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Antinomismo - A oposição à lei de Deus
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07052011
Antinomismo - A oposição à lei de Deus
"Por conseguinte, a lei é santa; e o mandamento, santo, e justo, e bom."
(Romanos 7.12)
Antinomismo significa “oposição à lei”. Conceitos antinomianos são os que negam que a lei de Deus, nas Escrituras, deve controlar diretamente a vida dos cristãos. O antinomismo dualístico surgiu muito cedo nas heresias gnósticas, como aquelas repudiadas por Pedro e Judas (II Pedro 2; Judas 4-19). Os gnósticos ensinavam que a salvação era só para a alma, tornando irrelevante o comportamento do corpo, tanto para o interesse de Deus quanto para a saúde da alma. A conclusão era que uma pessoa podia comportar-se desenfreadamente, sem que isso tivesse a menor importância.
O antinomismo “espiritual” atribui uma confiança tal à atuação interior do Espírito Santo, que nega a necessidade da pessoa ser ensinada pela lei em seu modo de viver. A liberdade em relação à lei como meio de salvação traz consigo, segundo eles, a negação da necessidade da lei como guia para a conduta. Nos primeiros 150 anos da era da reforma, essa espécie de antinomismo era comum. A igreja de corinto pode ter estado presa nesse erro, uma vez que Paulo adverte os crentes de Corinto que uma pessoa verdadeiramente espiritual reconhece a autoridade da Palavra de Deus (I Coríntios 14.37).
Outro tipo de antinomismo tem seu ponto de partida na ideia de que Deus não vê pecado nos crentes, porque os crentes estão em Cristo, que cumpriu a lei por eles. Disso tiram a falsa conclusão de que o comportamento dos crentes não faz diferença, desde que eles continuem crendo. Porém I João 1.8 – 2.1 e 3.4-10 indicam uma conclusão diferente. Não é possível estar em Cristo e, ao mesmo tempo, adotar o pecado como meio de vida. Alguns dispensacionalistas têm sustentado a ideia de que os cristãos, desde que vivem sob a dispensação da graça – e não da lei – não têm a necessidade de observar a lei moral em nenhuma etapa da vida. Romanos 3.31 e I João 6.9-11 mostram claramente, contudo, que observar a lei é uma obrigação contínua dos cristãos.
Às vezes que se diz que o motivo e a intenção do “amor” são a única li que Deus exige dos cristãos. Os mandamentos do decálogo e outras partes éticas das Escrituras – ainda que sejam diretamente atribuídas a Deus – são considerados não mais do que meras pautas que o amor pode, em qualquer tempo, deixar de levar em conta. Porém Romanos 3.8-10 ensina que ordens específicas revelam o que o verdadeiro amor é. A lei de Deus desmascara a falsidade do amor que não aceita suas responsabilidades para com Deus e o próximo. A lei moral revelada no decálogo e exposta em outras partes das Escrituras é uma expressão da integridade de Deus, outorgada para ser o código de prática para o povo de Deus, em todas as eras. A lei não se opõe ao amor e à bondade de Deus, porém, demonstra o que esse amor e bondade são na prática. O Espírito concede aos cristãos o poder para cumprir a lei, tornando-nos cada vez mais semelhantes a Cristo, o cumpridor arquetípico da lei (Mateus 5.17).
Extraído da Bíblia de estudo Genebra página 1.512
A CAÓTICA TEOLOGIA DO
ANTINOMISMO
As interpretações bíblicas da teologia antinomista, ou semi-antinomista, representam um desafio ao bom-senso e à lógica. É uma teologia mais do que contraditória--verdadeiramente caótica. Senão, vejamos: Primeiramente, pelo confuso raciocínio desses "teólogos", temos um Deus um tanto quanto desorganizado, que mistura um preceito cerimonial dentro de um código de normas morais. Pois não é que esse Deus profere solenemente aos ouvidos do povo escolhido 10 mandamentos como base de um concerto muito especial com tal povo, depois ainda escreve tais mandamentos com o Seu próprio dedo em duas tábuas de pedra, e isso por duas vezes (pois as primeiras pedras foram quebradas por Moisés), sendo 9 preceitos morais e um cerimonial?!
Em vez de deixar o tal mandamento cerimonial para ditá-lo mais tarde a Moisés juntamente com as inúmeras outras regras rituais que Moisés escreveu num livro, esse "desorganizado" Legislador coloca o mandamento cerimonial bem no meio do código de leis morais--o preceito do sábado! Mas, pior ainda, esse Deus dos antinomistas estabelece o princípio do sábado na Criação do mundo, separando o sétimo dia para o descanso, abençoando-o e santificando-o, mas deixa o homem sem esse repouso. Como não está escrito especificamente que Adão guardava o sábado, fica "provado" que ele devia trabalhar como jardineiro (Gên. 2:15) todos os sete dias, sem descanso. Ah, sim, ele tinha as noites para isso. . .
Valendo-se ainda do ineficaz "argumento do silêncio", também não ficou escrito nada que Abraão e outros patriarcas bíblicos respeitassem não só esse preceito do sábado, mas outros preceitos, como o de não adorar imagens de esculturas ou furtar. Assim, é bem possível que Abraão, Isaque, Jacó fossem batedores de carteira nas horas vagas, pois não havia nenhuma regra escrita, "não furtarás"! E quem sabe Abraão mantivesse em sua tenda imagens de Santo Abel, Santo Enoque e São Noé para sua veneração? Afinal, onde estava escrito "não farás para ti imagens de esculturas. . . não te encurvarás diante delas nem as servirás?"
Não disse Paulo que "onde não há lei, não há transgressão" (Rom. 4:15)? E é esquisito como esse Deus, que fez do sábado "sinal" entre Ele e Seu povo (Êxo. 31:17), depois mudou radicalmente de idéia e disse que desprezava o tal sábado em Isaías 1:13 e até profetizou que ia acabar com essa instituição em Oséias 2:11, para mais tarde inspirar o restaurador da religião israelita a reinstituí-lo (Neem. 13:15ss). O mais estranho é que foi por causa da violação do sábado--que tinha dito ao povo que desprezava--que Ele os castigou com o cativeiro (ver Jeremias 17:27). . . Ou seja, o povo foi castigado por não respeitar um preceito que Deus disse que aborrecia!. . .
E Deus ainda convida "os filhos dos estrangeiros" a unirem-se ao concerto divino com Israel observando exatamente, o quê? O sábado! Mas, espera aí, esse não era preceito só para judeu e ninguém mais? Pois é, só que o tal sábado, estabelecido só para o judeu, mais tarde Cristo disse que foi "feito por causa do homem-anthropós". Bem, quem sabe o "homem" aí é só o judeu (e as judias) . . . . Contudo assim se dá também com a instituição do matrimônio, onde o mesmo homem-anthropós deixa o pai e a mãe e une-se a sua mulher (Mat. 19:5). E casamento é coisa só para judeu?
Por falar em Cristo, a teologia antinomista coloca o Filho de Deus em situação bem complicada. Primeiro, transforma-o num tremendo hipócrita que diz que não veio abolir a lei, e sim cumpri-la, recomenda a mais perfeita obediência a essa lei (Mat. 5:17-19), para depois violar consciente e propositadamente um dos seus mandamentos (adivinhem qual. . .--João 5:18)! E ainda se dedica a uma campanha contra a validade do mesmo mandamento, criticando os que o observavam! Seria Sua situação, nessa base, melhor do que a daqueles aos quais chamou de "sepulcros caiados" que adotavam a filosofia do "façam o que eu digo, mas não o que faço"?
Todavia, embora querendo "acabar" com o sábado, na interpretação antinomista, Cristo "Se esquece" de dizer abertamente que não é para cumprir o mandamento. Diz, porém, que é para atentar ao que os chefes religiosos diziam, e praticar, mas não do modo hipócrita em que pretendiam obedecer à lei. Entretanto, uma das coisas que eles diziam para o povo cumprir era o descanso aos sábados! (ver Mateus 23:1, 2 cf. Lucas 13:14). Então, temos mais uma incrível contradição, pela ótica antinomista--Ele quer acabar com o sábado, mas não diz nada objetivamente nesse sentido, apenas fica com "indiretas". Ao recomendar, porém, àquela gente que atentem ao que dizem seus líderes religiosos e cumpram ("fazei e guardai . . . TUDO quanto eles vos disserem"), a indireta termina sendo de recomendação ao sábado!
Será que o Cristo dos antinomistas é tão pouco atento a esses importantes detalhes e termina caindo em tal evidente contradição? Seja como for, Ele lança-Se em sua "campanha anti-sabática" muito indiretamente, apenas dando "pistas" quanto à futura atitude de desprezo pelo sábado. Contudo, nesse empreendimento Ele decerto fracassou, pois não conseguiu convencer a Sua própria santa mãe e outras mulheres que O serviam com a máxima dedicação a desprezarem o sábado. Nem convenceu ao autor bíblico inspirado, Dr. Lucas. Este relata, escrevendo 30 anos após Sua morte, que as santas mulheres que preparavam ungüentos para embalsamar o corpo do Senhor pararam todas as atividades ao final da sexta-feira, e no sábado "repousaram conforme o mandamento" (Lucas 23:56).
As "indiretas" de Cristo contra a guarda do sábado certamente não surtiram o efeito desejado ( . . . pelos antinomistas). Cristo ainda atribui ao Pai a incoerência das incoerências, agora colocando o próprio Deus em situação também complicadíssima, sempre segundo a visão antinomista.
Além de, como já vimos, Ele ter misturado preceitos morais com um cerimonial, ainda cria uma lei que, na prática, não funciona um dia por semana. Eis que "os sacerdotes violam o sábado e ficam sem culpa" (Mat. 12:5), o que, nessa incrível teologia, significa simplesmente que eles não cumpriam o preceito divino porque atuavam no Templo, sacrificando até em dobro aos sétimos dias. Ou seja, a lei religiosa criada para elevar espiritualmente o povo era violada cada sábado pelos próprios líderes espirituais que tinham o dever de dar o melhor exemplo àquela boa gente, mas o Legislador se esqueceu do detalhe que aos sábados a lei não era respeitada justamente por aqueles que a deviam promover entre o povo! Um Legislador assaz incompetente. . .
Essa louca teologia, porém, prossegue ensinando que todos os Dez Mandamentos foram abolidos na cruz, contudo os princípios morais básicos foram sendo restaurados, menos a questão do dia de guarda. Tanto assim que todos os mandamentos estariam repetidos no Novo Testamento, menos o do sábado. Isso significa que, como dizemos em nossa matéria "10 Dilemas dos Que Negam a Validade dos 10 Mandamentos Como Norma Cristã", se todos os mandamentos foram abolidos na cruz, mas sendo depois restaurados no Novo Testamento (menos o 4º.), imaginemos uma situação incrível que se estabeleceria: O 5º mandamento foi de embrulho com todos os demais regulamentos morais e cerimoniais quando Jesus exalou o último suspiro e declarou, "Está consumado". Daí, no minuto seguinte qualquer filho de um seguidor de Cristo poderia chutar a canela de seu pai ou mãe, xingá-los, desobedecê-los e desrespeitá-los livremente, eis que o 5o. mandamento só foi "restaurado" quando Paulo se lembrou de referi-lo, escrevendo aos efésios, e isso no ano 58 AD (ver Efés. 6: 1-3)! E, pior ainda, os termos do mandamento "não matarás" só foram reiterados por Paulo em Romanos 13:9, no ano 56 ou 58 AD (bem como "não adulterarás", "não furtarás", "não cobiçarás". . .). Ou seja, por quase 30 anos os filhos dos cristãos não tinham que respeitar os pais, pois o 5º. mandamento só é restaurado após umas três décadas, e mesmo assim só para os efésios. Muitas décadas mais se passaram até atingir toda a comunidade cristã para cientificar-se da necessidade de os filhos respeitarem seus pais! Além de os cristãos poderem matar uns aos outros, etc., nesse mesmo período "sem a lei restaurada". . . Faz sentido isso tudo?
Por aí se vê a enrascada em que essa gente se mete ao contrariarem o "assim diz o Senhor" das Escrituras. Contudo, a desvairada teologia semi-antinomista continua fazendo seus estragos. Segundo ela, Paulo diz quatro coisas diferente a respeito do princípio do dia repouso em quatro de suas epístolas:
a) Aos Romanos, segundo ainda essa teologia semi-antinomista, tanto faz guardar um dia como outro, ou dia nenhum, que Deus aceita tudo sem problema. Pode ser, conseqüentemente até o sábado! Os crentes que decidam livremente como será a sua liturgia de observância ou não de um dia dedicado a Deus, cada um segundo a sua preferência. Agora, como o "Deus de ordem e não de confusão" encararia isso, não é dito, sobretudo porque seria meio complicado pensar em que dia esses cristãos se reuniriam para o culto, já que Mateus dedica o domingo ao Senhor, Tiago a 2a. feira, André a 3a. feira, Filipe a 4a. feira, Pedro a 5a. feira, João a 6a. feira, Judas Tadeu o sábado e Bartolomeu, dia nenhum. . . A base disso? A interpretação que dão a Romanos 14:5 e 6.
b) Aos Gálatas a instrução é que guardar dias, e meses, e tempos e anos é voltar aos "rudimentos fracos e pobres". Logo, não há nenhum dia mais para guardar, nem sábado, nem domingo, nem qualquer dia que seja. É até um pecado pensar em dedicar um dia ao Senhor, coisa "fraca", e "pobre". A base disso? -- Gálatas 4:9 e 10.
c) Aos Colossenses, o sábado não é mais para ser observado porque foi abolido com a "cédula de ordenanças". A base? -- Colossenses 2:14-16. O que fica no lugar? Paulo simplesmente nada diz, e como se contradiz com o que dissera aos romanos, fica o mistério pairando no ar. . .
d) Aos Coríntios, ele sugere que os cristãos observem o primeiro dia da semana indo à Igreja regularmente para arrecadar ofertas (1 Cor. 16:2), não necessariamente para comemorar a Ressurreição que em parte alguma das Escrituras conta com qualquer recomendação de observância ou é prática sugerida.
Bem, mas se o sábado é um mandamento "cerimonial", todas as cerimônias eram o antitipo que apontavam para o tipo--a sombra que encontrava a realidade. Qual era o sentido simbólico do sábado "cerimonial"? Oh, isso é fácil, segundo os antinomistas--o sentido se acha na epístola aos Hebreus que traz exatamente a exposição do cerimonial israelita detalhando o seu significado na expiação de Cristo. É verdade, os capítulo 7 a 10 de Hebreus detalham muita coisa sobre o sentido do sangue de bodes e carneiros, e atividades dos sacerdotes e levitas, o sentido do santuário terrestre e das ofertas e suas peças do ritual todo de Israel, enfim, uma exposição bem completa expondo o fim do Velho Concerto [Velho Testamento] e o cumprimento do simbolismo de suas inúmeras cerimônias.
Mas, onde é que o "sábado cerimonial" entra nessa explicação toda do sentido do cerimonial judaico nos capítulos específicos onde o autor discorre a respeito? Não entra! A questão do sábado merece dois capítulos especiais, o 3 e o 4, para expor, não que foi abolido por ter cumprido o seu papel prefigurativo, mas que "resta um repouso sabático [sabbatismós, em grego] para o povo de Deus" (Heb. 4:9). Então, em lugar de o sábado ser discutido nos capítulos 7 a 10 de Hebreus que tratam do sentido do cerimonial, nem aparece em tal local. Ou melhor, aparece sim, no capítulo 8:6-10 onde é dito que sob o Novo Concerto [Novo Testamento], Deus escreve a Sua lei nos corações e mentes dos que aceitam os seus termos.
Em parte alguma é dito que quando Ele escreve, mediante a operação de Seu Espírito, as Suas leis nos corações e mentes de Seus Filhos, o mandamento do sábado fica de fora, ou tenha havido mudança do sábado para o domingo. O pessoal da teologia antinomista gosta de dizer que agora não mais vivemos sob a "lei mosaica" (no que estão certos), e sim sob a "lei de Cristo", ou "lei da fé", ou "lei da graça", ou "lei do Espírito" contudo nenhuma dessas expressões aparece neste texto (que é reprodução de Jeremias 31:31-33), que apenas faz referência às "minhas leis" (de Deus).
Destarte, fica o ônus da prova com quem negue que as tais "minhas leis" é algo diverso das leis de Deus já conhecidas por Israel quando a promessa desse Novo Concerto havia sido primeiro estendida ao povo escolhido. E os leitores cristãos-hebreus da epístola que leva o seu nome compreenderiam muito bem a que "minhas leis" o autor se referia. Mas, se essas "minhas leis" são as mesmas de Jeremias 31:31-33, então as cerimônias que vigoravam ao tempo do profeta também deveriam entrar, alegam alguns.
Ocorre que é exatamente nos capítulos 7-10 que o autor de Hebreus explica o sentido das cerimônias e o porquê de terem findado. Como os leitores originais da epístola, os judeus-cristãos, já sabiam que o véu do Templo estava rasgado de alto a baixo, e como liam no capítulo 4:9 que "resta um repouso sabático para o povo de Deus", eles não teriam dúvidas de que o mandamento do sábado não tinha por que estar excluído das "minhas leis" que Deus promete escrever nas mentes e corações dos filhos de Deus, segundo "superiores promessas". E essas promessas representam a atuação do Espírito Santo, cuja posse leva o justo que vive pela fé a vivenciar a "a justiça da lei" (Romanos 8:3, 4). Afinal, Paulo pergunta: "Anulamos, pois, a lei pela fé?" E ele mesmo responde: "Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei" (Rom. 3:31). Esta passagem final coloca as coisas dentro da devida perspectiva e representa um golpe mortal sobre as loucuras das interpretações antinomistas.
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(Romanos 7.12)
Antinomismo significa “oposição à lei”. Conceitos antinomianos são os que negam que a lei de Deus, nas Escrituras, deve controlar diretamente a vida dos cristãos. O antinomismo dualístico surgiu muito cedo nas heresias gnósticas, como aquelas repudiadas por Pedro e Judas (II Pedro 2; Judas 4-19). Os gnósticos ensinavam que a salvação era só para a alma, tornando irrelevante o comportamento do corpo, tanto para o interesse de Deus quanto para a saúde da alma. A conclusão era que uma pessoa podia comportar-se desenfreadamente, sem que isso tivesse a menor importância.
O antinomismo “espiritual” atribui uma confiança tal à atuação interior do Espírito Santo, que nega a necessidade da pessoa ser ensinada pela lei em seu modo de viver. A liberdade em relação à lei como meio de salvação traz consigo, segundo eles, a negação da necessidade da lei como guia para a conduta. Nos primeiros 150 anos da era da reforma, essa espécie de antinomismo era comum. A igreja de corinto pode ter estado presa nesse erro, uma vez que Paulo adverte os crentes de Corinto que uma pessoa verdadeiramente espiritual reconhece a autoridade da Palavra de Deus (I Coríntios 14.37).
Outro tipo de antinomismo tem seu ponto de partida na ideia de que Deus não vê pecado nos crentes, porque os crentes estão em Cristo, que cumpriu a lei por eles. Disso tiram a falsa conclusão de que o comportamento dos crentes não faz diferença, desde que eles continuem crendo. Porém I João 1.8 – 2.1 e 3.4-10 indicam uma conclusão diferente. Não é possível estar em Cristo e, ao mesmo tempo, adotar o pecado como meio de vida. Alguns dispensacionalistas têm sustentado a ideia de que os cristãos, desde que vivem sob a dispensação da graça – e não da lei – não têm a necessidade de observar a lei moral em nenhuma etapa da vida. Romanos 3.31 e I João 6.9-11 mostram claramente, contudo, que observar a lei é uma obrigação contínua dos cristãos.
Às vezes que se diz que o motivo e a intenção do “amor” são a única li que Deus exige dos cristãos. Os mandamentos do decálogo e outras partes éticas das Escrituras – ainda que sejam diretamente atribuídas a Deus – são considerados não mais do que meras pautas que o amor pode, em qualquer tempo, deixar de levar em conta. Porém Romanos 3.8-10 ensina que ordens específicas revelam o que o verdadeiro amor é. A lei de Deus desmascara a falsidade do amor que não aceita suas responsabilidades para com Deus e o próximo. A lei moral revelada no decálogo e exposta em outras partes das Escrituras é uma expressão da integridade de Deus, outorgada para ser o código de prática para o povo de Deus, em todas as eras. A lei não se opõe ao amor e à bondade de Deus, porém, demonstra o que esse amor e bondade são na prática. O Espírito concede aos cristãos o poder para cumprir a lei, tornando-nos cada vez mais semelhantes a Cristo, o cumpridor arquetípico da lei (Mateus 5.17).
Extraído da Bíblia de estudo Genebra página 1.512
A CAÓTICA TEOLOGIA DO
ANTINOMISMO
Azenilto G. Brito
http://www.ministeriosolascriptura.com/antinominismo.htmlAs interpretações bíblicas da teologia antinomista, ou semi-antinomista, representam um desafio ao bom-senso e à lógica. É uma teologia mais do que contraditória--verdadeiramente caótica. Senão, vejamos: Primeiramente, pelo confuso raciocínio desses "teólogos", temos um Deus um tanto quanto desorganizado, que mistura um preceito cerimonial dentro de um código de normas morais. Pois não é que esse Deus profere solenemente aos ouvidos do povo escolhido 10 mandamentos como base de um concerto muito especial com tal povo, depois ainda escreve tais mandamentos com o Seu próprio dedo em duas tábuas de pedra, e isso por duas vezes (pois as primeiras pedras foram quebradas por Moisés), sendo 9 preceitos morais e um cerimonial?!
Em vez de deixar o tal mandamento cerimonial para ditá-lo mais tarde a Moisés juntamente com as inúmeras outras regras rituais que Moisés escreveu num livro, esse "desorganizado" Legislador coloca o mandamento cerimonial bem no meio do código de leis morais--o preceito do sábado! Mas, pior ainda, esse Deus dos antinomistas estabelece o princípio do sábado na Criação do mundo, separando o sétimo dia para o descanso, abençoando-o e santificando-o, mas deixa o homem sem esse repouso. Como não está escrito especificamente que Adão guardava o sábado, fica "provado" que ele devia trabalhar como jardineiro (Gên. 2:15) todos os sete dias, sem descanso. Ah, sim, ele tinha as noites para isso. . .
Valendo-se ainda do ineficaz "argumento do silêncio", também não ficou escrito nada que Abraão e outros patriarcas bíblicos respeitassem não só esse preceito do sábado, mas outros preceitos, como o de não adorar imagens de esculturas ou furtar. Assim, é bem possível que Abraão, Isaque, Jacó fossem batedores de carteira nas horas vagas, pois não havia nenhuma regra escrita, "não furtarás"! E quem sabe Abraão mantivesse em sua tenda imagens de Santo Abel, Santo Enoque e São Noé para sua veneração? Afinal, onde estava escrito "não farás para ti imagens de esculturas. . . não te encurvarás diante delas nem as servirás?"
Não disse Paulo que "onde não há lei, não há transgressão" (Rom. 4:15)? E é esquisito como esse Deus, que fez do sábado "sinal" entre Ele e Seu povo (Êxo. 31:17), depois mudou radicalmente de idéia e disse que desprezava o tal sábado em Isaías 1:13 e até profetizou que ia acabar com essa instituição em Oséias 2:11, para mais tarde inspirar o restaurador da religião israelita a reinstituí-lo (Neem. 13:15ss). O mais estranho é que foi por causa da violação do sábado--que tinha dito ao povo que desprezava--que Ele os castigou com o cativeiro (ver Jeremias 17:27). . . Ou seja, o povo foi castigado por não respeitar um preceito que Deus disse que aborrecia!. . .
E Deus ainda convida "os filhos dos estrangeiros" a unirem-se ao concerto divino com Israel observando exatamente, o quê? O sábado! Mas, espera aí, esse não era preceito só para judeu e ninguém mais? Pois é, só que o tal sábado, estabelecido só para o judeu, mais tarde Cristo disse que foi "feito por causa do homem-anthropós". Bem, quem sabe o "homem" aí é só o judeu (e as judias) . . . . Contudo assim se dá também com a instituição do matrimônio, onde o mesmo homem-anthropós deixa o pai e a mãe e une-se a sua mulher (Mat. 19:5). E casamento é coisa só para judeu?
Por falar em Cristo, a teologia antinomista coloca o Filho de Deus em situação bem complicada. Primeiro, transforma-o num tremendo hipócrita que diz que não veio abolir a lei, e sim cumpri-la, recomenda a mais perfeita obediência a essa lei (Mat. 5:17-19), para depois violar consciente e propositadamente um dos seus mandamentos (adivinhem qual. . .--João 5:18)! E ainda se dedica a uma campanha contra a validade do mesmo mandamento, criticando os que o observavam! Seria Sua situação, nessa base, melhor do que a daqueles aos quais chamou de "sepulcros caiados" que adotavam a filosofia do "façam o que eu digo, mas não o que faço"?
Todavia, embora querendo "acabar" com o sábado, na interpretação antinomista, Cristo "Se esquece" de dizer abertamente que não é para cumprir o mandamento. Diz, porém, que é para atentar ao que os chefes religiosos diziam, e praticar, mas não do modo hipócrita em que pretendiam obedecer à lei. Entretanto, uma das coisas que eles diziam para o povo cumprir era o descanso aos sábados! (ver Mateus 23:1, 2 cf. Lucas 13:14). Então, temos mais uma incrível contradição, pela ótica antinomista--Ele quer acabar com o sábado, mas não diz nada objetivamente nesse sentido, apenas fica com "indiretas". Ao recomendar, porém, àquela gente que atentem ao que dizem seus líderes religiosos e cumpram ("fazei e guardai . . . TUDO quanto eles vos disserem"), a indireta termina sendo de recomendação ao sábado!
Será que o Cristo dos antinomistas é tão pouco atento a esses importantes detalhes e termina caindo em tal evidente contradição? Seja como for, Ele lança-Se em sua "campanha anti-sabática" muito indiretamente, apenas dando "pistas" quanto à futura atitude de desprezo pelo sábado. Contudo, nesse empreendimento Ele decerto fracassou, pois não conseguiu convencer a Sua própria santa mãe e outras mulheres que O serviam com a máxima dedicação a desprezarem o sábado. Nem convenceu ao autor bíblico inspirado, Dr. Lucas. Este relata, escrevendo 30 anos após Sua morte, que as santas mulheres que preparavam ungüentos para embalsamar o corpo do Senhor pararam todas as atividades ao final da sexta-feira, e no sábado "repousaram conforme o mandamento" (Lucas 23:56).
As "indiretas" de Cristo contra a guarda do sábado certamente não surtiram o efeito desejado ( . . . pelos antinomistas). Cristo ainda atribui ao Pai a incoerência das incoerências, agora colocando o próprio Deus em situação também complicadíssima, sempre segundo a visão antinomista.
Além de, como já vimos, Ele ter misturado preceitos morais com um cerimonial, ainda cria uma lei que, na prática, não funciona um dia por semana. Eis que "os sacerdotes violam o sábado e ficam sem culpa" (Mat. 12:5), o que, nessa incrível teologia, significa simplesmente que eles não cumpriam o preceito divino porque atuavam no Templo, sacrificando até em dobro aos sétimos dias. Ou seja, a lei religiosa criada para elevar espiritualmente o povo era violada cada sábado pelos próprios líderes espirituais que tinham o dever de dar o melhor exemplo àquela boa gente, mas o Legislador se esqueceu do detalhe que aos sábados a lei não era respeitada justamente por aqueles que a deviam promover entre o povo! Um Legislador assaz incompetente. . .
Essa louca teologia, porém, prossegue ensinando que todos os Dez Mandamentos foram abolidos na cruz, contudo os princípios morais básicos foram sendo restaurados, menos a questão do dia de guarda. Tanto assim que todos os mandamentos estariam repetidos no Novo Testamento, menos o do sábado. Isso significa que, como dizemos em nossa matéria "10 Dilemas dos Que Negam a Validade dos 10 Mandamentos Como Norma Cristã", se todos os mandamentos foram abolidos na cruz, mas sendo depois restaurados no Novo Testamento (menos o 4º.), imaginemos uma situação incrível que se estabeleceria: O 5º mandamento foi de embrulho com todos os demais regulamentos morais e cerimoniais quando Jesus exalou o último suspiro e declarou, "Está consumado". Daí, no minuto seguinte qualquer filho de um seguidor de Cristo poderia chutar a canela de seu pai ou mãe, xingá-los, desobedecê-los e desrespeitá-los livremente, eis que o 5o. mandamento só foi "restaurado" quando Paulo se lembrou de referi-lo, escrevendo aos efésios, e isso no ano 58 AD (ver Efés. 6: 1-3)! E, pior ainda, os termos do mandamento "não matarás" só foram reiterados por Paulo em Romanos 13:9, no ano 56 ou 58 AD (bem como "não adulterarás", "não furtarás", "não cobiçarás". . .). Ou seja, por quase 30 anos os filhos dos cristãos não tinham que respeitar os pais, pois o 5º. mandamento só é restaurado após umas três décadas, e mesmo assim só para os efésios. Muitas décadas mais se passaram até atingir toda a comunidade cristã para cientificar-se da necessidade de os filhos respeitarem seus pais! Além de os cristãos poderem matar uns aos outros, etc., nesse mesmo período "sem a lei restaurada". . . Faz sentido isso tudo?
Por aí se vê a enrascada em que essa gente se mete ao contrariarem o "assim diz o Senhor" das Escrituras. Contudo, a desvairada teologia semi-antinomista continua fazendo seus estragos. Segundo ela, Paulo diz quatro coisas diferente a respeito do princípio do dia repouso em quatro de suas epístolas:
a) Aos Romanos, segundo ainda essa teologia semi-antinomista, tanto faz guardar um dia como outro, ou dia nenhum, que Deus aceita tudo sem problema. Pode ser, conseqüentemente até o sábado! Os crentes que decidam livremente como será a sua liturgia de observância ou não de um dia dedicado a Deus, cada um segundo a sua preferência. Agora, como o "Deus de ordem e não de confusão" encararia isso, não é dito, sobretudo porque seria meio complicado pensar em que dia esses cristãos se reuniriam para o culto, já que Mateus dedica o domingo ao Senhor, Tiago a 2a. feira, André a 3a. feira, Filipe a 4a. feira, Pedro a 5a. feira, João a 6a. feira, Judas Tadeu o sábado e Bartolomeu, dia nenhum. . . A base disso? A interpretação que dão a Romanos 14:5 e 6.
b) Aos Gálatas a instrução é que guardar dias, e meses, e tempos e anos é voltar aos "rudimentos fracos e pobres". Logo, não há nenhum dia mais para guardar, nem sábado, nem domingo, nem qualquer dia que seja. É até um pecado pensar em dedicar um dia ao Senhor, coisa "fraca", e "pobre". A base disso? -- Gálatas 4:9 e 10.
c) Aos Colossenses, o sábado não é mais para ser observado porque foi abolido com a "cédula de ordenanças". A base? -- Colossenses 2:14-16. O que fica no lugar? Paulo simplesmente nada diz, e como se contradiz com o que dissera aos romanos, fica o mistério pairando no ar. . .
d) Aos Coríntios, ele sugere que os cristãos observem o primeiro dia da semana indo à Igreja regularmente para arrecadar ofertas (1 Cor. 16:2), não necessariamente para comemorar a Ressurreição que em parte alguma das Escrituras conta com qualquer recomendação de observância ou é prática sugerida.
Bem, mas se o sábado é um mandamento "cerimonial", todas as cerimônias eram o antitipo que apontavam para o tipo--a sombra que encontrava a realidade. Qual era o sentido simbólico do sábado "cerimonial"? Oh, isso é fácil, segundo os antinomistas--o sentido se acha na epístola aos Hebreus que traz exatamente a exposição do cerimonial israelita detalhando o seu significado na expiação de Cristo. É verdade, os capítulo 7 a 10 de Hebreus detalham muita coisa sobre o sentido do sangue de bodes e carneiros, e atividades dos sacerdotes e levitas, o sentido do santuário terrestre e das ofertas e suas peças do ritual todo de Israel, enfim, uma exposição bem completa expondo o fim do Velho Concerto [Velho Testamento] e o cumprimento do simbolismo de suas inúmeras cerimônias.
Mas, onde é que o "sábado cerimonial" entra nessa explicação toda do sentido do cerimonial judaico nos capítulos específicos onde o autor discorre a respeito? Não entra! A questão do sábado merece dois capítulos especiais, o 3 e o 4, para expor, não que foi abolido por ter cumprido o seu papel prefigurativo, mas que "resta um repouso sabático [sabbatismós, em grego] para o povo de Deus" (Heb. 4:9). Então, em lugar de o sábado ser discutido nos capítulos 7 a 10 de Hebreus que tratam do sentido do cerimonial, nem aparece em tal local. Ou melhor, aparece sim, no capítulo 8:6-10 onde é dito que sob o Novo Concerto [Novo Testamento], Deus escreve a Sua lei nos corações e mentes dos que aceitam os seus termos.
Em parte alguma é dito que quando Ele escreve, mediante a operação de Seu Espírito, as Suas leis nos corações e mentes de Seus Filhos, o mandamento do sábado fica de fora, ou tenha havido mudança do sábado para o domingo. O pessoal da teologia antinomista gosta de dizer que agora não mais vivemos sob a "lei mosaica" (no que estão certos), e sim sob a "lei de Cristo", ou "lei da fé", ou "lei da graça", ou "lei do Espírito" contudo nenhuma dessas expressões aparece neste texto (que é reprodução de Jeremias 31:31-33), que apenas faz referência às "minhas leis" (de Deus).
Destarte, fica o ônus da prova com quem negue que as tais "minhas leis" é algo diverso das leis de Deus já conhecidas por Israel quando a promessa desse Novo Concerto havia sido primeiro estendida ao povo escolhido. E os leitores cristãos-hebreus da epístola que leva o seu nome compreenderiam muito bem a que "minhas leis" o autor se referia. Mas, se essas "minhas leis" são as mesmas de Jeremias 31:31-33, então as cerimônias que vigoravam ao tempo do profeta também deveriam entrar, alegam alguns.
Ocorre que é exatamente nos capítulos 7-10 que o autor de Hebreus explica o sentido das cerimônias e o porquê de terem findado. Como os leitores originais da epístola, os judeus-cristãos, já sabiam que o véu do Templo estava rasgado de alto a baixo, e como liam no capítulo 4:9 que "resta um repouso sabático para o povo de Deus", eles não teriam dúvidas de que o mandamento do sábado não tinha por que estar excluído das "minhas leis" que Deus promete escrever nas mentes e corações dos filhos de Deus, segundo "superiores promessas". E essas promessas representam a atuação do Espírito Santo, cuja posse leva o justo que vive pela fé a vivenciar a "a justiça da lei" (Romanos 8:3, 4). Afinal, Paulo pergunta: "Anulamos, pois, a lei pela fé?" E ele mesmo responde: "Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei" (Rom. 3:31). Esta passagem final coloca as coisas dentro da devida perspectiva e representa um golpe mortal sobre as loucuras das interpretações antinomistas.
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10 Dilemas Antinomistas
Antinomista significa alguém que é contra a lei, que prega a sua total abolição por Jesus, seja durante o Seu ministério ou por Sua morte na cruz, o que envolveria todos os mandamentos, os morais (dos Dez Mandamentos) e os cerimoniais. Ensinam que o decálogo teria findado com a morte do Salvador juntamente com o velho concerto e todas as estipulações rituais dos judeus (a lei cerimonial).
Tais pessoas se esforçam ao máximo para se desfazerem da obrigação de cumprir os Dez Mandamentos, ensinando que tal lei, base do concerto de Deus com o Seu povo de Israel no passado, não mais se aplica aos cristãos. Em lugar dessa lei, resta ao povo cristão agora algo como a "lei de Cristo", na "nova dispensação", uma série de recomendações e princípios que se espalham por todo o Novo Testamento--nada de códigos e enumeração de regras.
Fica-se a imaginar onde a Bíblia descreve um rompimento entre o Pai e o Filho ao ponto de este último rebeldemente lançar Sua própria lei em contraste com a do Pai (superior?!) que sempre serviu tão bem à humanidade como base de conduta moral. . . Afinal, não declarou o Cristo: "Eu e o Pai somos um"?! Por que a "lei de Cristo" e a "lei de Deus" não seriam uma só e a mesma?
Mas ao defenderem tais idéias antibíblicas esses ensinadores defrontam 10 dilemas sérios. Veja abaixo quais são.
O primeiro dilema dos que pregam a abolição dos Dez Mandamentos na cruz, juntamente com as leis cerimoniais, é que tais idéias chocam-se com o que sempre ensinaram destacados líderes cristãos e credos confessionais das diferentes igrejas protestantes, inclusive as dos próprios promotores de tais aberrações teológicas. Eis alguns exemplos:
Na mais alta categoria dos inimigos do evangelho de Cristo, estão aqueles que, aberta e explicitamente, "julgam a lei", e "falam mal da lei"; aqueles que ensinam os homens a quebrar . . . não somente um . . . mas todos os mandamentos de um só golpe. . . Isto é, na verdade, demolir enunciados com muita violência. . . ; isto é resistir na cara a nosso Senhor.
Estas vigorosas palavras são de João Wesley [Works of Wesley--Obras de Wesley (New York: Waugh & Mason, 1833)]. Para quem não sabe, Wesley foi o fundador do metodismo e o grande evangelista e reavivalista do século XVIII. É de um dos seus famosos sermões esta exposição:
A lei moral firma-se sobre um fundamento inteiramente diverso da lei cerimonial ou ritual, que tinha o desígnio de servir para uma restrição temporária sobre um povo desobediente e de dura cerviz; enquanto esta [a lei moral] procede do princípio do mundo, sendo "escrita, não em tábuas de pedra", mas nos corações de todos os filhos dos homens, quando saíram das mãos do Criador.-- João Wesley, "Upon Our Lord"s Sermon on the Mount", Discurso 5, em Works of Wesley, Vol. 5, (edição de 1829), p. 311.
Por seu turno, o fervoroso evangelista Moody acrescenta estes valiosos pensamentos:
Jamais encontrei um homem honesto que achasse falta nos Dez Mandamentos. A lei dada no Sinai nada perdeu de sua solenidade. . . . O povo precisa ser levado a compreender que os Dez Mandamentos estão ainda em vigor, e que há uma penalidade ligada a cada violação. . . . O sermão do monte não cancelou os Dez Mandamentos. -- Weighed and Wanting, pgs. 11 e 16.
O que esses autores declaram está em perfeita harmonia com os Credos de Fé históricos das diversas igrejas protestantes, entre os quais se poderiam citar os seguintes:
Igreja Batista: "Cremos que a Lei de Deus é a eterna e imutável regra de seu governo moral; que é santa, justa e boa; e que a incapacidade que as Escrituras atribuem ao homem caído para cumprir seus preceitos deriva inteiramente de seu amor pelo pecado; sendo um dos grandes objetivos do Evangelho e dos meios de graça ligados ao estabelecimento da igreja visível livrá-lo e restaurá-lo mediante um Mediador à genuína obediência à santa Lei"-- Artigo 12 da "Confissão de New Hampshire".
"Todos nós temos a obrigação de cumprir a lei moral... que é a que nos prescreve as obrigações para com Deus e o próximo. . . . A lei se acha expressa com maior minuciosidade nos dez mandamentos, dados por Deus a Moisés no Sinai". -- Catecismo da Doutrina Batista, do Pastor W. D. T. MacDonald, pgs. 28 e 29.
Igreja Metodista: "O Velho Testamento não é contrário ao Novo: pois tanto no Velho quanto no Novo Testamento a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador entre Deus e o homem, sendo tanto Deus quanto homem. . . . Conquanto a lei dada por Deus mediante Moisés, no que tange a cerimônias e ritos, não seja vigente para os cristãos, nem os seus preceitos civis . . . não obstante nenhum cristão de modo algum está livre da obediência aos mandamentos que são denominados Morais".--Artigo 7 dos "Trinta e Nove Artigos de Religião". [Obs.: Esta mesma confissão é adotada pela Igreja Episcopal].
Igreja Presbiteriana: "A lei moral para sempre obriga a todos, tanto as pessoas justificadas quanto as demais, à sua obediência; e isso não só com respeito a seu conteúdo, mas também com respeito à autoridade de Deus o Criador que a concedeu. Nem Cristo no evangelho de modo algum desfez, mas fortaleceu essa obrigação. . .
"O Espírito de Cristo subjuga e capacita a vontade do homem para . . . cumprir o que a vontade de Deus, revelada na Lei, requer que seja feito. . . .
"A liberdade que Cristo adquiriu para os crentes sob o evangelho consiste em sua liberdade da culpa do pecado, da condenatória ira de Deus, da maldição da lei moral . . . Sob o Novo Testamento a liberdade do cristão é mais ampliada na liberdade do jugo da lei cerimonial, à qual a igreja judaica estava sujeita". -- Seções V, VII e XX do Capitulo XIX da "Confissão de Fé de Westminster". [Obs.: Também validada pela Igreja Congregacional].
Não é embaraçoso ver esses indivíduos contradizendo os pioneiros e credos de suas próprias igrejas?
O segundo dilema dos pregadores dessas teorias de "lei abolida" é quererem dizer que o mandamento do sábado é o único do Decálogo que não consta do Novo Testamento e não poderem prová-lo. Ensinam que conquanto a lei moral dos Dez Mandamentos haja encontrado o seu fim na cruz, todos os mandamentos, com exceção do sábado, foram sendo restaurados e repetidos no Novo Testamento. Daí apresentam uma listinha com os mandamentos enumerados por passagens neotestamentárias, menos o 4º. (do sábado). Mas quem se detiver para examinar a tal listinha verá que, como se diz popularmente, é pura "marmelada". Em primeiro lugar, não constam claramente os termos do 3º. mandamento, apenas uma referência indireta ao mesmo (de Mat. 5:34, 35: "de modo algum jureis . . . nem pelo céu . . . nem pela terra").
Como também não consta nada específico de não se dever fabricar imagens de esculturas. Apenas há referências indiretas, como a condenação genérica a ídolos (ver Atos 15:20, I João 5:21. 2 Coríntios 6:16). Com isso um católico pode alegar que tais passagens não abrangem as imagens dos santos, só da Divindade, e eles estariam cumprindo o preceito, pois realmente não cultuam imagens de Deus. De fato, se os Dez Mandamentos foram abolidos na cruz, como provar que a mera confecção de imagens é errada, como estipulado no 2º. mandamento--"Não farás para ti imagens de escultura. . ."?
Seja como for, se esses "apologistas cristãos" se sentem no direito de fazer "referências indiretas" a mandamentos do Decálogo, nada mais justo do que mostrar referências mais do que indiretas do 4º. mandamento no Novo Testamento:
Jesus declarou que "o sábado foi feito por causa do homem", claramente indicando a Criação. O texto indica que a palavra para "homem" é a mesma empregada para quando Cristo referiu-se ao casamento, originário do Éden, quando o homem "deixa o seu pai e a sua mãe e une-se a sua mulher" (Mat. 19:5). Ora, casamento não é coisa só para os judeus. E citar a 2a. parte do verso, "não o homem por causa do sábado" não contradiz a primeira parte, sobretudo quando se interpreta tais palavras segundo a imaginação de anti-sabatistas (de que o sábado era só para judeus). Não dá certo porque não se poderia dizer, "e não o homem judaico por causa do sábado". O "homem judaico" não foi feito, apenas o "homem". O fato de se tornarem judaicos, babilônicos, egípcios é coisa bem posterior. . .
O testemunho de Lucas 30 anos após a crucifixão, de que as santas mulheres seguidoras de Cristo "no sábado descansaram, segundo o mandamento" (Luc. 23:56). Após três décadas, para Lucas a guarda do sábado do sétimo dia era "segundo o mandamento". Ele nada diz de que fosse mandamento de alguma "lei antiga", "abolida", ou coisa tal.
A declaração do autor de Hebreus (cap. 4, vs. 9) de que resta um descanso sabático para o povo de Deus (no grego, sabbatismós, em contraste com todas as demais referências a "descanso" no capítulo, para as quais usa o termo katapausín-vs. 3, 4, 5, 8). Esta diferenciação de termos é muito significativa. Sem falar no fato de que o autor bíblico, escrevendo a cristãos hebreus, não ilustra o descanso espiritual que o povo de Deus deixou de obter, ou poderia ainda obter, com o descanso dominical (pelo ano 64 a 70 AD). Se o domingo já fosse uma instituição cristã, o dia de descanso da igreja, sem dúvida ele faria sua ilustração mencionando o domingo. Contudo, ignora inteiramente este dia, e vale-se do sábado do sétimo dia para ilustrar o seu ponto.
A preocupação expressa por Cristo sobre os cristãos de Jerusalém que deveriam orar para que a fuga deles, quando da invasão de sua terra (Jerusalém e Judéia) em 70 AD pelas tropas romanas não tivesse que se dar "no inverno, nem no sábado" (Mat. 24:20). Cristo sabia da inconveniência e perigo se os inimigos cercassem a cidade no dia em que estavam na igreja ou dedicados à adoração particular a Deus, alheios ao que se passava fora. . .
Jesus também recomendou: "fazei e guardai tudo quanto eles [os líderes religiosos dos judeus, seus contemporâneos] vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem" (Mat. 23:2). Uma das coisas que eles diziam era que observassem o sábado (Lucas 13:14). Deviam, pois, ouvi-los no que estavam certos e "fazer", mas não agir do modo errado como eles agiam para com o mandamento do sábado e todos os outros.
Paulo passou um ano e meio discutindo com os judeus em Corinto, e ao longo de todo esse tempo NUNCA se lembrou de dizer a eles que deviam passar a se reunir no domingo, mesmo quando os judeus abandonaram o local e ele ficou somente com os gentios (Atos 18:1-4 e 11). Em Filipos, onde não havia sinagoga, os apóstolos e Paulo escolheram um lugar tranqüilo para passarem um sábado: Atos 16: 12, 13.
Os cristãos de origem judaica, eram zelosos na observância da lei (At. 21:20) e não seriam promotores do abandono de um dos principais preceitos da lei--o 4º. mandamento. Documentação histórica posterior corrobora esta conclusão. O historiador palestino Epifânio viveu ao redor de 350 AD e narra a história da igreja de Jerusalém. Ele conta de como deixaram a cidade antes da sua destruição em 70 AD, foram para o norte, a um lugar chamado Pela, colonizaram o lugar, onde passaram a ser conhecidos como "nazarenos". Epifânio declara que esses nazarenos, ou seja, os diretos descendentes da igreja de Jerusalém, viveram ali no seu próprio tempo e, diz ele, diferiam do resto dos cristãos por insistirem até aquele tempo na observância do sábado do sétimo dia!
No Concílio de Jerusalém, dentre as coisas que não se requeria dos gentios nenhuma regra contra o sábado é determinada (Atos 15:20), prova de que não foi objeto de debate naquela igreja--todos o observavam sem problemas. Paulo declara quando sob julgamento: "Nenhum pecado cometi contra a lei dos judeus, nem contra o templo. . ." Caso ele tivesse desrespeitado o preceito do sábado não teria condições de fazer tal alegação pois seria imediatamente acusado de ser um violador do sábado, um princípio muito arraigado na religião e cultura dos judeus.
O terceiro dilema desses "intérpretes da nova lei" é não conseguirem demonstrar a exigência até infantil de que os mandamentos todos sejam referidos (integralmente ou não) para indicar sua validade no Novo Testamento.
Mas quem disse ser este o objetivo desta parte da Bíblia? Não há nenhuma necessidade de "chover no molhado". Os princípios morais básicos do Velho Testamento, que têm por fundamento o "amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo", são reiterados (não revalidados) no Novo Testamento por Cristo (Mat. 22:34-40, cf. Deut. 6:5 e Lev. 19:18).
Quando Paulo diz que "o cumprimento da lei é o amor" (Rom. 13:8-10) apenas cita alguns mandamentos como ilustração. Em seguida, porém, declara: "e se há qualquer outro mandamento. . ." Claro que ele com isso abrange toda a lei moral divina. Jesus também declarou ao jovem rico: "Se queres . . . entrar na vida, guarda os mandamentos" (Mat. 19:17). No relato de Lucas, este mostra que Jesus diz ao jovem: "Sabes os mandamentos: não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe" (Luc. 18: 20, 21). Então, é uma grande tolice alegar que se Jesus não repetiu o 4o. mandamento, este não era mais obrigatório, pois na verdade ele não citou também o 1º., nem o 2º., nem o 3º., nem o 10º.! Poderia, daí, esse jovem viver os descumprindo? Poderia alcançar a vida eterna adorando imagens, falando o nome de Deus em vão, violando o sábado e cobiçando a mulher e coisas do próximo? Era este o ensino de Cristo?
Oh, mas isso não vale--Jesus falou tais coisas antes da cruz, ainda na "dispensação da lei", alegam muitas vezes. Não há problema: Tiago, bem depois da cruz, cita os mandamentos "não matarás" e "não adulterarás" para ressaltar que "qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos", lembrando a seguir que essa lei será a base do juízo divino (ver Tia. 2:8-13). Não cita todos os mandamentos, é verdade, só dois. Mas suas palavras são evidentemente abrangentes de TODOS.
Só quem for muito teimoso e preconceituoso contra a vigência da lei divina moral é que não pode percebê-lo, além de terem esses de enfrentar ao final o juízo de transgredirem todos os mandamentos por não só descumprirem voluntariamente um deles, mas ainda fazerem campanha contra sua vigência (Mateus 5:19). E voltamos a lembrar as abrangentes palavras de Paulo, em Romanos 13:8-10, depois da cruz. . .
Com isso chegamos ao quarto dilema dos antinomistas e semi-antinomistas modernos: deixarem implícita a absurda "divisão dispensacionalista" pela qual as pessoas antes da cruz eram salvas pela lei, e depois da cruz, pela graça.
É assim que muitos crentes pensam. Indagamos exatamente isso para as centenas de irmãos evangélicos que recebem nossos anúncios, perguntando especificamente: como se salvavam as pessoas que viviam nos tempos do Velho Testamento? Alguém nos respondeu que se salvavam pela obediência à lei, outro que Jesus foi pregar para os "espíritos em prisão" (1 Pedro 3:19 e 20), demonstrando a evidente ignorância desse ensino no meio evangélico, fruto da teoria dispensacionalista, que deixa muita gente confusa sobre este ponto (e outros): se agora é a "dispensação da graça", então as pessoas se salvam sem nada terem a ver com a lei. E na "dispensação da lei", as pessoas se salvavam sem nada terem a ver com a graça!
Arnaldo Christianini aborda esta questão de modo até irônico:
O autor do livro [O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus, do batista Ricardo Pitrowski, que Christianini refuta inapelavelmente em sua obra] . . . defende o dispensacionalismo e crê que, depois de Cristo a graça suplantou a lei, substituiu-a, anulou-a, destruiu-a. Afirma que, com a morte de Cristo, findou-se a jurisdição da lei, iniciando-se a da graça... Se isso fosse verdade, gostaríamos de perguntar como se arrumaram os pecadores dos tempos do Velho Testamento? Como se teriam salvo? Este ponto não pode ser passado por alto porquanto as Escrituras ensinam clarissimamente que a salvação é obtida unicamente pela graça. E se a graça não existia antes da cruz, segue-se que os pecadores que viveram no tempo patriarcal e posterior não se salvaram. Viveram antes da graça, para sua perdição. Ou--se como querem alguns--os pecadores do Velho Testamento se teriam salvo pelas obras da lei, forçoso é convir que o Céu estará dividido em dois grupos: um grupo a proclamar altissonantemente ter-se salvo pelos seus méritos e esforços, por terem guardado a lei (e isto seria um insulto a Jesus, um ultraje ao Seu sacrifício e ao Seu sangue), ao passo que o povo que viveu depois da cruz lá estaria a proclamar humildemente os louvores de Cristo, que lhes deu a vida eterna. . . . Seria concebível?
Não, não há na Bíblia tal coisa: uma jurisdição da lei e outra da graça, separadas pela cruz. Isto é danosa invencionice humana, ofensa ao plano de Deus. . . . Diz a Bíblia que a graça vem de "tempos eternos" (Rom. 16:25), que o "Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo" (Apoc. 13:8), e que "a graça nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos" (II Tim. 1:9). Portanto, os pecadores sob o Velho Testamento também se salvaram pela graça. . . .
Abraão foi salvo pela graça, Gál. 3:8; Rom. 4:3. Davi não se salvou pelos próprios méritos, mas pela fé em Cristo. Rom. 4:6. A graça está estendida a TODOS os homens. Tito 2:11; Rom. 5:18. Estava planejada antes mesmo da queda e começou a vigorar desde Gên. 3:15. . .- Subtilezas do Erro, 1a. edição, pgs. 84 e 85.
O quinto dilema dos que advogam a teoria da abolição do decálogo divino é a evidente contradição e falta de lógica em seu raciocínio sobre a "restauração dos mandamentos no Novo Testamento".
Se todos os mandamentos foram abolidos na cruz, mas sendo depois restaurados no Novo Testamento (menos o 4º.), imaginemos uma situação incrível que se estabeleceria: O 5º. mandamento foi de embrulho com todos os demais regulamentos morais e cerimoniais quando Jesus exalou o último suspiro e declarou, "Está consumado". Daí, no minuto seguinte qualquer filho de um seguidor de Cristo poderia chutar a canela de seu pai ou mãe, xingá-los, desobedecê-los e desrespeitá-los livremente, eis que o 5o. mandamento só foi "restaurado" quando Paulo se lembrou de referi-lo, escrevendo aos efésios, e isso no ano 58 AD (ver Efés. 6: 1-3)! E, pior ainda, os termos do mandamento "não matarás" só foram reiterados por Paulo em Romanos 13:9, no ano 56 ou 58 AD (bem como "não adulterarás", "não furtarás", "não cobiçarás". . .).
Ou seja, por quase 30 anos os filhos dos cristãos não tinham que respeitar os pais, pois o 5º. mandamento só é restaurado após umas três décadas, e mesmo assim só para os efésios. Muitas décadas mais se passaram até atingir toda a comunidade cristã para cientificar-se da necessidade de os filhos respeitarem seus pais! Além de os cristãos poderem matar uns aos outros, etc., nesse mesmo período "sem a lei". . . Faz sentido isso tudo?
Por aí se vê a enrascada em que se mete quem contraria o "assim diz o Senhor" das Escrituras.
Passemos, porém, para outro dilema, o sexto: não saberem definir a terminologia paulina ao tratar do tema da lei em suas epístolas e fazerem grande confusão a respeito. Isso é perigoso, pois Pedro já advertira que "Paulo escreveu segundo a sabedoria que lhe foi dada, e ao falar acerca destes assuntos, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles". E recomenda logo a seguir: "Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza" (2 Ped. 3:15-17).
Esses "apologistas cristãos" se atrapalham muitas vezes com a rica terminologia paulina em Romanos, Gálatas, Efésios porque Paulo usa várias expressões no seu debate sobre lei-graça, fé-obras, pecado-justiça (como "lei de Cristo", ou "da graça", ou "da fé", ou "do espírito de vida", "ou do pecado e da morte"). Não percebendo o recurso retórico de seu uso não se dão conta de que "a lei do pecado e da morte", por exemplo, é como Paulo se refere à ação do pecado, não uma designação à lei de Deus sobre a qual ele declarou: "com a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne da lei do pecado" (Rom. 7:25). Este texto e outros em que Paulo exalta a lei de Deus como "santa, justa, boa, espiritual" na qual tem "prazer" (vs. 12, 14, 16, 22) não condizem com a tese da "lei abolida". Iria Paulo ter prazer numa "lei do pecado", inteiramente abolida?
Sem falar em Rom. 3:31: "Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei". Esta é um claro texto em que Paulo demonstra que sendo a salvação inteiramente pela fé, não ficam os redimidos sem a lei de Deus como sua norma de vida. Esses negadores da validade de tal lei simplesmente não sabem o que fazer com este texto diante das teses que advogam. E ainda vem logo a seguir Rom. 8:3 e 4, 7 e 8 que são versículos dos quais fogem, como "o diabo foge da cruz". . .
O sétimo dilema desses negadores da validade da lei divina é não conseguirem comprovar que no Novo Concerto há uma "nova lei" que nada tem a ver com o Decálogo, para o cristão, sendo mais "user friendly". Contudo, a Bíblia indica que o novo concerto tem por base não outra, mas a mesma lei moral dada a Israel.
Vejamos um importante texto, de Hebreus em que, longe de ensinar que o Novo Testamento representa um novo concerto sem a lei divina básica expressa no Velho Testamento, o autor bíblico mostra que aos que aceitarem os termos do Novo Concerto (ou Novo Testamento) o próprio Deus escreveria a Sua lei em seus corações e a imprimiria em suas mentes:
Agora, pois, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é Ele também mediador de superior aliança, instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda. E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito, pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também sobre os seus corações as inscreverei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo (Heb. 8:6-10; cf. 10:16).
Em 2 Coríntios 3:1-11 Paulo compara o cristão sob o novo concerto com uma "carta, escrita em nossos corações, conhecida por todos os homens . . . escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações".
No novo concerto, firmado sobre "superiores promessas", Deus escreve a Sua lei nos corações dos que aceitarem os seus termos, tirando-a das frias tábuas de pedra para gravá-la nos corações aquecidos pela graça divina (ver Heb. 8:6). Note-se que essa "lei de Deus" é a mesma que constava da promessa original dirigida aos filhos de Israel em Jeremias 31:31-33 e não outra. O ônus da prova fica com quem negue este fato, claramente estabelecido nestes textos, além de Hebreus 10:16, que confirma: Deus escreve a Sua lei nos corações de Seus filhos sob a nova aliança. Os leitores cristãos-hebreus da epístola entenderiam muito bem a que lei divina se referem tais dizeres.
E até agora nenhum desses "apologistas cristãos" conseguiu responder de forma minimamente aceitável a nossa pergunta-desafio: onde é dito que quando Deus escreve a Sua lei nos corações e mentes dos que aceitam os termos do Novo Concerto, Ele deixa de fora o 4o. mandamento ou este consta tendo o domingo no lugar do sábado?
Outro dilema dessas pessoas é que o contexto de Hebreus capítulos 8 e 10 é claro ao definir que se aplicam ao novo "Israel" de Deus, aqueles da dispensação cristã. Para desconsolo de tais indivíduos o texto fala em "leis de Deus", não "lei de Cristo". Afinal, o novo concerto é agora disponível a todos, judeus e gentios, pois o muro de separação foi desfeito com a abolição da "lei cerimonial"--não da "lei moral" (Efé. 2:11 a 22).
Portanto, o tema da lei divina não é coisa do Velho Testamento. Pelo contrário, é componente fundamental do próprio Novo Testamento, por certo em seus aspectos morais, não cerimoniais (ver 1 Cor. 7:19).
O oitavo dilema desses negadores da validade do Decálogo como norma de conduta cristã é que não sabem o que fazer com a norma sobre dia de repouso dentro da "nova lei": ora dizem que os cristãos primitivos adotaram logo o domingo para comemorar a ressurreição de Cristo, mas por falta de comprovação bíblica dizem alternativamente que não há mais dia nenhum para observar, ou que o mandamento agora é o descanso num mero "dia em sete", não necessariamente no 7º. dia, ou que o repouso na verdade significa simplesmente aceitar a Cristo, e assim por diante. Agora, se "qualquer dia serve", por que não ficar logo com o que é claramente instituído na Bíblia, o 7º.?
Não há consenso entre os vários crentes e igrejas, algumas observando rigorosamente o domingo, outras não dando muito valor ao dia, sendo usado apenas como o "horário do culto", ou não tendo qualquer escrúpulo por dia algum. Mas Jesus disse que "o sábado foi feito por causa do homem [não do judeu]" (Mar. 2:27) e João revela, na introdução de seu livro profético, que tinha um "dia do Senhor" que dedicava a Deus (Apo. 1:10).
Que João não se refere ao domingo fica claro pelo fato que, ao escrever o seu evangelho na mesma época, refere-se ao dia da Ressurreição simplesmente como "primeiro dia da semana", sem nenhuma indicação especial quanto ao dia (ver João 20:1).
O nono dilema dos advogados do fim de toda a lei (moral, cerimonial, civil) na cruz é que, percebendo não haver fundamentação bíblica segura para sustentar a guarda do domingo (por isso nem todas as igrejas e/ou seus membros o adotam) recorrem a textos patrísticos inteiramente isolados de sua contextuação, ao mesmo tempo em que buscam ignorar os resultados do trabalho realmente erudito, profundo e reconhecido por autoridades tanto católicas quanto protestantes do Dr. Samuele Bacchiocchi dentro do próprio Vaticano, e o de outros pesquisadores sérios.
Citar Barnabé, Tertuliano, Justino Mártir, Eusébio pode parecer muito impressionante, mas se não se levar em conta a verdadeira contextualização histórica desses escritos, tais declarações omissas haverão de ser enganosas, como de fato se dá.
Também os que citam tais autoridades não mencionam TODAS, pois deixam de fora Sozomen, Sócrates, Epifânio, não explicam a origem do Domingo de Páscoa em substituição da regra de observar-se a Páscoa em 14 de Nisã como os judeus, ignoram as razões da famosa Controvérsia Quatrodecimana ou das medidas antijudaicas do Imperador Adriano em 135 AD e seus desdobramentos para a igreja cristã a partir de Roma*. Tudo isso merece séria pesquisa. . .
O décimo dilema dos que pregam o fim do Decálogo divino na cruz é que precisam recorrer à pura e simples mentira para promoverem a falsa equação: "Observância do sábado = justificação por obras". Ou seja, insinuam insistentemente que quem deseja observar o sábado do sétimo dia é por estar querendo salvar-se pelas obras da lei!
Apesar de lhes terem sido apresentadas as POSIÇÕES OFICIAIS das igrejas observadoras do sábado sobre a salvação pela graça, nunca pelas obras da lei, esses "apologistas cristãos" passam por alto tais fatos devidamente documentados e partem para a repetida, injusta e falsa alegação de que todos os que ensinam e praticam a guarda do sábado do 7º dia pregam a salvação pelas obras da lei, sendo, portanto, legalistas.
Há, porém, duas simples razões pelas quais demonstramos ser isto uma falsidade caluniosa:
1o. -- É antibíblico: Crer em salvação ainda que parcialmente pelas obras e ensinar isso choca-se com o teor todo do que as Escrituras ensinam, e os adventistas e demais observadores do sábado conhecem muito bem suas Bíblias para incorrerem em erro tão primário. Sabemos o que Paulo diz em Romanos, Gálatas, Efésios, e não iríamos jamais contrariar tão claras exposições do apóstolo. Ademais, no exame dos textos de Efés. 2:8 e 9, tão citados em círculos evangélicos, não podemos nos esquecer do verso seguinte, o 10. . .
2o. -- É desnecessário: Não há nenhuma condição sine qua non para quem observa o mandamento do sábado de crer em salvação por obras por sua prática de guardar o dia do Senhor bíblico. Ou seja, não precisamos apelar a essa posição antibíblica de salvação por obras para defender a vigência e guarda do sábado, tanto quanto os demais cristãos não obtêm mérito por não adorarem imagens, por exemplo. Assim, se os evangélicos respeitam os termos do mandamento contra as imagens, acaso com isso se tornam legalistas e obtêm salvação por cumprir tal obra? Claro que não. O mesmo raciocínio se aplica à questão do sábado e a todos os demais mandamentos da lei divina.
Sendo que estão perfeitamente avisados dos fatos, se insistem com tais insinuações caluniosas, o que praticam é o puro e simples "falso testemunho contra o . . . próximo". Como, porém, teimam em ensinar que os Dez Mandamentos não são mais norma de conduta cristã, tendo sido inteiramente abolidos, e, como lembra um deles, "Abolir significa: "Revogar, anular, extinguir, suprimir"", dá para compreender o porquê de tais atitudes. O que fazem é, como se diz, despejarem o bebê junto com a água do banho!
Se o Decálogo foi revogado, anulado, extinto, suprimido, claro. . . foi por água abaixo o seu 9º mandamento: "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" (Êxo. 20:9). Agora, sim, isso faz perfeito sentido! Estão explicadas estas atitudes deploráveis de falsas acusações desses "apologistas cristãos".
O problema para essa gente é o que encontramos em Apocalipse 21:8 onde é dito sobre "... todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte".
Deus tenha deles misericórdia e faça-os despertarem à realidade (e à verdade) enquanto é tempo!
Antinomista significa alguém que é contra a lei, que prega a sua total abolição por Jesus, seja durante o Seu ministério ou por Sua morte na cruz, o que envolveria todos os mandamentos, os morais (dos Dez Mandamentos) e os cerimoniais. Ensinam que o decálogo teria findado com a morte do Salvador juntamente com o velho concerto e todas as estipulações rituais dos judeus (a lei cerimonial).
Tais pessoas se esforçam ao máximo para se desfazerem da obrigação de cumprir os Dez Mandamentos, ensinando que tal lei, base do concerto de Deus com o Seu povo de Israel no passado, não mais se aplica aos cristãos. Em lugar dessa lei, resta ao povo cristão agora algo como a "lei de Cristo", na "nova dispensação", uma série de recomendações e princípios que se espalham por todo o Novo Testamento--nada de códigos e enumeração de regras.
Fica-se a imaginar onde a Bíblia descreve um rompimento entre o Pai e o Filho ao ponto de este último rebeldemente lançar Sua própria lei em contraste com a do Pai (superior?!) que sempre serviu tão bem à humanidade como base de conduta moral. . . Afinal, não declarou o Cristo: "Eu e o Pai somos um"?! Por que a "lei de Cristo" e a "lei de Deus" não seriam uma só e a mesma?
Mas ao defenderem tais idéias antibíblicas esses ensinadores defrontam 10 dilemas sérios. Veja abaixo quais são.
O primeiro dilema dos que pregam a abolição dos Dez Mandamentos na cruz, juntamente com as leis cerimoniais, é que tais idéias chocam-se com o que sempre ensinaram destacados líderes cristãos e credos confessionais das diferentes igrejas protestantes, inclusive as dos próprios promotores de tais aberrações teológicas. Eis alguns exemplos:
Na mais alta categoria dos inimigos do evangelho de Cristo, estão aqueles que, aberta e explicitamente, "julgam a lei", e "falam mal da lei"; aqueles que ensinam os homens a quebrar . . . não somente um . . . mas todos os mandamentos de um só golpe. . . Isto é, na verdade, demolir enunciados com muita violência. . . ; isto é resistir na cara a nosso Senhor.
Estas vigorosas palavras são de João Wesley [Works of Wesley--Obras de Wesley (New York: Waugh & Mason, 1833)]. Para quem não sabe, Wesley foi o fundador do metodismo e o grande evangelista e reavivalista do século XVIII. É de um dos seus famosos sermões esta exposição:
A lei moral firma-se sobre um fundamento inteiramente diverso da lei cerimonial ou ritual, que tinha o desígnio de servir para uma restrição temporária sobre um povo desobediente e de dura cerviz; enquanto esta [a lei moral] procede do princípio do mundo, sendo "escrita, não em tábuas de pedra", mas nos corações de todos os filhos dos homens, quando saíram das mãos do Criador.-- João Wesley, "Upon Our Lord"s Sermon on the Mount", Discurso 5, em Works of Wesley, Vol. 5, (edição de 1829), p. 311.
Por seu turno, o fervoroso evangelista Moody acrescenta estes valiosos pensamentos:
Jamais encontrei um homem honesto que achasse falta nos Dez Mandamentos. A lei dada no Sinai nada perdeu de sua solenidade. . . . O povo precisa ser levado a compreender que os Dez Mandamentos estão ainda em vigor, e que há uma penalidade ligada a cada violação. . . . O sermão do monte não cancelou os Dez Mandamentos. -- Weighed and Wanting, pgs. 11 e 16.
O que esses autores declaram está em perfeita harmonia com os Credos de Fé históricos das diversas igrejas protestantes, entre os quais se poderiam citar os seguintes:
Igreja Batista: "Cremos que a Lei de Deus é a eterna e imutável regra de seu governo moral; que é santa, justa e boa; e que a incapacidade que as Escrituras atribuem ao homem caído para cumprir seus preceitos deriva inteiramente de seu amor pelo pecado; sendo um dos grandes objetivos do Evangelho e dos meios de graça ligados ao estabelecimento da igreja visível livrá-lo e restaurá-lo mediante um Mediador à genuína obediência à santa Lei"-- Artigo 12 da "Confissão de New Hampshire".
"Todos nós temos a obrigação de cumprir a lei moral... que é a que nos prescreve as obrigações para com Deus e o próximo. . . . A lei se acha expressa com maior minuciosidade nos dez mandamentos, dados por Deus a Moisés no Sinai". -- Catecismo da Doutrina Batista, do Pastor W. D. T. MacDonald, pgs. 28 e 29.
Igreja Metodista: "O Velho Testamento não é contrário ao Novo: pois tanto no Velho quanto no Novo Testamento a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador entre Deus e o homem, sendo tanto Deus quanto homem. . . . Conquanto a lei dada por Deus mediante Moisés, no que tange a cerimônias e ritos, não seja vigente para os cristãos, nem os seus preceitos civis . . . não obstante nenhum cristão de modo algum está livre da obediência aos mandamentos que são denominados Morais".--Artigo 7 dos "Trinta e Nove Artigos de Religião". [Obs.: Esta mesma confissão é adotada pela Igreja Episcopal].
Igreja Presbiteriana: "A lei moral para sempre obriga a todos, tanto as pessoas justificadas quanto as demais, à sua obediência; e isso não só com respeito a seu conteúdo, mas também com respeito à autoridade de Deus o Criador que a concedeu. Nem Cristo no evangelho de modo algum desfez, mas fortaleceu essa obrigação. . .
"O Espírito de Cristo subjuga e capacita a vontade do homem para . . . cumprir o que a vontade de Deus, revelada na Lei, requer que seja feito. . . .
"A liberdade que Cristo adquiriu para os crentes sob o evangelho consiste em sua liberdade da culpa do pecado, da condenatória ira de Deus, da maldição da lei moral . . . Sob o Novo Testamento a liberdade do cristão é mais ampliada na liberdade do jugo da lei cerimonial, à qual a igreja judaica estava sujeita". -- Seções V, VII e XX do Capitulo XIX da "Confissão de Fé de Westminster". [Obs.: Também validada pela Igreja Congregacional].
Não é embaraçoso ver esses indivíduos contradizendo os pioneiros e credos de suas próprias igrejas?
O segundo dilema dos pregadores dessas teorias de "lei abolida" é quererem dizer que o mandamento do sábado é o único do Decálogo que não consta do Novo Testamento e não poderem prová-lo. Ensinam que conquanto a lei moral dos Dez Mandamentos haja encontrado o seu fim na cruz, todos os mandamentos, com exceção do sábado, foram sendo restaurados e repetidos no Novo Testamento. Daí apresentam uma listinha com os mandamentos enumerados por passagens neotestamentárias, menos o 4º. (do sábado). Mas quem se detiver para examinar a tal listinha verá que, como se diz popularmente, é pura "marmelada". Em primeiro lugar, não constam claramente os termos do 3º. mandamento, apenas uma referência indireta ao mesmo (de Mat. 5:34, 35: "de modo algum jureis . . . nem pelo céu . . . nem pela terra").
Como também não consta nada específico de não se dever fabricar imagens de esculturas. Apenas há referências indiretas, como a condenação genérica a ídolos (ver Atos 15:20, I João 5:21. 2 Coríntios 6:16). Com isso um católico pode alegar que tais passagens não abrangem as imagens dos santos, só da Divindade, e eles estariam cumprindo o preceito, pois realmente não cultuam imagens de Deus. De fato, se os Dez Mandamentos foram abolidos na cruz, como provar que a mera confecção de imagens é errada, como estipulado no 2º. mandamento--"Não farás para ti imagens de escultura. . ."?
Seja como for, se esses "apologistas cristãos" se sentem no direito de fazer "referências indiretas" a mandamentos do Decálogo, nada mais justo do que mostrar referências mais do que indiretas do 4º. mandamento no Novo Testamento:
Jesus declarou que "o sábado foi feito por causa do homem", claramente indicando a Criação. O texto indica que a palavra para "homem" é a mesma empregada para quando Cristo referiu-se ao casamento, originário do Éden, quando o homem "deixa o seu pai e a sua mãe e une-se a sua mulher" (Mat. 19:5). Ora, casamento não é coisa só para os judeus. E citar a 2a. parte do verso, "não o homem por causa do sábado" não contradiz a primeira parte, sobretudo quando se interpreta tais palavras segundo a imaginação de anti-sabatistas (de que o sábado era só para judeus). Não dá certo porque não se poderia dizer, "e não o homem judaico por causa do sábado". O "homem judaico" não foi feito, apenas o "homem". O fato de se tornarem judaicos, babilônicos, egípcios é coisa bem posterior. . .
O testemunho de Lucas 30 anos após a crucifixão, de que as santas mulheres seguidoras de Cristo "no sábado descansaram, segundo o mandamento" (Luc. 23:56). Após três décadas, para Lucas a guarda do sábado do sétimo dia era "segundo o mandamento". Ele nada diz de que fosse mandamento de alguma "lei antiga", "abolida", ou coisa tal.
A declaração do autor de Hebreus (cap. 4, vs. 9) de que resta um descanso sabático para o povo de Deus (no grego, sabbatismós, em contraste com todas as demais referências a "descanso" no capítulo, para as quais usa o termo katapausín-vs. 3, 4, 5, 8). Esta diferenciação de termos é muito significativa. Sem falar no fato de que o autor bíblico, escrevendo a cristãos hebreus, não ilustra o descanso espiritual que o povo de Deus deixou de obter, ou poderia ainda obter, com o descanso dominical (pelo ano 64 a 70 AD). Se o domingo já fosse uma instituição cristã, o dia de descanso da igreja, sem dúvida ele faria sua ilustração mencionando o domingo. Contudo, ignora inteiramente este dia, e vale-se do sábado do sétimo dia para ilustrar o seu ponto.
A preocupação expressa por Cristo sobre os cristãos de Jerusalém que deveriam orar para que a fuga deles, quando da invasão de sua terra (Jerusalém e Judéia) em 70 AD pelas tropas romanas não tivesse que se dar "no inverno, nem no sábado" (Mat. 24:20). Cristo sabia da inconveniência e perigo se os inimigos cercassem a cidade no dia em que estavam na igreja ou dedicados à adoração particular a Deus, alheios ao que se passava fora. . .
Jesus também recomendou: "fazei e guardai tudo quanto eles [os líderes religiosos dos judeus, seus contemporâneos] vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem" (Mat. 23:2). Uma das coisas que eles diziam era que observassem o sábado (Lucas 13:14). Deviam, pois, ouvi-los no que estavam certos e "fazer", mas não agir do modo errado como eles agiam para com o mandamento do sábado e todos os outros.
Paulo passou um ano e meio discutindo com os judeus em Corinto, e ao longo de todo esse tempo NUNCA se lembrou de dizer a eles que deviam passar a se reunir no domingo, mesmo quando os judeus abandonaram o local e ele ficou somente com os gentios (Atos 18:1-4 e 11). Em Filipos, onde não havia sinagoga, os apóstolos e Paulo escolheram um lugar tranqüilo para passarem um sábado: Atos 16: 12, 13.
Os cristãos de origem judaica, eram zelosos na observância da lei (At. 21:20) e não seriam promotores do abandono de um dos principais preceitos da lei--o 4º. mandamento. Documentação histórica posterior corrobora esta conclusão. O historiador palestino Epifânio viveu ao redor de 350 AD e narra a história da igreja de Jerusalém. Ele conta de como deixaram a cidade antes da sua destruição em 70 AD, foram para o norte, a um lugar chamado Pela, colonizaram o lugar, onde passaram a ser conhecidos como "nazarenos". Epifânio declara que esses nazarenos, ou seja, os diretos descendentes da igreja de Jerusalém, viveram ali no seu próprio tempo e, diz ele, diferiam do resto dos cristãos por insistirem até aquele tempo na observância do sábado do sétimo dia!
No Concílio de Jerusalém, dentre as coisas que não se requeria dos gentios nenhuma regra contra o sábado é determinada (Atos 15:20), prova de que não foi objeto de debate naquela igreja--todos o observavam sem problemas. Paulo declara quando sob julgamento: "Nenhum pecado cometi contra a lei dos judeus, nem contra o templo. . ." Caso ele tivesse desrespeitado o preceito do sábado não teria condições de fazer tal alegação pois seria imediatamente acusado de ser um violador do sábado, um princípio muito arraigado na religião e cultura dos judeus.
O terceiro dilema desses "intérpretes da nova lei" é não conseguirem demonstrar a exigência até infantil de que os mandamentos todos sejam referidos (integralmente ou não) para indicar sua validade no Novo Testamento.
Mas quem disse ser este o objetivo desta parte da Bíblia? Não há nenhuma necessidade de "chover no molhado". Os princípios morais básicos do Velho Testamento, que têm por fundamento o "amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo", são reiterados (não revalidados) no Novo Testamento por Cristo (Mat. 22:34-40, cf. Deut. 6:5 e Lev. 19:18).
Quando Paulo diz que "o cumprimento da lei é o amor" (Rom. 13:8-10) apenas cita alguns mandamentos como ilustração. Em seguida, porém, declara: "e se há qualquer outro mandamento. . ." Claro que ele com isso abrange toda a lei moral divina. Jesus também declarou ao jovem rico: "Se queres . . . entrar na vida, guarda os mandamentos" (Mat. 19:17). No relato de Lucas, este mostra que Jesus diz ao jovem: "Sabes os mandamentos: não adulterarás, não matarás, não furtarás, não dirás falso testemunho, honra a teu pai e a tua mãe" (Luc. 18: 20, 21). Então, é uma grande tolice alegar que se Jesus não repetiu o 4o. mandamento, este não era mais obrigatório, pois na verdade ele não citou também o 1º., nem o 2º., nem o 3º., nem o 10º.! Poderia, daí, esse jovem viver os descumprindo? Poderia alcançar a vida eterna adorando imagens, falando o nome de Deus em vão, violando o sábado e cobiçando a mulher e coisas do próximo? Era este o ensino de Cristo?
Oh, mas isso não vale--Jesus falou tais coisas antes da cruz, ainda na "dispensação da lei", alegam muitas vezes. Não há problema: Tiago, bem depois da cruz, cita os mandamentos "não matarás" e "não adulterarás" para ressaltar que "qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos", lembrando a seguir que essa lei será a base do juízo divino (ver Tia. 2:8-13). Não cita todos os mandamentos, é verdade, só dois. Mas suas palavras são evidentemente abrangentes de TODOS.
Só quem for muito teimoso e preconceituoso contra a vigência da lei divina moral é que não pode percebê-lo, além de terem esses de enfrentar ao final o juízo de transgredirem todos os mandamentos por não só descumprirem voluntariamente um deles, mas ainda fazerem campanha contra sua vigência (Mateus 5:19). E voltamos a lembrar as abrangentes palavras de Paulo, em Romanos 13:8-10, depois da cruz. . .
Com isso chegamos ao quarto dilema dos antinomistas e semi-antinomistas modernos: deixarem implícita a absurda "divisão dispensacionalista" pela qual as pessoas antes da cruz eram salvas pela lei, e depois da cruz, pela graça.
É assim que muitos crentes pensam. Indagamos exatamente isso para as centenas de irmãos evangélicos que recebem nossos anúncios, perguntando especificamente: como se salvavam as pessoas que viviam nos tempos do Velho Testamento? Alguém nos respondeu que se salvavam pela obediência à lei, outro que Jesus foi pregar para os "espíritos em prisão" (1 Pedro 3:19 e 20), demonstrando a evidente ignorância desse ensino no meio evangélico, fruto da teoria dispensacionalista, que deixa muita gente confusa sobre este ponto (e outros): se agora é a "dispensação da graça", então as pessoas se salvam sem nada terem a ver com a lei. E na "dispensação da lei", as pessoas se salvavam sem nada terem a ver com a graça!
Arnaldo Christianini aborda esta questão de modo até irônico:
O autor do livro [O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus, do batista Ricardo Pitrowski, que Christianini refuta inapelavelmente em sua obra] . . . defende o dispensacionalismo e crê que, depois de Cristo a graça suplantou a lei, substituiu-a, anulou-a, destruiu-a. Afirma que, com a morte de Cristo, findou-se a jurisdição da lei, iniciando-se a da graça... Se isso fosse verdade, gostaríamos de perguntar como se arrumaram os pecadores dos tempos do Velho Testamento? Como se teriam salvo? Este ponto não pode ser passado por alto porquanto as Escrituras ensinam clarissimamente que a salvação é obtida unicamente pela graça. E se a graça não existia antes da cruz, segue-se que os pecadores que viveram no tempo patriarcal e posterior não se salvaram. Viveram antes da graça, para sua perdição. Ou--se como querem alguns--os pecadores do Velho Testamento se teriam salvo pelas obras da lei, forçoso é convir que o Céu estará dividido em dois grupos: um grupo a proclamar altissonantemente ter-se salvo pelos seus méritos e esforços, por terem guardado a lei (e isto seria um insulto a Jesus, um ultraje ao Seu sacrifício e ao Seu sangue), ao passo que o povo que viveu depois da cruz lá estaria a proclamar humildemente os louvores de Cristo, que lhes deu a vida eterna. . . . Seria concebível?
Não, não há na Bíblia tal coisa: uma jurisdição da lei e outra da graça, separadas pela cruz. Isto é danosa invencionice humana, ofensa ao plano de Deus. . . . Diz a Bíblia que a graça vem de "tempos eternos" (Rom. 16:25), que o "Cordeiro foi morto desde a fundação do mundo" (Apoc. 13:8), e que "a graça nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos" (II Tim. 1:9). Portanto, os pecadores sob o Velho Testamento também se salvaram pela graça. . . .
Abraão foi salvo pela graça, Gál. 3:8; Rom. 4:3. Davi não se salvou pelos próprios méritos, mas pela fé em Cristo. Rom. 4:6. A graça está estendida a TODOS os homens. Tito 2:11; Rom. 5:18. Estava planejada antes mesmo da queda e começou a vigorar desde Gên. 3:15. . .- Subtilezas do Erro, 1a. edição, pgs. 84 e 85.
O quinto dilema dos que advogam a teoria da abolição do decálogo divino é a evidente contradição e falta de lógica em seu raciocínio sobre a "restauração dos mandamentos no Novo Testamento".
Se todos os mandamentos foram abolidos na cruz, mas sendo depois restaurados no Novo Testamento (menos o 4º.), imaginemos uma situação incrível que se estabeleceria: O 5º. mandamento foi de embrulho com todos os demais regulamentos morais e cerimoniais quando Jesus exalou o último suspiro e declarou, "Está consumado". Daí, no minuto seguinte qualquer filho de um seguidor de Cristo poderia chutar a canela de seu pai ou mãe, xingá-los, desobedecê-los e desrespeitá-los livremente, eis que o 5o. mandamento só foi "restaurado" quando Paulo se lembrou de referi-lo, escrevendo aos efésios, e isso no ano 58 AD (ver Efés. 6: 1-3)! E, pior ainda, os termos do mandamento "não matarás" só foram reiterados por Paulo em Romanos 13:9, no ano 56 ou 58 AD (bem como "não adulterarás", "não furtarás", "não cobiçarás". . .).
Ou seja, por quase 30 anos os filhos dos cristãos não tinham que respeitar os pais, pois o 5º. mandamento só é restaurado após umas três décadas, e mesmo assim só para os efésios. Muitas décadas mais se passaram até atingir toda a comunidade cristã para cientificar-se da necessidade de os filhos respeitarem seus pais! Além de os cristãos poderem matar uns aos outros, etc., nesse mesmo período "sem a lei". . . Faz sentido isso tudo?
Por aí se vê a enrascada em que se mete quem contraria o "assim diz o Senhor" das Escrituras.
Passemos, porém, para outro dilema, o sexto: não saberem definir a terminologia paulina ao tratar do tema da lei em suas epístolas e fazerem grande confusão a respeito. Isso é perigoso, pois Pedro já advertira que "Paulo escreveu segundo a sabedoria que lhe foi dada, e ao falar acerca destes assuntos, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles". E recomenda logo a seguir: "Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza" (2 Ped. 3:15-17).
Esses "apologistas cristãos" se atrapalham muitas vezes com a rica terminologia paulina em Romanos, Gálatas, Efésios porque Paulo usa várias expressões no seu debate sobre lei-graça, fé-obras, pecado-justiça (como "lei de Cristo", ou "da graça", ou "da fé", ou "do espírito de vida", "ou do pecado e da morte"). Não percebendo o recurso retórico de seu uso não se dão conta de que "a lei do pecado e da morte", por exemplo, é como Paulo se refere à ação do pecado, não uma designação à lei de Deus sobre a qual ele declarou: "com a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne da lei do pecado" (Rom. 7:25). Este texto e outros em que Paulo exalta a lei de Deus como "santa, justa, boa, espiritual" na qual tem "prazer" (vs. 12, 14, 16, 22) não condizem com a tese da "lei abolida". Iria Paulo ter prazer numa "lei do pecado", inteiramente abolida?
Sem falar em Rom. 3:31: "Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma, antes confirmamos a lei". Esta é um claro texto em que Paulo demonstra que sendo a salvação inteiramente pela fé, não ficam os redimidos sem a lei de Deus como sua norma de vida. Esses negadores da validade de tal lei simplesmente não sabem o que fazer com este texto diante das teses que advogam. E ainda vem logo a seguir Rom. 8:3 e 4, 7 e 8 que são versículos dos quais fogem, como "o diabo foge da cruz". . .
O sétimo dilema desses negadores da validade da lei divina é não conseguirem comprovar que no Novo Concerto há uma "nova lei" que nada tem a ver com o Decálogo, para o cristão, sendo mais "user friendly". Contudo, a Bíblia indica que o novo concerto tem por base não outra, mas a mesma lei moral dada a Israel.
Vejamos um importante texto, de Hebreus em que, longe de ensinar que o Novo Testamento representa um novo concerto sem a lei divina básica expressa no Velho Testamento, o autor bíblico mostra que aos que aceitarem os termos do Novo Concerto (ou Novo Testamento) o próprio Deus escreveria a Sua lei em seus corações e a imprimiria em suas mentes:
Agora, pois, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é Ele também mediador de superior aliança, instituída com base em superiores promessas. Porque, se aquela primeira aliança tivesse sido sem defeito, de maneira alguma estaria sendo buscado lugar para segunda. E, de fato, repreendendo-os, diz: Eis aí vêm dias, diz o Senhor, e firmarei nova aliança com a casa de Judá, não segundo a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os conduzir até fora da terra do Egito, pois eles não continuaram na minha aliança, e eu não atentei para eles, diz o Senhor. Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o Senhor. Nas suas mentes imprimirei as minhas leis, também sobre os seus corações as inscreverei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo (Heb. 8:6-10; cf. 10:16).
Em 2 Coríntios 3:1-11 Paulo compara o cristão sob o novo concerto com uma "carta, escrita em nossos corações, conhecida por todos os homens . . . escrita não com tinta, mas pelo Espírito do Deus vivente, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, nos corações".
No novo concerto, firmado sobre "superiores promessas", Deus escreve a Sua lei nos corações dos que aceitarem os seus termos, tirando-a das frias tábuas de pedra para gravá-la nos corações aquecidos pela graça divina (ver Heb. 8:6). Note-se que essa "lei de Deus" é a mesma que constava da promessa original dirigida aos filhos de Israel em Jeremias 31:31-33 e não outra. O ônus da prova fica com quem negue este fato, claramente estabelecido nestes textos, além de Hebreus 10:16, que confirma: Deus escreve a Sua lei nos corações de Seus filhos sob a nova aliança. Os leitores cristãos-hebreus da epístola entenderiam muito bem a que lei divina se referem tais dizeres.
E até agora nenhum desses "apologistas cristãos" conseguiu responder de forma minimamente aceitável a nossa pergunta-desafio: onde é dito que quando Deus escreve a Sua lei nos corações e mentes dos que aceitam os termos do Novo Concerto, Ele deixa de fora o 4o. mandamento ou este consta tendo o domingo no lugar do sábado?
Outro dilema dessas pessoas é que o contexto de Hebreus capítulos 8 e 10 é claro ao definir que se aplicam ao novo "Israel" de Deus, aqueles da dispensação cristã. Para desconsolo de tais indivíduos o texto fala em "leis de Deus", não "lei de Cristo". Afinal, o novo concerto é agora disponível a todos, judeus e gentios, pois o muro de separação foi desfeito com a abolição da "lei cerimonial"--não da "lei moral" (Efé. 2:11 a 22).
Portanto, o tema da lei divina não é coisa do Velho Testamento. Pelo contrário, é componente fundamental do próprio Novo Testamento, por certo em seus aspectos morais, não cerimoniais (ver 1 Cor. 7:19).
O oitavo dilema desses negadores da validade do Decálogo como norma de conduta cristã é que não sabem o que fazer com a norma sobre dia de repouso dentro da "nova lei": ora dizem que os cristãos primitivos adotaram logo o domingo para comemorar a ressurreição de Cristo, mas por falta de comprovação bíblica dizem alternativamente que não há mais dia nenhum para observar, ou que o mandamento agora é o descanso num mero "dia em sete", não necessariamente no 7º. dia, ou que o repouso na verdade significa simplesmente aceitar a Cristo, e assim por diante. Agora, se "qualquer dia serve", por que não ficar logo com o que é claramente instituído na Bíblia, o 7º.?
Não há consenso entre os vários crentes e igrejas, algumas observando rigorosamente o domingo, outras não dando muito valor ao dia, sendo usado apenas como o "horário do culto", ou não tendo qualquer escrúpulo por dia algum. Mas Jesus disse que "o sábado foi feito por causa do homem [não do judeu]" (Mar. 2:27) e João revela, na introdução de seu livro profético, que tinha um "dia do Senhor" que dedicava a Deus (Apo. 1:10).
Que João não se refere ao domingo fica claro pelo fato que, ao escrever o seu evangelho na mesma época, refere-se ao dia da Ressurreição simplesmente como "primeiro dia da semana", sem nenhuma indicação especial quanto ao dia (ver João 20:1).
O nono dilema dos advogados do fim de toda a lei (moral, cerimonial, civil) na cruz é que, percebendo não haver fundamentação bíblica segura para sustentar a guarda do domingo (por isso nem todas as igrejas e/ou seus membros o adotam) recorrem a textos patrísticos inteiramente isolados de sua contextuação, ao mesmo tempo em que buscam ignorar os resultados do trabalho realmente erudito, profundo e reconhecido por autoridades tanto católicas quanto protestantes do Dr. Samuele Bacchiocchi dentro do próprio Vaticano, e o de outros pesquisadores sérios.
Citar Barnabé, Tertuliano, Justino Mártir, Eusébio pode parecer muito impressionante, mas se não se levar em conta a verdadeira contextualização histórica desses escritos, tais declarações omissas haverão de ser enganosas, como de fato se dá.
Também os que citam tais autoridades não mencionam TODAS, pois deixam de fora Sozomen, Sócrates, Epifânio, não explicam a origem do Domingo de Páscoa em substituição da regra de observar-se a Páscoa em 14 de Nisã como os judeus, ignoram as razões da famosa Controvérsia Quatrodecimana ou das medidas antijudaicas do Imperador Adriano em 135 AD e seus desdobramentos para a igreja cristã a partir de Roma*. Tudo isso merece séria pesquisa. . .
O décimo dilema dos que pregam o fim do Decálogo divino na cruz é que precisam recorrer à pura e simples mentira para promoverem a falsa equação: "Observância do sábado = justificação por obras". Ou seja, insinuam insistentemente que quem deseja observar o sábado do sétimo dia é por estar querendo salvar-se pelas obras da lei!
Apesar de lhes terem sido apresentadas as POSIÇÕES OFICIAIS das igrejas observadoras do sábado sobre a salvação pela graça, nunca pelas obras da lei, esses "apologistas cristãos" passam por alto tais fatos devidamente documentados e partem para a repetida, injusta e falsa alegação de que todos os que ensinam e praticam a guarda do sábado do 7º dia pregam a salvação pelas obras da lei, sendo, portanto, legalistas.
Há, porém, duas simples razões pelas quais demonstramos ser isto uma falsidade caluniosa:
1o. -- É antibíblico: Crer em salvação ainda que parcialmente pelas obras e ensinar isso choca-se com o teor todo do que as Escrituras ensinam, e os adventistas e demais observadores do sábado conhecem muito bem suas Bíblias para incorrerem em erro tão primário. Sabemos o que Paulo diz em Romanos, Gálatas, Efésios, e não iríamos jamais contrariar tão claras exposições do apóstolo. Ademais, no exame dos textos de Efés. 2:8 e 9, tão citados em círculos evangélicos, não podemos nos esquecer do verso seguinte, o 10. . .
2o. -- É desnecessário: Não há nenhuma condição sine qua non para quem observa o mandamento do sábado de crer em salvação por obras por sua prática de guardar o dia do Senhor bíblico. Ou seja, não precisamos apelar a essa posição antibíblica de salvação por obras para defender a vigência e guarda do sábado, tanto quanto os demais cristãos não obtêm mérito por não adorarem imagens, por exemplo. Assim, se os evangélicos respeitam os termos do mandamento contra as imagens, acaso com isso se tornam legalistas e obtêm salvação por cumprir tal obra? Claro que não. O mesmo raciocínio se aplica à questão do sábado e a todos os demais mandamentos da lei divina.
Sendo que estão perfeitamente avisados dos fatos, se insistem com tais insinuações caluniosas, o que praticam é o puro e simples "falso testemunho contra o . . . próximo". Como, porém, teimam em ensinar que os Dez Mandamentos não são mais norma de conduta cristã, tendo sido inteiramente abolidos, e, como lembra um deles, "Abolir significa: "Revogar, anular, extinguir, suprimir"", dá para compreender o porquê de tais atitudes. O que fazem é, como se diz, despejarem o bebê junto com a água do banho!
Se o Decálogo foi revogado, anulado, extinto, suprimido, claro. . . foi por água abaixo o seu 9º mandamento: "Não dirás falso testemunho contra o teu próximo" (Êxo. 20:9). Agora, sim, isso faz perfeito sentido! Estão explicadas estas atitudes deploráveis de falsas acusações desses "apologistas cristãos".
O problema para essa gente é o que encontramos em Apocalipse 21:8 onde é dito sobre "... todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte".
Deus tenha deles misericórdia e faça-os despertarem à realidade (e à verdade) enquanto é tempo!
http://www.iasdemfoco.net/mat/emdefesa/abrejanela.asp?Id=33
Prof. Azenilto G. Brito
Ministério Sola Scriptura
Prof. Azenilto G. Brito
Ministério Sola Scriptura
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Antinomismo significa contra-o-sistema-da-lei . Ele vê a própria lei de Deus como o inimigo real. (O legalismo é, paradoxalmente, um tipo de antinomismo.) O Antinomismo propõe que pelo faro de o crente ser salvo somente pela graça, ele deve de agora em diante não ter nenhum relacionamento com a lei moral. A era do Espírito, diz-se, substituiu a era da lei.
O Antinomismo é a essência da condição humana pecaminosa: “Pecado é a transgressão da lei”, disse o apóstolo João (1 João 3:4), e Paulo declara: “a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser” (Romanos 8:7).
O Antinomismo, de uma forma ou outra, é, sem dúvida, um dos principais erros nas igrejas atual.
A obediência consciente à Palavra de Deus objetiva é freqüentemente estigmatizada como legalismo. Como uma torrente inaudita de transgressões da lei, crimes e corrupção moral estão destruindo os fundamentos da sociedade, e a própria igreja se assemelha ao Sansão tosquiado diante dos Filisteus. Como pode a igreja que tem se despedaçado com sentimentos antinomistas ter qualquer palavra real do Senhor para a sociedade pecadora e permissiva? Em vez de lutar com firmeza pelos absolutos morais dos Dez Mandamentos, a igreja professa é encontrada freqüentemente acomodando a lei de Deus às normas sociais atuais.
É perigoso discutir o pecado. Quando Eva entrou em diálogo com o diabo acerca da árvore proibida, ela entregou sua única vantagem. O mero fato de dialogar foi uma concessão. Por que a Igreja tem que conversar com os ímpios sobre prós e contras do adultério e da homossexualidade? Se a Palavra de Deus não define claramente o pecado, a cada homem é permitido definir por si mesmo. O homem –– especialmente o homem religioso –– tenta tomar o lugar do próprio Deus como legislador e juiz de tudo. Este é o motivo de os antinomistas revelarem-se legalistas.
O antinomismo precisa ser reconhecido apesar de sua plumagem variada e enganadora. Ele não afirma de maneira espalhafatosa: “Cristo morreu por nossos pecados para que pudéssemos viver como desejamos já que ele não punirá ninguém”. Isto seria excessiva e obviamente errôneo para ser engolido por alguns cristãos. A pílula letal é envolvida por uma camada de chocolate, de açúcar ou de mel; entretanto ela permanece como pílula letal.
Antes de tudo, temos que concordar com o puritano Walter Marshall, ao dizer que o legalismo é a pior forma de antinomismo. O legalismo sempre pretende honrar a lei de Deus. Todavia, não honra a lei moral, mas a desonra. A lei demanda justiça perfeita, e isto é satisfeito por nada menos que a santa obediência de Jesus Cristo. Apresentar à justiça da lei divina algo menor que a justiça perfeita de Jesus Cristo não é legal (da lei), mas ilegal (fora da lei). É inevitável que o legalista tente reduzir a lei para combinar com seu tamanho. Isto é o que os fariseus faziam. Ao tentar reduzir a lei para seu diminuto padrão, eles realmente anularam a lei mediante suas tradições. Por outro lado, Jesus magnificou a lei em proporções assustadoras. À luz de Sua exaltação da lei, devemos saber que somente nEle há a justiça com a qual a lei é satisfeita.
Mas não corramos para o erro oposto chamando o espírito de obediência consciente aos mandamentos de Deus de legalismo. Calvino estava preparado para colocar sua vida em risco para impedir que pessoas profanas participassem dos elementos da santa comunhão. Isso não era legalismo. Uma moça galesa piedosa foi dependurada numa estaca, com o consentimento de Cranmer e Ridley, por crer na obrigação de obedecer a Deus e ser batizada por imersão. Isso não foi legalismo da parte dela.
É corrupção da mensagem da graça quando pessoas pensam ter que viver como o mundo e desprezar a vida disciplinada e bem-ordenada apenas para provar que não são legalistas. Esta falta de disciplina cristã é sua forma de legalismo –– o legalismo de pensar que essa indiferença em relação à lei torna o homem agradável a Deus.
O Subjetivismo é outra forma de antinomismo, pois tende a substituir a lei objetiva de Deus pela experiência interna do “amor” ou pela “vida cheia do Espírito”. Sem a lei objetiva de Deus, o amor se torna sentimentalismo cego ou mera ética. Os superconfiantes de serem conduzidos pelo Espírito estão em perigo de confundir o espírito humano com o divino. Quem é mais difícil de convencer com o “Está escrito” do que o entusiasta intoxicado com sua experiência “no Espírito”? A Palavra objetiva nada significa para ele quando contradiz sua experiência.
A noção de que o amor ou o Espírito Santo toma o lugar da lei objetiva de Deus caminha de mãos dadas com o dispensacionalismo. Este propõe que a era da lei foi substituída pela graça, e coloca uma contra a outra. Oswald T. Allis estava certo ao escrever que o dispensacionalismo baseia-se em premissas antinomistas (Oswald T. Allis, Prophecy and the Church [Philadelphia: Presbyterian & Reformed, 1972], 37-43).
O que a grande doutrina da justificação pela fé somente diz de todas estas formas de antinomismo?
Em primeiro lugar, a graça de Deus justifica o pecador com base nos fundamentos da justiça perfeita de Jesus Cristo (Romanos 5:18, 19). Esta justiça consiste na obediência de Cristo à lei de Deus a nosso favor. Por Sua vida sem pecado Cristo cumpriu todos os preceito da lei, e por Sua morte Ele satisfez toda penalidade a favor dos que creriam nEle. Deus não salva nenhum homem por chegar perto das exigências da lei. Ele não enviou Seu Filho para enfraquecer sua força ou criar um padrão menor. Como John Flavell disse: nunca a lei de Deus foi mais honrada do que quando o Filho de Deus permaneceu diante do tribunal de justiça para fazer reparações pelo dano realizado.
Em segundo lugar, o pecador crente é pessoalmente justificado quando Deus lhe imputa a obediência perfeita de Cristo à lei. Esta é a túnica de justiça do Pai tecida no tear do Céu. É, portanto, extremamente inconcebível que o crente possa vestir a túnica do Pai enquanto despreza Sua lei. A justificação é um termo legal .
A justificação significa que o pecador crente, mediante a justiça de Cristo, satisfaz os requerimentos da lei. A salvação não é somente salvação do pecado, mas salvação para santidade. Embora nenhum homem seja salvo por sua santidade, também certa sua salvação para a santidade. Ninguém é salvo por guardar os mandamentos de Deus, mas todos salvos são salvos para a nova vida da guarda dos mandamentos de Deus. É impossível ser justificado e não santificado. Santidade não é euforia deliciosa ou o espumar e gritar extático. É a vida de obediência a Deus.
Antinomismo
O Antinomismo (gr. Anti=contra; Nomos=lei, literalmente contra a Lei ou contra o sistema da Lei) é uma das heresias mais antigas da História da Igreja. Já aparece no gnosticismo helenizado de Marcião que negava qualquer importância real e espiritual ao Antigo Testamento, e por conseguinte desde a Lei até os profetas, mas especialmente a primeira que era considerada irrelevante e sem mais importância a partir de Cristo, por meio do qual fora estabelecida uma nova relação com os homens. Reapareceria no século XVI quando Lutero, em suas polêmicas com Johannes Agrícola, detectou tendências antinominianas quando este afirmou que o crente, uma vez justificado, jamais perderia a sua salvação. O Antinomismo, portanto, não só rejeita a Lei mas não vê para essa lei qualquer significação nos dias de hoje, seja do ponto de vista da fé ou mesmo da ética. Antinomismo significa contra-o-sistema-da-lei. Ele vê a própria lei de Deus como o inimigo real. (O legalismo é, paradoxalmente, um tipo de antinomismo.) O Antinomismo propõe que pelo fato de o crente ser salvo somente pela graça, ele deve de agora em diante não ter nenhum relacionamento com a lei moral. A era do Espírito, diz-se, substituiu a era da lei. O Antinomismo é a essência da condição humana pecaminosa: Pecado é a transgressão da lei, disse o apóstolo João (1 João 3:4), e Paulo declara: a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser (Romanos 8:7). ( John W. Robbins ). O Antinomismo, de uma forma ou outra, é, sem dúvida, um dos principais erros nas igrejas atuais. A obediência consciente à Palavra de Deus objetiva é freqüentemente estigmatizada como legalismo. Como uma torrente inaudita de transgressões da lei, crimes e corrupção moral estão destruindo os fundamentos da sociedade, e a própria igreja se assemelha ao Sansão tosquiado diante dos Filisteus. Como pode a igreja que tem se despedaçado com sentimentos antinomistas ter qualquer palavra real do Senhor para a sociedade pecadora e permissiva? Em vez de lutar com firmeza pelos absolutos morais dos Dez Mandamentos, a igreja professa é encontrada freqüentemente acomodando a lei de Deus às normas sociais atuais. (Pr. Altair Germano http://ensinodominical.com.br/2008/07/02/as-doenca-do-nosso-seculo-pr-altair-germano/).
Antinomismo
O Antinomismo (gr. Anti=contra; Nomos=lei, literalmente contra a Lei ou contra o sistema da Lei) é uma das heresias mais antigas da História da Igreja. Já aparece no gnosticismo helenizado de Marcião que negava qualquer importância real e espiritual ao Antigo Testamento, e por conseguinte desde a Lei até os profetas, mas especialmente a primeira que era considerada irrelevante e sem mais importância a partir de Cristo, por meio do qual fora estabelecida uma nova relação com os homens. Reapareceria no século XVI quando Lutero, em suas polêmicas com Johannes Agrícola, detectou tendências antinominianas quando este afirmou que o crente, uma vez justificado, jamais perderia a sua salvação. O Antinomismo, portanto, não só rejeita a Lei mas não vê para essa lei qualquer significação nos dias de hoje, seja do ponto de vista da fé ou mesmo da ética. Antinomismo significa contra-o-sistema-da-lei. Ele vê a própria lei de Deus como o inimigo real. (O legalismo é, paradoxalmente, um tipo de antinomismo.) O Antinomismo propõe que pelo fato de o crente ser salvo somente pela graça, ele deve de agora em diante não ter nenhum relacionamento com a lei moral. A era do Espírito, diz-se, substituiu a era da lei. O Antinomismo é a essência da condição humana pecaminosa: Pecado é a transgressão da lei, disse o apóstolo João (1 João 3:4), e Paulo declara: a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser (Romanos 8:7). ( John W. Robbins ). O Antinomismo, de uma forma ou outra, é, sem dúvida, um dos principais erros nas igrejas atuais. A obediência consciente à Palavra de Deus objetiva é freqüentemente estigmatizada como legalismo. Como uma torrente inaudita de transgressões da lei, crimes e corrupção moral estão destruindo os fundamentos da sociedade, e a própria igreja se assemelha ao Sansão tosquiado diante dos Filisteus. Como pode a igreja que tem se despedaçado com sentimentos antinomistas ter qualquer palavra real do Senhor para a sociedade pecadora e permissiva? Em vez de lutar com firmeza pelos absolutos morais dos Dez Mandamentos, a igreja professa é encontrada freqüentemente acomodando a lei de Deus às normas sociais atuais. (Pr. Altair Germano http://ensinodominical.com.br/2008/07/02/as-doenca-do-nosso-seculo-pr-altair-germano/).
Existem formas antinominianas tanto no calvinismo quanto no arminianismo. As formas arminianas em geral enfatizam que do momento em que a Escritura se cumpriu mediante Jesus Cristo, tudo o que está escrito ou predito é fato inconteste bastando apenas o fato de que seu registro se encontra na Bíblia, sendo portanto, artigo de fé no qual se deve crer somente sendo rejeitado por completo o caráter magisterial e moral da Lei. Nesse sentido, o texto bíblico é interpretado de forma quase literal. A Lei se fora e a Graça se impõem, logo, vivemos pela graça e, literalmente, pela fé, sendo quase inteiramente desnecessárias as boas obras que acompanhem o sinal de conversão e pleno arrependimento de vida do justo na direção de Jesus Cristo. Além disso, como a Bíblia representa a revelação literal de Jesus Cristo, seu ensino deve se resumir tão somente à pregação da Palavra, sendo desnecessária, quando não tida por perniciosa, qualquer outra forma de reflexão teológica. Na verdade, num estágio posterior, até mesmo o ensino e a leitura da Palavra se tornam supérfluas. Um caso clássico de antinomismo no meio do movimento metodista foi o de John Bell que em 1763, impressionado com a doutrina paulina da liberdade do pecado passou a afirmar que era infalível, não estava sujeito à tentação e rejeitava toda e qualquer autoridade religiosa. O movimento que ele fundou e que foi ferozmente combatido por Wesley só entrou em declínio depois de ele, que se dizia dotado do dom de operar milagres, ter tentado inutilmente restaurar a visão de um cego e prognosticado o fim do mundo para aquele ano (Lelièvre Mateo. John Wesley, sua vida e sua obra, p.219). Por fim, deixou de ler e estudar até mesmo a própria Bíblia. Comentando sobre isso, Wesley afirmou: Se vocês (o ministério leigo) não precisam de outro livro senão da Bíblia, então já superaram o apóstolo Paulo. Ele necessitava de outras leituras. E recomendava explicitamente aos seus pregadores que lessem outros livros além da Bíblia a fim de complementarem a sua formação para o pastorado e o evangelismo (ídem, p.241). No século XX o antinomismo de vertente arminiana reaparecerá no assembleianismo nascente, na firme resistência de pastores e missionários (sobretudo aos da Missão Sueca) contra toda e qualquer forma de educação teológica que, no entender deles, desvirtuaria por completo o avivamento da Igreja. Só quando se verificou que o antinomismo militante dentro da Igreja estava desfigurando até mesmo doutrinas bíblicas como a Trindade, é que se passou efetivamente a haver uma preocupação consistente com a educação teológica dos ministros (cf. nosso artigo A Questão da Formação Ministerial no Âmbito Pentecostal, um estudo de caso das Assembléias de Deus, 02/11/08).
No Antinomismo calvinista, representado principalmente pelo conde alemão Nicolaus von Zinzendorf, a salvação por Cristo é testemunho em si (na verdade o único) da salvação do crente sendo os demais elementos como a Graça e a Santificação tão somente meios aderentes que testificam a salvação e que até corroboram com essa mesma salvação, embora não exerçam influência determinante na concretização da salvação em si, além do que, nem poderiam fazê-lo. Cristo é o princípio de todas as coisas, logo tudo, especialmente a salvação, está condicionado Nele. Todas as doutrinas são apenas decorrências do seu magistério, mas o principal da questão é que a santificação já está no crente no momento em que ele confessa Cristo como salvador e a santificação lhe é imediatamente imputada e não decorrente de um processo de contínuo de crescimento espiritual e amadurecimento mediante o conhecimento da Palavra e da fé. Como disse Zinzendorf em seu colóquio com Wesley: toda perfeição cristã consiste em confiar no sangue de Cristo. Toda perfeição cristã é imputada, não inerente. Somos perfeitos em Cristo, nunca em nós mesmos. Ou seja, Zinzendorf imputava a Cristo a total perfeição que aos homens seria legada como herança pela nossa salvação, esquecendo, naturalmente, o testemunho paulino de I Co 11.1 onde fica evidenciado o caráter progressivo e não imputado da santificação. Curiosamente, no que diz respeito à santificação, a Confissão calvinista de Westminster não corrobora essa tese: Esta santificação é no homem todo, porém imperfeita nesta vida; ainda persistem em todas as partes dele restos da corrupção, e daí nasce uma guerra contínua e irreconciliável - a carne, lutando contra o espírito e o espírito contra a carne. (XII,2). Tanto Rtischl em sua história do pietismo como Max Weber são unânimes em salientar que o tema da aristocracia dos eleitos, presente no puritanismo inglês da Confissão de Westmister, também se apresenta no pensamento de Zinzendorf. (WEBER Max. A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, p. 103). De fato, o pensamento de Zinzedorf no que diz respeito à perfeição imputada aos homens por meio do reconhecimento de Cristo como Senhor, Salvador e Justificador, tem pontos de aproximação com a teologia de Westminster: Segundo o seu eterno e imutável propósito e segundo o santo conselho e beneplácito da sua vontade, Deus antes que fosse o mundo criado, escolheu em Cristo para a glória eterna os homens que são p
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Inscrição : 08/05/2010
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