Na parábola do semeador, a semente é o evangelho. A vinha do Senhor é a casa de Israel. Isaías 5:1-7.
Nenhuma das quarenta e quatro parábolas proferidas por Jesus podem ser aceitas literalmente, porque parábola é uma ilustração para clarear o ensino.
Chegamos então à conclusão de que é um equívoco considerar parábolas pelo lado literal e aplicá-las para sedimentar doutrina bíblica. Fica, por conseguinte, claro, que Jesus não ensinou o que se prega hoje em dia, baseando-se nesta parábola.
Finalmente, afirmo, essa parábola não foi mencionada por Jesus como uma doutrina. Digo-lhe no Senhor. A única coisa de escatológica e doutrinária, em toda a narração, só é o verso 31, que é o final da estória e que trata da ressurreição, nada mais.
O que, afinal, desejava ensinar o Senhor? É o assunto que estudaremos a seguir, com toda a sinceridade de uma meiga criança.
Fizemos o estudo literal dessa parábola, apenas para demonstrar a que absurdos chegaríamos caso a aceitássemos como uma doutrina e não uma estória, ficção, como realmente é, uma vez que ela tem sido usada literalmente para abonar a doutrina da imortalidade da alma.
O Rico da parábola era uma “símile” dos judeus, a quem Deus fez os depositários dos oráculos divinos. Deveriam por isso ser a luz das nações. Os reis da terra deveriam caminhar vendo a glória de Deus sobre eles. Isaías 60:3.
O mendigo parabólico também era uma “símile” (analogia – semelhança) dos gentios, que eram, coitados, considerados como cães, imundos e indignos do favor do Céu, pelos judeus.
Destacamos ainda, da lavra desta célebre escritora evangélica, Ellen G. White, este outro pensamento:
“O Senhor fizera dos judeus depositários da verdade sagrada. Nomeou-os mordomos de Sua graça. Deu-lhes todas as vantagens temporais e espirituais, encarregou-os de partilhar estas bênçãos. Uma instrução especial fora-lhes dada concernente ao tratamento de irmãos empobrecidos, dos estrangeiros dentro de suas portas e dos pobres entre estes. Não deveriam procurar ganhar tudo para o proveito próprio, antes deveriam lembrar-se dos necessitados e repartir com eles. E Deus prometeu abençoá-los de acordo com as obras de amor e misericórdia. Como o rico, porém, não estendiam a mão auxiliadora para aliviar as necessidades temporais e espirituais da humanidade sofredora. (Permitia-lhe comer das migalhas. Mas ele poderia fazer muito por ele e não o fez). Cheios de orgulho, consideravam-se o povo escolhido e favorecido de Deus; contudo não serviam nem adoravam a Deus. Depositavam confiança na circunstância de serem filhos de Abraão. ‘Somos descendência de Abraão’ (João 8:33), diziam, com altivez. Ao chegar a crise, foi revelado que se tinham divorciado de Deus, e confiado em Abraão como se fosse Deus.” – Parábolas de Jesus, págs. 267/268, grifos meus.
Assim que, foram os judeus comparados ao homem Rico da parábola, porque tinham as riquezas do evangelho; no entanto, não cumpriram a vontade de Deus a seu respeito, que era de ser a luz dos gentios. No campo religioso, os pobres gentios pegavam mesmo, apenas as migalhas.
No pátio do Templo de Jerusalém havia uma linha demarcatória que, se os gentios dali passassem, eram mortos no ato, isso porque eram considerados indígnos de cultuar a Jeová neste santuário. (Leia-a à página 379).
Entretanto, encontramos nas Escrituras belos exemplos de verdadeira fé entre os gentios, como é o caso do centurião romano de Cafarnaum pedindo a Jesus que curasse seu criado, conforme se lê em Mateus 8:5-13. Nesta experiência o centurião expressou exatamente o que os judeus pensavam dos gentios:
“No sou digno de que entreis em minha casa...” (verso 8).
No entanto, o centurião demonstrou grande fé quando disse: “Diga somente uma palavra e meu criado sarará...” (verso 8). Jesus curou o servo daquele gentio e publicamente elogiou sua fé com estas palavras: “...Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé...” (verso 10), assegurando que muitos gentios assentar-se-ão à mesa com Abraão (Veja Gálatas 3:27-29; Romanos 10:12). Anote agora, este outro belo exemplo de sublime e sincera fé:
“E, partindo Jesus dali, foi para as bandas de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou dizendo: Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoniada. Mas Ele não lhe respondeu palavra. E os discípulos, chegando ao pé dEle, rogaram-lhe dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E Ele respondendo disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela e adorou-O dizendo: Senhor, socorre-me. Ele porém, respondendo disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé: Seja isto feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.” – Mateus 15: 21-28.
Jesus não possuia o preconceito dos judeus com relação aos gentios. Ele apenas procedeu assim para que fosse revelada, publicamente, a fé daquela mulher gentílica, naquEle que veio para o Seu próprio povo, e este não O aceitou.
Aqui estão, amados, dois exemplos de grande fé, revelada por aqueles que eram literalmente considerados como “cães”, indígnos dos favores e bênçãos divinos, por serem gentios. No entanto, mereceu do Mestre elogios tais, por uma fé que não havia encontrado em Seu próprio povo.
Por favor, observe a preferência de Jesus pelos FILHOS. Quem são eles?
Mateus 10:5-6
“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
Eram, portanto, os filhos, a casa de Israel, nação judaica, aquele povo tão amado por Deus, nação diferenciada entre todas com bênçãos inefáveis; e agora, para sedimentar, provar o cuidado, amor, preferência de Deus por ela, o próprio Jesus vem, e envia discípulos a lhes pregar as boas-novas do Reino.
Por conseguinte, queria Jesus ensinar, na parábola do Rico e Lázaro, que os judeus (Rico) banqueteavam-se na mesa da verdade, enquanto os gentios (Lázaro), coitados, eram os cachorrinhos que procuravam a todo custo apanhar migalhas do evangelho. E parabéns para eles, passaram das migalhas para as gemas puras e cristalinas do santo evangelho do Senhor.
Os ricos vestiam-se de linho branco. O branco significa paz, pureza, e era isso que Deus lhes desejava, caso ouvissem, e fossem fiéis ao legado divino. Os gentios eram o Lázaro tão repelente quanto o leproso. Eram os leprosos espirituais. Não tinham direito, como pensavam os judeus, às bênçãos e favores de Deus. Mas, irmão, a mesa da verdade, da qual se orgulhavam os judeus, tornou-se em laço para eles.
Romanos 11:9
“E Davi diz: Torne-se-lhes sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, por sua retribuição.”
E, na verdade, esse foi o quinhão de um povo recalcitrante, endurecido por tanta desobediência e rebelião. Embora representassem a preferência nacional de Deus, os judeus rejeitaram e mataram o Senhor do evangelho, por isso foram “quebrados” e outros “galhos” foram “enxertados” na Oliveira – nós, os gentios – representados na parábola, por Lázaro, o mendigo. Romanos 11:17-21.
A maior prova de que o Rico (nação judaica) recebeu “seus bens em sua vida”, como informa a parábola, foi o fato de ter sido chamada para ser o sacerdócio real de Deus na Terra, nação santa, peculiar. Sobre ela dispensou o Senhor, por séculos, bênçãos sem medidas, deu-lhes uma terra onde mana leite e mel e por fim deu-lhes o próprio Messias. E qual foi a reação do Rico (judeus)?: “...Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam...” João 1:11.
Os judeus, portanto, rejeitaram o Messias (o Rico morre). Esta rejeição consolidou-se com o apedrejamento de Estêvão, o primeiro mártir (Atos 7:54-60), quando então os filhinhos ou o Rico da parábola, perderam definitivamente a preferência divina, bem como o direito à salvação como um povo, embora individualmente tenham direito a ela.
Após o apedrejamento de Estêvão, ocorreu uma grande perseguição aos cristãos (Atos 8:1). Esta perseguição, conquanto não pareça, constituiu-se em uma milagrosa operação celestial, pois o evangelho foi anunciado poderosamente aos gentios (Lázaro), para que eles também participassem do banquete da salvação. Agora, não comeriam mais migalhas da mesa de seu Senhor, mas fariam parte inconteste da mesa da verdade. Veja que maravilhoso:
“Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se pregasse primeiro a Palavra de Deus; mas visto como a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios; porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te puz para luz dos gentios, para que sejas de salvação até os confins da Terra. E os gentios ouvindo isso, alegraram-se, e glorificavam a Palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. E a Palavra do Senhor se divulgava por toda aquela província.” Atos 13: 46-49.
“Ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia, que também os gentios tinham recebido a Palavra de Deus.” Atos 11:1.
Perceba o quadro atual:
O RICO EM TORMENTO
(judeus)
Perderam a hegemonia nacional, conforme a Parábola. Perderam o privilégio de ser o povo escolhido de Deus (Deut. 7:6). Perderam o majetoso templo, a nação, e dispersos foram por todo o mundo. Muito embora Deus os ame a todos, e, individualmente tenham direito à salvação, desde que aceitem a Jesus Cristo como Salvador pessoal.
LÁZARO CONSOLADO
no seio de Abraão
(gentios)
Possuem a verdade, exercem fé, crêem, vivem e pregam o evangelho, esperam a volta de Jesus e transformaram-se na geração eleita de Deus, ouça: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquEle que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tinheis alcançado misericórdia, mas agora alcan-çastes misericórdia.” I. Pedro 2:9-10.
ABRAÃO
Entrou nessa parábola, porque é considerado o pai da fé, segundo a Bíblia. E todos os que se salvarem, o serão pela fé em Cristo, e nunca por obras ou méritos próprios; e serão chamados filhos de Abraão pela fé. Gálatas 3: 9.
O SEIO DE ABRAÃO
Quer dizer, simplesmente: Privilégios e favores. Ó gentios! Como Deus nos ama!
Para finalizar, tenhamos em mente este pensamento:
“Na parábola do Rico e Lázaro, Cristo mostra que nesta vida os homens decidem seu destino eterno. Durante o tempo da Graça de Deus, esta é oferecida a toda alma. Mas, se os homens desperdiçam as oportunidades na satisfação própria, segregam-se da vida eterna. Não lhes será concedida nova oportunidade. Por sua própria escolha cavaram entre eles e Deus um abismo intransponível.” – Paráb. de Jesus, pág. 260. E.G. White. Grifos meus.
Meus queridos irmãos, está claro que, nesta parábola, Jesus continua apresentando a lição iniciada com a parábola do mordomo infiel de Lucas 16:1-12, e a tônica de Seu ensino é que o “destino eterno” de uma pessoa é determinado pelo uso que ela faz das oportunidades que se apresentam HOJE.
Assim, pois, sem sombras de dúvidas, a parábola do Rico e Lázaro foi apresentada por Jesus para esclarecer definitivamente que o destino do homem – rico ou pobre é decidido aqui nesta vida, “pelo uso feito dos privilégios e oportunidades” conferidos por Deus.
Leia, como complemento: Mateus 16:27; 25:31-41. I Coríntios 15:51-55. I Tessalonicenses 4:16-17. Apocalipse 22:12, etc.
Tenho ânsias de explodir em brados de aleluias ao Senhor, pois que Ele é bom, e nos dá sabedoria para andarmos na luz. – Aleluia! Glória a Deus!
http://www.jesusvoltara.com.br/ados/pag29.htm
Lucas 16:19-31
LITERALMENTE FALANDO:
Por suas atitudes, quem merece de fato, o Céu? – O Rico ou Lázaro?
Manda a sinceridade que o todo desta parábola seja interpretado literalmente, já que parte assim é feita, para financiar a fugaz doutrina da imortalidade da alma.
“E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender. E sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava em particular aos Seus discípulos.” Marcos 4:33 e 34.
Vamos, com a ajuda do Espírito Santo, desvendar a parábola do Rico e Lázaro. Como ponto de partida, descubramos pelo dicionário qual o significado da palavra parábola. Diz o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa que é uma “narração alegórica”. Isto é: Parábola é uma alegoria e, segundo o mesmo dicionário, alegoria é: “Exposição de um pensamento sob forma figurada; ficção que representa um objeto para dar idéia de outro; continuação de metáforas que significam uma coisa nas palavras e outra no sentido.”
A palavra grega traduzida por “parábola” significa: “comparação”, “tipo”, “figura”. Isto é: Uma linguagem em códigos.
Mal comparando, e com a devida anuência do irmão, digo: Uma estória engendrada, um conto, que esconde e acoberta uma verdade importante (Eze. 17:2; 24:3). A parábola, pois, tem o objetivo de transmitir uma verdade; mas ela mesma não é esta verdade. Ouça o testemunho de Jesus e do evangelista Mateus:
“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis mas não compreendereis. E vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido. E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam os seus ouvidos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e Eu os cure.” – Mateus 13: 13-15.
“Tudo isso disse Jesus por parábolas à multidão. E nada lhes falava sem parábolas, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta que disse: Abrirei em parábolas a Minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.” – Mateus 13: 34-35.
Compor parábolas era o método particular que Jesus usava para o ensino. Ao expor através destas ilustrações a verdade que queria apresentar, Ele o fazia por um motivo todo especial; e a respeito, diz-nos Ellen G. White, abalizada escritora:
“Entre as multidões que O rodeavam, havia sacerdotes e rabinos, escribas e anciãos, herodianos e maiorais, amantes do mundo, beatos, ambiciosos que desejavam, antes de tudo, achar alguma acusação contra Ele. Espias seguiam-Lhes os passos, dia a dia, para apanhá-Lo nalguma palavra que Lhe causasse a condenação, e fizesse silenciar para sempre aquele que parecia atrair a Si o mundo todo.
“O Salvador compreendia o caráter desses homens e apresentava a verdade de maneira tal, que nada podiam achar que lhes desse ensejo de levar seu caso perante o Sinédrio. Em parábolas, Ele censurava a hipocrisia e o procedimento ímpio daqueles que ocupavam altas posições. E, em linguagem figurada, vestia a verdade de tão penetrante caráter, que, se as mesmas fossem apresentadas como acusações diretas, não dariam ouvidos às Suas palavras e teriam dado fim rápido ao Seu ministério.” – Paráb. Jesus, pág. 22.
Está claro então que havia um motivo especial para o Mestre falar em parábolas, sobretudo para que se cumprisse também a profecia messiânica que diz: “Abrirei em parábolas a Minha boca...” Salmo 78:2.
Há uma corrente de leitores da Bíblia que afirma com veemência ser a narrativa de Jesus sobre o Rico e Lázaro não uma parábola, e sim uma doutrina real. Ao agirem assim, além de contradizê-la, chocam-se com uma barreira evangélica, formada pelos mais respeitáveis teólogos dos mais variados ramos protestantes, que concordam ser este conto puramente parábolico. Portanto, é preciso ficar sacramentado, sem nenhuma sombra de dúvidas, que a narração é uma parábola: A parábola do Rico e Lázaro.
Por conseguinte, a doutrina da imortalidade da alma e do galardão após a morte, extraída, como fazem, dessa parábola, é acima de tudo inconveniente, pois sabido é, e aceito pelos mais eminentes exegetas, que não se pode firmar doutrina sobre parábolas, pois ela é uma ficção, uma alegoria, uma metáfora.
O Doutor Joseph Angus, teólogo evangélico (da Igreja Batista), em sua obra – História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 181 aconselha-nos judiciosamente a respeito das parábolas. Diz ele:
“Converter delicados pormenores em grandes verdades escriturísticas é obscurecer o grande desígnio do todo. E assim trazemos um significado para a parábola em vez de extrair dela o significado. Isso é um hábito que nos pode levar aos enganos mais sérios.” – Grifos meus.
Particularmente, não acho existir “engano mais sério”, do que esconder-se o verdadeiro sentido parabólico desta estória, para apresentar a doutrina da imortalidade da alma, a doutrina do Céu e inferno, ou seja: O Céu para o bom, e o inferno para o mau, imediatamente após a morte. Ouça, ainda, E.G. White:
“Nesta parábola Cristo se acerca do povo em seu próprio terreno. A doutrina de um estado consciente de existência entre a morte e a ressurreição era mantida por muitos dos que ouviam as palavras de Cristo. O Salvador lhes conhecia as idéias e compôs Sua parábola de modo a inculcar verdades importantes em lugar dessas opiniões pré-concebidas.” – Parábolas de Jesus pág. 263.
Em síntese, prezado irmão, estamos diante de uma estória contada por Jesus, que, se estudarmos diligentemente (cavando fundo), notaremos a beleza da verdade que o Salvador queria ensinar. Antes de começarmos a estudar a parábola, deixe-me dizer-lhe o que falou um eminente teólogo:
“É regra aceita em teologia que as doutrinas não devem ser baseadas sobre parábolas.” – F.D. Nichol, Answers to Objections, nota ao pé, pág. 567 – citado em Subtilezas do Erro.
Pois bem, façamos de conta que estes teólogos, pesquisadores e escritores estejam errados, e chegamos à incongruência de considerar essa parábola literalmente, como a aceitam muitos sinceros cristãos. Então vamos considerá-la assim, toda literalmente, certo? Coloquemos, portanto, em pauta, o Rico da parábola.
• Nem a Bíblia nem Jesus disseram que o rico era mau. Dizem apenas que era rico. E ser Rico não é característica do desagrado de Deus; pelo contrário, a riqueza do cristão é sinal de bênçãos do Céu.
• Abraão foi chamado “amigo de Deus” e os cristãos sabem do cuidado do Senhor sobre ele e sua família, e, no entanto, lemos em Gênesis 13:2: “Era Abraão muito rico em gado, em prata e em ouro.”
• Jó, o habitante da terra de Uz, homem sincero, reto e temente a Deus, foi tam-bém amado por Ele e lemos em seu livro, capítulo 1 versículos de 1 a 3: “...e era o seu gado 7.000 ovelhas, 3.000 camelos e 500 juntas de bois e 500 jumentas, era também muitíssima a gente a seu serviço, de maneira que este homem era maior que todos os do Oriente”. Aí está o homem mais rico do Oriente e também um grande amigo de Deus, e por Ele lembrado e amado.
• Salomão, José de Arimatéia, Nicodemos, este, afirmam, era tão rico, que sua fortuna daria para sustentar a nação judaica por 10 anos, e no entanto não foi repelido por Jesus; pelo contrário, o Mestre amou-o profundamente.
Então, caro irmão, depreendemos daí que não é nenhum pecado ser rico. E a Bíblia informa simplesmente, nesta parábola: “Havia um homem rico... e ele morreu...” (Luc. 16:22). E isso não é, nunca foi, jamais será pecado tão grave que o possa lançar ao inferno. Vê, se formos tratar esta parábola literalmente, pergunto: O que é errado? O que fez o Rico para se perder e ser lançado no inferno?
Não esqueça, Jesus apresentou simplesmente um homem Rico. Não disse que ele era transgressor da Lei de Deus, nem mau, nem avarento. Nem que tenha adquirido sua riqueza com fraude, injustiça ou roubo. Apenas um homem rico. Coloquemos em pauta, agora, o mendigo Lázaro.
• Nem a Bíblia, nem Jesus, mencionam que ele tenha sido um crente bom e fiel, e muito menos cumpridor da Lei de Deus. Diz, simplesmente: Era um mendigo.
• Ouça irmão, e não se escandalize: Mendicância é prova do desfavor de Deus (perdão Senhor!). Não precisa desencostar-se da cadeira, nem engolir seco, estamos considerando literalmente a parábola, e é isso o que diz a Bíblia, e aqui está Davi para provar; diz ele: “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência mendigar o pão.” Sal. 37:25.
(Por conseguinte, literalmente falando, o nosso bom mendigo parabólico, coitado, não era justo, muito menos descendente de algum justo. Ademais, a Bíblia silencia quanto ao fato de que pelo menos ele tenha feito algo de bom, para merecer o Céu).
Por isso, irmão, aceitar essa parábola literalmente, como se quer admitir, forçoso será crer que o mendigo foi salvo pelos “méritos da pobreza”, o que contraria frontalmente o plano de salvação, pois é notório que o homem só será salvo mediante sua fé na aceitação de Jesus Cristo como seu Salvador.
A Bíblia não ensina, em nenhum lugar, que por ser pobre ou ter sofrido muitas agruras, padecido muitas dores, alguém ganhe por isso o Céu por recompensa. Tal não é bíblico! O que as Escrituras mencionam a respeito é que os pobres sempre teremos conosco (Mat. 26:11), e que temos o dever de ampará-los, mas também eles deverão fazer sua decisão ao lado de Cristo, se é que desejam habitar o Céu um dia. (Sabe, eu já fui tão pobre, meu pai morreu deixando minha mãezinha com 4 filhos. Minha irmã era a mais velha e contava 10 anos. Morei em morro e favela. Carrego com orgulho uma marca de fome em meu braço esquerdo. Com ela irei para o Céu, mas... só porque eu também fiz minha decisão por Cristo.)
Literalmente falando, a benemerência deste Rico parabólico assumiu proporções maiores, porque Lázaro não era um mendigo somente, era um farrapo de gente, com o corpo todo carcomido por uma doença terrível, possivelmente a lepra.
Sabe você como era que um leproso deveria andar quando não estava enclausurado? Sua obrigação, por Lei, era passar ao largo e gritar: “Sou leproso”, “estou imundo”, “afastem-se”. (Lev. 13:44-46). Isto quando não eram apedrejados. Coitados! Pobres criaturas!
Agora meu irmão, imagine o seguinte:
– Você acorda de manhã, e junto com seus filhos se prepara para sair, quando, ao abrir o portão, depara com esse pobre “trapo” de gente, caindo aos pedaços, e os seus cães lambendo aquelas feridas em carne viva, devorada pela lepra. Diga sinceramente, qual seria sua reação? Daria a ele comida, mesmo sendo migalhas (migalhas de rico é fartura) de sua mesa ou chamaria a Polícia ou a Saúde Pública?
– Sim, qual seria sua atitude ao encontrar, na porta de sua casa um leproso, em avançado grau de enfermidade?
Sua reação, meu amado, é uma incógnita, mas a do Rico da parábola, não. Permitiu-lhe comer migalhas e não o expulsou de sua porta; e, do relato, imaginamos haver durado dias essa beneficência. Portanto, esse Rico parabólico não é um homem mau, mas bom, de coração inclinado a apiedar-se dos desvalidos da sorte, não acha?
Agora lhe pergunto sinceramente: Considerando as virtudes de ambos, (certamente baseando-se no literal, que é o que estamos fazendo com toda a parábola), quem merece o Céu? Sim, argumentando literalmente, se Lázaro por ser mendigo foi para o Céu, o Rico não pode deixar de ir também, porque não é pecado ser rico, e, esse da parábola, demonstrou genuína humanidade, não expulsou o mendigo de sua porta, não chamou a Polícia nem a Saúde Pública, e ainda permitiu-lhe alimentar-se do pão de sua mesa.
Isto bastaria para derrubar a tese de que essa parábola tem que ser aceita literalmente para fundamentar a doutrina da imortalidade da alma e do galardão imediato após a morte; mas, não paremos aqui.
Continuemos considerando-a literalmente, e segure-se firme, para que a terra não fuja de debaixo dos seus pés, porque diz o relato fictício que Lázaro morreu, e foi para o “seio de Abraão”. Lucas 16:23.
Então, ensina esta parábola, se tomada ao pé da letra (literalmente), que o homem, sendo pobre, mendigo, desvalido, ao morrer, tem como prêmio, ou recompensa, o Céu (seio de Abraão). Então, façamos as seguintes perguntas:
• Você não acha que o seio de Abraão seja muito pequeno, porque no máximo este patriarca devia ter de altura, 2,30 m?
• E os pobres e mendigos que morreram antes de Abraão, para que seio foram?
• Caberá no seio de Abraão todos os pobres do mundo quando morrerem, pois é sabido que a maior parte da população mundial, que já se aproxima dos 5 bilhões, são pobres?
• Bem, se apenas por ser mendigo alguém tem direito ao Céu, o crente então jamais poderá ficar fora dele, e que seio é esse para caber tanta gente? Abel, que viveu antes de Abraão, para que seio foi?
• Agora, pasme o irmão. Para onde fugir, diante desta pergunta: E Abraão, chamado o amigo de Deus, homem justo e bom, o pai da fé, morreu, e para onde foi? Para o seu próprio seio?
Percebeu?
Como se pode notar, uma parábola jamais poderá ser interpretada literalmente, porque, se assim for, teremos de admitir que Abraão tem um seio descomunal para acolher tanta gente. Os que aceitam essa parábola literalmente, terão de crer nesse absurdo, ou então aceitá-la no que lhes satisfaz, o que é uma grande desonestidade para com a Palavra de Deus.
Pois bem, continuemos considerando a parábola literalmente, e como tal, em seguida, temos na narrativa de Jesus que admitir seja a fronteira entre o Céu e o inferno tão próxima uma da outra que permite conversação, diálogo entre as pessoas que gozam as delícias do paraíso com as do suplício eterno.
Se a parábola ensina assim (como querem os imortalistas), que os eleitos de Deus personificados pelo mendigo conversam com os ímpios no inferno, personificados pelo Rico; imaginemos por exemplo, que você, irmão, esteja no Céu, gozando a bem-aventurança, contemplando a face gloriosa do Salvador, usufruindo da calmaria celestial, passeando por entre aquele belo jardim, sentindo o frescor e perfume das flores, quando, de repente, você ouve gemidos, e estes aumentam gradativamente. Então, você contempla seu parente no inferno, o fogo inclemente devorando-o; dores, gritos horripilantes, tormento indizível. Medite: Como você se sentiria no Céu, vendo do lado de lá, ali bem pertinho, um seu querido neste estado? Afinal, o Céu e o inferno estão separados por uma “parede-de-meia”? Ora irmão, é inadimissível; é insuportável crer numa coisa dessa! Mas é o que se terá de admitir ao aceitar que esta parábola foi um conto real, uma doutrina de Jesus.
Não terminemos aqui! Ainda deve nos impressionar o fato de que, ao se basear nessa parábola para afirmar que a alma é imortal, e se, de crente, vai para o Céu após a morte, volto a perguntar: Que almas eram essas? Sabe por quê?
• Tinham dedos (Luc. 16:24).
• Tinham línguas (Luc. 16:24).
• Tinham olhos (Luc. 16:23).
• Tinham sede (Luc. 16:24).
• Falavam e ouviam (Luc. 16:27-31).
Ora, se essas almas tinham dedos, é lógico que deveriam ter braços. Se tinham línguas, forçoso é crer que tinham boca, se possuíam olhos, era preciso terem rostos.
– Meu irmão, um rosto precisa de um pescoço, o pescoço precisa de um tronco, um tronco precisa de membros, braços, pernas, pés, etc. E, se falavam e ouviam, certamente tinham sentimento, e esse era traduzido pela sede, e tudo isso porque o cérebro funcionava.
Então, por favor, que “almas” eram essas que têm um corpo completo, com cabeça, tronco e membros? Ou não eram almas? E agora amado, para onde ir?
Bem, ainda assim, os que preconceituosamente crêem na imortalidade inerente da alma, e do galardão imediato após a morte, asseveram que essa parábola é uma doutrina porque as “almas” estavam conscientes através do diálogo que mantiveram. Mas, desculpe-me, isto é um equívoco, porque o diálogo havido não foi entre as “almas” que se imaginam, pois segundo a narrativa os personagens eram pessoas reais com corpo e tudo.
Quer ver algo mais estranho e inquietante? Releia a parábola e considere também que nela não aparecem o Senhor Jesus, nem Deus, nem anjos. Ora, que Céu é esse que não se encontra o Criador? Nem o Seu trono? Despido de toda a beleza de que é provido!!
Finalizando, para os que aceitam essa parábola literalmente e sobre ela fundamentam a doutrina mencionada, não poderão, então, fugir da aceitação de outras parábolas similares relatadas pela mesma Bíblia, no campo literal.
Há, por exemplo, no livro de Juízes 9:7-15, a parábola de Jotão. Lemos ali que as árvores falavam, e que levantaram reis sobre elas, certamente outras árvores. Você crê que as árvores falavam? Eram conscientes? Certamente que não. Temos absoluta certeza. Mas é uma parábola. Então, aceita-se uma e outra não? Como é isso?
Observe esta outra parábola bíblica:
II Reis 14:9
“Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O cardo que está no Líbano enviou ao cedro que está no Líbano, dizendo: Dá tua filha por mulher ao meu filho; mas os animais do campo que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo.”
Então, que lhe parece? Cardo e cedro são árvores. Árvores de lei e estão falando. E que casamento de filhos de árvores é esse? Querido irmão, são parábolas, e parábolas são metáforas, ficção, estória, não podem ser entendidas literalmente. Jamais.
Tudo aí é figurado. É uma ilustração. Nada mais que dois reis: O de Judá (Amazias), e o de Israel (Jeoás); são personificados pelas árvores. Jeoás compôs a parábola para Amazias. Este não a atendeu (II Reis 14:11), e por isso, o povo do “cardo” (Amazias) foi ferido pelos “animais do campo” (exército do “cedro” – Jeoás).
Na parábola da ovelha perdida, a ovelha é um animal, mas representa o pecador (Lucas 15). Não há o que negar, parábola é um ilustrativo para extrair-se uma verdade. Na parábola do semeador, a semente é o evangelho. A vinha do Senhor é a casa de Israel. Isaías 5:1-7.
Nenhuma das quarenta e quatro parábolas proferidas por Jesus podem ser aceitas literalmente, porque parábola é uma ilustração para clarear o ensino.
Chegamos então à conclusão de que é um equívoco considerar parábolas pelo lado literal e aplicá-las para sedimentar doutrina bíblica. Fica, por conseguinte, claro, que Jesus não ensinou o que se prega hoje em dia, baseando-se nesta parábola.
Finalmente, afirmo, essa parábola não foi mencionada por Jesus como uma doutrina. Digo-lhe no Senhor. A única coisa de escatológica e doutrinária, em toda a narração, só é o verso 31, que é o final da estória e que trata da ressurreição, nada mais.
O que, afinal, desejava ensinar o Senhor? É o assunto que estudaremos a seguir, com toda a sinceridade de uma meiga criança.
Fizemos o estudo literal dessa parábola, apenas para demonstrar a que absurdos chegaríamos caso a aceitássemos como uma doutrina e não uma estória, ficção, como realmente é, uma vez que ela tem sido usada literalmente para abonar a doutrina da imortalidade da alma.
O Rico da parábola era uma “símile” dos judeus, a quem Deus fez os depositários dos oráculos divinos. Deveriam por isso ser a luz das nações. Os reis da terra deveriam caminhar vendo a glória de Deus sobre eles. Isaías 60:3.
O mendigo parabólico também era uma “símile” (analogia – semelhança) dos gentios, que eram, coitados, considerados como cães, imundos e indignos do favor do Céu, pelos judeus.
Destacamos ainda, da lavra desta célebre escritora evangélica, Ellen G. White, este outro pensamento:
“O Senhor fizera dos judeus depositários da verdade sagrada. Nomeou-os mordomos de Sua graça. Deu-lhes todas as vantagens temporais e espirituais, encarregou-os de partilhar estas bênçãos. Uma instrução especial fora-lhes dada concernente ao tratamento de irmãos empobrecidos, dos estrangeiros dentro de suas portas e dos pobres entre estes. Não deveriam procurar ganhar tudo para o proveito próprio, antes deveriam lembrar-se dos necessitados e repartir com eles. E Deus prometeu abençoá-los de acordo com as obras de amor e misericórdia. Como o rico, porém, não estendiam a mão auxiliadora para aliviar as necessidades temporais e espirituais da humanidade sofredora. (Permitia-lhe comer das migalhas. Mas ele poderia fazer muito por ele e não o fez). Cheios de orgulho, consideravam-se o povo escolhido e favorecido de Deus; contudo não serviam nem adoravam a Deus. Depositavam confiança na circunstância de serem filhos de Abraão. ‘Somos descendência de Abraão’ (João 8:33), diziam, com altivez. Ao chegar a crise, foi revelado que se tinham divorciado de Deus, e confiado em Abraão como se fosse Deus.” – Parábolas de Jesus, págs. 267/268, grifos meus.
Assim que, foram os judeus comparados ao homem Rico da parábola, porque tinham as riquezas do evangelho; no entanto, não cumpriram a vontade de Deus a seu respeito, que era de ser a luz dos gentios. No campo religioso, os pobres gentios pegavam mesmo, apenas as migalhas.
No pátio do Templo de Jerusalém havia uma linha demarcatória que, se os gentios dali passassem, eram mortos no ato, isso porque eram considerados indígnos de cultuar a Jeová neste santuário. (Leia-a à página 379).
Entretanto, encontramos nas Escrituras belos exemplos de verdadeira fé entre os gentios, como é o caso do centurião romano de Cafarnaum pedindo a Jesus que curasse seu criado, conforme se lê em Mateus 8:5-13. Nesta experiência o centurião expressou exatamente o que os judeus pensavam dos gentios:
“No sou digno de que entreis em minha casa...” (verso 8).
No entanto, o centurião demonstrou grande fé quando disse: “Diga somente uma palavra e meu criado sarará...” (verso 8). Jesus curou o servo daquele gentio e publicamente elogiou sua fé com estas palavras: “...Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé...” (verso 10), assegurando que muitos gentios assentar-se-ão à mesa com Abraão (Veja Gálatas 3:27-29; Romanos 10:12). Anote agora, este outro belo exemplo de sublime e sincera fé:
“E, partindo Jesus dali, foi para as bandas de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou dizendo: Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoniada. Mas Ele não lhe respondeu palavra. E os discípulos, chegando ao pé dEle, rogaram-lhe dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E Ele respondendo disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela e adorou-O dizendo: Senhor, socorre-me. Ele porém, respondendo disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé: Seja isto feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.” – Mateus 15: 21-28.
Jesus não possuia o preconceito dos judeus com relação aos gentios. Ele apenas procedeu assim para que fosse revelada, publicamente, a fé daquela mulher gentílica, naquEle que veio para o Seu próprio povo, e este não O aceitou.
Aqui estão, amados, dois exemplos de grande fé, revelada por aqueles que eram literalmente considerados como “cães”, indígnos dos favores e bênçãos divinos, por serem gentios. No entanto, mereceu do Mestre elogios tais, por uma fé que não havia encontrado em Seu próprio povo.
Por favor, observe a preferência de Jesus pelos FILHOS. Quem são eles?
Mateus 10:5-6
“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
Eram, portanto, os filhos, a casa de Israel, nação judaica, aquele povo tão amado por Deus, nação diferenciada entre todas com bênçãos inefáveis; e agora, para sedimentar, provar o cuidado, amor, preferência de Deus por ela, o próprio Jesus vem, e envia discípulos a lhes pregar as boas-novas do Reino.
Por conseguinte, queria Jesus ensinar, na parábola do Rico e Lázaro, que os judeus (Rico) banqueteavam-se na mesa da verdade, enquanto os gentios (Lázaro), coitados, eram os cachorrinhos que procuravam a todo custo apanhar migalhas do evangelho. E parabéns para eles, passaram das migalhas para as gemas puras e cristalinas do santo evangelho do Senhor.
Os ricos vestiam-se de linho branco. O branco significa paz, pureza, e era isso que Deus lhes desejava, caso ouvissem, e fossem fiéis ao legado divino. Os gentios eram o Lázaro tão repelente quanto o leproso. Eram os leprosos espirituais. Não tinham direito, como pensavam os judeus, às bênçãos e favores de Deus. Mas, irmão, a mesa da verdade, da qual se orgulhavam os judeus, tornou-se em laço para eles.
Romanos 11:9
“E Davi diz: Torne-se-lhes sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, por sua retribuição.”
E, na verdade, esse foi o quinhão de um povo recalcitrante, endurecido por tanta desobediência e rebelião. Embora representassem a preferência nacional de Deus, os judeus rejeitaram e mataram o Senhor do evangelho, por isso foram “quebrados” e outros “galhos” foram “enxertados” na Oliveira – nós, os gentios – representados na parábola, por Lázaro, o mendigo. Romanos 11:17-21.
A maior prova de que o Rico (nação judaica) recebeu “seus bens em sua vida”, como informa a parábola, foi o fato de ter sido chamada para ser o sacerdócio real de Deus na Terra, nação santa, peculiar. Sobre ela dispensou o Senhor, por séculos, bênçãos sem medidas, deu-lhes uma terra onde mana leite e mel e por fim deu-lhes o próprio Messias. E qual foi a reação do Rico (judeus)?: “...Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam...” João 1:11.
Os judeus, portanto, rejeitaram o Messias (o Rico morre). Esta rejeição consolidou-se com o apedrejamento de Estêvão, o primeiro mártir (Atos 7:54-60), quando então os filhinhos ou o Rico da parábola, perderam definitivamente a preferência divina, bem como o direito à salvação como um povo, embora individualmente tenham direito a ela.
Após o apedrejamento de Estêvão, ocorreu uma grande perseguição aos cristãos (Atos 8:1). Esta perseguição, conquanto não pareça, constituiu-se em uma milagrosa operação celestial, pois o evangelho foi anunciado poderosamente aos gentios (Lázaro), para que eles também participassem do banquete da salvação. Agora, não comeriam mais migalhas da mesa de seu Senhor, mas fariam parte inconteste da mesa da verdade. Veja que maravilhoso:
“Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se pregasse primeiro a Palavra de Deus; mas visto como a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios; porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te puz para luz dos gentios, para que sejas de salvação até os confins da Terra. E os gentios ouvindo isso, alegraram-se, e glorificavam a Palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. E a Palavra do Senhor se divulgava por toda aquela província.” Atos 13: 46-49.
“Ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia, que também os gentios tinham recebido a Palavra de Deus.” Atos 11:1.
Perceba o quadro atual:
O RICO EM TORMENTO
(judeus)
Perderam a hegemonia nacional, conforme a Parábola. Perderam o privilégio de ser o povo escolhido de Deus (Deut. 7:6). Perderam o majetoso templo, a nação, e dispersos foram por todo o mundo. Muito embora Deus os ame a todos, e, individualmente tenham direito à salvação, desde que aceitem a Jesus Cristo como Salvador pessoal.
LÁZARO CONSOLADO
no seio de Abraão
(gentios)
Possuem a verdade, exercem fé, crêem, vivem e pregam o evangelho, esperam a volta de Jesus e transformaram-se na geração eleita de Deus, ouça: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquEle que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tinheis alcançado misericórdia, mas agora alcan-çastes misericórdia.” I. Pedro 2:9-10.
ABRAÃO
Entrou nessa parábola, porque é considerado o pai da fé, segundo a Bíblia. E todos os que se salvarem, o serão pela fé em Cristo, e nunca por obras ou méritos próprios; e serão chamados filhos de Abraão pela fé. Gálatas 3: 9.
O SEIO DE ABRAÃO
Quer dizer, simplesmente: Privilégios e favores. Ó gentios! Como Deus nos ama!
Para finalizar, tenhamos em mente este pensamento:
“Na parábola do Rico e Lázaro, Cristo mostra que nesta vida os homens decidem seu destino eterno. Durante o tempo da Graça de Deus, esta é oferecida a toda alma. Mas, se os homens desperdiçam as oportunidades na satisfação própria, segregam-se da vida eterna. Não lhes será concedida nova oportunidade. Por sua própria escolha cavaram entre eles e Deus um abismo intransponível.” – Paráb. de Jesus, pág. 260. E.G. White. Grifos meus.
Meus queridos irmãos, está claro que, nesta parábola, Jesus continua apresentando a lição iniciada com a parábola do mordomo infiel de Lucas 16:1-12, e a tônica de Seu ensino é que o “destino eterno” de uma pessoa é determinado pelo uso que ela faz das oportunidades que se apresentam HOJE.
Assim, pois, sem sombras de dúvidas, a parábola do Rico e Lázaro foi apresentada por Jesus para esclarecer definitivamente que o destino do homem – rico ou pobre é decidido aqui nesta vida, “pelo uso feito dos privilégios e oportunidades” conferidos por Deus.
Leia, como complemento: Mateus 16:27; 25:31-41. I Coríntios 15:51-55. I Tessalonicenses 4:16-17. Apocalipse 22:12, etc.
Tenho ânsias de explodir em brados de aleluias ao Senhor, pois que Ele é bom, e nos dá sabedoria para andarmos na luz. – Aleluia! Glória a Deus!
Veja também: http://www.centrowhite.org.br/textos.pdf/01/30.pdf
A Parabóla do Homem Rico e o Mendigo Lázaro
Lucas 16:19-31
LITERALMENTE FALANDO:
Por suas atitudes, quem merece de fato, o Céu? – O Rico ou Lázaro?
Manda a sinceridade que o todo desta parábola seja interpretado literalmente, já que parte assim é feita, para financiar a fugaz doutrina da imortalidade da alma.
“E com muitas parábolas tais lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender. E sem parábolas nunca lhes falava; porém tudo declarava em particular aos Seus discípulos.” Marcos 4:33 e 34.
Vamos, com a ajuda do Espírito Santo, desvendar a parábola do Rico e Lázaro. Como ponto de partida, descubramos pelo dicionário qual o significado da palavra parábola. Diz o Pequeno Dicionário da Língua Portuguesa que é uma “narração alegórica”. Isto é: Parábola é uma alegoria e, segundo o mesmo dicionário, alegoria é: “Exposição de um pensamento sob forma figurada; ficção que representa um objeto para dar idéia de outro; continuação de metáforas que significam uma coisa nas palavras e outra no sentido.”
A palavra grega traduzida por “parábola” significa: “comparação”, “tipo”, “figura”. Isto é: Uma linguagem em códigos.
Mal comparando, e com a devida anuência do irmão, digo: Uma estória engendrada, um conto, que esconde e acoberta uma verdade importante (Eze. 17:2; 24:3). A parábola, pois, tem o objetivo de transmitir uma verdade; mas ela mesma não é esta verdade. Ouça o testemunho de Jesus e do evangelista Mateus:
“Por isso lhes falo por parábolas; porque eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: Ouvindo, ouvireis mas não compreendereis. E vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido. E ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam os seus ouvidos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e Eu os cure.” – Mateus 13: 13-15.
“Tudo isso disse Jesus por parábolas à multidão. E nada lhes falava sem parábolas, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta que disse: Abrirei em parábolas a Minha boca; publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.” – Mateus 13: 34-35.
Compor parábolas era o método particular que Jesus usava para o ensino. Ao expor através destas ilustrações a verdade que queria apresentar, Ele o fazia por um motivo todo especial; e a respeito, diz-nos Ellen G. White, abalizada escritora:
“Entre as multidões que O rodeavam, havia sacerdotes e rabinos, escribas e anciãos, herodianos e maiorais, amantes do mundo, beatos, ambiciosos que desejavam, antes de tudo, achar alguma acusação contra Ele. Espias seguiam-Lhes os passos, dia a dia, para apanhá-Lo nalguma palavra que Lhe causasse a condenação, e fizesse silenciar para sempre aquele que parecia atrair a Si o mundo todo.
“O Salvador compreendia o caráter desses homens e apresentava a verdade de maneira tal, que nada podiam achar que lhes desse ensejo de levar seu caso perante o Sinédrio. Em parábolas, Ele censurava a hipocrisia e o procedimento ímpio daqueles que ocupavam altas posições. E, em linguagem figurada, vestia a verdade de tão penetrante caráter, que, se as mesmas fossem apresentadas como acusações diretas, não dariam ouvidos às Suas palavras e teriam dado fim rápido ao Seu ministério.” – Paráb. Jesus, pág. 22.
Está claro então que havia um motivo especial para o Mestre falar em parábolas, sobretudo para que se cumprisse também a profecia messiânica que diz: “Abrirei em parábolas a Minha boca...” Salmo 78:2.
Há uma corrente de leitores da Bíblia que afirma com veemência ser a narrativa de Jesus sobre o Rico e Lázaro não uma parábola, e sim uma doutrina real. Ao agirem assim, além de contradizê-la, chocam-se com uma barreira evangélica, formada pelos mais respeitáveis teólogos dos mais variados ramos protestantes, que concordam ser este conto puramente parábolico. Portanto, é preciso ficar sacramentado, sem nenhuma sombra de dúvidas, que a narração é uma parábola: A parábola do Rico e Lázaro.
Por conseguinte, a doutrina da imortalidade da alma e do galardão após a morte, extraída, como fazem, dessa parábola, é acima de tudo inconveniente, pois sabido é, e aceito pelos mais eminentes exegetas, que não se pode firmar doutrina sobre parábolas, pois ela é uma ficção, uma alegoria, uma metáfora.
O Doutor Joseph Angus, teólogo evangélico (da Igreja Batista), em sua obra – História, Doutrina e Interpretação da Bíblia, pág. 181 aconselha-nos judiciosamente a respeito das parábolas. Diz ele:
“Converter delicados pormenores em grandes verdades escriturísticas é obscurecer o grande desígnio do todo. E assim trazemos um significado para a parábola em vez de extrair dela o significado. Isso é um hábito que nos pode levar aos enganos mais sérios.” – Grifos meus.
Particularmente, não acho existir “engano mais sério”, do que esconder-se o verdadeiro sentido parabólico desta estória, para apresentar a doutrina da imortalidade da alma, a doutrina do Céu e inferno, ou seja: O Céu para o bom, e o inferno para o mau, imediatamente após a morte. Ouça, ainda, E.G. White:
“Nesta parábola Cristo se acerca do povo em seu próprio terreno. A doutrina de um estado consciente de existência entre a morte e a ressurreição era mantida por muitos dos que ouviam as palavras de Cristo. O Salvador lhes conhecia as idéias e compôs Sua parábola de modo a inculcar verdades importantes em lugar dessas opiniões pré-concebidas.” – Parábolas de Jesus pág. 263.
Em síntese, prezado irmão, estamos diante de uma estória contada por Jesus, que, se estudarmos diligentemente (cavando fundo), notaremos a beleza da verdade que o Salvador queria ensinar. Antes de começarmos a estudar a parábola, deixe-me dizer-lhe o que falou um eminente teólogo:
“É regra aceita em teologia que as doutrinas não devem ser baseadas sobre parábolas.” – F.D. Nichol, Answers to Objections, nota ao pé, pág. 567 – citado em Subtilezas do Erro.
Pois bem, façamos de conta que estes teólogos, pesquisadores e escritores estejam errados, e chegamos à incongruência de considerar essa parábola literalmente, como a aceitam muitos sinceros cristãos. Então vamos considerá-la assim, toda literalmente, certo? Coloquemos, portanto, em pauta, o Rico da parábola.
• Nem a Bíblia nem Jesus disseram que o rico era mau. Dizem apenas que era rico. E ser Rico não é característica do desagrado de Deus; pelo contrário, a riqueza do cristão é sinal de bênçãos do Céu.
• Abraão foi chamado “amigo de Deus” e os cristãos sabem do cuidado do Senhor sobre ele e sua família, e, no entanto, lemos em Gênesis 13:2: “Era Abraão muito rico em gado, em prata e em ouro.”
• Jó, o habitante da terra de Uz, homem sincero, reto e temente a Deus, foi tam-bém amado por Ele e lemos em seu livro, capítulo 1 versículos de 1 a 3: “...e era o seu gado 7.000 ovelhas, 3.000 camelos e 500 juntas de bois e 500 jumentas, era também muitíssima a gente a seu serviço, de maneira que este homem era maior que todos os do Oriente”. Aí está o homem mais rico do Oriente e também um grande amigo de Deus, e por Ele lembrado e amado.
• Salomão, José de Arimatéia, Nicodemos, este, afirmam, era tão rico, que sua fortuna daria para sustentar a nação judaica por 10 anos, e no entanto não foi repelido por Jesus; pelo contrário, o Mestre amou-o profundamente.
Então, caro irmão, depreendemos daí que não é nenhum pecado ser rico. E a Bíblia informa simplesmente, nesta parábola: “Havia um homem rico... e ele morreu...” (Luc. 16:22). E isso não é, nunca foi, jamais será pecado tão grave que o possa lançar ao inferno. Vê, se formos tratar esta parábola literalmente, pergunto: O que é errado? O que fez o Rico para se perder e ser lançado no inferno?
Não esqueça, Jesus apresentou simplesmente um homem Rico. Não disse que ele era transgressor da Lei de Deus, nem mau, nem avarento. Nem que tenha adquirido sua riqueza com fraude, injustiça ou roubo. Apenas um homem rico. Coloquemos em pauta, agora, o mendigo Lázaro.
• Nem a Bíblia, nem Jesus, mencionam que ele tenha sido um crente bom e fiel, e muito menos cumpridor da Lei de Deus. Diz, simplesmente: Era um mendigo.
• Ouça irmão, e não se escandalize: Mendicância é prova do desfavor de Deus (perdão Senhor!). Não precisa desencostar-se da cadeira, nem engolir seco, estamos considerando literalmente a parábola, e é isso o que diz a Bíblia, e aqui está Davi para provar; diz ele: “Fui moço, e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem a sua descendência mendigar o pão.” Sal. 37:25.
(Por conseguinte, literalmente falando, o nosso bom mendigo parabólico, coitado, não era justo, muito menos descendente de algum justo. Ademais, a Bíblia silencia quanto ao fato de que pelo menos ele tenha feito algo de bom, para merecer o Céu).
Por isso, irmão, aceitar essa parábola literalmente, como se quer admitir, forçoso será crer que o mendigo foi salvo pelos “méritos da pobreza”, o que contraria frontalmente o plano de salvação, pois é notório que o homem só será salvo mediante sua fé na aceitação de Jesus Cristo como seu Salvador.
A Bíblia não ensina, em nenhum lugar, que por ser pobre ou ter sofrido muitas agruras, padecido muitas dores, alguém ganhe por isso o Céu por recompensa. Tal não é bíblico! O que as Escrituras mencionam a respeito é que os pobres sempre teremos conosco (Mat. 26:11), e que temos o dever de ampará-los, mas também eles deverão fazer sua decisão ao lado de Cristo, se é que desejam habitar o Céu um dia. (Sabe, eu já fui tão pobre, meu pai morreu deixando minha mãezinha com 4 filhos. Minha irmã era a mais velha e contava 10 anos. Morei em morro e favela. Carrego com orgulho uma marca de fome em meu braço esquerdo. Com ela irei para o Céu, mas... só porque eu também fiz minha decisão por Cristo.)
Literalmente falando, a benemerência deste Rico parabólico assumiu proporções maiores, porque Lázaro não era um mendigo somente, era um farrapo de gente, com o corpo todo carcomido por uma doença terrível, possivelmente a lepra.
Sabe você como era que um leproso deveria andar quando não estava enclausurado? Sua obrigação, por Lei, era passar ao largo e gritar: “Sou leproso”, “estou imundo”, “afastem-se”. (Lev. 13:44-46). Isto quando não eram apedrejados. Coitados! Pobres criaturas!
Agora meu irmão, imagine o seguinte:
– Você acorda de manhã, e junto com seus filhos se prepara para sair, quando, ao abrir o portão, depara com esse pobre “trapo” de gente, caindo aos pedaços, e os seus cães lambendo aquelas feridas em carne viva, devorada pela lepra. Diga sinceramente, qual seria sua reação? Daria a ele comida, mesmo sendo migalhas (migalhas de rico é fartura) de sua mesa ou chamaria a Polícia ou a Saúde Pública?
– Sim, qual seria sua atitude ao encontrar, na porta de sua casa um leproso, em avançado grau de enfermidade?
Sua reação, meu amado, é uma incógnita, mas a do Rico da parábola, não. Permitiu-lhe comer migalhas e não o expulsou de sua porta; e, do relato, imaginamos haver durado dias essa beneficência. Portanto, esse Rico parabólico não é um homem mau, mas bom, de coração inclinado a apiedar-se dos desvalidos da sorte, não acha?
Agora lhe pergunto sinceramente: Considerando as virtudes de ambos, (certamente baseando-se no literal, que é o que estamos fazendo com toda a parábola), quem merece o Céu? Sim, argumentando literalmente, se Lázaro por ser mendigo foi para o Céu, o Rico não pode deixar de ir também, porque não é pecado ser rico, e, esse da parábola, demonstrou genuína humanidade, não expulsou o mendigo de sua porta, não chamou a Polícia nem a Saúde Pública, e ainda permitiu-lhe alimentar-se do pão de sua mesa.
Isto bastaria para derrubar a tese de que essa parábola tem que ser aceita literalmente para fundamentar a doutrina da imortalidade da alma e do galardão imediato após a morte; mas, não paremos aqui.
Continuemos considerando-a literalmente, e segure-se firme, para que a terra não fuja de debaixo dos seus pés, porque diz o relato fictício que Lázaro morreu, e foi para o “seio de Abraão”. Lucas 16:23.
Então, ensina esta parábola, se tomada ao pé da letra (literalmente), que o homem, sendo pobre, mendigo, desvalido, ao morrer, tem como prêmio, ou recompensa, o Céu (seio de Abraão). Então, façamos as seguintes perguntas:
• Você não acha que o seio de Abraão seja muito pequeno, porque no máximo este patriarca devia ter de altura, 2,30 m?
• E os pobres e mendigos que morreram antes de Abraão, para que seio foram?
• Caberá no seio de Abraão todos os pobres do mundo quando morrerem, pois é sabido que a maior parte da população mundial, que já se aproxima dos 5 bilhões, são pobres?
• Bem, se apenas por ser mendigo alguém tem direito ao Céu, o crente então jamais poderá ficar fora dele, e que seio é esse para caber tanta gente? Abel, que viveu antes de Abraão, para que seio foi?
• Agora, pasme o irmão. Para onde fugir, diante desta pergunta: E Abraão, chamado o amigo de Deus, homem justo e bom, o pai da fé, morreu, e para onde foi? Para o seu próprio seio?
Percebeu?
Como se pode notar, uma parábola jamais poderá ser interpretada literalmente, porque, se assim for, teremos de admitir que Abraão tem um seio descomunal para acolher tanta gente. Os que aceitam essa parábola literalmente, terão de crer nesse absurdo, ou então aceitá-la no que lhes satisfaz, o que é uma grande desonestidade para com a Palavra de Deus.
Pois bem, continuemos considerando a parábola literalmente, e como tal, em seguida, temos na narrativa de Jesus que admitir seja a fronteira entre o Céu e o inferno tão próxima uma da outra que permite conversação, diálogo entre as pessoas que gozam as delícias do paraíso com as do suplício eterno.
Se a parábola ensina assim (como querem os imortalistas), que os eleitos de Deus personificados pelo mendigo conversam com os ímpios no inferno, personificados pelo Rico; imaginemos por exemplo, que você, irmão, esteja no Céu, gozando a bem-aventurança, contemplando a face gloriosa do Salvador, usufruindo da calmaria celestial, passeando por entre aquele belo jardim, sentindo o frescor e perfume das flores, quando, de repente, você ouve gemidos, e estes aumentam gradativamente. Então, você contempla seu parente no inferno, o fogo inclemente devorando-o; dores, gritos horripilantes, tormento indizível. Medite: Como você se sentiria no Céu, vendo do lado de lá, ali bem pertinho, um seu querido neste estado? Afinal, o Céu e o inferno estão separados por uma “parede-de-meia”? Ora irmão, é inadimissível; é insuportável crer numa coisa dessa! Mas é o que se terá de admitir ao aceitar que esta parábola foi um conto real, uma doutrina de Jesus.
Não terminemos aqui! Ainda deve nos impressionar o fato de que, ao se basear nessa parábola para afirmar que a alma é imortal, e se, de crente, vai para o Céu após a morte, volto a perguntar: Que almas eram essas? Sabe por quê?
• Tinham dedos (Luc. 16:24).
• Tinham línguas (Luc. 16:24).
• Tinham olhos (Luc. 16:23).
• Tinham sede (Luc. 16:24).
• Falavam e ouviam (Luc. 16:27-31).
Ora, se essas almas tinham dedos, é lógico que deveriam ter braços. Se tinham línguas, forçoso é crer que tinham boca, se possuíam olhos, era preciso terem rostos.
– Meu irmão, um rosto precisa de um pescoço, o pescoço precisa de um tronco, um tronco precisa de membros, braços, pernas, pés, etc. E, se falavam e ouviam, certamente tinham sentimento, e esse era traduzido pela sede, e tudo isso porque o cérebro funcionava.
Então, por favor, que “almas” eram essas que têm um corpo completo, com cabeça, tronco e membros? Ou não eram almas? E agora amado, para onde ir?
Bem, ainda assim, os que preconceituosamente crêem na imortalidade inerente da alma, e do galardão imediato após a morte, asseveram que essa parábola é uma doutrina porque as “almas” estavam conscientes através do diálogo que mantiveram. Mas, desculpe-me, isto é um equívoco, porque o diálogo havido não foi entre as “almas” que se imaginam, pois segundo a narrativa os personagens eram pessoas reais com corpo e tudo.
Quer ver algo mais estranho e inquietante? Releia a parábola e considere também que nela não aparecem o Senhor Jesus, nem Deus, nem anjos. Ora, que Céu é esse que não se encontra o Criador? Nem o Seu trono? Despido de toda a beleza de que é provido!!
Finalizando, para os que aceitam essa parábola literalmente e sobre ela fundamentam a doutrina mencionada, não poderão, então, fugir da aceitação de outras parábolas similares relatadas pela mesma Bíblia, no campo literal.
Há, por exemplo, no livro de Juízes 9:7-15, a parábola de Jotão. Lemos ali que as árvores falavam, e que levantaram reis sobre elas, certamente outras árvores. Você crê que as árvores falavam? Eram conscientes? Certamente que não. Temos absoluta certeza. Mas é uma parábola. Então, aceita-se uma e outra não? Como é isso?
Observe esta outra parábola bíblica:
II Reis 14:9
“Porém Jeoás, rei de Israel, enviou a Amazias, rei de Judá, dizendo: O cardo que está no Líbano enviou ao cedro que está no Líbano, dizendo: Dá tua filha por mulher ao meu filho; mas os animais do campo que estavam no Líbano, passaram e pisaram o cardo.”
Então, que lhe parece? Cardo e cedro são árvores. Árvores de lei e estão falando. E que casamento de filhos de árvores é esse? Querido irmão, são parábolas, e parábolas são metáforas, ficção, estória, não podem ser entendidas literalmente. Jamais.
Tudo aí é figurado. É uma ilustração. Nada mais que dois reis: O de Judá (Amazias), e o de Israel (Jeoás); são personificados pelas árvores. Jeoás compôs a parábola para Amazias. Este não a atendeu (II Reis 14:11), e por isso, o povo do “cardo” (Amazias) foi ferido pelos “animais do campo” (exército do “cedro” – Jeoás).
Na parábola da ovelha perdida, a ovelha é um animal, mas representa o pecador (Lucas 15). Não há o que negar, parábola é um ilustrativo para extrair-se uma verdade. Na parábola do semeador, a semente é o evangelho. A vinha do Senhor é a casa de Israel. Isaías 5:1-7.
Nenhuma das quarenta e quatro parábolas proferidas por Jesus podem ser aceitas literalmente, porque parábola é uma ilustração para clarear o ensino.
Chegamos então à conclusão de que é um equívoco considerar parábolas pelo lado literal e aplicá-las para sedimentar doutrina bíblica. Fica, por conseguinte, claro, que Jesus não ensinou o que se prega hoje em dia, baseando-se nesta parábola.
Finalmente, afirmo, essa parábola não foi mencionada por Jesus como uma doutrina. Digo-lhe no Senhor. A única coisa de escatológica e doutrinária, em toda a narração, só é o verso 31, que é o final da estória e que trata da ressurreição, nada mais.
O que, afinal, desejava ensinar o Senhor? É o assunto que estudaremos a seguir, com toda a sinceridade de uma meiga criança.
Fizemos o estudo literal dessa parábola, apenas para demonstrar a que absurdos chegaríamos caso a aceitássemos como uma doutrina e não uma estória, ficção, como realmente é, uma vez que ela tem sido usada literalmente para abonar a doutrina da imortalidade da alma.
O Rico da parábola era uma “símile” dos judeus, a quem Deus fez os depositários dos oráculos divinos. Deveriam por isso ser a luz das nações. Os reis da terra deveriam caminhar vendo a glória de Deus sobre eles. Isaías 60:3.
O mendigo parabólico também era uma “símile” (analogia – semelhança) dos gentios, que eram, coitados, considerados como cães, imundos e indignos do favor do Céu, pelos judeus.
Destacamos ainda, da lavra desta célebre escritora evangélica, Ellen G. White, este outro pensamento:
“O Senhor fizera dos judeus depositários da verdade sagrada. Nomeou-os mordomos de Sua graça. Deu-lhes todas as vantagens temporais e espirituais, encarregou-os de partilhar estas bênçãos. Uma instrução especial fora-lhes dada concernente ao tratamento de irmãos empobrecidos, dos estrangeiros dentro de suas portas e dos pobres entre estes. Não deveriam procurar ganhar tudo para o proveito próprio, antes deveriam lembrar-se dos necessitados e repartir com eles. E Deus prometeu abençoá-los de acordo com as obras de amor e misericórdia. Como o rico, porém, não estendiam a mão auxiliadora para aliviar as necessidades temporais e espirituais da humanidade sofredora. (Permitia-lhe comer das migalhas. Mas ele poderia fazer muito por ele e não o fez). Cheios de orgulho, consideravam-se o povo escolhido e favorecido de Deus; contudo não serviam nem adoravam a Deus. Depositavam confiança na circunstância de serem filhos de Abraão. ‘Somos descendência de Abraão’ (João 8:33), diziam, com altivez. Ao chegar a crise, foi revelado que se tinham divorciado de Deus, e confiado em Abraão como se fosse Deus.” – Parábolas de Jesus, págs. 267/268, grifos meus.
Assim que, foram os judeus comparados ao homem Rico da parábola, porque tinham as riquezas do evangelho; no entanto, não cumpriram a vontade de Deus a seu respeito, que era de ser a luz dos gentios. No campo religioso, os pobres gentios pegavam mesmo, apenas as migalhas.
No pátio do Templo de Jerusalém havia uma linha demarcatória que, se os gentios dali passassem, eram mortos no ato, isso porque eram considerados indígnos de cultuar a Jeová neste santuário. (Leia-a à página 379).
Entretanto, encontramos nas Escrituras belos exemplos de verdadeira fé entre os gentios, como é o caso do centurião romano de Cafarnaum pedindo a Jesus que curasse seu criado, conforme se lê em Mateus 8:5-13. Nesta experiência o centurião expressou exatamente o que os judeus pensavam dos gentios:
“No sou digno de que entreis em minha casa...” (verso 8).
No entanto, o centurião demonstrou grande fé quando disse: “Diga somente uma palavra e meu criado sarará...” (verso 8). Jesus curou o servo daquele gentio e publicamente elogiou sua fé com estas palavras: “...Nem mesmo em Israel encontrei tanta fé...” (verso 10), assegurando que muitos gentios assentar-se-ão à mesa com Abraão (Veja Gálatas 3:27-29; Romanos 10:12). Anote agora, este outro belo exemplo de sublime e sincera fé:
“E, partindo Jesus dali, foi para as bandas de Tiro e Sidom. E eis que uma mulher cananéia, que saíra daquelas cercanias, clamou dizendo: Senhor, filho de Davi, tem misericórdia de mim, que minha filha está miseravelmente endemoniada. Mas Ele não lhe respondeu palavra. E os discípulos, chegando ao pé dEle, rogaram-lhe dizendo: Despede-a, que vem gritando atrás de nós. E Ele respondendo disse: Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel. Então chegou ela e adorou-O dizendo: Senhor, socorre-me. Ele porém, respondendo disse: Não é bom pegar no pão dos filhos e deitá-lo aos cachorrinhos. E ela disse: Sim, Senhor, mas também os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus senhores. Então respondeu Jesus, e disse-lhe: Ó mulher, grande é a tua fé: Seja isto feito para contigo como tu desejas. E desde aquela hora a sua filha ficou sã.” – Mateus 15: 21-28.
Jesus não possuia o preconceito dos judeus com relação aos gentios. Ele apenas procedeu assim para que fosse revelada, publicamente, a fé daquela mulher gentílica, naquEle que veio para o Seu próprio povo, e este não O aceitou.
Aqui estão, amados, dois exemplos de grande fé, revelada por aqueles que eram literalmente considerados como “cães”, indígnos dos favores e bênçãos divinos, por serem gentios. No entanto, mereceu do Mestre elogios tais, por uma fé que não havia encontrado em Seu próprio povo.
Por favor, observe a preferência de Jesus pelos FILHOS. Quem são eles?
Mateus 10:5-6
“Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: Não ireis pelo caminho das gentes, nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide antes às ovelhas perdidas da casa de Israel.”
Eram, portanto, os filhos, a casa de Israel, nação judaica, aquele povo tão amado por Deus, nação diferenciada entre todas com bênçãos inefáveis; e agora, para sedimentar, provar o cuidado, amor, preferência de Deus por ela, o próprio Jesus vem, e envia discípulos a lhes pregar as boas-novas do Reino.
Por conseguinte, queria Jesus ensinar, na parábola do Rico e Lázaro, que os judeus (Rico) banqueteavam-se na mesa da verdade, enquanto os gentios (Lázaro), coitados, eram os cachorrinhos que procuravam a todo custo apanhar migalhas do evangelho. E parabéns para eles, passaram das migalhas para as gemas puras e cristalinas do santo evangelho do Senhor.
Os ricos vestiam-se de linho branco. O branco significa paz, pureza, e era isso que Deus lhes desejava, caso ouvissem, e fossem fiéis ao legado divino. Os gentios eram o Lázaro tão repelente quanto o leproso. Eram os leprosos espirituais. Não tinham direito, como pensavam os judeus, às bênçãos e favores de Deus. Mas, irmão, a mesa da verdade, da qual se orgulhavam os judeus, tornou-se em laço para eles.
Romanos 11:9
“E Davi diz: Torne-se-lhes sua mesa em laço, e em armadilha, e em tropeço, por sua retribuição.”
E, na verdade, esse foi o quinhão de um povo recalcitrante, endurecido por tanta desobediência e rebelião. Embora representassem a preferência nacional de Deus, os judeus rejeitaram e mataram o Senhor do evangelho, por isso foram “quebrados” e outros “galhos” foram “enxertados” na Oliveira – nós, os gentios – representados na parábola, por Lázaro, o mendigo. Romanos 11:17-21.
A maior prova de que o Rico (nação judaica) recebeu “seus bens em sua vida”, como informa a parábola, foi o fato de ter sido chamada para ser o sacerdócio real de Deus na Terra, nação santa, peculiar. Sobre ela dispensou o Senhor, por séculos, bênçãos sem medidas, deu-lhes uma terra onde mana leite e mel e por fim deu-lhes o próprio Messias. E qual foi a reação do Rico (judeus)?: “...Veio para o que era Seu, e os Seus não O receberam...” João 1:11.
Os judeus, portanto, rejeitaram o Messias (o Rico morre). Esta rejeição consolidou-se com o apedrejamento de Estêvão, o primeiro mártir (Atos 7:54-60), quando então os filhinhos ou o Rico da parábola, perderam definitivamente a preferência divina, bem como o direito à salvação como um povo, embora individualmente tenham direito a ela.
Após o apedrejamento de Estêvão, ocorreu uma grande perseguição aos cristãos (Atos 8:1). Esta perseguição, conquanto não pareça, constituiu-se em uma milagrosa operação celestial, pois o evangelho foi anunciado poderosamente aos gentios (Lázaro), para que eles também participassem do banquete da salvação. Agora, não comeriam mais migalhas da mesa de seu Senhor, mas fariam parte inconteste da mesa da verdade. Veja que maravilhoso:
“Mas Paulo e Barnabé, usando de ousadia, disseram: Era mister que a vós se pregasse primeiro a Palavra de Deus; mas visto como a rejeitais, e não vos julgais dignos da vida eterna, eis que nos voltamos para os gentios; porque o Senhor assim no-lo mandou: Eu te puz para luz dos gentios, para que sejas de salvação até os confins da Terra. E os gentios ouvindo isso, alegraram-se, e glorificavam a Palavra do Senhor; e creram todos quantos estavam ordenados para a vida eterna. E a Palavra do Senhor se divulgava por toda aquela província.” Atos 13: 46-49.
“Ouviram os apóstolos e os irmãos que estavam na Judéia, que também os gentios tinham recebido a Palavra de Deus.” Atos 11:1.
Perceba o quadro atual:
O RICO EM TORMENTO
(judeus)
Perderam a hegemonia nacional, conforme a Parábola. Perderam o privilégio de ser o povo escolhido de Deus (Deut. 7:6). Perderam o majetoso templo, a nação, e dispersos foram por todo o mundo. Muito embora Deus os ame a todos, e, individualmente tenham direito à salvação, desde que aceitem a Jesus Cristo como Salvador pessoal.
LÁZARO CONSOLADO
no seio de Abraão
(gentios)
Possuem a verdade, exercem fé, crêem, vivem e pregam o evangelho, esperam a volta de Jesus e transformaram-se na geração eleita de Deus, ouça: “Mas vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquEle que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz; vós que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não tinheis alcançado misericórdia, mas agora alcan-çastes misericórdia.” I. Pedro 2:9-10.
ABRAÃO
Entrou nessa parábola, porque é considerado o pai da fé, segundo a Bíblia. E todos os que se salvarem, o serão pela fé em Cristo, e nunca por obras ou méritos próprios; e serão chamados filhos de Abraão pela fé. Gálatas 3: 9.
O SEIO DE ABRAÃO
Quer dizer, simplesmente: Privilégios e favores. Ó gentios! Como Deus nos ama!
Para finalizar, tenhamos em mente este pensamento:
“Na parábola do Rico e Lázaro, Cristo mostra que nesta vida os homens decidem seu destino eterno. Durante o tempo da Graça de Deus, esta é oferecida a toda alma. Mas, se os homens desperdiçam as oportunidades na satisfação própria, segregam-se da vida eterna. Não lhes será concedida nova oportunidade. Por sua própria escolha cavaram entre eles e Deus um abismo intransponível.” – Paráb. de Jesus, pág. 260. E.G. White. Grifos meus.
Meus queridos irmãos, está claro que, nesta parábola, Jesus continua apresentando a lição iniciada com a parábola do mordomo infiel de Lucas 16:1-12, e a tônica de Seu ensino é que o “destino eterno” de uma pessoa é determinado pelo uso que ela faz das oportunidades que se apresentam HOJE.
Assim, pois, sem sombras de dúvidas, a parábola do Rico e Lázaro foi apresentada por Jesus para esclarecer definitivamente que o destino do homem – rico ou pobre é decidido aqui nesta vida, “pelo uso feito dos privilégios e oportunidades” conferidos por Deus.
Leia, como complemento: Mateus 16:27; 25:31-41. I Coríntios 15:51-55. I Tessalonicenses 4:16-17. Apocalipse 22:12, etc.
Tenho ânsias de explodir em brados de aleluias ao Senhor, pois que Ele é bom, e nos dá sabedoria para andarmos na luz. – Aleluia! Glória a Deus!
http://www.jesusvoltara.com.br/ados/pag29.htm
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