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A seleção natural fracassa...
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31082010
A seleção natural fracassa...
Afinal de contas, a seleção natural é mesmo um mecanismo evolutivo criativo?
http://pos-darwinista.blogspot.com/2010/10/afinal-de-contas-selecao-natural-e_06.html
http://humordarwinista.blogspot.com/2010/05/selecao-natural-como-agente.html
O biólogo evolucionista John A. Endler destacou no seu livro Natural Selection in the Wild, publicado na insignificante Princeton University Press (1986):
"… existem seis lacunas principais em nosso conhecimento e entendimento da seleção natural…" 1
"… thee are six major gaps in our knowledge and understanding of natural selection”:
(1) Por que ocorre a seleção natural?
(2) Como ocorre?
(3) Quais tipos de características são mais prováveis de serem afetados?
(4) Quais são os efeitos da seleção natural simultânea de muitas características e das interações entre elas?
(5) Quais são as dinâmicas evolucionárias das características selecionadas?
(6) Os gêneros que são mais inclinados a exibir a seleção natural são também aqueles que atualmente estão exibindo radiação mais rapidamente? 2
Endler fez estas perguntas em 1986, mas os debates sobre a capacidade evolucionária criativa da seleção natural somente aumentou entre os biólogos evolucionistas. Já que você não vê isso sendo debatido livremente nas universidades públicas e privadas, que tal dar uma olhada na literatura especializada de renome?
Um artigo publicado na Trends in Ecology and Evolution em 2008 reconheceu a existência de um "debate saudável concernente à suficiência de teoria neodarwinista em explicar a macroevolução." ["healthy debate concerning the sufficiency of neo-Darwinian theory to explain macroevolution.”] 3
PERGUNTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:
Se a Síntese Moderna Evolutiva não explica a macroevolução (o fato, Fato, FATO da evolução – um Australopithecus afarensis se transmutar em antropólogo amazonense) isso significa dizer, traduzindo em miúdos, que Darwin não explicou a origem e nem a evolução das espécies? Não? Então o quê???
Interessante destacar que naquele mesmo ano, um grupo de expoentes cientistas evolucionistas se reuniu em Altenberg, Austria, para debater a suficiência da Síntese Moderna Evolutiva em explicar a complexidade biológica.
O biólogo de desenvolvimento Scott Gilbert foi citado em um artigo da Nature cobrindo a conferência declarando que "a síntese moderna é boa para modelar a sobrevivência do mais apto, mas não a chegada do mais apto." ["the modern synthesis is good at modeling the survival of the fittest, but not the arrival of the fittest."]4
PERGUNTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:
Ué, mas Darwin, já não tinha explicado isso – a chegada do mais apto no seu livro Origem das Espécies, o livro que provocou a maior revolução científica? Vai ver, o Gilbert não sabe o que é ciência, nem como se faz ciência, e deve ser religiosamente motivado para ousar fazer declarações airosas contra Darwin, o maior cientista de todos os tempos:
Darwin é o mesmo ontem, hoje e o será para sempre - o homem que teve a maior ideia que toda a humanidade já teve.
Neste mesmo artigo, o biólogo evolucionista Stewart Newman argumentou desta maneira "Você não pode negar a força da seleção na evolução genética... mas, na minha opinião, isso é estabilização e ajuste fino de formas que se originam devido a outros processos." ["You can't deny the force of selection in genetic evolution ... but in my view this is stabilizing and fine-tuning forms that originate due to other processes."] 5
PERGUNTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:
Quer dizer então que a seleção natural, longe de ser o principal mecanismo evolutivo segundo Darwin que dá a origem e evolução das formas [espécies???] é apenas uma agente de estabilização e ajuste fino, e que a origem das espécies, ooops, das formas se dá através de outros processos ainda desconhecidos? Ué, desde quando fazemos ciência utilizando de mecanismos e/ou processos desconhecidos? Como é que fica o fato, Fato, FATO da evolução se ainda desconhecemos esses outros processos???
Graham Budd, paleontólogo evolucionista, também foi bem aberto e honesto sobre as graves deficiências das explicações neodarwinistas, oops Síntese Evolutiva Moderna, para as principais transições evolucionárias, quando afirmou: "Quando o público pensa sobre a evolução, as pessoas pensam sobre a origem das asas e da invasão terrestre... Mas isso são coisas que a teoria evolucionária nos disse pouco a respeito." ["When the public thinks about evolution, they think about the origin of wings and the invasion of the land ... But these are things that evolutionary theory has told us little about."] 6
PERGUNTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:
Cumé qui é? A teoria da evolução através da seleção natural de Darwin nos disse pouco a respeito da evolução. Gente, alguém me belisque, mas Bud deve ter tomado algumas latinhas de Budweiser quando fez esta afirmação epistemicamente sacrílega sobre o status epistêmico da maior ideia que toda a humanidade já teve: pouco [não seria NADA???] nos disse sobre o fato, Fato, FATO da evolução.
Ainda neste fatídico e apocalíptico ano de 2008, William Provine, historiador de ciência e biólogo evolucionista da Cornell University, deu uma palestra na History of Science Society intitulada "Random Drift and the Evolutionary Synthesis." No seu abstract, Provine foi incisive e duro: cada afirmação da Síntese Evolutiva (Moderna) abaixo é falsa:
1. A seleção natural foi o principal mecanismo em todos os níveis do processo evolucionário. A seleção natural deu origem à adaptação genética.
2. Homeostase genética. Todo o genoma foi organizado e unido, e até os pools gênicos foram homeostáticos.
3. “Um gene, uma enzima”
4. A evolução dos caracteres fenotípicos tais como os olhos e ouvidos, etc, foram um bom guia para a evolução da proteína; ou, esperava-se que a evolução da proteína imitasse a evolução fenotípica.
5. A evolução da proteína foi um bom guia para a evolução da sequência do DNA. Até Lewontin e Hubby pensaram, primeiramente, que entendendo a evolução da proteína fosse a chave para entender a evolução do DNA.
6. A recombinação era mais importante do que a mutação na evolução.
7. A macroevolução era uma simples extensão da microevolução.
8. A definição de “espécies” era cristalina – os conceitos biológicos de espécies de Dobzhansky e Mayr.
9. A especiação era entendida em princípio.
10. A evolução é um processo de compartilhar ancestrais comuns até a origem da vida, ou em outras palavras, a evolução produz uma Árvore da Vida.
11. A herança dos caracteres adquiridos era impossível em organismos biológicos.
12. A deriva genética aleatória era um conceito cristalino, e invocado constantemente sempre que os tamanhos das populações fossem pequenos, inclusive os fósseis de organismos.
13. A Síntese Evolutiva (Moderna) foi realmente uma síntese.
14. A biologia molecular roubou da paleontologia toda a capacidade de se construir as filogenias. 7
PERGUNTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:
Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas, pois a ciência é a busca pela verdade. Esta verdade científica é corroborada pelas evidências encontradas na natureza. Aqui nós temos o depoimento de um evolucionista de renome, William Provine, ateu, dizendo que as afirmações que foram feitas pela Síntese Evolutiva Moderna são falsas. Gente, Stephen Jay Gould disse em 1980 que era uma teoria científica morta que posava como ortodoxia científica somente nos livros didáticos (aqui no Brasil aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM) engabelando os alunos do ensino médio. Provine diz que é FALSA? Ué, ciência e falsidade (outro nome para mentira) agora já andam de mãos dadas???
Em 2009, Eugene V. Koonin, do National Center for Biotechnology Information declarou na renomada publicação científica Trends in Genetics que devido ao colapso [NOTA BENE: COLAPSO] nos princípios centrais do neodarwinismo como "o conceito tradicional da árvore da vida" ["traditional concept of the tree of life"] ou a opinião de que a "seleção natural é a principal força condutora da evolução" ["natural selection is the main driving force of evolution"] indicam que "a síntese moderna desmoronou, aparentemente, sem conserto" ["the modern synthesis has crumbled, apparently, beyond repair"] e "todos as principais características da síntese moderna foi, se não completamente derrubadas, substituídas por uma nova e incomparavelmente visão mais complexa de aspectos chaves da evolução." ["all major tenets of the modern synthesis have been, if not outright overturned, replaced by a new and incomparably more complex vision of the key aspects of evolution."] 8
Koonin concluiu, "para falar sem rodeios, a síntese (evolutiva) moderna já era." ["not to mince words, the modern synthesis is gone."] 9
PERGUNTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:
Como os evolucionistas ainda têm a cara de pau de dizer que a teoria da evolução através da seleção natural e/ou n mecanismos evolutivos é a teoria científica tão certa como a lei da gravidade? Que maçãs caem todos os dias nós podemos atestar a veracidade, mas um Australopithecus afarensis se transmutar em antropólogo amazonense – via Árvore da Vida (monofilética ou polifilética) nós estamos na escuridão epistêmica total: Darwin ora pro nobis não funciona, mas dizem que esta é a maior ideia que toda a humanidade já teve. O que a retórica e o poder das instituições científicas não fazem para a manutenção de um paradogma!!!
Günther Theissen, do Departamento de Genética na Universidade Friedrich Schiller, em Jena, Alemanha, escreveu que "apesar dos méritos inegáveis de Darwin, explicar como se originou a enorme complexidade e diversidade dos seres vivos de nosso planeta permanece um dos maiores desafios da biologia." ["despite Darwin's undeniable merits, explaining how the enormous complexity and diversity of living beings on our planet originated remains one of the greatest challenges of biology."] 10 [NOTA BENE: Permanece!!!]
Muito mais surpreendente foi a crítica que Theissen fez do que ele chama de "ciência dogmática" ["dogmatic science"] 11 do pensamento neodarwinista pode ser encontrado no seu artigo de 2006:
“Explicar exatamente como que a grande complexidade e diversidade da vida na Terra se originou ainda é [NOTA BENE: Ainda é] um enorme desafio científico. ... Há a atitude muito difundida na comunidade científica de que, apesar de alguns problemas em detalhe, os relatos de livros didáticos sobre a evolução já resolveram, essencialmente, o problema. Na minha opinião, isto não é bem correto.” “Explaining exactly how the great complexity and diversity of life on earth originated is still an enormous scientific challenge. ... There is the widespread attitude in the scientific community that, despite some problems in detail, textbook accounts on evolution have essentially solved the problem already. In my view, this is not quite correct.” 12
PERGUNTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:
Se cientistas do calibre de Theissen sabem do status epistêmico da teoria geral da evolução, por que os livros didáticos de Biologia do ensino médio aprovados pelo MEC/SEMTEC/PNLEM ainda continuam engabelando os alunos que Darwin explica a origem e a evolução de toda a diversidade e complexidade da vida? Por que não ensinar o pensamento desses cientistas evolucionistas sobre as fragilidades da Síntese Evolutiva Moderna explicar o fato, Fato, FATO da evolução???
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Blog em evolução através da seleção natural de autores exclusiva e unicamente evolucionistas. É, aqui a gente mata a cobra de Darwin com o porrete dos biólogos evolucionistas e mostramos o pau na literatura especializada.
Aguardem! Não vai sobrar nada heuristicamente para a seleção [Argh, usar este termo teleológico de inteligência em ação é como cometer um holocausto epistêmico] natural.
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NOTAS
1. John A. Endler, Natural Selection in the Wild, p. 247 (Princeton University Press, 1986).
2. Ibid. p. 248-249.
3. Michael A. Bell, "Gould's most cherished concept, review of Punctuated Equilibrium by Stephen Jay Gould. Belknap Press of Harvard University Press, 2007," Trends in Ecology and Evolution, Vol. 23(3):121-122 (2008) (Ênfase adicionada).
4. John Whitfield, "Biological Theory: Postmodern evolution?," Nature, Vol. 455:281-284 (2008).
5. Stewart Newman, citado em John Whitfield, "Biological Theory: Postmodern evolution?," Nature, Vol. 455:281-284 (2008).
6. Graham Budd citado em John Whitfield, "Biological Theory: Postmodern evolution?," Nature, Vol. 455:281-284 (2008).
7. William Provine, Random Drift and the Evolutionary Synthesis, History of Science Society HSS Abstracts.
8. Eugene V. Koonin, "The Origin at 150: Is a New Evolutionary Synthesis in Sight?," Trends in Genetics, Vol. 473:474 (2009).
9. Ibid.
10. Günther Theissen, "Saltational evolution: hopeful monsters are here to stay," Theory in Biosciences, Vol. 128:43--51 (2009).
11. Günther Theissen, "The proper place of hopeful monsters in evolutionary biology," Theory in Biosciences, Vol. 124:349--369 (2006).
12. Ibid.
13. Michael Lynch, "The frailty of adaptive hypotheses for the origins of organismal complexity," Proceedings of the National Academy of Sciences, Vol. 104:8597--8604 (May 15, 2007).
14. Ibid.
A seleção natural fracassa em otimizar as taxas de mutação para adaptação a longo termo em cenários de severa aptidão
Natural Selection Fails to Optimize Mutation Rates for Long-Term Adaptation on Rugged Fitness Landscapes
Jeff Clune1,2*, Dusan Misevic3, Charles Ofria1, Richard E. Lenski4, Santiago F. Elena2,5, Rafael Sanjuán2,6
1 Department of Computer Science and Engineering, Michigan State University, East Lansing, Michigan, United States of America, 2 Instituto de Biología Molecular y Celular de Plantas, Consejo Superior de Investigaciones Cientificas, Universidad Politecnica de València, València, Spain, 3 Institute of Integrative Biology, ETH Zurich, Zurich, Switzerland, 4 Department of Microbiology and Molecular Genetics, Michigan State University, East Lansing, Michigan, United States of America, 5 The Santa Fe Institute, Santa Fe, New Mexico, United States of America, 6 Institut Cavanilles de Biodiversitat i Biologia Evolutiva, Universitat de València, València, Spain
Abstract
The rate of mutation is central to evolution. Mutations are required for adaptation, yet most mutations with phenotypic effects are deleterious. As a consequence, the mutation rate that maximizes adaptation will be some intermediate value. Here, we used digital organisms to investigate the ability of natural selection to adjust and optimize mutation rates. We assessed the optimal mutation rate by empirically determining what mutation rate produced the highest rate of adaptation. Then, we allowed mutation rates to evolve, and we evaluated the proximity to the optimum. Although we chose conditions favorable for mutation rate optimization, the evolved rates were invariably far below the optimum across a wide range of experimental parameter settings. We hypothesized that the reason that mutation rates evolved to be suboptimal was the ruggedness of fitness landscapes. To test this hypothesis, we created a simplified landscape without any fitness valleys and found that, in such conditions, populations evolved near-optimal mutation rates. In contrast, when fitness valleys were added to this simple landscape, the ability of evolving populations to find the optimal mutation rate was lost. We conclude that rugged fitness landscapes can prevent the evolution of mutation rates that are optimal for long-term adaptation. This finding has important implications for applied evolutionary research in both biological and computational realms.
Author Summary
Natural selection is shortsighted and therefore does not necessarily drive populations toward improved long-term performance. Some traits may evolve because they provide immediate gains, even though they are less successful in the long run than some alternatives. Here, we use digital organisms to analyze the ability of evolving populations to optimize their mutation rate, a fundamental evolutionary parameter. We show that when the mutation rate is constrained to be high, populations adapt considerably faster over the long term than when the mutation rate is allowed to evolve. By varying the fitness landscape, we show that natural selection tends to reduce the mutation rate on rugged landscapes (but not on smooth ones) so as to avoid the production of harmful mutations, even though this short-term benefit limits adaptation over the long term.
Citation: Clune J, Misevic D, Ofria C, Lenski RE, Elena SF, et al. (2008) Natural Selection Fails to Optimize Mutation Rates for Long-Term Adaptation on Rugged Fitness Landscapes. PLoS Comput Biol 4(9): e1000187. doi:10.1371/journal.pcbi.1000187
Editor: Laurence D. Hurst, University of Bath, United Kingdom
Received: April 21, 2008; Accepted: August 18, 2008; Published: September 26, 2008
Copyright: © 2008 Clune et al. This is an open-access article distributed under the terms of the Creative Commons Attribution License, which permits unrestricted use, distribution, and reproduction in any medium, provided the original author and source are credited.
Funding: This work was supported, in part, by the Defense Advanced Research Projects Agency “Fun Bio” Program, National Science Foundation grant CCF-0643952, and the Cambridge Templeton Consortium. Work in València was supported by grant BFU2006-14819-C02-01/BMC and the Ramón y Cajal program from the Spanish MEC.
Competing interests: The authors have declared that no competing interests exist.
* E-mail: jclune@msu.edu
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A Seleção Natural é um mecanismo?
Em caso afirmativo:
1. Seria sua atuação idêntica tanto na natureza como num laboratório?
2. Pode-se afirmar que tal “mecanismo” atua de igual maneira nos salmões, nas focas, nos trilobitas, nas plantas, nos vírus e nas bactérias?
3. Trata-se do mesmo mecanismo que conduz tanto às grandes mudanças (macroevolução) quanto àquelas consideradas pequenas (microevolução)?
4. De que forma, afinal, está ordenado este mecanismo?
Referência: Nueva Biologia
Não obstante os póstumos discípulos de Darwin ignorem o fato taxativamente, é certo que, para este naturalista inglês, o mecanismo de Seleção Natural deveria funcionar como um agente aperfeiçoador do processo evolutivo, atuando pela vida e pela morte, pela sobrevivência do “mais apto” e pela eliminação dos “menos aperfeiçoados”. A Seleção Natural, pois, de certa forma teria às mesmas credenciais de uma divindade onipotente, que, como um exímio oleiro, molda e dar forma à sua arte com extrema habilidade e perfeição. Em todo o livro “A Origem das Espécies”, Darwin faz menção do processo evolucionário como um evento de progressão contínua do “inferior” para o “superior”, do “menos apto” para o “mais apto” e do “imperfeito” para o "verdadeiro modelo de perfeição". Os trechos a seguir, todos extraídos desse referido livro, se não confirmam com perfeição, ao menos apontam com algum primor para esta tese “herética e antidarwinianamente suspeita”.
“Neste caso, ligeiras modificações, favoráveis em qualquer grau que seja aos indivíduos de uma espécie, adaptando-as melhor a novas condições ambientes, tenderiam a perpetuar-se, e a seleção natural teria assim materiais disponíveis para começar a sua obra de aperfeiçoamento” (p. 96).
“Se é vantajoso a uma planta que as suas sementes sejam mais facilmente disseminadas pelo vento, é tão fácil à seleção natural produzir este aperfeiçoamento como é fácil ao agricultor, pela seleção metódica, aumentar e melhorar a penugem contida nas cascas dos seus algodoeiros” (p. 100).
“Enfim, o isolamento assegura a uma nova variedade todo o tempo que lhe é necessário para se aperfeiçoar lentamente, e é este algumas vezes um ponto importante. Contudo, se a região isolada é muito pequena, ou porque seja cercada de barreiras, ou porque as condições físicas sejam todas particulares, o número total dos seus habitantes será também muito pouco considerável, o que retarda a ação da seleção natural, no ponto de vista da seleção de novas espécies, porque as probabilidades da aparição de variedades vantajosas são diminutas" (p.119).
“Depois das alterações físicas, de qualquer natureza, toda a emigração deve ter cessado, de maneira que os antigos habitantes modificados devem ter ocupado todos os novos lugares na economia natural de cada ilha; enfim, o lapso de tempo decorrido permitiu às variedades, que habitavam cada ilha, modificar-se completamente e aperfeiçoar-se. Quando, após os elevamentos, as ilhas se transformaram de novo num continente, uma luta muito viva deve ter recomeçado; as variedades mais favorecidas ou mais aperfeiçoadas puderam então estender-se; as formas menos aperfeiçoadas foram exterminadas, e o continente estaurado mudou de aspecto com respeito ao número relativo dos habitantes. Aí, enfim, abre-se um novo campo à seleção natural, que tende a aperfeiçoar ainda mais os habitantes e a produzir novas espécies” (p.122).
“Resulta daí que as espécies raras se modificam ou se aperfeiçoam menos rapidamente num tempo dado; por conseqüência, são vencidas, na luta pela existência, pelos descendentes modificados ou aperfeiçoados das espécies comuns” (p. 123).
“Os descendentes modificados dos ramos mais recentes e mais aperfeiçoados tendem a tomar o lugar dos ramos mais antigos e menos aperfeiçoados, e por isso a eliminá-los; os ramos inferiores do diagrama, que não chegam até às linhas horizontais superiores, indicam este fato” (p. 132).
“Mas, durante a marcha das modificações, representadas no diagrama, um outro dos nossos princípios, o da extinção, deve ter gozado um papel importante. Como, em cada país bem provido de habitantes, a seleção natural atua necessariamente, dando a uma forma, que faz o objeto da sua ação, algumas vantagens sobre outras formas na luta pela existência, produz-se uma tendência constante entre os descendentes aperfeiçoados de uma espécie qualquer para suplantar e exterminar os seus predecessores e a sua origem primitiva. É preciso lembrar, com efeito, que a luta mais viva se produz ordinariamente entre as formas que estão mais próximas umas das outras, em relação aos hábitos, constituição e estrutura. Por conseqüência, todas as formas intermediárias entre a forma mais antiga e a forma mais moderna, isto é, entre as formas mais ou menos aperfeiçoadas da mesma espécie, assim como a espécie origem própria, tendem ordinariamente a extinguir-se. É provavelmente da mesma maneira para muitas das linhas colaterais completas, vencidas por formas mais recentes e mais aperfeiçoadas" (p. 33).
"As espécies representativas, em número de catorze para a décima quarta geração, têm provavelmente herdado algumas destas vantagens; e são, além disso, modificadas, aperfeiçoadas de diversas maneiras, em cada geração sucessiva, de forma a melhor adaptar-se aos numerosos lugares vagos na economia natural do país que habitam" (p. 34).
"Também a luta para a produção de descendentes novos e modificados se estabelece principalmente entre os grupos mais ricos que tentam multiplicar-se. Um grupo numeroso prevalece sobre um outro grupo considerável, reduzindo-o em número e diminuindo assim as suas probabilidades de variação e aperfeiçoamento. Num mesmo grupo considerável, os subgrupos mais recentes e mais aperfeiçoados, aumentando sem cessar, apoderando-se a cada instante de novos lugares na economia da natureza, tendem constantemente também a suplantar e destruir os subgrupos mais antigos e menos aperfeiçoados. Enfim, os grupos e os subgrupos pouco numerosos e vencidos acabam por desaparecer" (p. 137).
" Cada ser, e é este o ponto final do progresso, tende a aperfeiçoar-se cada vez mais relativamente a estas condições. Este aperfeiçoamento conduz inevitavelmente ao progresso gradual da organização do maior número de seres vivos em todo o mundo. Mas referimo-nos aqui a um assunto muito complicado, porque os naturalistas ainda não definiram, de uma forma satisfatória para todos, o que deve compreender-se por «um progresso de organização». Para os vertebrados, trata-se claramente de um progresso intelectual e de uma conformação que se aproxime da do homem" (p. 138).
"Se adotamos, como critério de uma alta organização, a soma das diferenciações e de especializações dos diversos órgãos em cada indivíduo adulto, o que compreende o aperfeiçoamento intelectual do cérebro, a seleção natural conduz claramente a esse fim" (p. 139).
"Dei o nome de seleção natural a este princípio de conservação ou de persistência do mais apto. Este princípio conduz ao aperfeiçoamento de cada criatura relativamente às condições orgânicas e inorgânicas da sua existência; e, por conseguinte, na maior parte dos casos, ao que podemos considerar como um progresso de organização. Todavia, as formas simples e inferiores persistem muito tempo quando são bem adaptadas às condições pouco complexas da sua existência" (p. 145).
"A seleção natural, como acabamos de fazer observar, conduz à divergência dos caracteres e à extinção completa das formas intermediárias e menos aperfeiçoadas" (p. 146).
"A seleção natural atua apenas pela conservação das modificações vantajosas; cada nova forma, sobrevindo numa localidade suficientemente povoada, tende, por conseqüência, a tomar o lugar da forma primitiva menos aperfeiçoada, ou outras formas menos favorecidas com as quais entra em concorrência, e termina por exterminá-las. Assim, a extinção e a seleção natural vão constantemente de acordo. Por conseguinte, se admitimos que cada espécie descende de alguma força desconhecida, esta, assim como todas as variedades de transição, foram exterminadas pelo fato único da formação e do aperfeiçoamento de uma nova forma" (p. 185).
"Por conseqüência, as formas mais comuns tendem, na luta pela existência, a vencer e a suplantar as formas menos comuns, porque estas últimas modificam-se e aperfeiçoam-se mais lentamente" (p. 189).
"A seleção natural atuando somente pela vida e pela morte, pela persistência do mais apto e pela eliminação dos indivíduos menos aperfeiçoados, experimentei algumas vezes grandes dificuldades para me explicar a origem ou a formação de partes pouco importantes; as dificuldades são tão grandes, neste caso, como quando se trata dos órgãos mais perfeitos e mais complexos, porém são de uma natureza diferente" (p. 214).
"Constituindo o enrolamento o modo mais simples de subir por um suporte e formando a base da nossa série, pode naturalmente perguntar-se como puderam adquirir as plantas esta aptidão nascente, que mais tarde a seleção natural aperfeiçoou e aumentou" (p. 262).
"Não há improbabilidade alguma em acreditar que, nos numerosos insetos, que imitam diversos objetos, uma semelhança acidental com um objeto qualquer foi, em cada caso, o ponto de partida da ação da seleção natural, cujos efeitos deviam aperfeiçoar-se mais tarde pela conservação acidental das variações ligeiras que tendiam a aumentar a semelhança" (p. 265).
"Quando um grande número de habitantes de qualquer região se modifica e aperfeiçoa, resulta do princípio da concorrência e das relações essenciais que têm mutuamente entre si os organismos na luta pela existência, que toda a forma que não se modifica e não se aperfeiçoa em certo grau deve ser exposta à destruição. E dá-se isto porque todas as espécies da mesma região acabam sempre, se se considera um lapso de tempo suficiente longo, por se modificar, porque de outra forma desapareceriam" (p. 383).
"Mas se supusermos a destruição da origem-mãe, o torcaz - e temos toda a razão para acreditar que no estado de natureza as formas pais são geralmente substituídas e exterminadas pelos seus descendentes aperfeiçoados - seria pouco provável que um pombo-pavão, idêntico à raça existente, pudesse derivar da outra espécie de pombo ou mesmo de alguma outra raça bem fixa do pombo doméstico" (p. 384).
"Temos, até ao presente, falado apenas incidentemente do desaparecimento das espécies e dos grupos de espécies. Pela teoria da seleção natural, a extinção das formas antigas e a produção das formas novas aperfeiçoadas são dois fatos intimamente conexos" (p. 385).
"A concorrência é geralmente mais rigorosa, como com exemplos o demonstramos já, entre as formas que se semelham em todos os pontos de vista. Por conseguinte, os descendentes modificados e aperfeiçoados de uma espécie causam geralmente o extermínio da origem-mãe; e se muitas novas formas, provindo de uma mesma espécie, conseguem desenvolver-se, são as formas mais próximas desta espécie, isto é, as espécies do mesmo gênero, que se encontram mais expostas à destruição" (p. 389).
"As espécies antigas, vencidas pelas novas formas vitoriosas, às quais cedem o lugar, são geralmente aliadas em grupos, conseqüência da herança comum de alguma causa de inferioridade; à medida pois que os grupos novos e aperfeiçoados se espalham na Terra, os antigos desaparecem, e por toda a parte há correspondência na sucessão das formas, tanto na sua primeira aparição como no desaparecimento final" (p. 393).
"Vimos, no quarto capítulo, que, em todos os seres organizados que atingiram a idade adulta, o grau de diferenciação e de especialização dos diversos órgãos nos permite determinar o grau de aperfeiçoamento e superioridade relativa. Vimos também que, a especialização dos órgãos constituindo uma vantagem para cada ser, deve a seleção natural tender a especializar a organização de cada indivíduo, e a torná-la, em tal ponto de vista, mais perfeita e mais elevada" (p. 402).
"Parece-me, por outro lado, que todas as leis essenciais estabelecidas pela paleontologia proclamam claramente que as espécies são o produto da geração ordinária, e que as formas antigas foram substituídas por formas novas e aperfeiçoadas, e elas mesmo o resultado da variação e da persistência do mais apto" (p. 412).
"Demonstrei também que as variedades intermediárias, que têm provavelmente ocupado a princípio zonas intermediárias, devem ter sido suplantadas por formas aliadas existindo de uma parte e de outra; porque estas últimas, sendo as mais numerosas, tendem, por esta razão mesmo, a modificar-se e a aperfeiçoar-se mais rapidamente que as espécies intermediárias menos abundantes; de modo que estas devem ter sido, há muito, exterminadas e substituídas" (p. 527).
"As variedades novas e aperfeiçoadas devem substituir e exterminar, inevitavelmente, as variedades mais antigas, intermediárias e menos perfeitas, e as espécies tendem a tornar-se assim mais distintas e melhor definidas. As espécies dominantes, que fazem parte dos grupos principais de cada classe, tendem a dar origem a formas novas e dominantes, e cada grupo principal tende sempre também a crescer cada vez mais, e ao mesmo tempo, a apresentar caracteres sempre mais divergentes" (p. 534).
"A extinção das espécies e de grupos completos de espécies, que tem gozado um papel tão considerável na história do mundo orgânico, é a conseqüência inevitável da seleção natural; porque as formas antigas devem ser suplantadas pelas formas novas e aperfeiçoadas" (p. 539).
"Consideram-se as formas novas como sendo, em conjunto, geralmente mais elevadas na escala da organização do que as formas antigas; devem-no ser, além disso, porque são as formas mais recentes e mais aperfeiçoadas que, na luta pela existência, têm devido sobrepujar as formas mais antigas e menos perfeitas; os seus órgãos devem ter-se também especializado muito para desempenhar as suas diversas funções" (p. 540).
"Como a produção e a extinção das espécies são a conseqüência das causas sempre existentes e atuando lentamente, e não por atos miraculosos de criação; como a mais importante das causas das alterações orgânicas é quase independente de toda a modificação, mesmo súbita, nas condições físicas, porque esta causa não é mais que as relações mútuas de organismo para organismo, o aperfeiçoamento de um arrastando o aperfeiçoamento ou o extermínio de outros, resulta que a soma das modificações orgânicas apreciáveis nos fósseis de formações consecutivas pode provavelmente servir de medida relativa, mas não absoluta, do lapso de tempo decorrido entre o depósito de cada uma delas. Estas leis, tomadas no seu sentido mais lato, são: a lei do crescimento e reprodução; a lei da hereditariedade que implica quase a lei de reprodução; a lei de variabilidade, resultante da ação direta e indireta das condições de existência, do uso e não uso; a lei da multiplicação das espécies em razão bastante elevada para trazer a luta pela existência, que tem como conseqüência a seleção natural, que determina a divergência de caracteres, a extinção de formas menos aperfeiçoadas. O resultado direto desta guerra da natureza que se traduz pela fome e pela morte, é, pois, o fato mais admirável que podemos conceber, a saber: a produção de animais superiores. Não há uma verdadeira grandeza nesta forma de considerar a vida, com os seus poderes diversos atribuídos primitivamente pelo Criador a um pequeno número de formas, ou mesmo a uma só? Ora, enquanto que o nosso planeta, obedecendo à lei fixa da gravitação, continua a girar na sua órbita, uma quantidade infinita de belas e admiráveis formas, saídas de um começo tão simples, não têm cessado de se desenvolver e desenvolvem-se ainda!" (p. 553, 554).
Fonte:
Charles Darwin: "A Origem das Espécies, no meio da seleção natural ou a luta pela existência na natureza". Tradução: Joaquim da Mesquita Paul. Lello & Irmãos Editores. Porto, 2003.
Eduardo- Mensagens : 5997
Idade : 54
Inscrição : 08/05/2010
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