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Análise da filosofia de Bertrand Russell

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06022010

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Análise da filosofia de Bertrand Russell Empty Análise da filosofia de Bertrand Russell




Análise de algumas citações de Bertrand Russell

Alguns neo ateus afirmam que se você acha Richard Dawkins radical, é só consultar a fonte, que seria Bertrand Russell, para ver visões semelhantes mas com menos radicalismo.

Seja lá como for, o blog Bule Voador, da LiHS, neo ateísta até a medula, divulgou algumas citações de Bertrand Russell (parece que eles estão comemorando os 40
anos da morte dele).

E o nível (ao menos dessas citações) é similar ao de Dawkins, ou seja, nenhum. É sempre a mesma conversinha, misturada com induções PNL, auto-ajuda, erística, distorções e falácias. Não há um traço de racionalidade, ao menos nesses itens cá citados.

Citação 1: “Acredito que quando morrer apodrecerei e nada do meu ego sobreviverá.[1] Não sou jovem e amo a vida. Mas desdenharia estremecer de pavor diante do pensamento da aniquilação. A felicidade não deixa de ser verdadeira porque deve necessariamente chegar a um fim; tampouco o pensamento e o amor perdem seu valor por não serem eternos. [2] Muitos homens preservam o orgulho ante o cadafalso; decerto o mesmo orgulho deveria nos ensinar a pensar verdadeiramente sobre o lugar do homem no mundo. [3] Ainda que as janelas abertas da ciência a princípio nos façam tiritar, depois do tépido e confortável ambiente familiar de nossos mitos humanizadores tradicionais, ao fim o ar puro nos confere vitalidade, e ademais os grandes espaços têm seu próprio esplendor.” [4] (What I Believe [No que acredito] – 1925.)
1 – Aqui, ao invés de usar o ceticismo, ele afirma uma certeza. Não há questionamento, e sim uma fé na idéia de que nada do ego dele sobreviverá.
2 – Estranho, pois agora ele duela com um inimigo imaginário, no caso um religioso que teria afirmado que felicidade seria falsa ou que pensamento e amor não teriam valor caso não fossem eternos. Em suma, ele viajou na maionese.
3 – Notaram o raciocínio de guru? Ele e a turma dele pensam “verdadeiramente” sobre o lugar do homem no mundo. Argumentos para isso? Nenhum.
4 – Isso aqui não passa de um conjunto de frases de efeito, totalmente emocionais, mas sem dizer nada de concreto.

Citação 2: “Toda infelicidade depende de algum tipo de desintegração ou falta de integração; há desintegração interna do eu através da falta de coordenação entre a mente consciente e a mente inconsciente; há falta de integração entre o eu e a sociedade quando ambos não se unem pela força de interesses objetivos e afeições em comum.[1] O homem feliz é aquele que não sofre de qualquer uma dessas falhas de unicidade, cuja personalidade não é nem dividida contra si mesma nem atirada contra o mundo. [2] Tal homem sente-se um cidadão do universo, desfrutando livremente o espetáculo que o universo oferece e as alegrias que proporciona, imperturbável pelo pensamento da morte porque não se sente realmente separado daqueles que virão depois de si. [3] É nesta profunda união instintiva com a fluxo da vida que a maior felicidade é encontrada. [4]” (The Conquest of Happiness [A Conquista da Felicidade] – 1930.)
1 – Estranho, pois para alguém faminto, a felicidade é um pedaço de pão com presunto e queijo, por exemplo. Alguém poderia dizer que isso é felicidade momentânea, e não felicidade “global”. Tudo bem, só que neste caso ele cria um novo conceito de infelicidade, que envolve, por exemplo, gostar de algo que a maioria não gosta.
2 – A definição de “homem feliz” dele é uma das coisas mais ridículas e simplórias possíveis. Dá no mesmo que dizer que o homem feliz é aquele que não sofre de apreços desajustados por itens não-objetivamente avaliados e não-definidos por consenso. Claro que o que eu disse foi apenas uma frase inventada de última hora, nonsense, mas tem a mesma valia argumentativa que a de Russell.
3 – Notaram aqui a despersonalização do indivíduo? Claro fruto das ideologias marxistas que ele amava.
4 – Ele se contenta com pouco na hora de definir aonde será encontrada a maior felicidade. Talvez dizer coisas como essa seja a maior felicidade para ele.

Citação 3: “Algumas pessoas idosas se afligem com o medo da morte. Nos jovens há uma justificativa para este sentimento. Rapazes que têm motivos para temer que serão mortos em batalha podem justificavelmente padecer no pensamento de que foram privados das melhores coisas que a vida pode oferecer. Mas num homem idoso que conheceu as alegrias e mágoas humanas, e que atingiu alguma obra que estivesse propenso a realizar, o medo da morte é algo abjeto e ignóbil. A melhor maneira de superá-lo – ao menos assim me parece ser – é tornar seus interesses gradualmente cada vez mais amplos e mais impessoais, até que pouco a pouco os muros do ego se afastem, e sua vida se torne crescentemente fundida à vida universal.
A existência de um indivíduo deve ser como um rio – pequeno no começo, estreitamente contido em suas margens, e correndo apaixonadamente através de pedregulhos e quedas. Gradualmente o rio se alarga, as margens se afastam, as águas correm mais calmas, e no fim, sem uma quebra visível, as águas misturam-se com o mar; e sem dor perdem sua individualidade. O homem que, na idade avançada, pode ver sua vida dessa forma, não sofrerá com o medo da morte, pois o que é importante para ele continuará.
E se, enquanto a vitalidade decai, o cansaço cresce, a ideia de descansar será bem-vinda. Devo desejar morrer enquanto ainda trabalho, sabendo que outros continuarão o que não mais posso fazer, e satisfeito com o pensamento de que o que era possível foi feito.”
(How to Grow Old [Como Envelhecer], em Portraits From Memory And Other Essays [Retratos da Memória e Outros Ensaios] – 1956.)
Aqui é puramente discurso de auto-ajuda, sem validade argumentativa.

Citação 4: “Não são argumentos racionais, mas emoções, que causam a crença numa vida futura [após a morte]. [1] A mais importante dessas emoções é o medo da morte, que é instintivo e biologicamente útil. [2] Se nós acreditássemos genuina e sinceramente na vida futura, deveríamos parar completamente de ter medo da morte. [3] Os efeitos seriam curiosos, e provavelmente seriam tais que a maioria de nós deploraria. Mas nossos ancestrais humanos e sub-humanos lutaram e exterminaram seus inimigos através de muitas eras geológicas e foram beneficiados pela coragem; é portanto uma vantagem para os vencedores da luta pela existência a capacidade de ocasionalmente superar o medo natural da morte. [4] Entre animais e selvagens, a belicosidade instintiva é suficiente para este propósito; mas num certo estágio de desenvolvimento, como os maometanos provaram pela primeira vez, a crença no Paraíso tem valor militar considerável para reforçar a belicosidade natural. [5] Devemos, portanto, admitir que os militaristas são sábios ao encorajar a crença na imortalidade, sempre supondo que esta crença não se torne tão profunda ao ponto de produzir indiferença para com as questões mundanas.”[6] (Do We Survive Death? [Sobrevivemos à Morte?] em Why I Am Not a Christian [Por que não sou cristão] – 1957.)
1 – Não deixa de ser divertido ver um ateu dizendo os MOTIVOS pelos quais existiria a crença na vida após a morte. O difícil, claro, é ele conseguir provar.
2 – Engraçado é que cientificamente ele está distante de provar isso.
3 – Esse é um erro que nem o Richard Dawkins cometeu. Dawkins lembrou que alguém, mesmo que acredite na vida após a morte, pode ter medo da sensação de morrer. Russell não aventa nem essa possibilidade.
4 – Detalhe que ele não provou que os que acreditam em crença numa vida após a morte teriam mais medo da morte que ele.
5 – Como sempre, alegação sem evidências. Mas deu para notar de onde Dawkins tirou as idéias para praticamente dizer que para ser homem bomba é preciso ser religioso.
6 – Isso é o estratagema do falso motivo. Ele inventa que os militares encorajam a crença na imortalidade, para se aproveitarem dos soldados. O problema é que a tese mostrando que religiosos possuem medo da morte quebra essa alegação do Russell.

Citação 5: “Desejo que meu corpo seja cremado e que minhas cinzas sejam espalhadas e desejo que não haja qualquer cerimônia fúnebre.”
(Testamento datado de 18 de novembro de 1966.)
Estranho é isso ter sido mencionado como uma “citação” relevante lá no Bule Voador. Pergunta: qual a relevância dessa citação?

Citação 6: “Contaram-me [1] que os chineses disseram que me enterrariam próximo ao Lago Ocidental e construiriam um templo em memória a mim. Tenho um leve arrependimento de que isto não tenha acontecido [2], pois eu poderia ter me tornado um deus [3], o que teria sido muito chique para um ateu.” (The Autobiography of Bertrand Russell [A Autobiografia de Bertrand Russell] – 1968.)
1 – Engraçado é que um pessoal “contou” a ele… e ele ACREDITOU!
2 – Ele não tem do que se arrepender, pois é uma história anedota. Além do mais, é um ato feito por outros, e não ele. Ninguém se arrepende por atos de terceiros…
3 – Ou seja, templo em memória de alguém elevaria esse alguém à condição de Deus. Isso é coisa que um intelectual escreva?
4 – Ué, Deus seria chique? Hm, Dawkins não teria aprovado essa.

Citação 7: “É duro ter que deixar este belo mundo.” (Janeiro de 1970, poucas semanas antes de morrer.)
Quer dizer, para Russell ter medo da morte não pode, mas ter pesar por deixar o “belo mundo” pode.
Agravante: Mesmo recheado de frases de efeito, argumentos esdrúxulos, auto-ajuda para domésticas e crenças cegas, a totalidade dos participantes do Bule Voador afirmou que as declarações de Russell são IRRETOCÁVEIS (ou coisa do tipo). Sinal de que senso crítico anda em falta para os neo ateus. Mais um motivo para a tese apontada aqui neste blog, que diz que para aceitar o neo ateísmo, deve-se jogar o ceticismo na lata do lixo. Russel, aliás, pode ser tudo, menos um cético.


Última edição por Ronaldo em Qua Fev 10, 2010 10:13 pm, editado 1 vez(es)
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Análise da filosofia de Bertrand Russell :: Comentários

Carlstadt

Mensagem Seg Fev 08, 2010 6:52 pm por Carlstadt

A ausência de senso crítico dos dawkinistas na avaliação de Russell

]

Em homenagem aos 40 anos da morte de Bertrand Russell, o blog da LiHS, Bule Voador, segue com manifestações de idolatria (injustificada) em relação a ele. A última delas foi postar um vídeo mostrando uma declaração de Russell à uma jornalista, em 1959.
Segue uma análise cética do vídeo:
0:19 – Russell responde que “não vê” nenhuma evidência para os dogmas cristãos. Evidentemente é uma falácia da incredulidade pessoal. Obviamente, a pergunta foi “Por que você não é cristão?”, portanto há um atenuante para Russell. Nos próximos pontos, não há atenuante algum.
0:22 - Ele disse que “examinou todos os argumentos disponíveis” para a existência de Deus, o que é evidência anedota. Ele conclui dizendo que “nenhum deles” parece ser logicamente válido para ele. Aqui, a falta de especificação é suficiente para comprometer seu discurso.
0:38 – Ele afirma que NÃO PODE (friso no “Não pode”) “haver razão prática para acreditar no que não é verdade”, no caso a existência de Deus. Se ele afirma que não é verdade, então ele está certo da inexistência de Deus. Dessa forma, caberia a ele provar a inexistência (lembremos: o ônus da prova é do alegador).
0:46 - Ele ainda diz “se é verdade, você deve acreditar, se não é você não deve”, concluindo com “se você não pode descobrir se é verdade ou não, você deve suspender o juízo”, mas ele entra em contradição com que disse na declaração anterior, em que ele afirma que não se pode acreditar no que NÃO É verdade. Portanto, ele não suspendeu juízo algum. Notem que não é preciso menos que 1 minuto de prosa para ele se complicar.
1:07 – Ele diz que é desonestidade intelectual “ter uma crença por que pensa que ela é útil e não porque pensa que é verdadeira”. Nisso eu concordo com ele. O problema é que o paradigma de Russell é completamente sustentado pelo paradigma de Epicuro, que defende que as crenças devam ser aceitas por conveniência, e não por seu valor de verdade. Russell não estava particularmente bem nesse dia ou ele era sempre ilógico assim? Aposto na segunda opção.
1:26 – Quando a jornalista lhe pergunta a respeito de alguns cristãos que acham que não existiria código de conduta sem a religião, Russell diz: “Essas regras são geralmente equivocadas, e muitas vezes fazem mais mal do que bem”. Novamente, ele é falho por não ser específico em quais equívocos, embora possamos suspeitar que é basicamente a chorumela que Dawkins tentou. Clique aqui para ver as refutações de Dawkins a argumentos para a existência de Deus (são os itens 3.1 a 3.7 das refutações a “Deus, Um Delírio”).
1:39 – Russell prossegue dizendo que as pessoas “provavelmente conseguiriam uma moralidade racional pela qual viver, se abandonassem essas moralidade irracionais e tradicionais de tabu que vieram de eras selvagens”. Mais uma afirmação sem evidências, naturalmente, e uma teoria que é falseada com o exemplo de países que fizeram o “abandono” de tal moralidade (ex. Rússia, China).
1:58 – Que a repórter é burra demais, e quase retardada, isso muitos concordariam, pois ela diz que as pessoas “precisam ter algo externo que seja imposto sobre elas”, e sem isso não teriam tanta “força moral” quanto Russell. Ou seja, ela assume que as besteiras de Russell são válidas. O engraçado é quando ele diz: “não acho que isso seja verdade, o que é imposto externamente não tem nenhum valor, não conta”. Divertido, pois quando entramos em uma organização, existem várias regras impostas externamente a nós. Se formos viver no paradigma de Russell, simplesmente não sobreviveríamos em organização alguma. Detalhes…
2:15 – Quando perguntado sobre quando ele decidiu não mais ser um religioso, ele segue: “Eu nunca decidi que não queria continuar um crente. Eu decidi, entre 15 e 18 anos de idade, gastar quase todo o meu tempo livre pensando sobre os dogmas cristãos e tentando descobrir se havia razão para acreditar neles. E quando eu tinha 18 anos eu descartei o último deles.”, O duro é que ele não conseguiu especificar nenhum. Curiosamente, os “argumentos” que Russell diz ter descartado eram apenas versões espantalho (como os que referenciei acima, na versão de Dawkins), o que provavelmente sugere outro fator para o descarte (ex. marxismo). O marxista assume, a princípio, que a religião é má, e depois sairá difamando-a e inventando versões espantalhos da mesma para negar tais espantalhos. Há fortes evidências de tal postura de Russell, inclusive quando ele assumiu militância esquerdista e de anti-americanismo.
2:40 – Quando perguntado sobre se o ateísmo lhe traria mais “força” (confesso que foi uma pergunta idiota da repórter), ele diz “estava apenas engajado na busca do conhecimento”, mas isso é uma declaração que serve para qualquer coisa. Qualquer um pode dizer que “buscou conhecimento”, só que isso não torna a alegação verdadeira.
3:22 – A repórter pergunta-lhe sobre ateus e agnósticos que se converteram no leito de morte. Ele diz: “Bem, não é nem um pouco tão frequente quanto pensam os religiosos, porque os religiosos, a maioria deles, pensam que é um ato virtuoso mentir sobre os leitos de morte dos agnósticos e etc. Na verdade, não acontece com tanta frequência”. Como sempre, só sandices, pois ele não mencionou a “frequência” para definir que seria menor do que a frequência apontada por alguns relgiosos, que ele define como “maioria”, mas não atribui novamente o número. E mesmo que alguns religiosos estivessem enganados quanto a isso, raramente eles afirmam que é uma virtude mentir. Ele assume que se alguém deu uma informação falsa, que automaticamente essa pessoa assume que é uma “virtude” executar uma mentira, o que é uma ampliação indevida grotesca dele.
Três análises foram feitas para avaliar o senso crítico de neo ateus. A primeira foi na comunidade do Orkut “Richard Dawkins Brasil”, do Orkut, em que todas as amostras pós-publicação endossaram o vídeo por completo, mesmo com todos os erros lógicos demonstrados acima. As duas outras análises foram feitas utilizando-se da seção de comentários do blog da LiHS, Bule Voador.
Avaliação 1 – Testemunhos na comunidade “Richard Dawkins Brasil”
Na “Richard Dawkins Brasil”, os 7 “ratos de laboratório”, neste experimento, deram sua declaração:

  • Juarez: “Valeu pelo vídeo. Que o Grande Bule de Chá te abençoe.”
  • Renato: “Aplausos para o grande herege!”
  • Adriana: “Sereno, tranquilo, seguro…Ele, nesse vídeo, é um exemplo do que a velhice (maturidade, como gostam hoje) deveria ser para todos. Um período de servir de exemplo, de ser referência, de ser porto. Não um período de “aproveitar o que não aproveitei”, de “a idade está na cabeça” e outras fugas que alguns utilizam quando se veem velhos e vazios… (Viajei!!!).”
  • William: “Aplausos para o grande herege! [2] Esse foi o cara.”
  • Roberto: “”Aplausos para o grande herege!”[3]“
  • Vinícius: “Um dos melhores conjuntos de todos os conjuntos que se contêm a si próprios como membro.”
  • Avelino: “Uma aula de consciência e razão.”

Resultado: 100% de aprovação.
Avaliação 2 – Testemunhos no blog da LiHS, Bule Voador

Conforme pode ser visto nesta matéria deles (onde o vídeo foi citado a primeira vez), seguem os testemunhos dos adeptos, na seção de comentários:

  • Marcelo Druyan: “Show de bola!”
  • Raphael Bastos: “Fantástico!”
  • Catupiry: “Video sensacional. Conversão de ateus no leito de morte é uma mentira que os religiosos adoram contar uhauhahuahuahua”
  • Francisco Maxilimiano da Silva: “Russel mandou bem! Mas para os convictos (fazer o que) ele deve ter falado grego. A entrevistadora (não sei se inferi corretamente) me pareceu estranhar, não aceitar de todo, ou não compreender os argumentos de Russel. Mas enfim, posso estar enganado.”
  • D. Prado: “Valeu Bule!!! Adorei o Vídeo”
  • Gerson B.: “Lógica simples e elegante! Valeu!”
  • A. Rodrigues: “A propósito da conversão na hora da morte: Um ateu estava agonizando e a esposa, que era evangélica, mandou chamar um pastor evangélico para o confortar na morte. Então ele pediu que chamassem também um padre católico e queria um de cada lado da cama. Quando estavam os dois, um de cada lado, o homem disse: “Agora sim já posso morrer, como morreu Jesus Cristo, entre dois ladrões.”

Resultado: 100% de aprovação.
Avaliação 3 – Testemunhos no blog da LiHS, Bule Voador, a respeito de um texto similar
Como se as duas amostras acima não fossem suficientes, vocês se lembram do texto anterior (publicado aqui), que mostrava várias babadas de Russell? No blog Bule Voador, também ocorreu apoio unânime.

  • Marcelo Druyan: “Fantástico!”
  • catupiry: “Eu preciso ler mais Russell… To com o “Ensaios Céticos” e “No que Acredito” em casa. Acho que começo hoje.”
  • José Netto: “Fantástico! [2]“
  • Junior: “Ótimo artigo. Vou procurar mais sobre Russel.”
  • Homero: “Obrigado ao Bule por lembrar deste que foi um de meus ídolos na juventude (na verdade ainda é, claro, mas comecei a ter contato com as idéias dele muito tempo atrás). Uma mente poderosa, e um ser humano fantástico. Parabéns..:-)”
  • jorge: “ESSE É O CARA!”

Resultado: 100% de aprovação.
Conclusão
Mesmo que seja um texto completamente irracional (assim como o vídeo), recheado de falácias, evidências anedota, distorções e erística, o neo ateu irá aceitar o texto sem qualquer senso crítico. Isso ajuda a refutar a idéia que eles inventaram, de que o religioso aceita as coisas sem questionamento. Pelo contrário, há religiosos que criticam os religiosos radicais e fundamentalistas, e até falaciosos. Entre os ateus, é possível que exista algum deles que critique textos irracionais de Richard Dawkins, Bertrand Russell e patota. Entretanto, entre os neo ateus, como todas as amostragens evidenciaram, NÃO HÁ nenhum senso crítico deles para o aceite de idéias, como foi visto em 100% das amostras. O que gente como Russell e Dawkins disser, para eles, receberá apoio irrestrito. Não deixa de ser irônico ver que, em momentos que eles alegam serem os “portadores da razão”, temos exemplos de que eles agem instintivamente, sem nenhum traço de racionalidade. É muito mais fácil, usando de retórica e PNL, enganar um neo ateu do que enganar um religioso.

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Carlstadt

Mensagem Qua Fev 10, 2010 10:12 pm por Carlstadt

Ceticismo e racionalidade na demolição da ilusão neo-ateísta

Como a idolatria a Bertrant Russell pode levar a efeitos colaterais


Análise da filosofia de Bertrand Russell Brussell

Uma coisa que não é difícil para qualquer religioso que tenha compreendido a religião a fundo é se acostumar com a idéia de que pessoas não devem ser idolatradas.
Eu aprendi que, desde que eu idolatre a Deus, eu não preciso idolatrar pessoa alguma.
Isso nos torna mais céticos e evita que nos decepcionemos, depositando falsas esperanças em outrém.
Por exemplo, entre autores que eu costumo ler está Olavo de Carvalho, mas nem de longe eu concordo com tudo que ele escreve. Outro que citei há tempos é Robert Anton Wilson, mas atualmente gosto de apenas uma parte ínfima do que ele escreveu. E assim por diante…
Nenhum intelectual vivo ou morto merecerá, portanto, minha idolatria.
Entretanto, para quem tem um sistema de pensamento oposto, apto a idolatrar pessoas, deve ser difícil ver um de seus ídolos desmascarado.
Entendo, portanto, como Aurélio deve ter se sentido ao ler um texto meu de refutação a Bertrand Russell. Eu simplesmente atingi o seu ídolo. Como ele não está preparado para viver sem um ídolo, reage como se tivesse sido ofendido.
A reação de Aurélio ao meu texto “A ausência de senso críticos dos dawkinistas na avaliação de Bertrand Russell” foi completamente desproporcional e imatura. A começar pelo título, notem:


Ataques ineptos e desonestos a Bertrand Russell
O engraçado é que o julgamento de “inépcia” dele foi completamente subjetivo, como mostrarei mais a frente. Todas as tentativas dele me acusar de desonestidade intelectual irão, também, pelo ralo. Mas nada é pior do que ele usar a terminologia pueril “ataque a Bertrand Russell”. Oras, eu não fiz ataque a Russell, mas sim aos argumentos dele.
Vamos então ao “caso” de Aurélio.
Acusação 1 de Desonestidade
Afirma Aurélio que eu teria “selecionado” ou “picotado” trechos de períodos completos, tornando-os isolados do contexto.
Ele corretamente diz que a resposta completa de Russell à questão “Por que você não é um cristão?” é “Porque eu não vejo nenhuma evidência para os dogmas cristãos. Eu examinei todos os argumentos disponíveis em favor da existência de Deus e nenhum deles me parece ser logicamente válido.”. O problema é que em momento algum eu disse que a resposta de Russell havia sido diferente disso.
A acusação de que eu teria desonestamente separado a expressão “não vejo evidência” do resto, para então acusa-lo da falácia de incredulidade, não se justifica, pois QUALQUER SENTENÇA que inclua tal tipo de expressão (ex. “não vi”, “não encontrei”, “não acredito”, etc.), no contexto de histórias pessoais na tentativa de provar um ponto, implica em uma falácia da incredulidade pessoal.
Aurélio ainda diz que Russell DEMONSTROU a razão pela qual não crê em Deus, e portanto isso implica em inexistência da falácia da incredulidade. Obviamente, uma conclusão falsa de Aurélio.
Aurélio confunde dizer que tem uma razão com DEMONSTRAR essa razão. Aurélio confunde dizer que estudou todos os argumentos com efetivamente TER ESTUDADO todos os argumentos.
Não há como escapar: Russell cometeu falácia da incredulidade, pois não demonstrou a razão pela qual não crê em Deus. Russell apenas DISSE que tinha uma razão, assim como poderia ter dito que viu isso em uma bola de cristal. Ambas são alegações subjetivas, e, portanto, qualificam a falácia da incredulidade, e, principalmente, evidência anedota.
Acusação 2 de Desonestidade
Aurélio diz que minha crítica “ignora a forma do discurso de Russell, realizado em uma entrevista não direcionada a especialistas de lógica formal, metafísica e teologia, mas sim para o público em geral”.
Não, minha crítica não ignora nada disso. Na verdade, minha crítica não faz JUÍZO DE VALOR a respeito disso.
Mas já que ele comentou a respeito, eu devo dizer que me solidarizo com qualquer idéia que afirme que a participação de um filósofo em entrevistas de 4 minutos normalmente não faria justiça às idéias de qualquer pensador, pois tais idéias geralmente são complexas em termos de exposição. O detalhe é que ninguém obrigou Russell a ir ao programa. Se ele foi lá, ele era maior de idade para saber dos riscos de não conseguir se expressar com todo o detalhamento necessário.
Sendo assim, a minha crítica, de que a ausência de especificação prejudica Russell, é algo que Aurélio não conseguiu refutar.
Aurélio ainda afirma: “Luciano, portanto, perde o senso de ridículo ao dar a entender que Russell pelo menos especificasse de quais argumentos ele rejeitou em uma entrevista de pouco mais de 3 minutos, de modo algum uma entrevista técnica, mas informal. Eu me pergunto se tal atrocidade é falta de técnica ou pura má fé.”
Na verdade, quem perde o senso de ridículo é Aurélio, ao não perceber que ele no máximo JUSTIFICOU os problemas vistos na entrevista de Russell (no caso, pouco tempo para a entrevista).
De novo, eu até entendo a justificação, mas isso não salva a argumentação de Russell.
Na próxima acusação, Aurélio diz que eu “ignoro” a trajetória intelectual de Bertrand Russell, o que, conforme mostrarei, é um red herring da parte dele.
Acusação 3 de Desonestidade
Aurélio insiste que eu não deveria ter rotulado a declaração de Russell (de que ele teria estudado os argumentos) como evidência anedota.
Sinto desapontar Aurélio, mas ele precisa estudar um pouco mais de ceticismo em debates e muito mais de argumentação lógica.
Para demonstrar isso, vamos avaliar algumas, mas não todas, possibilidades:
(a) Russell pode não ter conhecido argumento algum, e mentiu
(b) Russell pode ter estudado a fundo e seriamente todos os argumentos
(c) Russell pode ter trabalhado apenas com versões espantalho dos argumentos que alega estudar
Das hipóteses acima, todas são possíveis, embora (b) e (c) sejam mais fortes que (a). Explico: a hipótese (a) é refutada pelo fato de que ao menos Russell transcreveu os argumentos, então ao menos um pouquinho ele conhecia.
De qualquer forma, quando Russell afirma (b), obviamente temos aqui uma evidência anedota. Precisaríamos ter FÉ em Russell para acreditar que a resposta definitivamente é (b).
Sendo assim, não adianta Aurélio escrever sobre o passado de Russell em filosofia, e até na questão de críticas à religião, que isso ainda NÃO RETIRA dele a pecha de evidência anedota.
Mais ainda: quando Aurélio afirma que eu possuo “ignorância e amadorismo” a respeito de Russell, é ele quem pratica mais uma falácia: no caso a falácia da credulidade pessoal. Aurélio provavelmente imagina que eu desconheça a obra de Russell na questão anti-religião, e desata a proclamar sua crença, sem o menor traço de ceticismo.
O problema é que este não foi o primeiro texto de refutação a Russell. Há não só “Pérolas da LiHS 2 – As babadas de Russell” como também a técnica “Bule de Russell”. Ademais, até mesmo o texto que ele afirma criticar tinha como sua parte mais importante não o comentário do vídeo, mas a reação de crença cega demonstrada e evidenciada em fãs de Dawkins, na análise do material de Russell, de forma idólatra.
Eu realmente acredito que Russell no passado já criticou argumentos sobre a existência de Deus, mas isso não prova que ele estudou a fundo tais argumentos. Ele poderia, como mostrei, ter trabalhado com versões espantalho dos argumentos. Qualquer tentativa de Russell em vencer a argumentação dizendo que “estudou tais argumentos” é apenas evidência anedota, goste Aurélio disso ou não.
Outro argumento terrivelmente ruim apresentado por Aurélio é o seguinte: “Temos então uma de suas obras mais famosas: História da Filosofia Ocidental, que colocou-o numa posição considerável de historiador da filosofia e de sucesso em vendas.Numa obra como essas, não é preciso ser muito inteligente para perceber que o escritor deve conhecer todo o arcabouço metafísico ocidental, ou seja, todos os argumentos a favor e contra a existência de Deus. Russell comenta todos, seja em Platão, Aristóteles, Epicuro, Agostinho, Boécio, Anselmo, Sto. Tomás, Scot, Descartes, Leibniz, Kant e Hegel. Não é preciso mais comentários: Russell reexamina os argumentos e os comenta, demonstrando sua posição já na idade madura.”
Em relação a isso, Aurélio vocifera: ” Temos aqui, por conseguinte, o zênite do amadorismo, ignorância e desonestidade intelectual de Luciano: alguém que desconhece por completo o legado russelliano e suas críticas aos argumentos.”
Ou seja, uma calamidade argumentativa em todos os níveis, já que:
(a) escrever um livro de história da filosofia ocidental não implica que alguém tenha estudado a fundo os argumentos sobre a existência de Deus
(b) não é também preciso conhecer profundamente todo o arcabouço metafísico ocidental, pois livros de “história da filosofia” são geralmente bastante genéricos
(c) nada impede que alguém que só trabalhe com falácias do espantalho sobre argumentos da existência de Deus escreva uma obra assim
Dessa forma, quando Aurélio afirma que eu “desconheço” o “legado russelliano” e suas “críticas aos argumentos” é apenas uma saída pela tangente dele, mas em que momento algum comprova que eu realmente desconheça as críticas de Russell aos argumentos.
Mais curioso ainda é quando ele comenta o debate de Russell com o padre Copleston. Aurélio, novamente exaltado, diz: “Luciano não sabe nada disso, e é duvidoso que queira saber.”
Sinto de novo desapontar Aurélio, pois eu conheço tal debate, e a tradução do mesmo está nos planos deste blog. [N.E. - Agradeço ao Francisco Razzo pelo envio]
Aurélio conclui essa terceira acusação dizendo que eu não teria “o direito de julgar “anedota” algo que Russell o fez por mais de 70 anos em vida”
Pelo contrário: eu não só tenho o direito, como o dever, em nome da lógica, de mostrar que qualquer declaração de “eu estudei isso a fundo, e portanto posso afirmar” é uma evidência anedota, venha de quem vier. Na questão de Russell, no entanto, a suspeita de fraude é ainda mais forte.
Vejam, por exemplo, a evidência a seguir.
Evidência: As “críticas” de Russell à causa primeira
No livro “Por que não sou cristão”, Russell diz que esse argumento é o “mais simples” de ser entendido.
Engraçado, pois ele comete um erro imperdoável, que é dizer o seguinte, citando John Stuart Mill: “Meu pai ensinou-me que a pergunta ‘Quem me fez?’ não pode ser respondida, já que sugere imediatamente a pergunta imediata: ‘Quem fez Deus?’” Essa simples sentença me mostrou, como ainda hoje penso, a falácia do argumento da Causa Primeira. “
Não é preciso ir muito distante para notar que William Lane Craig esmagou uma tentativa de Dawkins extremamente parecida com a de Russell.
Outro erro é quando Russell afirma “Se tudo tem de ter uma causa, então Deus deve ter uma causa”, entrando em contradição com ele próprio, que anteriormente interpretou o agumento assim: “Afirma-se que tudo o que vemos neste mundo tem uma causa e que, se retrocedermos cada vez mais na cadeia de tais causas, acabaremos por chegar a uma Causa Primeira, e que a essa Causa Primeira se dá o nome de Deus).”
Esperem… de uma hora para outra Russell substitui “tudo que vemos” por “tudo” assim, sem mais nem menos?
É claramente uma estratégia de manipulação semântica, que beira o amadorismo.
Enfim, essa evidência mostra que talvez Russell tenha estudado os outros argumentos (eu duvido), mas e em relação à esse? Talvez ele tenha tomado emprestado versões espantalho já praticadas por outros adeptos da anti-religião. Como cético, temos que questionar, naturalmente, e Russell nem de longe provou que estudou tal argumento, pois cometeu erros imperdoáveis. Talvez ele tenha estudado, mas não entendido. Em qualquer situação, o ceticismo é mantido e a acusação que fiz, de que a declaração de Russell ter estudado todos os argumentos é uma anedota, segue incólume.
Comentários adicionais de Aurélio

  • Aurélio diz que Russell “não afirmou em nenhum momento que “Não há Deus” na entrevista”. O problema é que Aurélio teria que jogar fora a frase em que Russel diz “não pode haver razão prática para acreditar no que não é verdade”. Detalhe: o que estava sendo discutida era a crença em Deus. Aurélio tenta salvar a pele de Russell dizendo que “em várias obras que leu, ele nunca afirmou tal coisa’. Capaz. Só que Russell estava em uma entrevista, na qual ele poderia ter cometido o ato falho de dizer que acha que Deus não existe.
  • Curiosamente, Aurélio em seguida diz que dou uma “intepretação duvidosa”. Estranhamente, em seguida, Aurélio diz o seguinte: “Concordo com Luciano que Russell não deveria ter dito isso, vide que, de fato, parte do ônus da prova passa a ser do próprio Russell, que deveria ter de demonstrar para o quê exatamente atribuiu o adjetivo ‘falso’.” Mas se ele concorda comigo que ele não deveria ter dito isso, então ele concorda que ao menos um equívoco ocorreu por parte de Russell. Foi esse equívoco o que apontei.
  • Ele ainda segue dizendo o seguinte: “Caso Russell tenha utilizado o termo ‘falso’ para se referir aos argumentos acerca da existência de Deus – embora saibamos que, dum ponto de vista mais técnico, se este é o caso, deveria ter usado o termo ‘inválido’ –, então não há qualquer contradição aqui.” Só que Aurélio fugiu do assunto real, pois o que estava sendo discutida era a crença em Deus, e não argumentos específicos a favor da existência de Deus. A defesa de Aurélio só seria válida se a repórter tivesse perguntado a respeito de alguns argumentos específicos que fossem inválidos. Dessa forma, Aurélio tentou inocentar Russell da contradição cometida, mas não conseguiu.
  • Quando eu falei a respeito de contradição entre a frase de Russell (“não se deve acreditar em algo por sua utilidade, apenas”) e o epicurismo, Aurélio diz que eu deturpo o pensamento russelliano. Só que ele não demonstra como eu faria tal deturpação. Mas, em todo caso, toda a obra “A Conquista da Felicidade” é baseada no paradigma epicurista (ex. “o que importa é buscar o prazer e fugir da dor”). Russell ainda lançou “The Philosophy of Logical Atomism”, em que levaria as idéias de Epicuro ao paroxismo. Estranho é alguém duvidar de que Russell e Epicuro tinham muita coisa em comum.
  • Aurélio, em seguida diz que eu estaria “provavelmente me referindo às crença de âmbito moral, e não filosóficas ou científicas”, dizendo que eu “deveria ter dito crenças morais”, mas em todas as tentativas de imaginar como penso Aurélio fantasiou. Curiosamente, mesmo com tanto delírio da parte dele, Aurélio ainda conclui com “é falta de técnica, Luciano?”. Se é falta de técnica minha, não sei, mas que é falta de ceticismo por parte de Aurélio, isso é um fato.
  • Aurélio desafia: “Se Luciano quiser conhecer as posições russellianas sobre a moral judaica-cristã e de outras religiões em que ele alegou ver malefícios, recorra às obras já supramencionadas”. Como já visto, eu citei uma delas, e o resultado não foi nada favorável ao “caso” de Aurélio.
  • Para defender uma das idéias de Russell, Aurélio diz, sobre um ateu: “um mesmo ateu pode defender os valores que herdara da tradição judaico-cristã sob à luz unicamente da razão”. Que é possível ele trazer os valores, eu concordo, mas daí a dizer que seria “à luz unicamente da razão” é uma alegação sem evidências. Geralmente, basta desafiar um alegador a dizer que chegou aos valores morais e mensurar a “razão” mensurada (em contraposição à “razão” alegada), que normalmente a coisa não sai da evidência anedota. Em suma, se um ateu tiver os mesmos valores que um religioso, isso não comprova que ele chegou “lá” por mais ou menos razão que um religioso.
  • Mais de Aurélio, a la Russell: “Abandonamos, portanto, esse conjunto de superstição antiga na qual os valores clássicos se baseavam: não precisamos desses mitos teológicos antigos”. Engraçado Russell (em versão emulada por Aurélio) tratar a questão por “necessidade”, sendo que antes ele falou que as crenças não deveriam ser avaliadas na questão da “utilidade”. Como eu falei, não é preciso muito para ele entrar em contradição com ele próprio.
  • Aurélio ainda cita as supostas “barbáries” da religião e aponta até “permissividade para escravizar índios e negros”. Quanto a isso, eu recomendo o livro “O Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”. Em relação “judeus mortos em Cruzadas” ou “maioria de guerras serem de origem religiosa entre Inglaterra e França”, é o tradicional exagero dawkinista de tentar dizer que várias guerras ocorreram POR CAUSA da religião, mas sem nenhuma demonstração efetiva disto.
  • Ele ainda diz que seria possível viver sob os valores judaico-cristãos, dizendo “não precisamos de sua teologia, vide que podemos fundamentá-los na razão”. O engraçado é que quando se exigem as alegações deles (de maior uso da “razão” na sustentação de seus valores), eles costumam fugir para a casinha. Em suma, de novo, não provou que um ateu, ao usar os valores judaicos-cristãos, usa a razão em maior quantidade que os não-ateus.
  • Mais evidência anedota, sobre Russell: “Abandonar a superstição que os sustenta é uma coisa, abandonar tais valores, é outra. Russell preferiu a primeira opção ao invés da segunda”. Estranho, pois se ele assumiu marxismo no futuro, ele não aceitou de todo os valores judaico-cristãos, principalmente o direito à propriedade. Detalhes…
  • Aurélio tenta defender a repórter, dizendo que ela concorda com a máxima de Políbio: “a religião serve como uma espécie de controle social”. O que é apenas um clichê usado futuramente por marxistas, mas nem de longe um argumento comprovado. Mas ele ainda defende Políbio: “não só Políbio convergiu para a mesma conclusão, mas quantos ao longo da cultura universal o fizeram?”, o que é uma falácia ad populum. Dá para supor que a quase totalidade dos marxistas concordem com esse discurso de Políbio, pois virou clichê de propaganda marxista. Mais divertido é quando Aurélio diz: “Luciano se surpreenderia com o número de grandes pensadores que, desde tempos imemoriais, concluíram que a religião encabresta, em grande parte pelo medo que impõem”. Não, eu não me surpreenderia. O difícil será dizer que são “grandes” pensadores, pois frases de efeito não servem como boa argumentação, e tal discurso não passa de frase de efeito. Depois de conhecer a Estratégia Gramsciana, nada me surpreende.
  • Aurélio tenta inocentar Russell da acusação de esquerdismo e anti-americanismo, dizendo: “A comparação não é válida, pois muito antes de Russell ter lido uma linha de Marx (ele refutou algumas posições do materialismo dialético em sua História da Filosofia), ele já tinha posições muito independentes de qualquer conclusão marxista anti-religiosa.” Aurélio erra, pois não estou julgando aqui o que Russell pensava, e sim o que ele ESCREVEU quando começou a pregar contra a religião. Nessa fase, sim, Russell já tinha conhecido Marx.
  • Ele ainda tenta salvar a pele de Russell dizendo que ele criticou Lênin. Ué, criticar uma implementação de Lênin até Gramsci já fez. O que não mostra desalinhamento com marxismo, pelo contrário. E sim a busca de uma implementação mais abrangente do mesmo. E mais perigosa.
  • Essa parte aqui é bizarra: “Sim, Russell era socialista, mas não um ‘esquerdista’ desonesto”. Difícil saber quais parâmetros Aurélio usou para definir honestidade que não seu gosto pessoal por Russell.
  • Esse rodeio de Aurélio é estranhíssimo, pois quando foi perguntado se o ateísmo traria mais “força”, Russell respondeu que “estava apenas engajado na busca do conhecimento”. Eu mostrei que a alegação era apenas, de novo, anedota. Aurélio protesta: “Dizer isso sobre alguém do calibre intelectual de Russell é um ato sórdido, que beira à puriedade. Russell foi, ao longo de quase seus 100 anos de vida, um dos maiores intelectuais do século XX”. Está aí um belíssimo exemplo de Red Herring. Eu estava comentando a postura de Russell em UMA QUESTÃO EM ESPECÍFICO (ateísmo como “força”), e Aurélio tentou falar da vida intelectual de Russell no geral, o que é no mínimo um ato desesperado. Ora, se Russell produziu algo de bom intelectualmente, isso não o salva de ter usado um argumento ruim para responder à repórter. E também não demosntra que NESSA QUESTÃO ele estava “em busca do conhecimento”.
  • Aurélio diz que Russell é “um polímata: matemático, lógico, exímio escritor (Nobel de Literatura, em 1950), ensaísta, moralista, historiador e comentador político”. A pergunta: no que isso salva Russell dos erros lógicos cometidos na questão específica de seus argumentos contra a religião? Resposta: nada.
  • Engraçado também foi, depois dessa ladainha, Aurélio afirmar: “Quem é Luciano?”. Será que ele está apelando ao famoso argumento infantil de dizer que alguém só pode criticar Russell depois de ganhar um prêmio Nobel? Não sei se é preciso, pois sem prêmios Nobel eu já mostrei a falta de lógica e racionalidade nas alegações russellianas. Imaginem se eu tivesse um Nobel então (risos).
  • Já apelando à platéia, Aurélio diz: “O intento de Luciano, evidentemente claro, foi denegrir a imagem do grande intelectual inglês”. Não, não foi. Eu apontei os erros lógicos de Russell em uma declaração específica. Pouco me importa a pessoa do Russell.
  • Momento espetacularmente cômico: “Você quer enfrentar o legado russelliano em qual frente, Luciano? O do Russell dos Principhia Mathematica, a maior contribuição às lógicas no século XX? O do Russell filósofo e historiador da filosofia? O do Russell ensaísta e crítico das superstições populares? O do Russell escritor, ganhador do Nobel em 1950? Vai precisar sair da crítica de entrevista de televisão e recorrer a assuntos mais técnicos nos quais, evidentemente, sua competência é duvidosa. Pode começar pela ‘The Bertrand Russell Society’.” Não. Eu só quero refutar o Bertrand Russell nas declarações anti-religiosas dele. Principalmente as que forem irracionais. O resto não me importa.

Conclusão
Está aí um exemplo de como um ateu, que até escreve bons textos por vezes, perde completamente a estribeira quando um ídolo seu é criticado. É importante que ele aprenda (até para evitar decepções), que nenhum intelectual é infalível. Reconheço que Russell pode ter produzido algum material bom, mas isso não o impede de realizar um argumento esdrúxulo e por vezes aparentar bastante ingenuidade. Os outros dois textos que citei aqui, envolvendo Russell, mostram isso. Tentar apelar à crença na honestidade de Russell, ou simplesmente acreditar em tudo que ele diz, independente de julgamento, não é a melhor forma de defender um argumento ceticamente. O que me surpreende, já que Aurélio discutia sobre ceticismo há muito tempo, e defendia o paradigma de James Randi. Hoje, para defender Russell, ele é obrigado a abandonar grande parte de seu ceticismo. Sua tentativa de defender Russell é prejudicada justamente por ser uma análise desprovida de ceticismo. Para mais detalhes, este texto explica como o ceticismo não convive bem com neo ateísmo.

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