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Salvação, Certeza e Obediência

Publicado em 16/11/2010 por Seventh Day




Salvação, certeza e obediência: essas três expressões são interdependentes. A salvação só pode ser desfrutada quando temos certeza, e é isso que leva à obediência prazerosa. Salvação sem certeza é angústia. Salvação sem obediência é presunção. Obediência sem certeza é legalismo.

Deus quer que Sua igreja tenha certeza da salvação e desfrute prazer na obediência. Um cristão assim não apostata.

Nunca devemos duvidar da Palavra de Deus. Mas, para isso, é necessário que entreguemos a vida à Ele: “Não temas, porque Eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és Meu” (Isaías 43:1). Isso é certeza de Salvação !

Também precisamos estar atentos a este mesmo Deus que nos fala: “As Minhas ovelhas ouvem a Minha voz…e Me seguem” (João 10:27). Isso é prazer em obedecer. Trata-se de coerência entre crer e fazer a vontade do Senhor; ter ouvidos e pés sintonizados com a Palavra de Deus.

Pensemos um pouco na experiência do carcereiro de Filipos, no momento do terremoto. Desesperado, ele perguntou aos servos de Deus: “Senhores, que devo fazer para que seja salvo?” (Atos 16:30). Note que ele expressou a mentalidade pagã, isto é, quis fazer alguma coisa para merecer o favor de Deus, pois no paganismo é assim: o pecador oferece o sacrifício para acalmar o seu deus; o pecador realiza uma obra para merecer o agrado do seu deus. Paulo e Silas responderam: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo” (Atos 16:31). Já os apóstolos manifestaram a mentalidade cristã, porque no cristianismo é assim: Deus ofereceu o sacrifício para alcançar o homem; Deus fez a obra para acalmar o homem. Lemos sobre isso em Levítico 17:11 “Porque a vida da carne está no sangue. Eu vo-lo tenho dado sobre o altar”. Essa é a visão cristã de salvação. Ela é uma providência de Deus, uma iniciativa de Deus, um ato e uma oferenda de Deus. Essa é a teologia do Antigo e do Novo Testamentos. O sacrifício pelo pecado é um ato de Deus e de Si mesmo. é pleno, incompreensível e maravilhosamente real.

Os apóstolos chamaram a atenção do carcereiro para uma obra já realizada em favor dele e fora dele e sem sua participação. “Creia em Jesus”, disseram. Todas as vezes que a Bíblia fala de salvação como providência, fala de uma obra já realizada em nosso favor, fora de nós, e sem nossa participação.

Esse foi o ensino do Senhor Jesus. Em Sua conversa com Nicodemos, o Mestre afirmou: “E do modo por que Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado, para que todo o que nEle crê tenha a vida eterna” (João 3:14). Veja que ele falava da obra que iria realizar por Nicodemos, fora de Nicodemos e sem a participação de Nicodemos. No verso 17, Ele disse que viera salvar e não condenar. Satanás odeia que o ser humano compreenda o verso 17, pois ele encerra uma das mais libertadoras verdades: Deus não está envolvido com a condenação, mas só com a salvação. Nosso Deus não condena. Ele só salva.

Bem, mas você pode perguntar: “Se Deus não condena, porque muitos serão condenados?” A resposta está nos versos 18 e 19 “Quem nEle crê não é julgado; o que não crê já está julgado”. [...] O julgamento é este: que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz; porque as suas obras eram más”. A conclusão é obvia: condenação é a situação natural do homem sem Deus. Ela resulta do pecado; por isso, Deus não tem nada a ver com condenação. O diabo é que quer responsabilizar Deus por isso. Jesus disse que Sua missão foi “buscar e salvar o perdido” (Lucas 19:10).

A salvação foi providenciada, mas nem todos a aceitam – “preferem as trevas”, ou seja, ficar no estado de condenação. Por isso, salvação ou condenação não resultam basicamente do que fazemos ou deixamos de fazer, seja bom ou ruim, mas do que fazemos com a salvação que Deus providenciou.
Providência da Salvação



Quando Jesus exclamou: “Está consumado!”, cumpriu o que dissera a Nicodemos: “Vim para salvar”.

“Está consumado” é a tradução da expressão grega tetelestai, que bem poderia ser traduzida por “está pago”.

Que maravilha! Jesus quitou nossa dívida! Está sem efeito o pecado. Ele pegou “o escrito da dívida que era contra nós e o cravou na cruz” (Colossenses 2:14). Rasgou a fatura e a jogou no lixo. Você não tem vontade de gritar de alegria: Deus seja Louvado? Uma dívida impagável, agora plenamente quitada! Como disse Ellen G.White: “Na cruz, Jesus comprou para nós uma salvação que é total e completa. [...] Somos livres, realmente livres, e estamos eternamente livres, se tão-somente crermos” (Comentário Bíblico Adventista, vol 06, pág 1113).
Abrangência da Salvação como Providência



Quantos foram alcançados por aquele brado? Toda a humanidade. Todos os seres humanos tinham, em Cristo, a solução de sua dívida diante da lei divina. Todo louvor ao Autor de nossa Redenção. Rubens Lessa traduz, de forma cristalina, esse conceito teológico quando afirma: “A cruz é a prova mais eloquente de que ninguém foi deixado fora do círculo do amor divino. A expressão “para que todo o que nEle crê não pereça” é a dimensão do amplo abraço de Deus” (Alimento para o coração, pág 78).

E que abraço! É por isso que Evangelho significa Boas-Novas. É notícia do que já aconteceu e não algo que pode vir a suceder. Nossa salvação, como oferenda, é fato histórico, resolvido. Jesus a conquistou e ofereceu a todos. Nós a aceitamos e desfrutamos dela. O mundo precisa saber que já existe salvação. Comunicar é a nossa missão. milhões estão tentando pagar o que já foi liquidado – sua dívida diante do Todo-poderoso. Isso quase me angustia. A base da pregação, seja falada, cantada e principalmente vivida, é esta: “Cristo pagou nossa dívida, aceitem Sua salvação!”
Tomando Posse da Salvação



Como tão grande salvação se torna parte da vida do homem? Como pode o pecador tomar posse dela? Pelo arrependimento e confissão de seus pecados. O apóstolo Paulo diz que “é a bondade de Deus que conduz ao arrependimento”. Desse modo, se queremos que as multidões se rendam ao Salvador, precisamos enfatizar que a salvação já está feita, realizada. Cabe ao pecador aceitar e desfrutar dela responsavelmente.

É o Espírito Santo que impressiona o coração, “convencendo do pecado” (o pecador está irremediavelmente perdido sem Cristo), “da justiça” (ele não tem caráter para apresentar-se diante de Deus) e “do juízo” (um dia, todos compareceremos diante do Seu trono para julgamento. O juízo já caiu sobre o Senhor Jesus. Portanto, Ele é a nossa única solução).

Diz Ellen White: “Quando o pecador, arrependido diante de Deus, discerne a expiação de Cristo por ele, e aceita esse sacrifício como sua única esperança nesta vida e na vindoura, seus pecados são perdoados. Isto é justificação pela fé. [...] O perdão e a justificação são uma e a mesma coisa” (Comentário Bíblico Adventista, vol 06, pág 1070).

Num instante, aquele que era perdido se sente achado. O ímpio se torna piedoso. Quem estava nas trevas vem para a luz. O injusto é declarado justo.

Vejamos como Arthur Daniells analisa essa experiência: “De algum modo, o amor de Deus resplandecendo da cruz do calvário alcança o coração do homem. Ele se entrega, se arrepende e confessa, e pela fé reclama a Cristo como seu Salvador. No instante em que isso se passa, ele é aceito como filho de Deus. Sua culpa é cancelada, ele é considerado justo e se apresenta aprovado, justificado, perante a lei divina. E essa maravilhosa e milagrosa mudança pode ocorrer num breve momento. Isto é justificação pela fé!” (Cristo, Nossa Justiça, pág 17).

Leitor, existe uma condição para que a salvação tome conta de sua vida: arrependimento e confissão de pecados. Como disse Martin Lloyd Jones, “o cristianismo começa com o arrependimento. [...] Uma coisa que condena os homens, e os mantém fora do reino, é que eles se recusam a se arrepender. [...] é a primeira verdade a ser pregada; é a porta pela qual todos tem que passar para entrar no reino de Deus; e recusar entrar por ela resulta em condenação” (Sermões Evangelísticos, pág 102).

Pedro enfatizou: “Arrependei-vos” (Atos 2:38). Provérbios 28:13 diz: “O que encobre as suas transgressões jamais prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia”. Alcançar misericórdia é receber na vida o crédito do perdão de Deus. Os que cumpriram as condições, em arrependimento e confissão de pecados, que deram as costas ao pecado, podem descansar na Sua aceitação.

Vale ressaltar que o arrependimento só foi possível porque o Espírito Santo nos despertou, sensibilizou nossa mente. Ele apenas respeitou nossa decisão, mas assim que nossa vontade foi exercitada, Ele a fortaleceu e nos levou ao arrependimento. Resultado: o arrependimento é um dom de Deus.

Você se arrependeu da vida pregressa e confessou os pecados a Deus? Sim? Então, não entristeça o Espírito Santo. Ande em liberdade. Cante “salvo sou, salvo sou, porque Cristo me amou”. Você não fez isso ainda? Então, trate de fazê-lo porque arrependimento e confissão constituem condição indispensável para a aceitação. “Deus requer a completa entrega do coração antes que possa ter lugar a justificação” (Ellen G. White, Mensagens Escolhidas, vol01, pág 366).

Não há saída. Salvação é coisa séria. Não existe a idéia de achar que estou salvo em Cristo e continuar no pecado. Isso é utopia, é a proposta mais indecente da graça barata. Talvez, a maior necessidade da pregação contemporânea seja a ênfase de que Deus odeia o pecado e que Seu clamor, hoje, é o mesmo de João Batista e Jesus “Arrependei-vos” (Mateus 3:4, 4:17). Satanás sempre esteve ativo para levar os mensageiros de Deus a vender o produto mais barato, passar a mão sobre o pecado e iludir o pecador com qualquer proposta que não seja o abandono da transgressão. Jesus viveu e morreu exatamente para condenar o pecado. Ele o rejeitou em todos os seus disfarces, e espera o mesmo do ser humano, desde o arrependimento.
Bençãos da Salvação



Certeza da Salvação. Em primeiro lugar, podemos destacar a certeza da aceitação. Romanos 8:1 diz: “Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Veja que “nenhuma” é absoluto e não relativo. Nenhuma é nenhuma e pronto!

Sinta a beleza celestial deste texto: “Se nos entregarmos a Ele e O aceitarmos como nosso Salvador, seremos feitos justos nEle, por mais pecaminosa que tenha sido nossa vida. O caráter de Cristo substituirá o nosso caráter e seremos aceitos diante de Deus como se nunca houvéssemos pecado” (Ellen G.White, Caminho a Cristo, pág 62).

“Como se nunca houvéssemos pecado” – que maravilha! Que plena absolvição! Que motivo para viver! Este é o privilégio do Cristão: “Andar na presença de Deus como se nunca houvesse pecado”.

Não é apenas no momento da justificação, da aceitação – é a cada momento! Podemos andar na presença do Senhor como se nunca tivéssemos pecado.Limpos, puros, aceitos, absolvidos. Uma nova vida sem temor (Romanos 8:15). Mesmo que, em algum momento, venhamos a ser vencidos pela tentação (pois isso ainda é possível), podemos nos reentregar a Ele imediatamente, e viveremos em justiça, na Sua presença. Isso é cristianismo. Essa é a estrutura psicoespiritual da igreja que deve entrar na fase final da história do pecado e, finalmente, receber o Senhor nas nuvens do Céu, com poder e grande glória. O mundo precisa saber qual é o nível de nossa segurança no Senhor.

Certeza da salvação é a base para toda a vida cristã. Sem certeza, o cristão expressará tristeza, dúvida, infelicidade, e dará um péssimo testemunho. Sem certeza, a vida cristã será apática e sem envolvimento com a missão da igreja. O resultado será uma vida vacilante ou, finalmente, a apostasia.

Isaías sabia expressar essa segurança: “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me cobriu de vestes de salvação e me envolveu com o manto de justiça” (Isaías 61:10).

Regozijo – isso é salvação. É a convicção de que agora podemos dizer: Eu era cego, agora vejo. Estava nas trevas, agora estou na luz. Estava perdido e fui achado. Era filho do diabo, agora sou de Jesus. Era faminto, agora estou farto. Era culpado, agora tenho paz. Estava morto e revivi. Estava longe, agora Ele me toma pela mão. Tinha medo de Deus, agora digo “Aba Pai”. As paixões me dominavam, agora a graça extrapola. Era errante, agora sei para onde vou.Antes, fugia de Deus, agora, fujo do mal…
Nova Cidadania



É a indescritível sensação de que somos de outro reino. Em Colossenses 1:13, Paulo diz que Deus “nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do Seu amor”. Ele nos deu nova cidadania. Podemos cantar: “Do reino lá do Céu, embaixador eu sou; Para o Céu por Jesus irei; Na coroa de luz eu estrelas terei; Vou vantar neste lar perenal e feliz”.

Isso é claro. Não encontramos, em toda a revelação do Senhor, uma só abertura para dúvida. Conhecemos Aquele a quem servimos. Sua Palavra nos assegura que somos Seus filhos e Seus herdeiros (Romanos 8:16-17).

Existem hinos que devem ser cantados com propósito evangelístico; outros, com propósito de confirmar a fé, a salvação. Temos que estaratentos a isto: O culto é evangelístico? Cantemos hinos evangelísticos. O culto é de confirmação da fé? Cantemos hinos que confirmem nossa redenção. Isso vale para os cantores e suas “músicas especiais”. Saber colocar o canto quer dizer canalizar sua força.
Vida Eterna



Salvação, Certeza e Obediência Vida-eternaLogo que aceitamos o Senhor Jesus como Salvador e Senhor da nossa vida, saimos da dimensão da vida comum e entramos na dimensão da vida eterna. “Quem crê no Filho tem a vida eterna” (João 3:36). “Estas coisas vos escrevi, a fim de saberdes que tendes a vida eterna” (1 João 5:13).

Com certeza, para Deus não existem dois tipos de vida. Apenas uma: a vida eterna.

Sem Deus, o ser humano está morto (Efésios 2:1). Segundo a Bíblia, vida não é apenas um fenômeno anatômico/fisiológico de coração batendo e pernas se movimentando; é muito mais. Vida é uma pessoa. Jesus é vida! Assim, nós que temos entregado a Ele nossa existência, podemos nos regozijar, porque, de fato, vivemos, pois Ele, que é vida, nos domina.

A segurança da salvação nos faz concluir que “vida eterna não é benção em expectativa; é benção desfrutada”. Com certeza, o Céu já começou. A vida eterna não vai começar somente quando Jesus voltar. Ela começa quando permitimos que Ele se assente no trono do nosso coração.
Obediência



Até aqui, o enfoque é essencialmente sobre a libertação, a absolvição. Até aqui o evangelho pregado não tem diferença entre as diversas religiões cristãs. A cruz é o ponto que nos une. Porém, cabe agora uma pergunta didática, que ouvi pela primeira vez do pastor Izéias Cardoso, numa exposição sobre a doutrina da salvação, no interior do Pará, em 1987: “Para que o Senhor nos salvou? Ele nos salvou para a obediência” (Romanos 1:5).

Fantástico! Aqui começa a diferença entre uma exposição meramente evangélica e a mensagem que deve preparar um povo para atravessar a apostasia final e ver o Senhor vindo em Sua glória.

Do que o Senhor nos salvou? Ele nos salvou da culpa, da condenação e da penalidade do pecado (parece que estou ouvindo o professor Wilson Endruveit na sala de aula). Ele nos salvou da desobediência para a obediência, da rebeldia para a harmonia com Ele e Sua santa lei. A evidência da perdição era a franca transgressão, ao passo que a evidência da salvação é a consciente e feliz obediência a Seus mandamentos.

Paulo foi ao ponto quando escreveu: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-Se Ele próprio maldição em nosso Lugar” (Gálatas 3:13). Como transgressores da lei, estávamos todos debaixo da sua maldição ou condenação. Mas o Senhor Jesus liquidou a dívida e nos ofereceu o perdão dessa dívida. Nós o entendemos e o aceitamos. Resultado: Estamos livres da maldição e da condenação da lei.

Jamais alguém encontrará nos escritos de Paulo “O Senhor Jesus Cristo nos regastou da obediência e da responsabilidade da lei”. Ao contrário, Ele nos resgatou para obedecermos ao que antes transgredíamos.

Em Êxodo 20, encontramos os Dez Mandamentos e a combinação da graça com a lei de forma inconfundível, uma atraindo a outra, sem choque, sem antagonismo, numa sincronia absolutamente compreensível e motivadora. Deus diz a Israel: “Eu te tirei da terra do Egito, da casa da servidão” (Êxodo 20:2). Jeová está declarando que fez um ato salvífico para Seu povo, Ele interveio de forma sobrenatural, libertou e salvou. Em teologia, chamamos isso de os “indicativos de Deus”, isto é, Ele indica, declara, aponta o que fez antes de solicitar qualquer resposta ética.

Veja que a lei de Deus tem um cabeçalho, que é o próprio evangelho: “Eu te tirei da terra do Egito”. Egito na Bíblia, é símbolo do cativeiro do pecado. Concluímos que a consciência de salvação deve anteceder o prazer da obediência.

Penso que todo impresso da Lei de Deus deveria trazer esse cabeçalho, pois salvação e lei devem estar sempre juntas. É um deslize passar por cima dessa declaração de salvação e ir direto para a lei, numa tentativa de defendê-la, deixando a graça de lado.

Após declarar Sua salvação, o Senhor Deus apresenta Sua santa lei. É como se Ele dissesse: “Eu te tirei da terra do Egito, portanto, obedece aos Meus mandamentos”. A compreensão disso parece simples, mas é o grande desafio da pregação que deve preparar um povo para receber o Senhor.

A exposição dos mandamentos de Deus foi feita num contexto da salvação desfrutada, não ansiada. Veja a coerência do nosso Pai Celeste: primeiro Ele salvou; depois pediu obediência. Assim é o casamento da graça com a lei: primeiro a absolvição, depois a ética. Primeiro a libertação, depois a conduta. Primeiro o ato de Deus como causa; depois a ação do homem em resposta. Primeiro a graça; depois a lei.

Ao ato salvífico de Deus chamamos indicativos, aos Seus mandamentos chamamos imperativos. Com os indicativos, Ele mostra que salvou; com os imperativos, pede obediência, porque salvou. Desse modo, nossa obediência não tem o objetivo de conquistar a Deus: mostra que Ele nos conquistou. Nossa ética e nossa conduta não visam a nos aproximar dEle. Elas são evidente demonstração de que Ele se aproximou de nós: “Mas agora, em Cristo Jesus, vós que antes estáveis longe, fostes aproximados pelo sangue de Cristo” (Efésios 2:13).

É confortante ler a Bíblia com essa visão de graça e lei, de indicativos e imperativos, sempre juntos. Na Palavra de Deus, você nunca encontrará a dissociação desses dois elementos. Vejamos alguns exemplos no Box:

Salvação, Certeza e Obediência Box1

Historicamente, o mundo protestante sempre enfatizou mais os indicativos em detrimento dos imperativos; superdimensionou a graça renegando a lei a uma posição ultrapassada, uma espécie de ladra dos encantos da redenção. Conclusão: Incorrência num erro fundamental nas relações com Deus. Isto é, Ele não tolera a transgressão da Sua santa lei, pois isso é pecado (1 João 3:4).

Historicamente, o adventismo enfatizou mais os imperativos do que os indicativos. Partiu-se do princípio de que, na América, todos já sabiam que o ser humano é salvo pela graça, que isso era mais que aceito, e, então, superenfatizamos a lei a tal ponto que quase não se via a beleza da graça. Ellen White denunciou essa triste realidade, depois de 46 anos da nossa existência como povo adventista. Ela escreveu: “Vocês encontrarão aqueles que dirão “vocês estão muito excitados com esta questão (justificação pela fé). Devemos pregar a lei”. Como povo, temos pregado a lei até estarmos secos como as colinas de Gilboa, que não recebiam chuva nem orvalho. Temos que pregar a Cristo na lei, e haverá seiva e nutrimento na pregação, que será alimento para o faminto rebanho de Deus” (Review and Herald, 11 de março de 1890).

Em viagem pelo estado de Israel, pude ver os montes de Gilboa. Eu estava curioso por aquele momento por causa dessa citação. Aquela região treme por causa do calor escaldante. Tudo é seco. Foi Davi quem amaldiçoou os montes de Gilboa, pois ali morreram Saul e Jônatas. Ele disse: “Montes de Gilboa, não caia sobre vós, nem orvalho nem chuva” (2 Samuel 1:21).

Éramos legalistas. E agora, mudamos? Penso que sim. Novos ventos sopram. Nosso povo respira mais os ares da graça. Talvez falte um ajuste mais ao ponto entre a salvação e o que o Senhor pede para nossa preparação para os eventos finais, para a conclusão da obra, para enfrentarmos a apostasia final, revelar plenamente o caráter de Cristo, passar pelas pragas e receber nosso Rei em glória.

Qual é a nossa vocação no cenário cristão? Para que o Senhor nos salvou? Qual deve ser a ênfase da nossa pregação? É simples: fundir indicativos com imperativos. Pronto! Os adventistas devem ser conhecidos como os enaltecedores da graça e os vindicadores da lei. A graça como motivo; a lei como semelhança com Deus.

Satanás disse que era impossível ao homem obedecer à Lei em seu estado caído. Deus enviou Jesus para contradizer essa declaração. Ele viveu vida pura, não pecou. Antes de vencer na cruz, Ele venceu no dia-a-dia, com o mesmo poder que está a nossa disposição. Ele conquistou o direito de termos acesso à fonte do poder, e por esse poder vencer. “A todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos Filhos de Deus (João1:12).

Jesus foi o perfeito exemplo do que é viver pela fé, ” a fé que atua pelo amor” (Gálatas 5:6). Viveu e venceu todas as investidas do demônio porque não Se desligou um instante sequer do poder celeste. Ele quer viver em nós esta mesma experiência e vitória. Nos últimos momentos da Terra, o Universo verá um povo salvo, seguro e obediente. Nosso Pai vai dizer ao Universo: “Aqui estão os que guardam os Mandamentos de Deus e a fé de Jesus” (Apocalipse 14:12).

Concluo cumprimentando-o como um salvo do Senhor. Jamais pule fora desta plataforma: a nossa salvação, conquistada a preço sem medida. Que o mundo veja Jesus em nossa Face. Amém !

Texto de autoria de Benedito Muniz, consultor empresarial, formado em Teologia e pós graduado em Recursos Humanos e Psicologia Organizacional. Publicado na Revista adventista de Março de 2009.
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