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As mais representativas Confissões de Fé oficiais das diferentes Igrejas evangélicas-protestantes sempre ensinaram a vigência do Decálogo como norma de conduta cristã, o que é confirmado por próceres e autores do mais elevado conceito e gabarito no meio cristão evangélico. A enumeração abaixo dessas autoridades e documentos confessionais denominacionais demonstra que ensinam os seguintes pontos:

a) Os Dez Mandamentos sintetizam a lei universal de Deus expressos para a situação humana, e sempre foram e serão a regra de conduta dos cristãos. Tal fato é reconhecido por doutíssimas autoridades em Teologia do passado e do presente, pertencentes às diferentes Igrejas-mãe da cristandade protestante.

b) Esses documentos denominacionais e declarações de grandes teólogos também entendem que as leis definiam-se como moral, cerimonial, civil, etc., sendo que a parte cerimonial, prefigurativa do sacrifício de Cristo, findou na cruz, mas os mandamentos da lei moral, como entendem serem os 10 Mandamentos, prosseguem válidos e vigentes para os cristãos.

c) Tal como qualquer dos demais nove mandamentos do Decálogo, o seu 4o. preceito prossegue em vigor para a Igreja, representando um dia de 24 horas a ser integralmente dedicado a Deus. O sábado teve sua origem no Éden, quando da criação do mundo (Gen. 2:2,3) e foi estabelecido para o benefício físico e espiritual do homem (Marcos 2:27).

O que consta acima nas letras a), b) e c) é o pensamento oficial de TODAS as Igrejas-mãe referidas (Luterana, Batista, Metodista, Anglicana, Presbiteriana, Congregacional) das quais tantas outras derivaram, e é o que constitui a ortodoxia do Protestantismo.

1. Pensamento Oficial das Várias Igrejas Cristãs Evangélicas Sobre o Decálogo Como Regra Válida e Vigente Para os Cristãos:

Igreja Batista: “Cremos que a Lei de Deus é a eterna e imutável regra de seu governo moral; que é santa, justa e boa; e que a incapacidade que as Escrituras atribuem ao homem caído para cumprir seus preceitos deriva inteiramente de seu amor pelo pecado; sendo um dos grandes objetivos do Evangelho e dos meios de graça ligados ao estabelecimento da igreja visível livrá-lo e restaurá-lo mediante um Mediador a genuína obediência a santa Lei.—Artigo 12 da “Confissão de New Hampshire”.

“Todos nós temos a obrigação de cumprir a lei moral. . . . que é a que nos prescreve as obrigações para com Deus e o próximo. . . . A lei se acha expressa com maior minuciosidade nos dez mandamentos, dados por Deus a Moisés no Sinai”.—Catecismo da Doutrina Batista, do Pastor W. D. T. MacDonald, págs. 28 e 29.

Igreja Metodista: “O Velho Testamento não é contrário ao Novo: pois tanto no Velho quanto no Novo Testamento a vida eterna é oferecida à humanidade por Cristo, que é o único mediador entre Deus e o homem, sendo tanto Deus quanto homem. . . . Conquanto a lei dada por Deus mediante Moisés, no que tange a cerimônias e ritos, não seja vigente para os cristãos, nem os seus preceitos civis . . . Não obstante nenhum cristão de modo algum está livre da obediência aos mandamentos que são denominados Morais”.—Artigo 7 dos “Trinta e Nove Artigos de Religião”.

Obs.: Esta mesma confissão é adotada pela Igreja Episcopal (Anglicana).

Igreja Luterana: “Conquanto aqueles que verdadeiramente crêem em Cristo, e são sinceramente convertidos a Deus, estão mediante Cristo libertos da maldição e restrições da Lei, não obstante não estão, nesse sentido, sem Lei, uma vez que o Filho de Deus os redimiu para a razão mesma de que possam meditar sobre a Lei de Deus dia e noite, e continuamente exercitar-se em sua observância”.—“Fórmula de Concórdia”, Art. 6.

Igreja Presbiteriana: “A lei moral para sempre obriga a todos, tanto as pessoas justificadas quanto as demais, a sua obediência; e isso não só com respeito a seu conteúdo, mas também com respeito à autoridade de Deus o Criador que a concedeu. Nem Cristo no evangelho de modo algum desfez, mas fortaleceu essa obrigação. . .”

“O Espírito de Cristo subjuga e capacita a vontade do homem para . . . cumprir o que a vontade de Deus, revelada na Lei, requer que seja feito. . . .

“A liberdade que Cristo adquiriu para os crentes sob o evangelho consiste em sua liberdade da culpa do pecado, da condenatória ira de Deus, da maldição da lei moral . . . Sob o Novo Testamento a liberdade do cristão é mais ampliada na liberdade do jugo da lei cerimonial, à qual a igreja judaica estava sujeita”.—Seções V, VII e XX do Capitulo XIX da “Confissão de Fé de Westminster”.

No capítulo XIX, da Confissão de Fé (da Igreja Presbiteriana), encontra-se a seguinte afirmação:

“I. Deus deu a Adão uma lei como um pacto de obras. Por este pacto Deus o obrigou, bem como toda sua posteridade, a uma obediência pessoal, inteira, exata e perpétua; prometeu-lhe vida sob a condição dele cumprir com a lei e o ameaçou com a morte no caso dele violá-la; e dotou-o com o poder e capacidade de guardá-la. . . .

“II. Essa lei, depois da queda do homem, continuou a ser uma perfeita regra de justiça. Como tal foi por Deus entregue no monte Sinai em dez mandamentos e escrita em duas tábuas”—pág. 35.

Igreja Congregacional: (Do documento oficial da denominação, “Os Vinte e Oito Artigos da Breve Exposição das Doutrinas Fundamentais do Cristianismo”):

Art. 21—Da Obediência dos Crentes - Ainda que os salvos não obtenham a salvação pela obediência à lei senão pelos merecimentos de Jesus Cristo, recebem a lei e todos os preceitos de Deus como um meio pelo qual Ele manifesta sua vontade sobre o procedimento dos remidos e guardam-nos tanto mais cuidadosa e gratamente por se acharem salvos de graça. Ef 2:8,9; I Jo 5:2,3; Tt 3:4-8.

Adicionalmente, ensina a Lição da Escola Dominical da UIECB de 15-8-71: “A transmissão da Lei no Monte Sinai constitui-se em um dos acontecimentos mais destacados, e mais universa[is]. . . Como as rochas . . . da montanha em que foram transmitidos, estes preceitos formam a base imóvel da vida moral de homens e de nações, o fundamento duradouro de toda civilização digna e firme”.

2. O Que Disseram Grandes Próceres Cristãos do Passado Sobre o Tema da Lei Divina:

João Wesley, o “Pai do Metodismo” e grande evangelista e reavivalista do século XVIII declarou:

“Na mais alta categoria dos inimigos do evangelho de Cristo, estão aqueles que, aberta e explicitamente, ‘julgam a lei’, e ‘falam mal da lei’; aqueles que ensinam os homens a quebrar . . . não somente um . . . mas todos os mandamentos de um só golpe. . . Isto é, na verdade, demolir enunciados com muita violência. . . ; isto é resistir na cara a nosso Senhor”.—Works of Wesley (Obras de Wesley), Nova York: Waugh & Mason, 1833.

“A lei moral firma-se sobre um fundamento inteiramente diverso da lei cerimonial ou ritual, que tinha o desígnio de servir para uma restrição temporária sobre um povo desobediente e de dura cerviz; enquanto esta [a lei moral] procede do princípio do mundo, sendo ‘escrita, não em tábuas de pedra’, mas nos corações de todos os filhos dos homens, quando saíram das mãos do Criador”.—João Wesley, “Upon Our Lord’s Sermon on the Mount”, Discurso 5, em Works of Wesley, Vol. 5, (edição de 1829), p. 311.

Por seu turno, o fervoroso evangelista Moody acrescenta estes valiosos pensamentos:

“Jamais encontrei um homem honesto que achasse falta nos Dez Mandamentos. A lei dada no Sinai nada perdeu de sua solenidade. . . . O povo precisa ser levado a compreender que os Dez Mandamentos estão ainda em vigor, e que há uma penalidade ligada à cada violação”.—Weighed and Wanting, págs. 11 e 16.

E eis o que Lutero falou sobre os Dez Mandamentos num escrito “contra os antinomistas”:

“Eu muito me admiro como chegou a ser-me imputado que eu rejeitaria a lei dos dez mandamentos. . . . pode alguém pensar que o pecado existe onde não há lei? Quem quer que ab-rogue a lei, deve necessariamente ab-rogar também o pecado.—Martinho Lutero, “Wider die Antinomer” (contra os antinomistas), secs. 6, 8, in seus Sämsmtliche Schriften (Escritos coletados), ed. Por Johann Georg Walck, Vol. 20 (St. Louis, Concordia, 1890), cols. 1613, 1614.

3. O Que Disseram Grandes Próceres Cristãos do Presente ou Mais Recentes Sobre o Tema da Lei Divina:

Vejamos o que pensam autores cristãos-evangélicos mais modernos. O Pr. Carlo Johansson, da Igreja Assembleia de Deus, faz a seguinte afirmativa:

“A lei é a vontade de Deus, no Decálogo”.—Síntese Bíblica do Velho Testamento, pág. 48.

Já o Pr. Harold J. Brokke, também pentecostal, declara:

“A lei é uma parte vital do governo divino no mundo em nossos dias. . . a santa lei de Deus é um pré-requisito divino para uma experiência mais profunda da graça”.—Prosperidade Pela Obediência, pág. 10.

E o Pr. Myer Pearlman, pentecostal, professor de muitos pastores, inclusive do Pr. N. Lawrence Olson, por muitos anos o orador do Programa de Rádio “A Voz das Assembleias de Deus”, declarou:

“Os mandamentos representam a expressão décupla da vontade de Jeová e a norma pela qual governa os Seus súditos”.—Através da Bíblia, pág. 27.

Concordando que a lei de Deus é para o bem do homem, o Pr. Carlo Johansson, assembleiano, declarou:

“O decálogo—o fundamento do pacto e o mais essencial da lei, como também a condição para vida e felicidade”.—Op. Cit., pág. 116.

E diz outro autor assembleiano:

“A Bíblia nos mostra a sagrada Lei de Deus: ‘faça isto’, ‘não farás!’. Êxo. cap. 20. E essa Lei deveria ser observada, cumprida rigorosamente – e até aos nossos filhos a deveríamos fazer conhecer. Deut. 6: 1-13. A Palavra de Deus é, sob certos aspectos, autoritária! Ela nos fala de modo imperativo.” – Lições Bíblicas, 7-12/1966, Diretor Responsável, Pastor Emílio Conde, pág. 12.

O famoso teólogo, Pr. Antonio Neves de Mesquita, Doutor em Teologia, e professor de seminários batistas de grande projeção registrou no seu livro Estudo no Livro de Êxodo, pág. 133, estas palavras:

“Tomemos em consideração que antes de serem dadas as dez proposições, comumente chamadas Lei, já todos os ensinos nelas codificados estavam em vigor. Podemos mesmo dizer que desde que apareceu o homem sobre a terra os princípios do Decálogo tinham força de lei. E, se quisermos recuar mais ao passado, podemos afirmar que nunca houve tempo nem eternidade em que tais princípios não existissem. . . . Quando o homem foi criado, não lhe foi dada esta lei em forma catalogada, mas lhe foi posta no coração, dentro da consciência, dentro de sua íntima natureza, para que por ela se governasse”.

O Pr. Antonio Gilberto, também da Assembleia de Deus, confirma:

“A parte moral da lei é eterna e universal”.—Manual da Escola Dominical, pág. 86.

Por seu turno, o Pr. Nilson A. Fanini, pregador do programa de televisão “Reencontro”, escreveu:

“Se quisermos viver em paz com Deus e com o nosso próximo devemos, então, observar o Decálogo. . . . Devemos obedecer não por medo mas por amor. Precisamos observar as leis divinas tais quais elas são e não acomodá-las de acordo com as tendências da época, esquecendo ou comprometendo as leis divinas que regem a conduta moral”. -- Dez Passos Para Uma Vida Melhor, págs.18 e 19

Para o Dr. George Eldon Ladd, teólogo de renome, batista, a resposta é a seguinte:

“Está claro que a Lei continua a ser a expressão da vontade de Deus para a conduta, mesmo para aqueles que não estão mais sujeitos à lei”.—Teologia do Novo Testamento, pág. 473.

E temos Billy Graham citando Wesley sobre os Dez Mandamentos:

“A exemplo de Wesley, sinto que deva pregar a lei e o juízo antes de pregar a graça e o amor. . . . Os dez mandamentos . . . são as leis morais de Deus para a conduta das pessoas. Alguns pensam que eles foram revogados. Isso não é verdade. Cristo ensinou a lei. Eles ainda estão em vigor hoje. Deus não mudou. As pessoas é que têm mudado. . . . Os Dez Mandamentos são um espelho para nos mostrar como ficamos aquém em preencher os requisitos de Deus”.—Sermão em Times Square, citado em George Burnham e Lee Fisher, Billy Graham and the New York Crusade (Zondervan Publ. House, Grand Rapids, Mich.), pp. 108 e 109.

Noutro sermão o grande evangelista prossegue:

“Eu vos advirto esta noite, não pode haver paz até que a Lei seja observada e não há poder em nós para observar a Lei. A natureza humana é corrupta. É por isso que Cristo veio para dar-nos uma nova natureza e pôr em operação forças que nos possam trazer à existência uma nova ordem mundial”.—Sermão em Times Square, citado em George Burnham e Lee Fisher, Billy Graham and the New York Crusade (Zondervan Publ. House, Grand Rapids, Mich.), p. 191.

E Billy Graham não é o único batista a manter tais opiniões:

“Cremos que a Lei de Deus é a base eterna e imutável do Seu governo moral (Rom. 3: 31. Mat. 5: 17. Luc. 16:17. Rom. 3:20); que essa Lei é santa, justa e boa (Rom. 7: 12. Sal. 119); que a incapacidade dos homens decaídos, da qual falam as Escrituras, para cumprirem os seus preceitos, provém unicamente do seu amor ao pecado (Rom. 8: 7-8. Jos. 24: 19. Jer. 13:23. João 6:44); que um dos principais objetivos do evangelho é o de libertar os homens do pecado e restaurá-los em Cristo a uma obediência sincera dessa santa lei, concorrendo para isso os meios da Graça proporcionados em conexão com a igreja visível (Rom. 8:2-4. Heb. 8: 10. Heb. 12.22-25).” – Manual das Igrejas Batistas, por William Carey Taylor, 4a. Edição, 1949, pág. 178, Artigo XII – Casa Publicadora Batista.

*Existe uma Divisão de Lei Moral e a Lei Cerimonial?

Da obra, de Weldon E. Viertel, autor batista, nós transcrevemos este texto:

“A Lei pode ser dividida em três tipos: cerimonial, civil e moral. . . .[Segundo] Hebreus, as leis cerimoniais eram sombras de Cristo. A sombra foi substituída pela realidade de Cristo e Seu ato redentor. As leis cerimoniais foram cumpridas; portanto, a Igreja não observa as leis sacrificiais . . . As leis cerimoniais foram aplicadas a Cristo, em grande parte pelo uso da tipologia. A Interpretação da Bíblia, pág. 194.

Ainda, Antonio Neves de Mesquita ajuda na resposta, quando diz:

“O concerto divide-se em três partes: lei moral ou os Dez Mandamentos (20:1-17); lei do altar ou cerimonial, meio de aproximação a Deus (20:22-26 e o livro de Levítico); e lei civil (21:1-23:19)”.—Op. Cit., pág. 131. (negritos nossos)

Mais uma vez o Pr. O. S. Boyer, conhecido autor e pastor da Igreja Assembleia de Deus, afirma:

“Algumas pessoas dão ênfase à distinção entre mandamentos ‘morais’ e mandamentos ‘cerimoniais’. As exigências ‘morais’ são aquelas que em si mesmas são justas e nunca podem ser revogadas. Ao contrário, as leis ‘cerimoniais’ são aquelas sobre observâncias, sobre o cumprimento de certos ritos, por exemplo: os mandamentos acerca dos holocaustos e o incenso. . . . As leis ‘cerimoniais’ podem ser ab-rogadas na mudança de dispensação, mas não as leis ‘morais’. É certo que existe tal distinção”.—Marcos: O Evangelho do Senhor, págs. 38 e 39.

E eis um comentário bíblico muito usado nos meios pentecostais, com sua definição clara também:

“Se Jesus não veio abolir a lei, todas as leis do AT ainda se aplicam a nós hoje? É preciso lembrar que havia três categorias de leis: a cerimonial, a civil e a moral.

(1) A lei cerimonial diz respeito especificamente à adoração por parte de Israel (Levítico 1.2,3). Seu propósito primário era apontar adiante, para Cristo, portanto, não seria mais necessária depois da morte e ressurreição de Jesus. Mesmo não estando mais ligados à lei cerimonial, os princípios que constituem a base da adoração - amar e adorar a Deus Santo - ainda se aplicam. Jesus foi frequentemente acusado pelos fariseus de violar a lei cerimonial.

(2) A lei civil se aplicava à vida cotidiana em Israel (Deuteronômio 24.10,11). Pelo fato de a sociedade e a cultura modernas serem tão radicalmente diferentes das daquele tempo, esse código como um todo não pode ser seguido. Mas os princípios éticos contidos nos mandamentos são atemporais, e devem guiar nossa conduta. Jesus demonstrou estes princípios por meio de sua vida exemplar.

(3) A lei moral (como os Dez Mandamentos) é a ordem direta de Deus, exige uma obediência total (Exodo 20.13), pois revela sua natureza e vontade. Assim, ainda é aplicável em nossos dias. Jesus obedeceu completamente à lei moral”. -- Bíblia de Estudos Aplicação Pessoal, Almeida. (CPAD—Casa Publicadora das Assembleias de Deus).

John Davis, autor de um dos mais famosos dicionários bíblicos, que já alcançou várias edições, assegura que:

“Os DEZ MANDAMENTOS, sendo a lei fundamental e sumária de toda MORAL, permanecem firmes; baseiam-se na imutável natureza de Deus e nas relações permanentes do homem sobre a terra. . . . A LEI CERIMONIAL a que se refere a carta aos Hebreus 8:7, como o primeiro pacto, ela a declara como antiquada e prestes a perecer. . . . O Apóstolo não julgou necessário obrigar a ela os gentios, Atos 15:23-28.

“Tinha função transitória, apontando para Cristo, nosso sumo pontífice por meio de seu sacerdócio, de seus sacrifícios, de suas cerimônias e de seus símbolos”.—John D. Davis, Dicionário da Bíblia, págs. 356 e 357 (versais acrescentados).

Também da Confissão de Fé (da Igreja Presbiteriana), extraímos essas informações valiosas:

“III. Além dessa lei [dos dez mandamentos], geralmente chamada LEI MORAL, foi Deus servido dar ao Seu povo de Israel, considerado uma igreja sob a Sua tutela, LEIS CERIMONIAIS que contem diversas ordenanças típicas. Essas leis, que em parte se referem ao culto e prefiguram Cristo, as Suas graças, os Seus atos, os Seus sofrimentos e os Seus benefícios. . . estão todas abrogadas sob o Novo Testamento”.—págs. 35 e 36 (versais acrescentados).

Dr. Albert Barnes, notável comentarista presbiteriano, em seu comentário sobre Mateus 5:18, declarou o seguinte:

“As leis dos judeus estavam geralmente divididas em morais, cerimoniais e judiciais. As leis morais são aquelas que emanam da natureza das coisas—tais como o dever de amar a Deus e Suas criaturas. Estas não podem ser abolidas, pois jamais poderá ser correto odiar a Deus ou aos nossos semelhantes. Dessa natureza são os Dez Mandamentos; e estes nosso Salvador não aboliu nem suprimiu”.—Notes, Explanatory and Practical, on the Gospel, Volume 1, pág. 65.

4. O Que Disseram Grandes Próceres Cristãos do Passado e do Presente Sobre o Tema do Mandamento do Sábado*:

* Qual a Origem do Sábado do Quarto Mandamento?

O Dr. Archibald A. Hodge, membro da Junta Presbiteriana de Publicações, e antigo Professor no Seminário Princeton (Presbiteriano), nos Estados Unidos, escreveu um folheto, no qual apresenta uma defesa da perpetuidade do sábado como dia santificado por Deus. Dele extraímos o seguinte:

“Deus instituiu o sábado na criação do homem, separou o sétimo dia para esse fim e ordenou sua observância como uma obrigação universal e perpétua à raça”.—Folheto N° 175.

E disse o evangelista Moody novamente:

“Eu honestamente creio que este mandamento é exatamente tão obrigatório hoje como sempre o foi. Tenho conversado com pessoas que dizem ter sido ele abolido, mas nunca foram capazes de apontar a qualquer lugar na Bíblia onde Deus o repeliu. Quando Cristo esteve sobre a Terra, Ele nada fez para pô-lo de parte. Ele o libertou dos acréscimos que os escribas e fariseus lhe impuseram, colocando-o em seu devido lugar. O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa do sábado! É tão praticável e necessário para os homens hoje como sempre foi—de fato—mais do que nunca, porque vivemos numa época tão intensa.

“O sábado foi obrigatório no Éden, e tem estado em vigor desde então. Esse quarto mandamento principia com a palavra ‘lembra-te’ mostrando que já existia quando Deus redigiu Sua lei nas tábuas de pedra no Sinai. Como podem os homens alegar que esse mandamento foi eliminado quando admitem que os outros nove estão ainda em vigor?” – D. L. Moody, Weighed and Wanting (ed. 1898), págs. 46, 47.

Finalmente, eis o que declara mais um comentarista bíblico protestante do maior gabarito:

“Se não tivéssemos qualquer outra regra além dessa de Gênesis 2:3, não haveria dificuldade em deduzir ser ela um preceito para a observância universal de um sábado ou sétimo dia, a ser dedicado a Deus como tempo sagrado, para todos daquela raça para a qual a Terra e a sua natureza foram prepararadas. Os primeiros homens devem tê-lo conhecido. As palavras ‘Ele o santificou’ não podem ter outro sentido. Seriam sem nexo a menos que se referissem a alguns aos quais se requeria mantê-lo santo”. – John Peter Lange, A Commentary on the Holy Scriptures, sg., Gênesis 2:3, vol. 1, pág. 197.

* Há Razões Para Observarmos o Sábado do Sétimo Dia?

Ainda o John Davis, com sua reconhecida autoridade:

“A doutrina ensina claramente que este dia foi ordenado por Deus, para repouso do corpo, e bem-estar do homem; que o deviam observar, imitando o exemplo que Deus dá, e por causa das bênçãos por Ele conferidas”.—Dicionário da Bíblia, pág. 520.

Agora, do Breve Catecismo, editada pela Casa Editora Presbiteriana:

“O quarto mandamento exige que consagremos a Deus os tempos determinados em Sua Palavra, particularmente um dia inteiro em cada sete, para ser um dia de santo descanso a Ele dedicado. . . . proíbe a omissão ou a negligência no cumprimento dos deveres exigidos, e a profanação deste dia por meio de ociosidade, ou por fazer aquilo que é em si mesmo pecaminoso, ou por desnecessários pensamentos, palavras ou obras acerca de nossos negócios e recreações temporais. . . . Deus nos concede de fazermos uso dos seis dias da semana para os nossos interesses temporais: o reclamar Ele para Si a propriedade especial do dia sétimo, o Seu próprio exemplo, e a benção que Ele conferiu ao dia de descanso”.— (Op. Cit., págs) págs. 17 e 18.

E um metodista também fala a respeito da importância da observância do sábado:

“2. O sábado é indispensável ao homem, sendo propiciador de seu maior bem, fisica, intelectual, social, espiritual e eternamente. Daí que sua observância está ligada às melhores promessas, e sua violação com as mais severas penalidades. Êxo. xxiii, 12; xxxi, 12-18; Nee. xiii 15-22; Isa. lvi, 2-7; lviii 13-14; Jer. xvii, 21-27; Eze. xx, 12-13; xxii 26-31. Sua santidade foi assinalada muito marcadamente na coleta do maná. Êxo. xvi, 22-30.

“3. A lei original do sábado foi renovada e tornada parte destacada da lei moral, ou dez mandamentos, dados mediante Moisés no Sinai. Êxo. xx, 8-11”. – Amos Binney e Daniel Steele, Binney’s Theological Compend Improved (ed. 1902), pág. 170.

* Por Quanto Tempo Deve Durar o Mandamento do Sábado?

Recorremos, ainda desta vez, ao que disse o erudito John Davis:

“O sábado foi instituído para benefício do gênero humano; as suas obrigações duram enquanto o homem viver e enquanto subsistirem as suas necessidades”.—Dicionário da Bíblia, pág. 520.

“A respeito do quarto mandamento, disse Jesus: ‘O sábado foi feito para o homem’; segue-se, pois, que a lei permanece em toda a sua força enquanto o homem existir sobre a terra”.—Dicionário da Bíblia, pág. 356.

* A Que Tipo de Lei, Dentre as Referidas Acima, o Apóstolo Paulo Apresenta em Colossenses 2:16?

Diz um destacado teólogo evangélico:

“Apela-se a passagens tais como Colossenses 2:16: ‘Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida e bebida, ou dia de festa, ou lua nova, ou sábados”. E Romanos 14:5: ‘Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem definida em sua própria mente”. Cada um de nós, contudo, sabe que as igrejas apostólicas viviam grandemente atribuladas pelos judaizantes, os quais insistiam em que a lei mosaica continuava em vigor, e que os cristãos eram obrigados a conformar-se às suas prescrições acerca da distinção entre alimentos limpos e impuros, bem como a seus numerosos dias de festa, nos quais todo trabalho tinha de ser interrompido. Esses eram os falso mestres e essa era a falsa doutrina contra a qual muitas das epístolas de Paulo se dirigiam. É uma óbvia referência a tais homens e suas doutrinas que passagens como as supracitadas foram escritas. Elas não fazem nenhuma referência ao Sábado semanal, o qual fora observado desde a criação, e o qual os próprios Apóstolos introduziram e perpetuaram na Igreja Cristã.”—Teologia Sistemática, Charles Hodge, pág. 1269

O Dr. Albert Barnes, presbiteriano, acima referido, assim se expressou sobre o texto de Colossenses 2:16:

“‘Ou dos sábados’. A palavra ‘sábado’, no Velho Testamento, é aplicada não somente ao sétimo dia, mas a todos os outros dias de repouso sagrado que eram observados pelos hebreus, e particularmente ao começo e encerramento de suas grandes festividades. Há, certamente, referência a esses dias nesse lugar, visto que a palavra é usada no plural e o apóstolo não se refere particularmente ao assim chamado sábado, propriamente.

“Não há nada que indique tivesse ele ensinado não haver nenhuma obrigação de observar qualquer dia santificado, pois não há a menor razão para crer que ele tencionasse ensinar que um dos Dez Mandamentos tivesse deixado de ser obrigatório para a humanidade.

“Se houvesse usado a palavra no singular, ‘o sábado’, teria ficado claro, naturalmente, que ele pretendia ensinar que esse mandamento havia deixado de ser obrigatório, e que o sábado não mais devia ser observado. Mas o uso do termo no plural e o contexto, mostram que tinha sua atenção voltada para o grande número de dias que eram observados pelos hebreus como festas, como parte de sua lei típica e cerimonial, e não para a lei moral ou os Dez Mandamentos.

“De nenhuma parte da lei moral—pode dizer-se ser ‘uma sombra das coisas futuras.’ Estes mandamentos são, em virtude da natureza da lei moral, de perpétua e universal obrigatoriedade”.—Notes on Colossians, edição de 1850, págs. 306 e 307.

Assim essas autoridades presbiterianas, além das que já foram destacadas dentre batistas, congregacionais, metodistas, luteranos, assembleianos, concordam com os cristãos observadores do sábado quanto à validade deste e de TODOS os mandamentos do decálogo.
_________

* O sábado é interpretado por esses autores e documentos confessionais como referindo-se ao domingo. Mas, isso é secundário nesta discussão específica porque o que importa é que admitem a validade e vigência do mandamento. O debate sobre ter o sábado tomado o lugar do domingo já é outro.

Indiscutivelmente, todas essas autoridades e documentos religiosos não concordam com a visão neo-antinomista/dispensacionalista que nega a validade e vigência do Decálogo como norma cristã, ou prega o fim total do 4o. Mandamento, como sendo “cerimonial”. Fica, pois, claro que a natureza do debate não é sobre SE há um claro preceito para se dedicar um dia semanal ao Senhor, e sim QUANDO é tal dia, sábado ou domingo?

Um Desafio aos Apologistas do Neo-Antinomismo Dispensacionalista

Há no mundo religioso cristão-evangélico alguns que se apresentam como apologistas dessa posição, citando até o texto de Judas 3 (“a fé uma vez confiada aos santos”) como se eles representassem os verdadeiros preservadores dos ensinos mantidos pelas Igrejas do Movimento Reformado, como nos chegaram até o presente. Contudo, a verdade é que o que ensinam sobre o tema da lei e do dia de repouso simplesmente está na contramão das posições clássicas, históricas e ainda oficiais das Igrejas-mãe da cristandade protestante/evangélica, como enumeramos e documentamos nas páginas anteriores.

Em fóruns de debates internéticos temos feito o seguinte desafio a alguns que aparecem defendendo os mesmos conceitos, aprendidos com tais apologistas:

* Que nos provem que as Igrejas-mãe derivadas do Movimento Reformado, das quais tantas outras também derivaram (inclusive a deles), ensinavam e ensinam nos seus documentos confessionais, comentários bíblicos e obras várias de instrução teológica,

a - que os 10 Mandamentos NÃO SÃO mais normativos aos cristãos, sendo apenas parte do pacote único de leis, tudo abolido na cruz para ser substituído pela “lei de Cristo” que dispensa preceito de guarda de dias;

b - que o sábado NÃO É LEI MORAL E UNIVERSAL, cada um seguindo o melhor caminho que quiser, sem observar dia nenhum, apenas indo à Igreja, preferentemente aos domingos, para “cumprir a obrigação”, sem a mínima noção de se SANTIFICAR um dia ao Senhor;

c - que NÃO EXISTE essa classificação/categorização/divisão das leis como “moral” (o Decálogo), “cerimonial” (prefigurativa de Cristo, abolida na cruz), “civil” e que fazer tal divisão é um erro, já que as leis eram todas um só ‘pacote legal’ do judaísmo, tudo abolido na cruz.

Até hoje nenhum conseguiu apresentar-nos tais provas. O que se deu é que surgiram pelo fim do século XIX e início do século XX certos instrutores com novas ideias sobre a questão da lei e do sábado, prevalecendo o conceito de “dispensações”. Assim, estaríamos agora sob a “dispensação da graça”, que teria suplantado a “dispensação da lei”. Mas, daí, esses apologistas sentem imensa dificuldade em explicar como se salvavam os pecadores ao tempo do Antigo Testamento. Muitos chegam a emitir a aberração teológica de que a salvação era então pela lei, e só a partir de Cristo os homens se salvam pela graça. Contudo, jamais homem algum poderia reunir méritos para obter a salvação por sua guarda da “lei do Senhor” que é “perfeita” (Sal. 19:7). E se admitirem que eram salvos pela graça, isso já destrói a divisão estanque que criam entre as eras da lei/graça.

O fato é que tais noções—que promovem um conceito mais cômodo quanto à questão do dia de repouso, que chamamos de dianenhumismo/diaqualquerismo/tododiaísmo—procedem de uma tremenda lavagem cerebral nos meios evangélicos/protestantes levando muitos crentes a desconhecer totalmente o que suas Igrejas oficialmente ensinam HÁ SÉCULOS, como apresentamos nas páginas anteriores. Nada sabem sobre o conteúdo desses documentos confessionais das diferentes denominações históricas (das quais derivaram tantas das Igrejas contemporâneas) no que tange ao tema da lei e do dia de repouso.

Prova disso é que tanto católicos, quanto ortodoxos e mórmons, que não estiveram sob a influência desses mestres novidadeiros do neo-antinomismo dispensacionalista, sempre ensinaram regular e normalmente que os 10 Mandamentos seguem sendo normativos aos cristãos em TODOS os seus preceitos. Ainda que mantendo certas mudanças e adaptações inaceitáveis quanto ao conteúdo dessa lei divina, o fato é que não adotaram essas noções antibíblicas de “lei abolida” e assemelhadas.

Seria interessante, finalmente, lembrar como mentores do dispensacionalismo também especularam nas Escrituras daqui e dali sobre seus textos proféticos, chegando à conclusão de que 40 anos após a fundação do Estado de Israel dar-se-ia o arrebatamento da Igreja. Um livro promovido aos milhões por todo o mundo, escrito pelo dispensacionalista Hal Lindsey, que em português teve o título de A Agonia do Grande Planeta Terra, promovia tal conceito. Só que em 1988, em vez do esperado arrebatamento da Igreja, o que tivemos foi o arrebentamento de mais uma profetada nos meios evangélicos. Quantos evangélicos estão cientes desse fato?

A alegação dos apologistas mencionados por sua posição contraditória ao pensamento da ortodoxia protestante, embora pretendendo preservar tal pensamento, é expresso à base de algo como “nós respeitamos esses cristãos que emitiram tais documentos e instruções sobre o tema da lei divina, mas preferimos seguir as Escrituras, indiscutivelmente superiores ao pensamento deles”. Com isso provocam dois fatos inevitáveis:

A) OFENSA: Eles os ofendem todos como negligentes em expor tais princípios a serem adotados pelas suas comunidades de fé COM BASE EXCLUSIVA NAS ESCRITURAS, dentro do ideal Reformado de Sola Scriptura. Assim, nem podem reivindicar que os respeitam, para começo de conversa. Ademais, um detido exame de todos esses documentos confessionais das Igrejas-mãe referidas mostra que se baseiam totalmente na Bíblia como fundamento dos seus ensinos e interpretações, indicadas como a melhor interpretação escriturística para os membros das respectivas Igrejas.

B) PRETENSÃO: Com tais atitudes apresentam-se pretensiosamente como o padrão do entendimento de todos os cristãos sobre as Escrituras. Se assim for, não há saída—os batistas, metodistas, presbiterianos, anglicanos, congregacionais, luteranos, etc., devem urgentemente ser informados dos erros de interpretação de seus clássicos e históricos documentos confessionais para reformá-los, usando como modelo as interpretações desses promotores das ideias neo-antinomistas dispensacionalistas. Quanto nos consta, nenhum dos documentos confessionais denominacionais que citamos ao longo deste estudo foi descartado, desqualificado, anulado, desprestigiado. Pelo contrário, numa conferência apresentada no Paraguai, o conhecido teólogo brasileiro Róbinson Cavalcanti referiu-se à Confissão de Fé de Westminster (de presbiterianos, congregacionais e outros cristãos) como um dos “monumentos do cristianismo”, juntamente com o Credo dos Apóstolos.
Eduardo
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