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O Dilúvio Universal e suas Implicações  Ark


Dilúvio universal e suas implicações



Em reação à postagem “Montanha chinesa tem mais de 20 mil fósseis marinhos”, recebi o seguinte e-mail de um amigo leitor: “Prezado Michelson, segundo seu pensamento, os animais foram soterrados de forma abrupta, sob lama e sedimentos. Mas, se assim fosse, [1] não seria lógico encontrarmos sítios com manadas inteiras, ou várias espécies reunidas? Por que isso não acontece? [2] Se Deus fez chover durante quarenta dias de tal forma que inundou o mundo todo, teria que ser um volume incrivelmente grande de água. A Bíblia fala de chuva, não de tromba d’água. Pois se fosse algo tão violento nem a arca suportaria. [3] Temos outra questão: Para onde a água escoou? [4] Como os cangurus e outros marsupiais que só existem na Austrália chegaram lá, se foram desembarcados no monte Ararate? [5] Quando os animais da arca desembarcaram, viveram do quê? Sendo que se um leão comesse ao menos uma zebra, adeus zebras. Fora a dificuldade de se locomover no meio de toda aquela lama. [6] Partindo também dessa premissa, deveríamos encontrar muito mais fósseis marinhos, agrupados, em altas montanhas do que são encontrados hoje. Explicaria o porquê das ossadas de baleias e outros seres marinhos, mas e os crustáceos que vivem no solo, foram parar lá como? [7] Reconheço que os criacionistas têm feito um esforço enorme para torná-lo uma ciência, mas para isso devem seguir as premissas da ciência não da fé. Abraço. R.”

Como acredito que essas perguntas são de interesse mais ou menos geral e que é relativamente fácil respondê-las sob a ótica criacionista, vou aproveitar para tornar públicas as respostas que daria por e-mail ao amigo R. (Na quarta edição revista e ampliada do meu livro A História da Vida, que deve ser publicada nas próximas semanas, dedico um capítulo ao assunto do dilúvio e outro aos dinossauros. Ali essas questões são tratadas de modo mais aprofundado.)

1. Na verdade, a própria existência de milhões de espécimes fossilizados em todo o mundo evidencia que houve uma grande catástrofe hídrica que causou esse sepultamento repentino, preservando tantos animais (alguns deles enormes) em situações que realmente apontam para o elemento surpresa: há fósseis preservados em estado de agonia e sufocamento; alguns têm alimento não digerido no estômago e há até animais sepultados em pleno ato de dar à luz. Diferentemente do que o leitor sugere, sítios com manadas inteiras foram encontrados, sim. Confira aqui e aqui.

2. Existem pesquisas não criacionistas que já admitem inundações catastróficas (confira aqui, aqui e aqui). Com relação à quantidade de água para cobrir toda a Terra, o grande erro de muitos é pensar que seria necessário um volume tal que fosse capaz de submergir os 8.850 metros do Monte Everest. Esses grandes montes e cordilheiras não eram tão altos no passado e, tendo em vista as transformações catastróficas observadas em tempos recentes, podem ter se elevado em tempo relativamente curto. Isso explica a existência de fósseis de animais marinhos no alto dessas montanhas: quando foram fossilizados, não estavam lá no alto. Se não foi assim, qual seria a explicação? Baleias fossilizadas no alto de montanhas? É bom lembrar que, segundo os criacionistas, a topografia antediluviana era suave, com colinas não muito elevadas, e que pouco tempo após o dilúvio, homens planejaram construir uma torre que pudesse protegê-los de uma eventual nova inundação. Se eles pensavam que isso era possível, certamente as águas do dilúvio não devem ter se elevado a alturas absurdas, como alguns pensam. Quanto à arca, certamente a proteção dela deve ter sido garantida pelo poder de Deus, mesmo assim, segundo estimativas de engenheiros, ela seria capaz de suportar ondas de várias dezenas de metros.

3. A água do dilúvio escoou para as grandes depressões formadas pelas pressões geológicas durante e após o dilúvio. Fossas como a das Marianas têm milhares de metros de profundidade. Imagine quanta água podem conter.

4. Como os cangurus chegaram à Austrália a partir do Ararate? Talvez eles nem tenham estado na arca... Como assim? Criacionistas admitem os efeitos da microevolução e do isolamento geográfico. Na verdade, muitas “espécies” de animais não estiveram na arca, pois surgiram depois. Exemplos: vários tipos de cães e gatos atuais. Além disso, qual era a etnia de Noé e de seus filhos? Certamente, todos os tipos de etnias humanas modernas derivaram dessa família que foi salva. O movimento tectônico que afasta os continentes (ou os aproxima) uns dos outros é tido pelos criacionistas como um fenômeno decorrente do dilúvio. Assim, a Austrália não existia no passado remoto da Terra; ela fazia parte do mega-continente conhecido como Pangeia. Resumindo: ou os ancestrais dos cangurus migraram para a região que hoje é a Austrália e acabaram ficando isolados lá, sofrendo modificações, ou nem sequer entraram na arca e surgiram posteriormente a partir de microevolução de uma espécie ancestral.

5. Durante os dias do dilúvio, com pouca luz e temperatura mais baixa na arca, é possível que muitos dos animais tenham hibernado, o que facilitaria o trabalho de alimentá-los. Assim, é possível que muito do alimento estocado (sementes, frutas secas e feno, suponho) tenha sobrado para alimentá-los durante algum tempo após a inundação. É bom lembrar também que a arca somente foi aberta quando a terra já estava seca e que havia plantas brotando mesmo antes disso (a pomba com o ramo de oliveira atesta isso). Leões muito provavelmente não comiam zebras nessa época (pelo que indicam pesquisas recentes, a maioria dos dinossauros tidos como carnívoros também eram vegetarianos).

6. Na verdade, fósseis marinhos em áreas continentais e em montanhas são encontrados em todo o mundo. Grande parte dos sedimentos continentais são de origem marinha, conforme referências presentes em meu livro A História da Vida.

7. Criacionistas e evolucionistas se valem igualmente do método científico. A diferença está na filosofia ou cosmovisão por trás dos modelos: enquanto os criacionistas aceitam a historicidade do relato bíblico de Gênesis, os evolucionistas se pautam pelo naturalismo filosófico.

Michelson Borges

O Dilúvio Universal e suas Implicações  DiluvioAproveito o fato de ter recebido alguns e-mails nos últimos dias com questionamentos sobre o Criacionismo, e relembro um excelente e prático questionário sobre o dilúvio, o qual responde a perguntas que muitos devem se fazer.

Fonte: Sociedade Criacionista Brasileira


1. De onde veio e para onde foi a água do dilúvio?
Os oceanos contêm água suficiente para cobrir a Terra. Se a superfície da Terra fosse perfeitamente plana, sem montanhas ou bacias oceânicas, ela seria coberta por uma camada de água com 3 km de profundidade [1]. Há água suficiente para inundar a Terra. Antes do dilúvio, certa quantidade de água estava provavelmente nos mares, certa quantidade na atmosfera e uma quantidade desconhecida de água poderia ser subterrânea. A maior parte da água está agora em bacias oceânicas. É possível que mais água tenha sido acrescentada durante o dilúvio pela colisão de um ou mais cometas, que podem ser compostos em grande parte de água.

2. Como o dilúvio pôde encobrir o Monte Everest?
Durante o dilúvio, a área onde está agora o Monte Everest era uma bacia na qual sedimentos estavam se acumulando. Isto é mostrado pela presença de fósseis marinhos no Monte Everest [2]. Após o soterramento dos fósseis, atividades catastróficas elevaram os sedimentos a uma altura bem acima de sua posição anterior, formando as montanhas do Himalaia. A maioria das montanhas atuais pode ter-se formado de maneira semelhante, durante o dilúvio ou logo após.

3. Como a Terra poderia ser destruída por 40 dias e 40 noites de chuva?
O dilúvio não consistiu apenas de 40 dias de chuva. As águas do dilúvio aparentemente não começaram a diminuir antes de 150 dias (Gênesis 7:24). Outros 150 dias se passaram antes que a arca pousasse (Gênesis 8:3, 4). Dez meses de inundação contínua provavelmente seriam capazes de produzir grandes mudanças geológicas na superfície da Terra. Em regiões mais distantes do ponto em que a arca pousou, o dilúvio pode ter durado bem mais do que um ano.

A água não foi o único agente envolvido na catástrofe mundial. As camadas fósseis contêm mais de 100 crateras formadas por impactos de objetos extraterrestres tais como asteróides, meteoritos e cometas [3]. A crosta terrestre passou por grandes modificações durante o dilúvio. Sem dúvida, a chuva teve um papel importante, mas houve muito mais do que chuva na catástrofe conhecida como o dilúvio.

4. Como sabemos que o dilúvio foi mundial? Ele não poderia ter sido restrito a algum lugar do Oriente Médio?
Jesus usou o dilúvio como um exemplo do julgamento universal (Mateus 24:37-38). Pedro confirma que apenas oito pessoas foram salvas (II Pedro 2:5).

As expressões do texto de Gênesis parecem inconsistentes com um dilúvio local [4]. A linguagem é o mais universal possível: "... e cobriram todos os altos montes que havia debaixo do céu;" Gênesis 7:19. Se a água cobriu os altos montes, iria também cobrir as regiões mais baixas. Como o propósito de Deus era destruir todos os seres humanos (Gênesis 6:7), o dilúvio deveria necessariamente ter-se estendido pelo menos a todas regiões habitadas por seres humanos. Além do mais, Deus prometeu que nunca mais ocorreria outro dilúvio como aquele (Gênesis 9:11, Isaías 54:9), como simbolizado pelo arco-íris (Gênesis 9:13-17). Tem havido muitas inundações locais bastante destrutivas, que literalmente varreram muitas pessoas. O arco-íris é visto em todo mundo, indicando que a promessa se aplica a todo mundo. O dilúvio do Gênesis deve ter envolvido um nível de atividade diferente de qualquer coisa vista desde então.

Se o dilúvio foi local, a história bíblica do dilúvio não faz sentido. Não haveria necessidade de uma arca para salvar Noé e seus animais. Noé poderia ter migrado com seus animais para outra região para evitar o dilúvio local.

Alguns têm afirmado que a presença de uma camada de barro em algumas partes do vale da Mesopotâmia é uma evidência de um dilúvio local. Entretanto, esta camada de barro é encontrada apenas em algumas das cidades. Sem dúvida, a região foi inundada alguma vez, mas isto não tem nada a ver com o dilúvio dos tempos de Noé relatado em Gênesis.

5. Que problemas não resolvidos sobre o dilúvio são de maior preocupação?
Como um evento catastrófico conseguiu produzir a seqüência ordenada de fósseis que é observada? Por que os fósseis na parte inferior da coluna geológica parecem tão diferentes de qualquer coisa viva atualmente, enquanto os fósseis na parte superior da coluna são mais semelhantes às espécies que vivem agora? Por que alguns fósseis se apresentam numa série morfológica que se ajusta, de um modo geral, com a teoria da evolução? Como as plantas e animais chegaram ao local onde agora estão após o dilúvio?

Notas para as perguntas sobre o dilúvio

Sugerimos aos interessados em mais detalhes sobre o Dilúvio a leitura do livro publicado pela SCB intitulado “Uma breve história da Terra”, de autoria do geólogo criacionista Dr. Nahor Neves de Souza Júnior.

1. Dubach H. W., Taber R. W. 1968. "Questions about the oceans". Publication G13. Washington DC: U.S. Naval Oceanographic Office, p 35.

2. Odell N. E. 1967. "The highest fossils in the world". Geological Magazine 104(1):73-74.

3. (a) Grieve R. A .F. 1987. "Terrestrial impact structures". Annual Review of Earth and Planetary Sciences 15:245-270; (b) Grieve R. A .F. 1990. "Impact cratering on the Earth". Scientific American 262(4):66-73; (c) Lewis F. S. 1996. "Rain of iron and ice". NY: Helix Books, Addison-Wesley Publishing; (d) Gibson L. J. 1990. "A catastrophe with an impact". Origins 17:38-47.

4. (a) Hasel G. F. 1975. "The biblical view of the extent of the flood". Origins 2:77-95; (b) Hasel G. F. 1978. "Some issues regarding the nature and universality of the Genesis flood narrative". Origins 5:83-98; (c) Davidson R. M. 1995. "Biblical evidence for the universality of the Genesis Flood". Origins 22:58-73.
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