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Dr Craig ensina ateu a usar o pensamento lógico-racional
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19022010
Dr Craig ensina ateu a usar o pensamento lógico-racional
Dr Craig ensina ateu a usar o pensamento lógico-racional
Já falei do argumento de Anselmo, que na verdade não é usado para comprovar a existência de Deus (pois o assume a priori). Foi este argumento que Dawkins tentou refutar aqui.
Notem que se Anselmo não tem a ousadia de tentar provar a existência de Deus com seu argumento, alguns ateus tentam fazer um argumento INVERSO ao dele e garantem que provariam a inexistência de Deus.
É ver para crer. Para começar, vejamos como Lewis Wolpert usar essa estratégia perante William Lane Craig, dizendo que, ao invés de Deus, existia um super-computador. Assistam, acima, que as risadas estão garantidas.
Seguindo o mesmo caminho de Wolpert, um debatedor do Orkut, SubHeaven, garante que provará que Deus é puramente imaginário.
Ele criou uma teoria que chama de “Teoria do Deus Imaginário”, mas que poderia até ser chamada de “Reverso de Anselmo ao Extremo”. Tecnicamente, dá no mesmo.
Antes de tudo é preciso entender quem é SubHeaven.
Quem é SubHeaven?
SubHeaven alegou que minha investigação a respeito de sua história seria um Ad Hominem. Não, não era.
Na verdade, diante de um argumento tão grotesco, apresentado de forma tão confiante, eu precisava compreender a mente de quem está por trás de idéia tão bizarra.
SubHeaven, depois de contar histórias tristes, diz que sua indignação com Deus surgiu por que ele se achava feio. Mais, de acordo com ele:
Querem saber como ele “descobriu” que Deus não existe? Vejam:
O engraçado é que mesmo que ele diga que agora não acredita em Deus, parece que ele não desgruda de pensar n’Ele, mesmo quando fala de seus projetos:
Isso que postei não é um Ad Hominem, e sim um estudo de uma personalidade que está realmente incentivada a nos provar que Deus é puramente imaginário. O problema é que toda a visão que ele demonstrou de Deus é bizarra. Logo, como ele poderia se tornar a partir daí um conselheiro para nós a respeito do que devemos acreditar ou não?
Vejam então, à frente, o argumento dele.
SubHeaven e sua “teoria” do Deus Imaginário:
Abaixo ele nos propõe o modelo básico de argumento que daria suporte à sua “teoria” do Deus Imaginário. Segue:
Ele sugere duas formas de provar a teoria dele:
É aí que começam os problemas…
SubHeaven erra terrivelmente por partir da premissa que Deus não existe (ou então seria puramente imaginário), e diz que concluiu isso. O que não passa de raciocínio circular.
Tecnicamente, ele faz exatamente como Lewis Wolpert no vídeo. Ele repete a definição de Deus, nos traz uma EVIDÊNCIA ANEDOTA de que ele apenas “imaginou” isso, e então diz que isso é puramente imaginário (sem qualquer conexão com o real). Sendo assim, ele diz que a definição original refere-se também à um ente imaginário.
Notem que ele apresentou originalmente o argumento dele da seguinte forma: “A tem todas as características e limitações de B, então A é B”, mas na verdade o que ele faz é o seguinte.
Em relação ao item 2, isso é óbvio. Os teístas não afirmam que o Deus no qual acreditam é imaginário. SubHeaven teria que INSERIR essa característica, para depois fazer o joguete de falsa comparação.
O grande problema, como já dito, é realmente quando ele diz que compara A com B, quando na verdade ele compara A com A.
Como um dos foristas notou bem, o raciocínio de SubHeaven é nulo, pois ele citou um argumento, até válido, mas que não serve para provar inexistência de Deus, pois:
Para tentar provar Deus, ele usa (b), mas o argumento dele só serviria para (a).
A coisa fica ainda mais cômica quando notamos que os exemplos que ele tenta dar são focados em objetos do mundo físico, ao invés de entidades metafísicas, que é o nível no qual o argumento deveria ser apresentado e testado.
Ele fez outra tentativa, aliás, ao dizer que não comparou A com A, mas sim A com B (e disse que B assimilava as características de A). O problema é que B foi usado para “importar” automaticamente todas as características de A. Ou seja, é o mesmo que comparar A com A. Claro que de novo é um truque sujo, que mais uma vez implode o argumento.
Mas e se ele tentar ainda, por retórica e insistência, vender o argumento dele por aí? É aí que a coisa fica mais divertida…
Testes do Argumento
Como essa questão Deus atinge a ele emocionalmente em excesso, é melhor levar o argumento para outros domínios além da existência de Deus.
Assim como Deus, existem outros pontos que se discutem só no aspecto metafísico, como a moral, a beleza, a universalidade das leis físicas, etc. Isso qualquer um que queira fazer abordagem filosófica deve saber.
Fiquemos então na questão da feiúra, que o SubHeaven, alegou em seu texto como motivo para descrer em Deus.
Segundo a fórmula epicurista de SubHeaven, o problema da feiúra estaria resolvido da seguinte maneira.
Essa é exatamente a execução do modelo que ele sugere. Vejamos que não tem nada a ver com comparação de A com B, e sim A com A, e fingir que se comparou A com B. Como se vê, o argumento de comparação A com B é até útil, mas de maneira alguma serve para a teoria dele.
De novo no exemplo, ele fará uma cirurgia e diz que quer ficar bonito, para não precisar de Deus (ou coisa do tipo). A fórmula fica assim:
Considerando válido o modelo de SubHeaven, ele não poderá deixar de ser feio, e nem ficar bonito, pois tanto feiúra como beleza não existem.
Mas, se não existem, por que ele reclamou tanto delas em seu texto? Detalhes…
Desastre metafísico
Outro forista, Eduardo, sugeriu uma nova aplicação para testar o modelo, agora para a universalidade das leis físicas:
Temos aí um problema, pois a ciência depende do aceite de que as leis físicas são universais, e não locais.
Agora, um momento divertido. Ao saber disso, SubHeaven protestou:
SubHeaven comete a falha imperdoável de confundir uma discussão metafísica, no aspecto da epistemologia, com uma discussão sobre teorias científicas.
Esquece-se ele de que as coisas são completamente diferentes. Uma discussão epistemológica jamais é discutida no mesmo nível em que uma teoria científica é. A epistemologia é uma base para a solidificação do método científico. A universalidade das leis físicas só pode ser discutida no nível da epistemologia.
Como ele não tem a mínima noção do que é metafísica e epistemologia, ele então tentou se safar dizendo que Eduardo “apelou para um termo genérico, com regras mentirosas”.
Não, de jeito algum, isso é discussão metafísica, que ele sequer entendeu.
Auto-destruição
O pior está por vir.
A primeira coisa que se aprende em Filosofia é que, ao defender um modelo de argumentação (criado por você ou por outros), deve-se tomar cuidado para que esse modelo não seja auto-destrutivo.
Vocês se lembram que no item (*) ele citou o seguinte?
Aplicando o modelo dele:
Sendo assim, seguiria válida a capacidade divina de afetar o mundo diretamente.
Conclusão
O modelo argumentativo é tão ruim que só merece ser tratado na base da piada. Na verdade, ele se baseia na crença absoluta de SubHeaven (assim como de Lewis Wolpert) de que Deus é imaginário, e tenta recursos sofísticos para tentar induzir os outros a acreditar nisso. É aí que a porca torce o rabo, pois não adianta tentar apresentar qualquer proposta nesse nível sem conhecimento de epistemologia ou metafísica, pois é preciso primeiro que a pessoa tente entender como criar uma argumentação nesse nível. Obviamente no final das contas, no item “Auto-destruição”, eu não provei que a capacidade divina de afetar o mundo diretamente é válida, assim como SubHeaven sequer provou que Deus é puramente imaginário. O intuito, ao final, foi mostrar como a própria idéia, se aceita, serve para implodir não só a teoria que ele tentou implementar, como também qualquer raciocínio. Em suma, um serviço de porco com base no Tetrafarmacón, de Epicuro. Mais uma mostra de que Epicuro só serve para estragar a cabeça da garotada.
Já falei do argumento de Anselmo, que na verdade não é usado para comprovar a existência de Deus (pois o assume a priori). Foi este argumento que Dawkins tentou refutar aqui.
Notem que se Anselmo não tem a ousadia de tentar provar a existência de Deus com seu argumento, alguns ateus tentam fazer um argumento INVERSO ao dele e garantem que provariam a inexistência de Deus.
É ver para crer. Para começar, vejamos como Lewis Wolpert usar essa estratégia perante William Lane Craig, dizendo que, ao invés de Deus, existia um super-computador. Assistam, acima, que as risadas estão garantidas.
Seguindo o mesmo caminho de Wolpert, um debatedor do Orkut, SubHeaven, garante que provará que Deus é puramente imaginário.
Ele criou uma teoria que chama de “Teoria do Deus Imaginário”, mas que poderia até ser chamada de “Reverso de Anselmo ao Extremo”. Tecnicamente, dá no mesmo.
Antes de tudo é preciso entender quem é SubHeaven.
Quem é SubHeaven?
SubHeaven alegou que minha investigação a respeito de sua história seria um Ad Hominem. Não, não era.
Na verdade, diante de um argumento tão grotesco, apresentado de forma tão confiante, eu precisava compreender a mente de quem está por trás de idéia tão bizarra.
SubHeaven, depois de contar histórias tristes, diz que sua indignação com Deus surgiu por que ele se achava feio. Mais, de acordo com ele:
Curioso: só dele achar que Deus é uma entidade que deveria mudar seu aspecto físico, já é um motivo para suspeitar que ele trata de uma visão pueril de Deus, que nada tem a ver com o Deus que os religiosos adultos normalmente acreditam.
“Eu chorava a noite por estar apaixonado por alguma menina da escola e vê-la me tratar com tanto desprezo como as outras crianças. Eu pedia a Deus para ele me mudar, mas nada adiantava. Foi nessa época que eu pensei em ler toda a bíblia, para tentar descobrir o que eu estava fazendo errado para ser tão castigado daquele jeito. Eu então cheguei a duas conclusões possíveis: Ou eu estava sendo provado ou eu não tinha fé suficiente. Comecei a tentar entender o que era fé, ao mesmo tempo em que tentava aceitar tudo como uma grande provação. Como os próprios evangélicos dizem, resolvi deixar nas mãos de Deus.”
Querem saber como ele “descobriu” que Deus não existe? Vejam:
Não há nada de racional aí na decisão dele de deixar de acreditar em Deus, como se pode ver.
Mas enfim, eu andava com símbolos satânicos e camisetas xingando a Deus, para ver se alguém respondia as minhas dúvidas ou se um dos dois aparecia. Só queria a manifestação de algum dos dois pra eu bolar algum jeito de mudar a minha vida. Mas nada. Nem Deus, nem diabo, nem espiritos, nem sonhos, nem alucinações, nem vozes. Nada de sobrenatural aconteceu ou acontecia na minha vida. Foi aí que percebi a coisa mais óbvia de todas. Não existiam Deus e nem diabo e eu tinha feito papel de palhaço a vida inteira acreditando nessas bobagens. Eu só tinha tido muito azar quando nasci. Apenas isso e nada mais.
O engraçado é que mesmo que ele diga que agora não acredita em Deus, parece que ele não desgruda de pensar n’Ele, mesmo quando fala de seus projetos:
Isso tudo está mais para desabafo do que realmente algo válido contra Deus.
O mundo social é controlado por beleza e dinheiro e não tenho nenhum dos dois. O Projeto Gênesis é eu “comprar” beleza. Simples assim. Com isso passo a ser considerado um humano normal pelas outras pessoas, e consequentemente provo que eu não preciso de deus pra nada.
Isso que postei não é um Ad Hominem, e sim um estudo de uma personalidade que está realmente incentivada a nos provar que Deus é puramente imaginário. O problema é que toda a visão que ele demonstrou de Deus é bizarra. Logo, como ele poderia se tornar a partir daí um conselheiro para nós a respeito do que devemos acreditar ou não?
Vejam então, à frente, o argumento dele.
SubHeaven e sua “teoria” do Deus Imaginário:
Abaixo ele nos propõe o modelo básico de argumento que daria suporte à sua “teoria” do Deus Imaginário. Segue:
Aparentemente, não é tão ruim, embora ele não precisasse do segundo passo, pois ele poderia incluir as limitações entre as características.
Meu modelo básico de argumento para provar que deus é imaginário é:
A tem todas as características de B,
A tem todas as limitações de B,
Logo, A é B.
Ele sugere duas formas de provar a teoria dele:
A conclusão dele segue aqui:
Primeira Prova:
1 – Liste todas as características de deus.
2 – Crie na sua imaginação um ser com essas mesmas características.
3 – A teoria do deus imaginário diz que 100% das características serão possíveis de serem replicados.
Segunda Prova:
1 – Todo ser imaginário possui diversas limitações;
2 – A teoria do deus imaginário diz que deus também está preso a 100% dessas limitações.
Uma forma dele defender o seu conceito foi a seguinte:
O conceito “imaginário” é coerente com o conceito “deus” em todos os pontos e com isso, podemos concluir que deus é imaginário.
Obs: Atenção para a parte citada com (*), pois a tratarei mais a frente, pois o restante chega a ser pífio. Não é mais do que a interpretação de Deus de uma criança de 10 anos, no máximo. [N.E. - Mais sobre isso aqui]
Atribuem-se a esse deus a capacidade de ser onipotente, oniciente e bom. Coisa que posso atribuir a qualquer ser imaginário. Seus alegados feitos são apenas relatos em um livro de ficção, a bíblia e posso escrever um livro contando os feitos de qualuer criação imaginária minha. Algumas pessoas dizem conversar com deus e você pode conversar com um ser imaginário. Algumas pessoas dizem receber inspirações de deus e você pode muito bem receber inspirações de um ser imaginário. Algumas pessoas dizem que deus está sempre ao lado deles, e você pode ter sua criação imaginária sempre ao seu lado. Algumas pessoas quando estão com uma dor de cabeça e ela passa, atribuem isso a deus e você, se estava com uma dor de cabeça que já passou pode atribuí-lo a qualquer criação imaginária sua. Porém esse deus, mesmo com sua suposta onipotencia, não é capaz de afetar o mundo real diretamente pois o imaginário não é capaz de afetar o real diretamente (*). Ele não é capaz de, mesmo com sua suposta onisciencia, dizer para uma pessoa algo que ela já não o saiba, pois um ser imaginário não é capaz de saber nada a mais do que a própria pessoa que a imagina já saiba. Continuando o exemplo da cura da dor de cabeça, ninguém consegue atribuir a deus, uma quantidade de “curas milagrosas” em quantidade maior que a quantidade de erros médicos ou maior que o que é causado pelo efeito placebo. E assim por diante. O deus teísta comum possui infinitas características pois cada um o imagina de uma forma diferente pois essa é outra característica inerente a toda criação imaginária. No entanto todas essas características podem ser atribuídas a uma criação imaginária e qualquer limitação de uma criação imaginária será também uma limitação do deus teísta.
É aí que começam os problemas…
SubHeaven erra terrivelmente por partir da premissa que Deus não existe (ou então seria puramente imaginário), e diz que concluiu isso. O que não passa de raciocínio circular.
Tecnicamente, ele faz exatamente como Lewis Wolpert no vídeo. Ele repete a definição de Deus, nos traz uma EVIDÊNCIA ANEDOTA de que ele apenas “imaginou” isso, e então diz que isso é puramente imaginário (sem qualquer conexão com o real). Sendo assim, ele diz que a definição original refere-se também à um ente imaginário.
Notem que ele apresentou originalmente o argumento dele da seguinte forma: “A tem todas as características e limitações de B, então A é B”, mas na verdade o que ele faz é o seguinte.
O grande problema aí são justamente os passos 2 (inventar uma característica, não existente no conceito original) e 3 (Recriação de A, dando um outro nome).
A tem um dado número de características.
Inventa-se que uma (ou mais) dessas características é ser imaginária. [N.E. - Nessa versão, tanto faz características como limitações, pois limitações são também características]
Recria-se A na mente e chama-o de B.
A agora teria todas as características de B.
A é B.
Em relação ao item 2, isso é óbvio. Os teístas não afirmam que o Deus no qual acreditam é imaginário. SubHeaven teria que INSERIR essa característica, para depois fazer o joguete de falsa comparação.
O grande problema, como já dito, é realmente quando ele diz que compara A com B, quando na verdade ele compara A com A.
Como um dos foristas notou bem, o raciocínio de SubHeaven é nulo, pois ele citou um argumento, até válido, mas que não serve para provar inexistência de Deus, pois:
- (a) uma coisa é comparar dois objetos distintos, e encontrar similaridades entre eles
- (b) outra coisa, oposta, é selecionar um objeto, reimaginá-lo, sem mudar características dele, e dizer que se trata de dois objetos distintos
Para tentar provar Deus, ele usa (b), mas o argumento dele só serviria para (a).
A coisa fica ainda mais cômica quando notamos que os exemplos que ele tenta dar são focados em objetos do mundo físico, ao invés de entidades metafísicas, que é o nível no qual o argumento deveria ser apresentado e testado.
Ele fez outra tentativa, aliás, ao dizer que não comparou A com A, mas sim A com B (e disse que B assimilava as características de A). O problema é que B foi usado para “importar” automaticamente todas as características de A. Ou seja, é o mesmo que comparar A com A. Claro que de novo é um truque sujo, que mais uma vez implode o argumento.
Mas e se ele tentar ainda, por retórica e insistência, vender o argumento dele por aí? É aí que a coisa fica mais divertida…
Testes do Argumento
Como essa questão Deus atinge a ele emocionalmente em excesso, é melhor levar o argumento para outros domínios além da existência de Deus.
Assim como Deus, existem outros pontos que se discutem só no aspecto metafísico, como a moral, a beleza, a universalidade das leis físicas, etc. Isso qualquer um que queira fazer abordagem filosófica deve saber.
Fiquemos então na questão da feiúra, que o SubHeaven, alegou em seu texto como motivo para descrer em Deus.
Segundo a fórmula epicurista de SubHeaven, o problema da feiúra estaria resolvido da seguinte maneira.
- (1) Pega-se a descrição de feio ou feiúra, no dicionário
- (2) Anota-se todas as características desta entidade metafísica
- (3) Cria-se uma nova entidade na mente, com todas as características, sem tirar nem por
- (4) Dá-se um novo nome à essa entidade
- (5) Aí executa-se o truque e é dito “PUFF… a entidade que criei é puramente imaginária”
- (6) Logo, a feiúra é também puramente imaginária
Essa é exatamente a execução do modelo que ele sugere. Vejamos que não tem nada a ver com comparação de A com B, e sim A com A, e fingir que se comparou A com B. Como se vê, o argumento de comparação A com B é até útil, mas de maneira alguma serve para a teoria dele.
De novo no exemplo, ele fará uma cirurgia e diz que quer ficar bonito, para não precisar de Deus (ou coisa do tipo). A fórmula fica assim:
- (1) Pega-se a descrição de belo ou beleza, no dicionário
- (2) Anota-se todas as características desta entidade metafísica
- (3) Cria-se uma nova entidade na mente, com todas as características, sem tirar nem por
- (4) Dá-se um novo nome à essa entidade
- (5) Aí executa-se o truque e é dito “PUFF… a entidade que criei é puramente imaginária”
- (6) Logo, a beleza é também puramente imaginária
Considerando válido o modelo de SubHeaven, ele não poderá deixar de ser feio, e nem ficar bonito, pois tanto feiúra como beleza não existem.
Mas, se não existem, por que ele reclamou tanto delas em seu texto? Detalhes…
Desastre metafísico
Outro forista, Eduardo, sugeriu uma nova aplicação para testar o modelo, agora para a universalidade das leis físicas:
- (1) Pega-se a descrição de universalidade das leis físicas, nos livros de ciência
- (2) Anota-se todas as características desta entidade metafísica
- (3) Cria-se uma nova entidade na mente, com todas as características, sem tirar nem por
- (4) Dá-se um novo nome à essa entidade
- (5) Aí executa-se o truque e é dito “PUFF… a entidade que criei é puramente imaginária”
- (6) Logo, a universalidade das leis físicas é também puramente imaginária
Temos aí um problema, pois a ciência depende do aceite de que as leis físicas são universais, e não locais.
Agora, um momento divertido. Ao saber disso, SubHeaven protestou:
Acreditem se quiser, SubHeaven confundiu universalidade das leis físicas com as leis físicas em si. Ele se esquece de que estas últimas são tratadas pelo método científico, e podem fazer ou não parte de teorias científicas, ou então serem resultantes delas.
O pobre rapaz começa até mesmo a inventar regras científicas. tsc, tsc, tsc… A ciência não depende disso, ela conclui isso. Uma lei física nasce de um reconhecimento pelo método científica (Ou seja, algo que pode ser facilmente provado) ou de uma teoria científica (Um conceito que explica, faz previsões e permite ser falseável). As teorias e principalmente as experiências falseáveis continuam sendo coerentes no universo conhecido, logo, as leis físicas se aplicam. Se porém um dia descobrissemos por exemplo que vivemos nos pelos de um coelho branco e que, fora dele as leis que conhecemos hoje são diferentes não invalidaria a ciência pois seus resultados (Comunicações, transporte, medicina e outros) continuam sendo válidos e funcionais. Logo, sua única tentativa de argumentação apela para um termo genérico, com regras mentirosas para tentar me refutar.
SubHeaven comete a falha imperdoável de confundir uma discussão metafísica, no aspecto da epistemologia, com uma discussão sobre teorias científicas.
Esquece-se ele de que as coisas são completamente diferentes. Uma discussão epistemológica jamais é discutida no mesmo nível em que uma teoria científica é. A epistemologia é uma base para a solidificação do método científico. A universalidade das leis físicas só pode ser discutida no nível da epistemologia.
Como ele não tem a mínima noção do que é metafísica e epistemologia, ele então tentou se safar dizendo que Eduardo “apelou para um termo genérico, com regras mentirosas”.
Não, de jeito algum, isso é discussão metafísica, que ele sequer entendeu.
Auto-destruição
O pior está por vir.
A primeira coisa que se aprende em Filosofia é que, ao defender um modelo de argumentação (criado por você ou por outros), deve-se tomar cuidado para que esse modelo não seja auto-destrutivo.
Vocês se lembram que no item (*) ele citou o seguinte?
Ora, essa suposta característica então precisa ser submetida ao argumento dele. A característica é: “incapacidade de afetar o mundo real diretamente”.
Porém esse deus, mesmo com sua suposta onipotência, não é capaz de afetar o mundo real diretamente pois o imaginário não é capaz de afetar o real diretamente.
Aplicando o modelo dele:
- (1) Pega-se a descrição da “Incapacidade divina de afetar o mundo real diretamente”, no dicionário
- (2) Anota-se todas as características desta entidade metafísica
- (3) Cria-se uma nova entidade na mente, com todas as características, sem tirar nem por
- (4) Dá-se um novo nome à essa entidade
- (5) Aí executa-se o truque e é dito “PUFF… a entidade que criei é puramente imaginária”
- (6) Logo, a incapacidade divina de afetar o mundo real diretamente é também puramente imaginária
Sendo assim, seguiria válida a capacidade divina de afetar o mundo diretamente.
Conclusão
O modelo argumentativo é tão ruim que só merece ser tratado na base da piada. Na verdade, ele se baseia na crença absoluta de SubHeaven (assim como de Lewis Wolpert) de que Deus é imaginário, e tenta recursos sofísticos para tentar induzir os outros a acreditar nisso. É aí que a porca torce o rabo, pois não adianta tentar apresentar qualquer proposta nesse nível sem conhecimento de epistemologia ou metafísica, pois é preciso primeiro que a pessoa tente entender como criar uma argumentação nesse nível. Obviamente no final das contas, no item “Auto-destruição”, eu não provei que a capacidade divina de afetar o mundo diretamente é válida, assim como SubHeaven sequer provou que Deus é puramente imaginário. O intuito, ao final, foi mostrar como a própria idéia, se aceita, serve para implodir não só a teoria que ele tentou implementar, como também qualquer raciocínio. Em suma, um serviço de porco com base no Tetrafarmacón, de Epicuro. Mais uma mostra de que Epicuro só serve para estragar a cabeça da garotada.
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Inscrição : 19/04/2008
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