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O exemplo nazista de controle à informação
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05032011
O exemplo nazista de controle à informação
O exemplo nazista de controle à informação
“Tendo a propaganda como principal propulsora, o regime nazista3 tinha a intenção de propagar a idéia de manutenção da estrutura capitalista da economia alemã e a teoria de que as grandes nações nascem do poderio militar e que este, por sua vez, se origina de culturas racionais que são criadas por raças com boa saúde, traços agressivos e inteligentes. Neste caso, exaltava-se a importância da raça ariana, e para difundir tais idéias, o nazismo atingiu as massas por meio do controle do direito à livre informação.
Mantendo o discurso de que as nações mais fracas eram criadas por raças impuras, o nazismo vigiou os meios de comunicação, responsabilizando-os a difundir as ideologias do discurso do governo alemão. Propagava-se a mensagem de que o Estado tinha a preocupação de proteger os alemães da suposta ameaça provinda dos judeus e das idéias opositoras, enquanto, na verdade, as autoridades lançavam o extermínio de milhares para a manutenção de suas idéias.
Dados históricos nos revelam que as primeiras providências em relação ao controle da informação na época da Alemanha nazista surgiram entre 1930 e 1933, com o triunfo do partido do ditador. Na época, Hitler chegou ao poder por meios legais, enquanto proclamavase que o totalitarismo era o melhor estado político, que concordava com os anseios do povo alemão (EBENSTEIN, 1967). A população vivia a ressaca dos conflitos mundiais e, formando uma massa, amorfa, mostrou-se disposta a ser conduzida por um líder, que lhes formou um rosto e conferiu sentido para suas ações. Com a sua oratória e todos os meios de comunicação sob o controle do seu chefe de propaganda, Joseph Goebbels, Hitler convenceu a maioria dos alemães de que ele era o salvador da Depressão, dos comunistas, do tratado de Versalhes e dos judeus.
Representando a figura de líder totalitário, Hitler conduziu o povo e atuou como um funcionário das massas. A fragilidade crescente da população facilitou ainda mais a persuasão para convencê-la de que o governo era realmente satisfatório e de que sua liberdade dependia da erradicação daquelas pessoas que representassem uma ameaça.
Os nazistas basearam toda sua propaganda na camaradagem indistinta e conquistaram grande número de organizações de veteranos de guerra em todos os países europeus. Na elaboração de mensagens para a população, o conteúdo informativo destacava o perigo de certas doenças e raças, e enaltecia as próprias atitudes violentas do governo.
Existia a intenção de convencer o público de que o governo deveria assumir atitudes para eliminar tudo aquilo que representasse algo ruim para a população. Entre as idéias veiculadas, a mais eficaz ficção foi a de uma conspiração mundial judaica. Quanto mais os partidos e órgãos de imprensa evitavam discutir a questão judaica, mais o povo se convencia de que os judeus eram os verdadeiros representantes de autoridades constituídas, e de que a questão judaica era o símbolo da hipocrisia e da desonestidade do sistema. Dessa forma, o controle incondicional da imprensa induzia os pensamentos da população, formando uma idéia semelhante entre os indivíduos sobre o partido nazista.
O Estado, segundo Hitler, era um “meio” para a preservação da raça e um instrumento na luta de classes. O artifício imposto pelos nazistas de alegar aos judeus um papel importante e ameaçador foi considerado um mero pretexto, um truque demagógico para conquistar as massas (ARENDT, 1989).
Como resultado, o regime nazista exterminou milhões de judeus e grupos considerados indesejados por Hitler, como os ciganos, eslavos, homossexuais, deficientes, prisioneiros soviéticos, membro da elite cultural polonesa, entre outros. Durante o Holocausto estes grupos pereceram lado a lado nos campos de concentração e de extermínio. Acredita-se que mais de 6 milhões judeus tenham sido mortos pelo regime.
Nessa perspectiva, o terror a tais grupos constituía a principal essência do nazismo, provocando e atacando vítimas inocentes. Conforme revela Arendt (1989), no totalitarismo, o terror é assumido como forma de governo apenas no seu último estágio de desenvolvimento. Neste caso do regime nazista, atuou como instrumento fundamental para o exercício de uma ideologia específica, que precisou obter a adesão de muitos, até mesmo antes que o terror pudesse ser estabelecido.
Na verdade, os movimentos totalitários podem ser possíveis em ambientes onde existe o espírito de organização política. As massas não se mantêm unidas pela consciência de um interesse comum e carecem de objetivos limitados, de uma opinião sobre o governo ou sobre assuntos públicos.
No movimento nazista, a população foi escolhida como ativista do partido e da ideologia que se desejava impor. Sem uma identidade nacional até então, tais indivíduos permitiram a implantação de novos elementos de propaganda, manipuladores e massivos. Nesse caso, até a idéia da morte era aceita como um bom argumento.
A eficácia da propaganda demonstra uma das características principais das massas modernas. Não acreditam em nada visível, nas realidades de suas próprias experiências; não confiam em seus olhos nem em seus ouvidos, somente em suas imaginações, que podem ser atraídas por tudo ao mesmo tempo universal e conseqüência de si mesmo. O que convence as massas não são os feitos, nem sequer os feitos inventados, mas somente a consistência do sistema de que são presumivelmente parte. A repetição, cuja importância tem sido algo subestimado em razão da crença na capacidade inferior das massas para captar e recordar, é importante somente porque as convence da consistência do tempo (ARENDT, 1989, p. 473).
Conforme citamos, a entrada de Hitler no poder também simbolizou o controle dos nazistas sobre o rádio. Em sua atuação, notícias e programações tinham foco nos objetivos do regime.
Na época, a importância deste meio de comunicação fascinava o mundo e o seu encantamento incluía o desejo dos alemães pela informação. Tal desejo permaneceu crescente no país face à incerteza de tempo.
Em 1924, o rádio estava na residência de 100 mil pessoas. Um ano depois, este número cresceu para 1 milhão. Em 1927, eram dois milhões de residências recebendo as informações radiofônicas (GIOVANNINI, 1987).
A penetração do meio representava o início do amadurecimento de uma mídia de massa. Mas não significava qualidade, veracidade e liberdade de imprensa. Na época, o crescimento do número de receptores permitiu e possibilitou a difusão da ideologia nazista e a formação de uma opinião pública favorável ao regime.”
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É isso!
Fonte:
Anelise Zanoni Cardoso: “TERRORISMO E LIBERDADE DE IMPRENSA: ESTUDO COMPARADO DO EFEITO DO ATO TERRORISTA EM UMA AMOSTRA SEGMENTADA DO CLIMA DE OPINIÃO PÚBLICA GAÚCHO E NORTE-AMERICANO”. (Dissertação apresentada como pré-requisito parcial para obtenção de título de Mestre em Comunicação Social, no Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da PUCRS. Orientador: Prof. Dr. Jacques A. Wainberg). Porto Alegre, 2006.
Nota:
A imagem inserida no texto não se inclui na referida tese.
As referências bibliográficas de que faz menção o autor estão devidamente catalogadas na citada obra.
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