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Adventistas e muçulmanos: cinco convicções
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26022010
Adventistas e muçulmanos: cinco convicções
Adventistas e muçulmanos: cinco convicções
Há três anos, o pastor Jan Paulsen, presidente [mundial dos adventistas do sétimo dia], pediu que eu trabalhasse no desenvolvimento das relações inter-religiosas com líderes das grandes religiões do mundo. Uma vez que os adventistas são 17 milhões em mais de 200 países, isso faz sentido – e, realmente, é isso que nossa missão requer − que nos esforcemos para compreender a fé de outros povos, para que possamos compartilhar com eles os nossos valores e a esperança no retorno de Jesus. Durante esses três anos, tenho me concentrado em fazer contatos com líderes muçulmanos. Lenta, mas regularmente, várias convicções criaram raízes profundas em minha mente.
Primeiro, o Senhor está preparando o mundo muçulmano para Sua segunda vinda. Há alguns meses, recebi uma mensagem totalmente fora do meu quadro de referência: um xeique, líder espiritual de muitos milhares de muçulmanos em vários países, afirmou que Deus havia lhe dado uma visão sobre os adventistas. Ele fez contatos com alguns adventistas leigos e agora estava pedindo para se encontrar com líderes da Associação Geral. O que o levou a fazer tal pedido?
Após me consultar com o pastor Paulsen e outras pessoas, foi decidido que alguns de nós, da sede mundial, deveríamos atendê-lo, esperando entrar em sérias discussões, se eles permitissem. Para me preparar para tal encontro, fiz uma viagem para conhecer o xeique. As nove horas gastas com ele, ao longo de dois dias, foram, para dizer o mínimo, memoráveis.
Logo no início do período que passamos juntos, o xeique me convidou para ir à sua casa. Desde o primeiro momento, estabelecemos um relacionamento bom e amigável. Estando nós dois, apenas, sentados em sua sala, quase que imediatamente ele fez uma pergunta a queima-roupa:
− Você acredita na segunda vinda de Jesus?
− Sim − respondi.
– Quando Ele virá?
– Em breve.
– Mas quão breve?
– Em breve. Nós, adventistas, não marcamos data para a Segunda Vinda, mas cremos que será em breve.
− Você acha que Jesus voltará neste século?
− Eu não sei. Pode ser que Jesus volte muito antes do que muita gente (inclusive os adventistas) espera.
− Eu creio que Jesus voltará neste século − disse ele. − Nos escritos sagrados, encontro uma série de sinais que indicam quando Ele voltará, e quase todos os sinais já se cumpriram.
Conversamos, por duas horas, sobre o retorno de Jesus. Ali estava alguém que, não apenas cria na Segunda Vinda, mas cria apaixonadamente. Na visão do xeique, o mundo de hoje é uma terrível confusão que se agrava a cada dia; somente o retorno de Jesus pode consertar as coisas.
No dia seguinte, o xeique e eu nos encontramos para considerar que assuntos deveriam ser a base da discussão com o grupo maior. Quase imediatamente concordamos na Segunda Vinda. Decidimos solicitar aos dois lados que preparassem pequenas dissertações sobre o tema geral da volta de Jesus, sobre os sinais da Segunda Vinda e sobre o anticristo. Então, chegou o momento pelo qual eu estava esperando.
− Senhor − perguntei −, é verdade que o senhor recebeu uma visão sobre os adventistas do sétimo dia?
− Não apenas uma, mas três – foi sua resposta. – As três continham a mesma mensagem: os adventistas do sétimo dia são o verdadeiro Povo do Livro [um termo do Corão, designando os seguidores de Alá, que não são muçulmanos]. Os adventistas já são o povo de Deus, por isso, não tente convertê-los. Ao contrário, trabalhe com eles.
Algumas semanas mais tarde, foi convocada a reunião com o grupo maior. Mais uma vez o xeique abriu as portas de sua casa para o início do período em que estaríamos juntos. A hospitalidade e a simpatia foram insuperáveis enquanto participávamos de um generoso banquete. Quando começamos a apresentação dos trabalhos que havíamos preparado, o nível de interesse foi intenso; os muçulmanos absorviam cada palavra de seus convidados adventistas. A avidez e a expectativa foram palpáveis naquela noite e no dia seguinte.
Vários meses se passaram desde que nos reunimos com os muçulmanos. Ainda estou processando aquele evento, tentando descobrir o seu significado e o que o Senhor tem em mente para a Sua igreja. Foi um acontecimento extraordinário. A avidez para aprender mais e a fervorosa crença de que Jesus voltará em breve despertaram em mim o desejo de encontrar tal espírito entre meus irmãos e irmãs adventistas.
Sim, há importantes diferenças de compreensão a respeito do retorno de Jesus. O básico, porém, o fato essencial, permanece: um grande número de muçulmanos aguarda a volta de Jesus, e para breve.
Passo agora para uma segunda convicção: os adventistas do sétimo dia estão excepcionalmente bem posicionados para levar o evangelho aos muçulmanos.
Os adventistas têm as seguintes vantagens sobre outros cristãos para levar as boas novas aos muçulmanos:
O lugar das Escrituras. Baseamos nossas práticas e crenças na Bíblia e na Bíblia somente. Essa devoção e lealdade à Palavra revelada impressionam os muçulmanos, que creem que o Corão é a revelação de Deus.
Estilo de Vida. Nossa abstinência de carne de porco e álcool é uma boa surpresa para os muçulmanos que não estão acostumados a associar os cristãos a essas práticas. Isso significa que cristãos e muçulmanos podem participar de uma refeição juntos, sem apreensões – fator importante para se estabelecer as bases de um relacionamento. Além dessas práticas, a ênfase adventista na simplicidade e modéstia soa sincera aos muçulmanos, cuja religião é praticada nas 24 horas dos sete dias da semana.
Preocupação com os últimos dias. O assunto do juízo final, a segunda vinda de Jesus e a ressurreição desempenham um papel importante no pensamento islâmico. Para muçulmanos sérios, toda a vida é vivida em função do julgamento final. Seus ensinos diferem dos nossos em importantes aspectos, mas o pensamento central é comum e apresenta-se como oportunidade para que os adventistas ofereçam uma instrução esclarecedora de sua compreensão.
O sábado. O Corão menciona o sábado e sob um aspecto positivo; ele não menciona o primeiro dia da semana como o dia de culto. Nossa observância do sábado, estampada em nosso próprio nome, nos distingue como obedientes à revelação divina.
Conflito cósmico. Os muçulmanos compreendem que os acontecimentos na Terra têm como pano de fundo uma luta cósmica entre o bem e o mal, em que Lúcifer, Satanás e os seres caídos desempenham papel importante. Esse quadro geral tem paralelos óbvios, associado a diferenças importantes, como a compreensão adventista do grande conflito entre Cristo e Satanás.
A Criação. Tanto muçulmanos como adventistas creem na doutrina da criação e rejeitam a teoria da evolução.
Saúde. Os muçulmanos têm muito interesse na saúde e no estilo de vida saudável. Os adventistas e muçulmanos facilmente fazem parceria para melhorar a qualidade de vida. No Oriente Médio, os adventistas administram uma série de hospitais e clínicas em países muçulmanos, e o Centro Médico da Universidade de Loma Linda tem parceria contínua com o Reino da Arábia Saudita e com o Afeganistão.
Relação com Israel. O fato de que, como igreja, os adventistas se recusam a se identificar com qualquer lobby geopolítico é uma enorme vantagem para o mundo muçulmano. Não fazemos parte do lobby pró-Israel: cremos na justiça para todos os povos, inclusive para israelitas e palestinos.
Um movimento de reforma. Compreendemos que nossa mensagem não é nova, mas um retorno aos ensinos da Bíblia. Estamos completando a reforma parcial iniciada por Lutero, Calvino e muitos fiéis do passado. Os muçulmanos também se consideram parte de uma obra de reforma.
Essas características adventistas nos colocam em uma posição única para estabelecer contato com os muçulmanos em todos os níveis e para avançar a divina missão a nós confiada. Não somos, porém, muito conhecidos no mundo muçulmano; na verdade, não somos nada conhecidos. Quando muçulmanos ouvem sobre os cristãos, pensam imediatamente em homens e mulheres consumidores de carne de porco, de álcool, de vida sem princípios e que são a favor de Israel.
Talvez nosso maior desafio em relação aos muçulmanos seja ensiná-los sobre quem somos e o que defendemos. Quando isso for feito, a atitude mudará de descrença para admiração, apreciação e aceitação calorosa.
Quando me encontro com líderes muçulmanos, enfatizo o fato de que prefiro ser identificado como adventista em vez de cristão. Para os muçulmanos, o nome “cristão” leva em si associações negativas, associações que não caracterizam um adventista do sétimo dia. Por isso, prefiro evitá-las. E “adventista” sintetiza bem a identidade de quem somos, de nossa esperança no retorno de Jesus e a consciência do divino chamado para levar essa mensagem ao mundo.
A terceira convicção resulta diretamente da segunda convicção: a profecia pode ser uma abordagem útil para despertar o interesse dos muçulmanos.
Esse tem sido o caso com o xeique e seus colegas. Embora o primeiro contato com os muçulmanos tenha vindo por intermédio de um ato espontâneo de bondade de um membro leigo adventista, o interesse subsequente veio por um indivíduo com o qual foram compartilhadas as profecias bíblicas, primeiro no lar de um muçulmano ajudado por ele e, posteriormente, a convite do xeique, na mesquita.
Na primeira noite na mesquita, um adventista abordou uma importante profecia para o mundo todo, incluindo o islâmico. Ele explicou por que nós, adventistas do sétimo dia, temos uma compreensão que o resto do mundo não tem. Enquanto falava das profecias da Bíblia, naquela primeira noite, os muçulmanos responderam sem reservas. Nas apresentações seguintes, ele seguiu o caminho convencional, começando com Daniel 2, e mais tarde, abordando o livro do Apocalipse.
As profecias são importantes na conversa com os muçulmanos, pois dão credibilidade à Bíblia. Embora o Corão aponte para a Bíblia, o muçulmano tradicional defende que ele está corrompido e grande parte o ignora.
Uma quarta convicção diz respeito a mudanças que precisam ocorrer entre os adventistas: embora o Senhor tenha confiado a nós uma mensagem e um estilo de vida que é bem atrativo aos muçulmanos, devemos nos submeter a uma renovação significativa em nossas atitudes e em nossa vida espiritual, se quisermos que o Senhor nos use como é Seu propósito.
Os muçulmanos sofrem preconceito generalizado no Ocidente. Inevitavelmente, os adventistas também são afetados pelos sentimentos expressos pela mídia de massa. Como resultado, pastores e membros, principalmente, não se preocupam em trabalhar com muçulmanos; além disso, as congregações adventistas não estão prontas para recebê-los em seu meio. De fato, alguns adventistas têm preparado livros e DVDs que pintam o Islã com traços fortemente negativos.
Entre os estereótipos negativos e mitos sobre os muçulmanos a que nosso povo está sujeito, estão os seguintes:
O islamismo é uma religião violenta e a maioria dos muçulmanos é, portanto, propensa à violência. O islamismo tem um componente de violência que também pode ser encontrado em outras religiões. Esse componente, entretanto, representa apenas uma pequena percentagem dos muçulmanos. O Instituto Gallup realizou uma pesquisa maciça entre os muçulmanos de todo o mundo e entrevistou cerca de 30 mil pessoas. Os resultados mostraram que 93 por cento dos muçulmanos rejeitam a violência.
“Alá” é o nome de uma divindade pagã. Esse mito é rapidamente desmentido pelo simples estudo da etimologia. “Alá” é simplesmente o termo árabe para Deus, e era tanto usado por cristãos árabes, antes de Maomé, como o é hoje. Porque o Islamismo nasceu entre os árabes e o Corão foi escrito em árabe, inevitavelmente o nome “Alá” foi adotado para designar Deus.
Por causa de suas altas taxas de natalidade, os muçulmanos, em breve, superarão os cristãos em número, se tornarão a religião majoritária em vários países da Europa. Um DVD, que tem circulado amplamente, assustou alguns adventistas que aceitaram suas ideias sem subsídio. De fato, o DVD mostra a invasão sem violência do Ocidente pelos muçulmanos, por meio de grandes famílias, dominando a cultura, em pouco tempo. Apesar da apresentação gráfica, o argumento é falho. São dados coletados ao acaso, com suposições não comprovadas e que ignoram as evidências contrárias à sua tese.
A convicção final é, talvez, a mais surpreendente de todas: o fato de levarmos a sério nossa missão entre os muçulmanos tem o potencial de renovar e reformar a Igreja Adventista.
Ainda estou impressionado com a paixão do xeique pela Segunda Vinda e pelo seu senso de iminência. Eu me pergunto: Será que Deus está enviando um chamado ao despertamento do Seu povo adventista?
O evangelismo adventista entre os muçulmanos só acontecerá quando nos humilharmos, permitindo que o Senhor amoleça nosso coração e derrube nosso preconceito. O Senhor precisa colocar dentro de nós um profundo amor pelos muçulmanos e um desejo ardente de vê-los conosco na caminhada para o Céu. Ele precisa fazer com que nossas igrejas os aceitem calorosamente e de braços abertos. Só Ele pode fazer isso. Tais mudanças significam uma Igreja Adventista renovada e reformada.
Minha experiência com os muçulmanos é pequena, mas já testemunhei o poder do amor. O encontro com o xeique, que progrediu num ritmo tão surpreendente, estava enraizado num gesto generoso de um adventista que refletia abertamente o amor e a boa vontade. Tenho observado que os muçulmanos analisam rapidamente uma pessoa, e se julgam que ele ou ela é genuinamente honesto, respondem com bondade.
Recentemente conheci uma empresária adventista que sente a responsabilidade de trabalhar com muçulmanos. Isso nem sempre foi assim; de fato, ela cresceu não gostando desse povo, mas o Senhor mudou seu coração. Ela confidenciou que antes usava muitas joias, mas quando começou a se relacionar com os muçulmanos, por causa da ênfase que dão à modéstia, sentiu que deveria tirar suas joias e, mais tarde, abrir mão delas.
Essa, talvez, seja uma parábola do que pode acontecer em grande escala com os adventistas, ao se relacionar com os muçulmanos.
(William G. Johnsson é assistente do presidente da Associação Geral para as relações interdenominacioais)
(Adventist World)
Há três anos, o pastor Jan Paulsen, presidente [mundial dos adventistas do sétimo dia], pediu que eu trabalhasse no desenvolvimento das relações inter-religiosas com líderes das grandes religiões do mundo. Uma vez que os adventistas são 17 milhões em mais de 200 países, isso faz sentido – e, realmente, é isso que nossa missão requer − que nos esforcemos para compreender a fé de outros povos, para que possamos compartilhar com eles os nossos valores e a esperança no retorno de Jesus. Durante esses três anos, tenho me concentrado em fazer contatos com líderes muçulmanos. Lenta, mas regularmente, várias convicções criaram raízes profundas em minha mente.
Primeiro, o Senhor está preparando o mundo muçulmano para Sua segunda vinda. Há alguns meses, recebi uma mensagem totalmente fora do meu quadro de referência: um xeique, líder espiritual de muitos milhares de muçulmanos em vários países, afirmou que Deus havia lhe dado uma visão sobre os adventistas. Ele fez contatos com alguns adventistas leigos e agora estava pedindo para se encontrar com líderes da Associação Geral. O que o levou a fazer tal pedido?
Após me consultar com o pastor Paulsen e outras pessoas, foi decidido que alguns de nós, da sede mundial, deveríamos atendê-lo, esperando entrar em sérias discussões, se eles permitissem. Para me preparar para tal encontro, fiz uma viagem para conhecer o xeique. As nove horas gastas com ele, ao longo de dois dias, foram, para dizer o mínimo, memoráveis.
Logo no início do período que passamos juntos, o xeique me convidou para ir à sua casa. Desde o primeiro momento, estabelecemos um relacionamento bom e amigável. Estando nós dois, apenas, sentados em sua sala, quase que imediatamente ele fez uma pergunta a queima-roupa:
− Você acredita na segunda vinda de Jesus?
− Sim − respondi.
– Quando Ele virá?
– Em breve.
– Mas quão breve?
– Em breve. Nós, adventistas, não marcamos data para a Segunda Vinda, mas cremos que será em breve.
− Você acha que Jesus voltará neste século?
− Eu não sei. Pode ser que Jesus volte muito antes do que muita gente (inclusive os adventistas) espera.
− Eu creio que Jesus voltará neste século − disse ele. − Nos escritos sagrados, encontro uma série de sinais que indicam quando Ele voltará, e quase todos os sinais já se cumpriram.
Conversamos, por duas horas, sobre o retorno de Jesus. Ali estava alguém que, não apenas cria na Segunda Vinda, mas cria apaixonadamente. Na visão do xeique, o mundo de hoje é uma terrível confusão que se agrava a cada dia; somente o retorno de Jesus pode consertar as coisas.
No dia seguinte, o xeique e eu nos encontramos para considerar que assuntos deveriam ser a base da discussão com o grupo maior. Quase imediatamente concordamos na Segunda Vinda. Decidimos solicitar aos dois lados que preparassem pequenas dissertações sobre o tema geral da volta de Jesus, sobre os sinais da Segunda Vinda e sobre o anticristo. Então, chegou o momento pelo qual eu estava esperando.
− Senhor − perguntei −, é verdade que o senhor recebeu uma visão sobre os adventistas do sétimo dia?
− Não apenas uma, mas três – foi sua resposta. – As três continham a mesma mensagem: os adventistas do sétimo dia são o verdadeiro Povo do Livro [um termo do Corão, designando os seguidores de Alá, que não são muçulmanos]. Os adventistas já são o povo de Deus, por isso, não tente convertê-los. Ao contrário, trabalhe com eles.
Algumas semanas mais tarde, foi convocada a reunião com o grupo maior. Mais uma vez o xeique abriu as portas de sua casa para o início do período em que estaríamos juntos. A hospitalidade e a simpatia foram insuperáveis enquanto participávamos de um generoso banquete. Quando começamos a apresentação dos trabalhos que havíamos preparado, o nível de interesse foi intenso; os muçulmanos absorviam cada palavra de seus convidados adventistas. A avidez e a expectativa foram palpáveis naquela noite e no dia seguinte.
Vários meses se passaram desde que nos reunimos com os muçulmanos. Ainda estou processando aquele evento, tentando descobrir o seu significado e o que o Senhor tem em mente para a Sua igreja. Foi um acontecimento extraordinário. A avidez para aprender mais e a fervorosa crença de que Jesus voltará em breve despertaram em mim o desejo de encontrar tal espírito entre meus irmãos e irmãs adventistas.
Sim, há importantes diferenças de compreensão a respeito do retorno de Jesus. O básico, porém, o fato essencial, permanece: um grande número de muçulmanos aguarda a volta de Jesus, e para breve.
Passo agora para uma segunda convicção: os adventistas do sétimo dia estão excepcionalmente bem posicionados para levar o evangelho aos muçulmanos.
Os adventistas têm as seguintes vantagens sobre outros cristãos para levar as boas novas aos muçulmanos:
O lugar das Escrituras. Baseamos nossas práticas e crenças na Bíblia e na Bíblia somente. Essa devoção e lealdade à Palavra revelada impressionam os muçulmanos, que creem que o Corão é a revelação de Deus.
Estilo de Vida. Nossa abstinência de carne de porco e álcool é uma boa surpresa para os muçulmanos que não estão acostumados a associar os cristãos a essas práticas. Isso significa que cristãos e muçulmanos podem participar de uma refeição juntos, sem apreensões – fator importante para se estabelecer as bases de um relacionamento. Além dessas práticas, a ênfase adventista na simplicidade e modéstia soa sincera aos muçulmanos, cuja religião é praticada nas 24 horas dos sete dias da semana.
Preocupação com os últimos dias. O assunto do juízo final, a segunda vinda de Jesus e a ressurreição desempenham um papel importante no pensamento islâmico. Para muçulmanos sérios, toda a vida é vivida em função do julgamento final. Seus ensinos diferem dos nossos em importantes aspectos, mas o pensamento central é comum e apresenta-se como oportunidade para que os adventistas ofereçam uma instrução esclarecedora de sua compreensão.
O sábado. O Corão menciona o sábado e sob um aspecto positivo; ele não menciona o primeiro dia da semana como o dia de culto. Nossa observância do sábado, estampada em nosso próprio nome, nos distingue como obedientes à revelação divina.
Conflito cósmico. Os muçulmanos compreendem que os acontecimentos na Terra têm como pano de fundo uma luta cósmica entre o bem e o mal, em que Lúcifer, Satanás e os seres caídos desempenham papel importante. Esse quadro geral tem paralelos óbvios, associado a diferenças importantes, como a compreensão adventista do grande conflito entre Cristo e Satanás.
A Criação. Tanto muçulmanos como adventistas creem na doutrina da criação e rejeitam a teoria da evolução.
Saúde. Os muçulmanos têm muito interesse na saúde e no estilo de vida saudável. Os adventistas e muçulmanos facilmente fazem parceria para melhorar a qualidade de vida. No Oriente Médio, os adventistas administram uma série de hospitais e clínicas em países muçulmanos, e o Centro Médico da Universidade de Loma Linda tem parceria contínua com o Reino da Arábia Saudita e com o Afeganistão.
Relação com Israel. O fato de que, como igreja, os adventistas se recusam a se identificar com qualquer lobby geopolítico é uma enorme vantagem para o mundo muçulmano. Não fazemos parte do lobby pró-Israel: cremos na justiça para todos os povos, inclusive para israelitas e palestinos.
Um movimento de reforma. Compreendemos que nossa mensagem não é nova, mas um retorno aos ensinos da Bíblia. Estamos completando a reforma parcial iniciada por Lutero, Calvino e muitos fiéis do passado. Os muçulmanos também se consideram parte de uma obra de reforma.
Essas características adventistas nos colocam em uma posição única para estabelecer contato com os muçulmanos em todos os níveis e para avançar a divina missão a nós confiada. Não somos, porém, muito conhecidos no mundo muçulmano; na verdade, não somos nada conhecidos. Quando muçulmanos ouvem sobre os cristãos, pensam imediatamente em homens e mulheres consumidores de carne de porco, de álcool, de vida sem princípios e que são a favor de Israel.
Talvez nosso maior desafio em relação aos muçulmanos seja ensiná-los sobre quem somos e o que defendemos. Quando isso for feito, a atitude mudará de descrença para admiração, apreciação e aceitação calorosa.
Quando me encontro com líderes muçulmanos, enfatizo o fato de que prefiro ser identificado como adventista em vez de cristão. Para os muçulmanos, o nome “cristão” leva em si associações negativas, associações que não caracterizam um adventista do sétimo dia. Por isso, prefiro evitá-las. E “adventista” sintetiza bem a identidade de quem somos, de nossa esperança no retorno de Jesus e a consciência do divino chamado para levar essa mensagem ao mundo.
A terceira convicção resulta diretamente da segunda convicção: a profecia pode ser uma abordagem útil para despertar o interesse dos muçulmanos.
Esse tem sido o caso com o xeique e seus colegas. Embora o primeiro contato com os muçulmanos tenha vindo por intermédio de um ato espontâneo de bondade de um membro leigo adventista, o interesse subsequente veio por um indivíduo com o qual foram compartilhadas as profecias bíblicas, primeiro no lar de um muçulmano ajudado por ele e, posteriormente, a convite do xeique, na mesquita.
Na primeira noite na mesquita, um adventista abordou uma importante profecia para o mundo todo, incluindo o islâmico. Ele explicou por que nós, adventistas do sétimo dia, temos uma compreensão que o resto do mundo não tem. Enquanto falava das profecias da Bíblia, naquela primeira noite, os muçulmanos responderam sem reservas. Nas apresentações seguintes, ele seguiu o caminho convencional, começando com Daniel 2, e mais tarde, abordando o livro do Apocalipse.
As profecias são importantes na conversa com os muçulmanos, pois dão credibilidade à Bíblia. Embora o Corão aponte para a Bíblia, o muçulmano tradicional defende que ele está corrompido e grande parte o ignora.
Uma quarta convicção diz respeito a mudanças que precisam ocorrer entre os adventistas: embora o Senhor tenha confiado a nós uma mensagem e um estilo de vida que é bem atrativo aos muçulmanos, devemos nos submeter a uma renovação significativa em nossas atitudes e em nossa vida espiritual, se quisermos que o Senhor nos use como é Seu propósito.
Os muçulmanos sofrem preconceito generalizado no Ocidente. Inevitavelmente, os adventistas também são afetados pelos sentimentos expressos pela mídia de massa. Como resultado, pastores e membros, principalmente, não se preocupam em trabalhar com muçulmanos; além disso, as congregações adventistas não estão prontas para recebê-los em seu meio. De fato, alguns adventistas têm preparado livros e DVDs que pintam o Islã com traços fortemente negativos.
Entre os estereótipos negativos e mitos sobre os muçulmanos a que nosso povo está sujeito, estão os seguintes:
O islamismo é uma religião violenta e a maioria dos muçulmanos é, portanto, propensa à violência. O islamismo tem um componente de violência que também pode ser encontrado em outras religiões. Esse componente, entretanto, representa apenas uma pequena percentagem dos muçulmanos. O Instituto Gallup realizou uma pesquisa maciça entre os muçulmanos de todo o mundo e entrevistou cerca de 30 mil pessoas. Os resultados mostraram que 93 por cento dos muçulmanos rejeitam a violência.
“Alá” é o nome de uma divindade pagã. Esse mito é rapidamente desmentido pelo simples estudo da etimologia. “Alá” é simplesmente o termo árabe para Deus, e era tanto usado por cristãos árabes, antes de Maomé, como o é hoje. Porque o Islamismo nasceu entre os árabes e o Corão foi escrito em árabe, inevitavelmente o nome “Alá” foi adotado para designar Deus.
Por causa de suas altas taxas de natalidade, os muçulmanos, em breve, superarão os cristãos em número, se tornarão a religião majoritária em vários países da Europa. Um DVD, que tem circulado amplamente, assustou alguns adventistas que aceitaram suas ideias sem subsídio. De fato, o DVD mostra a invasão sem violência do Ocidente pelos muçulmanos, por meio de grandes famílias, dominando a cultura, em pouco tempo. Apesar da apresentação gráfica, o argumento é falho. São dados coletados ao acaso, com suposições não comprovadas e que ignoram as evidências contrárias à sua tese.
A convicção final é, talvez, a mais surpreendente de todas: o fato de levarmos a sério nossa missão entre os muçulmanos tem o potencial de renovar e reformar a Igreja Adventista.
Ainda estou impressionado com a paixão do xeique pela Segunda Vinda e pelo seu senso de iminência. Eu me pergunto: Será que Deus está enviando um chamado ao despertamento do Seu povo adventista?
O evangelismo adventista entre os muçulmanos só acontecerá quando nos humilharmos, permitindo que o Senhor amoleça nosso coração e derrube nosso preconceito. O Senhor precisa colocar dentro de nós um profundo amor pelos muçulmanos e um desejo ardente de vê-los conosco na caminhada para o Céu. Ele precisa fazer com que nossas igrejas os aceitem calorosamente e de braços abertos. Só Ele pode fazer isso. Tais mudanças significam uma Igreja Adventista renovada e reformada.
Minha experiência com os muçulmanos é pequena, mas já testemunhei o poder do amor. O encontro com o xeique, que progrediu num ritmo tão surpreendente, estava enraizado num gesto generoso de um adventista que refletia abertamente o amor e a boa vontade. Tenho observado que os muçulmanos analisam rapidamente uma pessoa, e se julgam que ele ou ela é genuinamente honesto, respondem com bondade.
Recentemente conheci uma empresária adventista que sente a responsabilidade de trabalhar com muçulmanos. Isso nem sempre foi assim; de fato, ela cresceu não gostando desse povo, mas o Senhor mudou seu coração. Ela confidenciou que antes usava muitas joias, mas quando começou a se relacionar com os muçulmanos, por causa da ênfase que dão à modéstia, sentiu que deveria tirar suas joias e, mais tarde, abrir mão delas.
Essa, talvez, seja uma parábola do que pode acontecer em grande escala com os adventistas, ao se relacionar com os muçulmanos.
(William G. Johnsson é assistente do presidente da Associação Geral para as relações interdenominacioais)
(Adventist World)
Carlstadt- Administrador
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Inscrição : 19/04/2008
Adventistas e muçulmanos: cinco convicções :: Comentários
Adventistas Conversam com Muçulmanos
Quebrando o preconceito ao construir pontes
Por William G. Johnsson
O mundo islâmico está mudando diante de nossos olhos, agora que líderes muçulmanos procuram diálogo com cristãos e judeus. Os adventistas do sétimo dia estão cada vez mais envolvidos como convidados, e eles mesmos tomam a iniciativa de dialogar com os muçulmanos.
Por que os adventistas desejam se envolver em tais iniciativas? E por que os muçulmanos, devido ao grande número de entidades cristãs, estão interessados em reunir-se com uma pequena parcela do grande cenário da fé cristã? As respostas a essas perguntas nos dão uma ideia das rápidas mudanças que estão ocorrendo.
Nossa Longa Sombra
Do lado adventista, as razões para nossa participação é simples e resume-se em uma palavra: missão. Somos uma igreja mundial, com a distinta identidade e missão de declarar o caráter de Deus e de ajudar a preparar um povo para o breve retorno de Jesus Cristo. De igual modo, os muçulmanos são uma religião mundial, com seguidores não apenas nos países entre o Morrocos e a Indonésia, mas em crescimento em países com bases tradicionais cristãs. Hoje, cerca de cinco milhões de muçulmanos vivem na França, representando 10% da população. Nos Estados Unidos, os muçulmanos chegam a aproximadamente dez milhões.
Assim, quase em toda a face da Terra, adventistas e muçulmanos ocupam o mesmo solo. Os muçulmanos são nossos vizinhos, não apenas seguidores de uma religião longínqua. Como servos do Senhor Jesus Cristo, temos a incumbência de interagir com eles em todos os níveis, de vizinhos aos contratos oficiais.
Por muitos anos, a Igreja Adventista do Sétimo Dia está envolvida em diálogos com representantes de outras igrejas. Esses encontros têm produzido bons resultados, quebrando estereótipos e eliminando equívocos de ambos os lados. Do lado adventista, um grande benefício foi a queda da falsa denominação de nossa igreja como um “culto” ou “seita”.
Estive envolvido nesses diálogos interdenominacionais por mais de vinte anos e estou convencido de que são de valor significativo. Fui convencido, também, de que em todos os encontros dessa natureza devemos apresentar nossas crenças distintas com polidez, mas clara, sábia e honestamente, sem reter nada do que defendemos. Tentar bater de frente com a outra parte é desencadear um desastre, tanto em curto como em longo prazo.
Quando nosso diálogo é com outros cristãos ou com seguidores de outras religiões, nossa proposta deve ser para que haja genuíno e mútuo reconhecimento de quem somos (e somos nós quem melhor podemos expor isso), que valores buscamos e defendemos, e por que optamos por aparecer e não pela obscuridade.
Desafios Singulares
Esse novo diálogo nos apresenta novos desafios. Os muçulmanos têm a tendência de pintar todos os cristãos com o mesmo pincel: no estilo de vida, comedores de carne de porco e bebedores de álcool; em nível geopolítico, como pró-Israel e anti-árabes. O maior alvo para os adventistas é mostrar e explicar que não somos como as outras denominações cristãs; nosso estilo de vida é similar ao dos muçulmanos em áreas fundamentais; que somos uma comunidade de fé internacional e global, cuja agenda não é guiada pelos ventos e direções da política secular. Queremos que saibam, também, que nossas convicções sobre liberdade religiosa (assunto extremamente importante para muçulmanos de alguns países) nos levam a encorajar os líderes de todas as nações a fim de permitir adeptos de religiões minoritárias a construir locais de culto e de reunião em conjunto.
Embora as diferenças de crença entre os adventistas e muçulmanos − em particular, sobre a pessoa e trabalho de Jesus Cristo – sejam grandes e não devam ser “silenciadas”, há importantes pontos de contato que convidam ao diálogo. Entre eles, estão o elevado respeito que temos pelos escritos sagrados; a crença na criação, em vez de na evolução, na expectativa e na preparação para o Dia do Juízo; na Segunda Vinda de Jesus Cristo e a crença em mensageiros proféticos. Assim, os adventistas têm abertura para conversas produtivas com os muçulmanos, as quais outras igrejas cristãs não têm.
Projetos Recentes
Por muitos anos, os adventistas têm se envolvido em atividades de cooperação com os muçulmanos. No Reino da Arábia Saudita, uma equipe de cardiologistas da Universidade de Loma Linda prestou um serviço, muito apreciado, e essa universidade ainda mantém contato por meio de cursos de extensão oferecidos no país. Do mesmo modo, no Afeganistão, a obra médica adventista tem uma longa história e, hoje, o pessoal de Loma Linda desempenha papel muito importante ali.
Além de tais demonstrações práticas do Adventismo, a Igreja fundou um Instituto de Relações entre Muçulmanos e Aventistas. Seus representantes têm difundido discretamente o conhecimento de quem somos e aquilo que defendemos entre o mundo islâmico.
Recentemente, uma das primeiras iniciativas muçulmanas para o diálogo originou-se no Estado de Catar, no Golfo Pérsico. Por seis anos consecutivos, o Ministério de Assuntos Estrangeiros e o Departamento de Estudos Sharia, da Universidade de Catar, têm patrocinado uma Conferência Internacional sobre o Diálogo Interreligioso. Nos encontros mais recentes, em 2007 e 2008, os adventistas foram convidados a participar e a apresentar trabalhos com todas as despesas pagas.
Com a publicação da carta aberta “Um Mundo Comum”, em 6 de outubro de 2007, assinada pelos 138 altos clérigos e líderes muçulmanos, o ritmo da paz interconfessional está acelerado. Agora, “diálogo” parece ter se tornado a palavra em voga. O Vaticano pôs em curso diálogos com líderes do Islam e das principais denominações cristãs, além de organismos como o Conselho Mundial de Igrejas, que se reúne para decidir sua resposta ao convite recebido pela carta aberta.
Dez dias após a publicação da carta aberta, a Igreja Adventista enviou uma resposta aos autores, aplaudindo a iniciativa e indicando nossa disposição de nos engajar no diálogo com os muçulmanos.
Quando uma junta de eruditos cristãos e muçulmanos se reuniu na Universidade Yale, em julho de 2008, um adventista foi convidado para participar do grupo de 150 pessoas reunidas para a discussão. Do mesmo modo, quando o Rei Abdullah, do Reino da Arábia Saudita, convocou uma reunião para planejar o diálogo internacional interconfessional, em Madri, Espanha, de 13 a 15 de julho, um adventista foi incluído entre os convidados.
Nos Estados Unidos, estabelecemos uma relação com a Sociedade Islâmica da América do Norte, a maior organização muçulmana na América. A Associação Geral sediou um encontro com seus representantes, na sede mundial da Igreja, e os adventistas e muçulmanos cooperaram em conjunto na Expo Saúde, convenção anual do grupo, realizada em Columbus, Ohio, EUA, de 30 de agosto a 1º de setembro. Quarenta mil pessoas participaram do encontro.
Iniciativas mais expressivas estão por vir. Temos desenvolvido excelente relacionamento com os diretores do Instituto Royal da Jordândia de Estudos Intercofessionais, em Omã, Jordânia. A primeira de uma série de diálogos oficiais está planejada para um futuro próximo.
Esse é só o começo. O mundo islâmico, em rápida mudança, é vasto e diverso. Impelidos pela missão, necessitamos envolver os muçulmanos em diversas partes do globo. Sempre e onde o Senhor abrir uma porta de oportunidade, é preciso avançar sem demora.
William G. Johnsson é assistente do presidente da Associação Geral na área das Relações Interconfessionais.
Quebrando o preconceito ao construir pontes
Por William G. Johnsson
O mundo islâmico está mudando diante de nossos olhos, agora que líderes muçulmanos procuram diálogo com cristãos e judeus. Os adventistas do sétimo dia estão cada vez mais envolvidos como convidados, e eles mesmos tomam a iniciativa de dialogar com os muçulmanos.
Por que os adventistas desejam se envolver em tais iniciativas? E por que os muçulmanos, devido ao grande número de entidades cristãs, estão interessados em reunir-se com uma pequena parcela do grande cenário da fé cristã? As respostas a essas perguntas nos dão uma ideia das rápidas mudanças que estão ocorrendo.
Nossa Longa Sombra
Do lado adventista, as razões para nossa participação é simples e resume-se em uma palavra: missão. Somos uma igreja mundial, com a distinta identidade e missão de declarar o caráter de Deus e de ajudar a preparar um povo para o breve retorno de Jesus Cristo. De igual modo, os muçulmanos são uma religião mundial, com seguidores não apenas nos países entre o Morrocos e a Indonésia, mas em crescimento em países com bases tradicionais cristãs. Hoje, cerca de cinco milhões de muçulmanos vivem na França, representando 10% da população. Nos Estados Unidos, os muçulmanos chegam a aproximadamente dez milhões.
Assim, quase em toda a face da Terra, adventistas e muçulmanos ocupam o mesmo solo. Os muçulmanos são nossos vizinhos, não apenas seguidores de uma religião longínqua. Como servos do Senhor Jesus Cristo, temos a incumbência de interagir com eles em todos os níveis, de vizinhos aos contratos oficiais.
Por muitos anos, a Igreja Adventista do Sétimo Dia está envolvida em diálogos com representantes de outras igrejas. Esses encontros têm produzido bons resultados, quebrando estereótipos e eliminando equívocos de ambos os lados. Do lado adventista, um grande benefício foi a queda da falsa denominação de nossa igreja como um “culto” ou “seita”.
Estive envolvido nesses diálogos interdenominacionais por mais de vinte anos e estou convencido de que são de valor significativo. Fui convencido, também, de que em todos os encontros dessa natureza devemos apresentar nossas crenças distintas com polidez, mas clara, sábia e honestamente, sem reter nada do que defendemos. Tentar bater de frente com a outra parte é desencadear um desastre, tanto em curto como em longo prazo.
Quando nosso diálogo é com outros cristãos ou com seguidores de outras religiões, nossa proposta deve ser para que haja genuíno e mútuo reconhecimento de quem somos (e somos nós quem melhor podemos expor isso), que valores buscamos e defendemos, e por que optamos por aparecer e não pela obscuridade.
Desafios Singulares
Esse novo diálogo nos apresenta novos desafios. Os muçulmanos têm a tendência de pintar todos os cristãos com o mesmo pincel: no estilo de vida, comedores de carne de porco e bebedores de álcool; em nível geopolítico, como pró-Israel e anti-árabes. O maior alvo para os adventistas é mostrar e explicar que não somos como as outras denominações cristãs; nosso estilo de vida é similar ao dos muçulmanos em áreas fundamentais; que somos uma comunidade de fé internacional e global, cuja agenda não é guiada pelos ventos e direções da política secular. Queremos que saibam, também, que nossas convicções sobre liberdade religiosa (assunto extremamente importante para muçulmanos de alguns países) nos levam a encorajar os líderes de todas as nações a fim de permitir adeptos de religiões minoritárias a construir locais de culto e de reunião em conjunto.
Embora as diferenças de crença entre os adventistas e muçulmanos − em particular, sobre a pessoa e trabalho de Jesus Cristo – sejam grandes e não devam ser “silenciadas”, há importantes pontos de contato que convidam ao diálogo. Entre eles, estão o elevado respeito que temos pelos escritos sagrados; a crença na criação, em vez de na evolução, na expectativa e na preparação para o Dia do Juízo; na Segunda Vinda de Jesus Cristo e a crença em mensageiros proféticos. Assim, os adventistas têm abertura para conversas produtivas com os muçulmanos, as quais outras igrejas cristãs não têm.
Projetos Recentes
Por muitos anos, os adventistas têm se envolvido em atividades de cooperação com os muçulmanos. No Reino da Arábia Saudita, uma equipe de cardiologistas da Universidade de Loma Linda prestou um serviço, muito apreciado, e essa universidade ainda mantém contato por meio de cursos de extensão oferecidos no país. Do mesmo modo, no Afeganistão, a obra médica adventista tem uma longa história e, hoje, o pessoal de Loma Linda desempenha papel muito importante ali.
Além de tais demonstrações práticas do Adventismo, a Igreja fundou um Instituto de Relações entre Muçulmanos e Aventistas. Seus representantes têm difundido discretamente o conhecimento de quem somos e aquilo que defendemos entre o mundo islâmico.
Recentemente, uma das primeiras iniciativas muçulmanas para o diálogo originou-se no Estado de Catar, no Golfo Pérsico. Por seis anos consecutivos, o Ministério de Assuntos Estrangeiros e o Departamento de Estudos Sharia, da Universidade de Catar, têm patrocinado uma Conferência Internacional sobre o Diálogo Interreligioso. Nos encontros mais recentes, em 2007 e 2008, os adventistas foram convidados a participar e a apresentar trabalhos com todas as despesas pagas.
Com a publicação da carta aberta “Um Mundo Comum”, em 6 de outubro de 2007, assinada pelos 138 altos clérigos e líderes muçulmanos, o ritmo da paz interconfessional está acelerado. Agora, “diálogo” parece ter se tornado a palavra em voga. O Vaticano pôs em curso diálogos com líderes do Islam e das principais denominações cristãs, além de organismos como o Conselho Mundial de Igrejas, que se reúne para decidir sua resposta ao convite recebido pela carta aberta.
Dez dias após a publicação da carta aberta, a Igreja Adventista enviou uma resposta aos autores, aplaudindo a iniciativa e indicando nossa disposição de nos engajar no diálogo com os muçulmanos.
Quando uma junta de eruditos cristãos e muçulmanos se reuniu na Universidade Yale, em julho de 2008, um adventista foi convidado para participar do grupo de 150 pessoas reunidas para a discussão. Do mesmo modo, quando o Rei Abdullah, do Reino da Arábia Saudita, convocou uma reunião para planejar o diálogo internacional interconfessional, em Madri, Espanha, de 13 a 15 de julho, um adventista foi incluído entre os convidados.
Nos Estados Unidos, estabelecemos uma relação com a Sociedade Islâmica da América do Norte, a maior organização muçulmana na América. A Associação Geral sediou um encontro com seus representantes, na sede mundial da Igreja, e os adventistas e muçulmanos cooperaram em conjunto na Expo Saúde, convenção anual do grupo, realizada em Columbus, Ohio, EUA, de 30 de agosto a 1º de setembro. Quarenta mil pessoas participaram do encontro.
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