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Comer, ou não Comer?
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27022010
Comer, ou não Comer?
Comer, ou não Comer?
PERGUNTA:Daniel era vegetariano?
Por Angel Manuel Rodríguez
Permita-me considerar o contexto do assunto citado em Daniel 1:3-21 e, no processo, responderei à pergunta especificamente.
A queda do reino de Judá e a expatriação de muitos israelitas para Babilônia expuseram-lhes a fé a novos desafios. Eles estavam numa terra de cultura distinta e de convicções religiosas radicalmente diferentes, dificultando assim a prática da sua fé religiosa.
1. Assimilação Cultural: O propósito dos reis babilônios era transferir lentamente a fidelidade que os jovens hebreus tinham para com Deus, para os deuses deles, de Jerusalém para
Babilônia. Esse era o objetivo dos profissionais e psicólogos de seu programa educacional.
Primeiro, elevavam sua autoestima ao levá-los para o palácio real, onde passavam a fazer parte da elite intelectual, o que facilmente criava neles a predisposição para aceitar o país estrangeiro e ter gratidão ao rei por aceitá-los.
Segundo, deveriam ser instruídos nos idiomas e literatura de Babilônia. Provavelmente Daniel já falava várias línguas, porém teria que aprender pelo menos o aramaico e o caldeu acadiano para se comunicar com os outros e para ler a literatura sobre ciência (como matemática, astronomia), música e religião (incluindo mitologia, divindades, astrologia) e ser doutrinados na visão mundial de Babilônia.
Terceiro, a assimilação cultural foi iniciada com a troca de sua identidade, dando-lhes nomes de divindades babilônicas (Dn 1:7). Seu comprometimento com o Senhor foi ameaçado. O interessante é que a escrita dos nomes babilônicos parecia corromper, intencionalmente, os nomes originais, evidenciando sua resistência à assimilação cultural e religiosa.
2. Provisão Alimentar: O rei determinou qual seria a dieta de Daniel e de seus amigos, o que deveria ser considerado um privilégio e parte dos benefícios de estudar na Universidade de Babilônia. As refeições eram fornecidas pelo rei. É sabido que os reis de Babilônia não apenas supriam seus oficiais com alimentação diária, mas também com acomodação. O contexto bíblico sugere que o alimento oferecido a Daniel e seus amigos era o alimento preparado para o próprio rei, o melhor que Babilônia tinha para oferecer. O principal interesse do rei era estar seguro de que eles estariam em excelentes condições físicas para obter o melhor aprendizado.
Se, porém, considerarmos essa decisão do ponto de vista cultural, concluímos que o rei tinha intenções mais profundas: o alimento determina a identidade; aquilo que comemos determina nossa cultura, inclusive nossas convicções religiosas. A ênfase na alimentação era parte da tentativa cultural e religiosa de assimilar os hebreus na religião e na cultura de Babilônia.
3. Rejeição da Mudança Cultural: Daniel resolveu não se contaminar com os manjares do rei nem com o vinho que ele bebia. “Decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei” (verso 8, NVI).
“Decidiu” foi a tradução para “colocou em seu coração”, em hebraico. Daniel colocou sua vontade e razão no que havia decidido, provavelmente baseado no fato de que os alimentos do rei eram oferecidos aos seus deuses antes de ser servidos à mesa de Daniel. Provavelmente, a maior parte deles não era preparada de acordo com as ordens bíblicas (Lv 17:10) e incluía alimentos imundos. Essas razões em si já eram motivo para rejeitar a comida do rei. Mas o fato de, nessa ocasião, Daniel ter escolhido uma dieta vegetariana sugere algo mais profundo. O rei resolveu que ele mesmo “escolheria” [yeman] a dieta deles.
A forma verbal usada no Antigo Testamento é empregada especificamente para atividades de Deus (Sl 16:5; 61:8; Jn2:1), sugerindo que o rei estava assumindo uma prerrogativa divina. Para Daniel, somente Deus poderia determinar o que ele deveria comer. E, naquela situação, ele voltou à dieta original que excluía a carne (Gn 1:29; 3:18) e o ajudava a obedecer ao Senhor. Assim, o Senhor abençoou seu esforço de servi-Lo. Enquanto ficou responsável por sua própria dieta, ele seguiu a ordem levítica (Dn 10:3).
A escolha de assimilar os perigos de uma cultura ainda é nossa. À semelhança de Daniel, devemos resistir a ela e permanecer firmes aos nossos valores, princípios e ensinos da Palavra de Deus.
.
Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral.
PERGUNTA:Daniel era vegetariano?
Por Angel Manuel Rodríguez
Permita-me considerar o contexto do assunto citado em Daniel 1:3-21 e, no processo, responderei à pergunta especificamente.
A queda do reino de Judá e a expatriação de muitos israelitas para Babilônia expuseram-lhes a fé a novos desafios. Eles estavam numa terra de cultura distinta e de convicções religiosas radicalmente diferentes, dificultando assim a prática da sua fé religiosa.
1. Assimilação Cultural: O propósito dos reis babilônios era transferir lentamente a fidelidade que os jovens hebreus tinham para com Deus, para os deuses deles, de Jerusalém para
Babilônia. Esse era o objetivo dos profissionais e psicólogos de seu programa educacional.
Primeiro, elevavam sua autoestima ao levá-los para o palácio real, onde passavam a fazer parte da elite intelectual, o que facilmente criava neles a predisposição para aceitar o país estrangeiro e ter gratidão ao rei por aceitá-los.
Segundo, deveriam ser instruídos nos idiomas e literatura de Babilônia. Provavelmente Daniel já falava várias línguas, porém teria que aprender pelo menos o aramaico e o caldeu acadiano para se comunicar com os outros e para ler a literatura sobre ciência (como matemática, astronomia), música e religião (incluindo mitologia, divindades, astrologia) e ser doutrinados na visão mundial de Babilônia.
Terceiro, a assimilação cultural foi iniciada com a troca de sua identidade, dando-lhes nomes de divindades babilônicas (Dn 1:7). Seu comprometimento com o Senhor foi ameaçado. O interessante é que a escrita dos nomes babilônicos parecia corromper, intencionalmente, os nomes originais, evidenciando sua resistência à assimilação cultural e religiosa.
2. Provisão Alimentar: O rei determinou qual seria a dieta de Daniel e de seus amigos, o que deveria ser considerado um privilégio e parte dos benefícios de estudar na Universidade de Babilônia. As refeições eram fornecidas pelo rei. É sabido que os reis de Babilônia não apenas supriam seus oficiais com alimentação diária, mas também com acomodação. O contexto bíblico sugere que o alimento oferecido a Daniel e seus amigos era o alimento preparado para o próprio rei, o melhor que Babilônia tinha para oferecer. O principal interesse do rei era estar seguro de que eles estariam em excelentes condições físicas para obter o melhor aprendizado.
Se, porém, considerarmos essa decisão do ponto de vista cultural, concluímos que o rei tinha intenções mais profundas: o alimento determina a identidade; aquilo que comemos determina nossa cultura, inclusive nossas convicções religiosas. A ênfase na alimentação era parte da tentativa cultural e religiosa de assimilar os hebreus na religião e na cultura de Babilônia.
3. Rejeição da Mudança Cultural: Daniel resolveu não se contaminar com os manjares do rei nem com o vinho que ele bebia. “Decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei” (verso 8, NVI).
“Decidiu” foi a tradução para “colocou em seu coração”, em hebraico. Daniel colocou sua vontade e razão no que havia decidido, provavelmente baseado no fato de que os alimentos do rei eram oferecidos aos seus deuses antes de ser servidos à mesa de Daniel. Provavelmente, a maior parte deles não era preparada de acordo com as ordens bíblicas (Lv 17:10) e incluía alimentos imundos. Essas razões em si já eram motivo para rejeitar a comida do rei. Mas o fato de, nessa ocasião, Daniel ter escolhido uma dieta vegetariana sugere algo mais profundo. O rei resolveu que ele mesmo “escolheria” [yeman] a dieta deles.
A forma verbal usada no Antigo Testamento é empregada especificamente para atividades de Deus (Sl 16:5; 61:8; Jn2:1), sugerindo que o rei estava assumindo uma prerrogativa divina. Para Daniel, somente Deus poderia determinar o que ele deveria comer. E, naquela situação, ele voltou à dieta original que excluía a carne (Gn 1:29; 3:18) e o ajudava a obedecer ao Senhor. Assim, o Senhor abençoou seu esforço de servi-Lo. Enquanto ficou responsável por sua própria dieta, ele seguiu a ordem levítica (Dn 10:3).
A escolha de assimilar os perigos de uma cultura ainda é nossa. À semelhança de Daniel, devemos resistir a ela e permanecer firmes aos nossos valores, princípios e ensinos da Palavra de Deus.
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Angel Manuel Rodríguez é diretor do Instituto de Pesquisas Bíblicas da Associação Geral.
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