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Celebrando a Crıação

As obras de Deus são fantásticas e incríveis!

Por George T. Javor

Se Deus quisesse, poderia ter criado um universo virtual, seguro, habitado por seres virtuais; poderia ter gasto a eternidade observando as vidas virtuais de Sua criação virtual.

Isso, porém, não aconteceu. Ao contrário, Deus criou um universo real, de incrível complexidade, tendo total conhecimento das possíveis consequências. Espaço, matéria e tempo foram trazidos à existência, juntamente (e mais surpreendente) com as criaturas vivas. O estudo sobre os propósitos de Deus ao criar o Universo é emocionante e gratificante, digno de contemplação por toda a eternidade. Contudo, algo fica em evidência: a manifestação do infinito amor levou a Divindade a compartilhar a felicidade e alegria da existência com os seres criados (Is 45:18).

Energia de uma Mente Fantástica
O assunto da Criação exigiu tremenda liberação de energia de uma mente fantástica e engenhosa, que, até hoje, vai além da capacidade de compreensão humana.

Tudo que aconteceu no mundo físico, em seguida – a gravidade, a radiação eletromagnética, a eletricidade, as poderosas forças entre as partículas subatômicas, as leis da física e da química, a formação de estrelas e planetas, a criação de organismos vivos – tudo resultou do modo como a energia foi compactada, estabilizada e acondicionada em cerca de cem diferentes tipos de núcleos atômicos.

É estimado que haja entre 1050 a 1080 átomos no universo observável. Se houvesse apenas átomos de hidrogênio (o elemento mais leve da natureza), teria sido necessário um mínimo de 3,6 x 1039 a 3,6 x 1069 de energia calórica para sua criação.1 (Em termos de comparação, o consumo de eletricidade total do mundo no ano de 2005 foi de 1,4 x 1019 calorias)

Toda matéria veio das mãos do Criador e também é um presente para Suas criaturas. Deus não é matéria.

O Criador, entretanto, conhece todos os aspectos de Sua criação, do nível microscópico ao subatômico. O Senhor sabe a localização e a função de cada um dos Seus 1080 átomos. Isso pode muito bem inferir a menção que Jesus fez sobre Deus ter ciência das mais ínfimas entidades do reino físico.

“Não se vendem dois pardais por uma moedinha?” disse Ele. “Contudo, nenhum deles cai no chão sem o consentimento do Pai de vocês. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados” (Mt 10:29, 30).*

Após criar bilhões de galáxias diferentes, cada uma com bilhões de estrelas e um grande número de planetas habitados, Deus decidiu trazer à existência uma nova classe de seres, criados à Sua imagem e semelhança (Gn 1:26, 27). Tal semelhança, como Ellen G. White sugere, foi externa e de caráter.2 Com essa característica, os seres humanos podiam servir como nova ligação entre o Criador e Suas outras criaturas.

O espaço para uma estrela (o Sol) e planetas foi determinado na galáxia denominada “Via Láctea”, onde cerca de 300 bilhões de estrelas já giravam no formato de um disco chato, com 100 mil anos luz de diâmetro. Se fizéssemos uma réplica circular da Via Láctea, com 128 quilômetros de diâmetro, o sistema solar da Terra ocuparia meros dois milímetros
.
Nossos Vizinhos
ANo centro do sistema solar, o Criador colocou essa grande estrela a que chamamos Sol, formado de aproximadamente 2 x 1027 toneladas de hidrogênio aquecido, submetido à fusão termonuclear do hélio. Esse processo resulta numa perda de 685 toneladas de matéria por segundo, liberando energia luminosa e emitindo partículas carregadas. (Para comparação, a explosão atômica de Hiroshima foi o resultado da destruição de apenas 1 grama de plutônio.) Com a taxa de queima atual, o Sol tem combustível suficiente para durar bilhões de anos.

Mais próximo ao Sol, Deus colocou quatro planetas “terrestres”: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte, sendo a Terra o maior. Estes foram feitos, principalmente, de rocha de silicato. Os quatro planetas “exteriores”, muito maiores do que os terrestres, foram compostos principalmente de gases. Júpiter e Saturno foram formados principalmente de hidrogênio gelado e hélio, enquanto Netuno e Urânio foram formados de gelo, metano e amônia. Orbitando ao redor dos planetas externos, há cerca de 150 luas, sendo algumas quase do tamanho dos planetas terrestres.

A soma da massa de todos os planetas e suas luas é menos de 1% da massa do Sol, que mantém todos esses corpos sob seu controle gravitacional.

Quando o relato bíblico sobre a criação da Terra é associado aos dados astronômicos atuais, emerge um cenário plausível em que o Criador trouxe à existência todo o sistema solar durante a semana da Criação (junto com a Terra, Sol e Lua). Sendo assim, pode-se supor que o que aconteceu aqui, durante a semana da Criação, foi apenas o primeiro passo para tornar todo o sistema solar habitável para os seres humanos.

O texto: “Assim foram concluídos os céus e a Terra, e tudo o que neles há” (Gn 2:1) refere-se provavelmente ao planeta Terra e suas imediações.

A atmosfera da Terra recém-criada devia ser bem diferente do que é hoje (veja Gn 2:5, 6). Talvez fosse substancialmente mais rica em dióxido de carbono, para que o luxuoso verde que cobria o planeta antediluviano pudesse ser adequadamente mantido pela fotossíntese.

A superfície da Terra recém-criada era diversificada com suaves colinas e montanhas, cortadas por rios e lagos. Não havia penhascos, pântanos ou desertos. A paisagem de todos os lugares da Terra se equiparava aos jardins dos palácios mais sofisticadamente decorados.3

De Tirar o Fôlego
O que aconteceu após a formação da Terra é algo de tirar o fôlego. Usando principalmente elementos como hidrogênio, oxigênio, azoto, carbono, fósforo e enxofre, o Criador trouxe à existência estruturas de complexidade quase inimaginável, capazes de absorver energia solar ou outras formas de energia; que podiam crescer, dividir-se, mover-se ao seu redor e sentir o habitat. Em resumo: criou os organismos vivos.

Para criar a menor unidade viva, a célula, foi necessária a construção de milhares de diferentes tipos de requintados e gigantes conglomerados de átomos dentro das macromoléculas de proteína, ácidos nucleicos, polissacarídeos e lipídeos. Algumas dessas formações foram utilizadas como elementos estruturais, outras se tornaram máquinas especializadas, facilitando reações químicas específicas.

O fenômeno da vida é o resultado de uma rede de centenas ou de até milhares de reações químicas dentro das células. A alteração química é o rearranjo de grupos específicos de átomos (moléculas) em novos grupos. Reações em cadeia de transformações químicas ocorrem continuamente nas células vivas. Isso é o que distingue a matéria viva das inertes, ou seres inanimados.

Embora os cientistas sejam capazes de produzir algumas das macromoléculas indispensáveis à matéria viva, são incapazes de iniciar ou reiniciar as centenas de reações em cadeia, isoladas ou contínuas, que acontecem em cada célula. Esse fenômeno biológico é uma prova irrefutável de que a vida foi criada e nunca poderia começar espontaneamente.4 As reações bioquímicas em cadeia, iniciadas em todas as células de cada organismo na Criação, continuam ininterruptas ao longo de centenas de gerações até os dias de hoje. Os biólogos identificaram essa lei declarando que “vida só vem da vida”.

O Senhor criou dois reinos de organismos vivos. Algumas criaturas foram dotadas de um sistema nervoso, dando-lhes mobilidade e memória, permitindo-lhes sentir o seu habitat através da visão, som e toque. Além dos humanos, o Criador trouxe à existência inúmeros tipos de criaturas (animais grandes, pássaros, peixes, insetos, etc.).

A segunda categoria de criaturas recém-criadas foi a bio-robótica – isto é, sem um sistema nervoso e sem percepção da própria existência. Tais organismos servem como receptores de energia solar, alimento, material de construção e “decoração”. Eles também servem como elementos integrantes da biosfera e incluem plantas, flores, árvores e microorganismos.

Interdependência
ATodos os organismos vivos na Terra pertencem a uma biosfera integrada. A relação entre os organismos pode ser mais bem caracterizada como de suporte mútuo. Nenhuma das criaturas foi projetada para viver independentemente. Para as plantas crescerem, precisam capturar o nitrogênio em estado gasoso do ar, auxiliado pelo nitrogênio, fixando os micro-organismos vivos em suas raízes.

A abundante energia solar que banha a Terra é capturada pelas plantas e algas, por meio da fotossíntese. As plantas usam a energia solar para produzir carboidrato proveniente do dióxido de carbono do ar e da água. Essa interdependência entre os organismos é ilustrada na figura ao lado.

O Jardim do Éden deveria ser um modelo a ser imitado pelas gerações que iriam povoar a Terra. Em lugar de cidades, a maior parte da porção habitável do planeta deveria ser coberta por jardins, onde a natureza falaria continuamente à humanidade sobre a sabedoria e amor de Deus.5

No centro do Éden, havia uma árvore muito especial, cujos frutos eram necessários para que a raça humana continuasse a existir. Nenhum organismo foi criado imortal (embora os micro-organismos se aproximem disso). Os seres humanos deveriam se alimentar ocasionalmente com o fruto da árvore da vida para manter a vida. A Bíblia não revela como os animais, peixes, pássaros e insetos se preveniam contra a morte.

Experiências realizadas com cultura de tecido indicam que células saudáveis, humanas e de animais, são capazes de se dividir apenas um determinado número de vezes. O número máximo de divisões de uma célula humana é o equivalente a aproximadamente 120 anos de vida. A razão para que o número de divisão celular seja finito está no encurtamento das extremidades dos cromossomos, chamada região telomérica, depois de cada divisão.

Curiosamente, temos uma enzima chamada telomerase, que pode restaurar os telômeros para seu tamanho original. Infelizmente, essa enzima torna-se inativa pouco depois do nascimento. Apenas as células cancerígenas, que possuem a capacidade de divisão ilimitada, contêm a enzima telomerase ativa. A telomerase ativa não causa câncer, mas permite que o aparato genético corrompido da célula afetada seja reproduzido.

Os micro-organismos contêm cromossomos circulares e suas divisões celulares não provocam nenhum encurtamento do material genético. Teoricamente podem se dividir um infinito número de vezes. Mas quando uma célula se divide em duas células filhas, estritamente falando, ao transformar-se na prole, a existência da célula-mãe acaba ali. A possível ação biológica do fruto da árvore da vida poderia ter sido a manutenção da atividade da telomerase indefinidamente nos adultos. A longevidade dos antediluvianos pode ter sido, em grande medida, devido a uma atividade residual da telomerase herdada de Adão e Eva.

Uma lógica molecular semelhante acontece em incontáveis milhares de diferentes tipos de organismos vivos, contendo, no entanto, diferenças suficientes para preservar suas identidades individuais. Isso resulta da natureza estreitamente integrada da biosfera, como ilustrado na figura.

Se fosse possível catalogar o número de invenções patenteáveis necessárias para a criação de nossa biosfera, excederia, em muitas ordens de grandeza, o número de todas as invenções já patenteadas em todas as agências de patentes do mundo.

A engenhosidade, desenvoltura e pura elegância do funcionamento do mundo vivo é tal que o descrevê-lo está além da capacidade humana.

Sua contemplação força o espectador a colocar a mão sobre a boca (Jó 40:4), pois qualquer coisa que possa ser dita seria indigna e resultaria em banalização desse importante assunto. Silêncio aqui é eloquência.6

É possível duvidar da bondade, amor e sabedoria do Ser responsável por tal criação vasta, magnificente e “muito boa”? A resposta só pode ser um sonoro NÃO!

Unimo-nos ao salmista quando diz: “Como são grandes as Tuas obras, Senhor, como são profundos os Teus propósitos!”(Sl 92:5).

“Senhor meu Deus! Quantas maravilhas tens feito! Não se pode relatar os planos que preparaste para nós! Eu queria proclamá-los e anunciá-los, mas são por demais numerosos!” (Sl 40:5).

*Todas as referências bíblicas são da Nova Versão Internacional.

1 3.6 x 1039 é uma abreviação científica de 36 seguido de 38 zeros: 3.600.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.000.Igualmente, 3.6 x 1069 é 36 seguido de 69 zeros.
2 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, p. 45.
3 Ibid., p. 44.
4 G. Javor, Evidences for Creation (Hagerstown, Md.: Review and Herald, 2005).
5 Ellen G. White, Educação, p. 22.
6 Ellen G. White, Fundamentos da Educação Cristã, p. 179, 180


George T. Javor foi professor do Departamento de Bioquímica da Escola de Medicina da Universidade de Loma Linda até aposentar-se, em 2006. Atualmente mora em New Leipzig, Dakota do Norte, EUA.
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