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Paulo e o Sábado (Rom. 14:5-7; Colos. 2:16-17; Gál. 4:9-11)
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17062011
Paulo e o Sábado (Rom. 14:5-7; Colos. 2:16-17; Gál. 4:9-11)
Dizem que os Adventistas vivem falando sobre o sábado. Mas isso não é verdade!
Uma pequena parcela das postagens aqui do meu blog, por exemplo, falam sobre o 4º mandamento. Quando toco no assunto, é porque ainda existem dúvidas sobre ele, mesmo entre alguns Adventistas, apesar da farta quantidade de livros, artigos, monografias e até teses doutorais tratando desta temática. Isso mostra, talvez, que não estamos dando a devida importância às publicações que nossa Igreja prepara para nossa edificação e aperfeiçoamento da fé.
A propósito, você já fez sua assinatura da Lição da Escola Sabatina, ou adquiriu a Lição avulsa para este novo trimestre? E quanto à Revista Adventista? Elas têm sido uma bênção na vida dos que desejam se aprofundar nos assuntos da nossa fé.
Através do ADVIR, recebi a seguinte pergunta:
"Caro irmão Gilson, como explicar Romanos 14 versos 5 ao 7? Colossenses 2 versos 16 ao 17? Gálatas 4 versos 9 ao 11? Isso não derruba a crença de que o sábado é o selo de Deus? Não prova que para Paulo não era importante que se guardasse um dia específico?... Eu quero apenas a verdade".
Como eu já disse anteriormente, não podemos isolar versos da Bíblia, desconsiderando totalmente o contexto no qual eles foram escritos, e simplesmente criarmos uma interpretação própria para a passagem. Quando estudamos os livros de Paulo, como um todo, e dedicamos profundo interesse no que ele realmente escreveu, então vemos que não há contradições, e MUITO MENOS apologia à desconsideração para com a Lei de Deus ou o santo Sábado do 7º Dia. Aqui no blog é possível encontrar algumas boas matérias sobre como o Novo Testamento trata do assunto da Lei de Deus.
Para responder às perguntas feitas pelo internauta, vou utilizar-me das considerações do Comentário Adventista. O texto é longo, pois requer, como eu já disse, um estudo do contexto, para que apenas a VERDADE seja esclarecida.
Rom. 14:5-7
As afirmações de Paulo em Rom. 14 foram interpretadas de diversas maneiras e usadas da seguinte forma: 1) para menosprezar o regime vegetariano; 2) para abolir a distinção entre carnes limpas e imundas, e 3) para eliminar toda distinção entre dias, abolindo o sábado. Que Paulo não se ocupa de nenhuma destas três coisas, resulta evidente quando se estuda o capítulo, entendendo certos problemas religiosos então vigentes, que perturbavam a alguns cristãos do primeiro século.
Paulo menciona vários problemas que eram motivo de controvérsia entre os irmãos: (1) alguns se referem à alimentação (vers. 2), e (2) os outros têm que ver com a observância de determinados dias (vers. 5-6). Em 1Cor. 8 também se trata do problema da alimentação e os conceitos do irmão forte e o irmão débil. A Primeira Epístola aos Coríntios foi escrita menos de um ano antes que a de Romanos. Portanto, é razoável concluir que em 1Cor. 8 e Rom. 14, Paulo está tratando, em essência, do mesmo tema. Em Coríntios, o problema é se se deve ou não comer mantimentos sacrificados aos ídolos. De acordo com uma antiga prática, os sacerdotes pagãos comercializavam amplamente com os animais sacrificados aos ídolos. Paulo disse aos crentes coríntios, tanto os de origem judia como pagã, que como um ídolo "nada é", então não era mau em si mesmo comer carnes dedicadas aos ídolos, uma vez que eram "limpas" (cf. Lev. 11). Entretanto, ele segue explicando que, devido a seu passado, sua educação e diferença de discernimento espiritual, nem todos têm esse "conhecimento", e portanto não poderiam comer com limpa consciência tais mantimentos (ver com. 1Cor. 8). Por isso, Paulo insistia aos que não tinham escrúpulos quanto a essas comidas a que não participassem delas para não pôr uma pedra de tropeço no caminho de um irmão (Rom. 14:13). Sua admoestação está, pois, em harmonia com a decisão do Concílio de Jerusalém, e proporciona pelo menos uma razão pela qual esse concílio se definiu assim quanto a este tema (cf. Atos 15). Possivelmente para não escandalizarem-se nisto, alguns cristãos se abstinham por completo de comer carne, por isso seu alimento se reduzia a "legumes", quer dizer, mantimentos de origem vegetal (cf. Rom. 14:2). É semelhante a alguns extremistas da atualidade, que chegam a "decepar o pênis" para não caírem em tentações sexuais.
Paulo não está falando de mantimentos daninhos para o organismo. Não está sugerindo que o cristão de fé estável pode comer algo sem ter em conta os efeitos sobre sua saúde. Ele já mostrou (cap. 12:1) que o verdadeiro crente procurará que seu corpo se conserve santo para que seja aceitável diante de Deus como um sacrifício vivo. O homem de fé firme considerará que é um ato de culto espiritual o cultivar a boa saúde (Rom. 12:1; 1Cor. 10:31). Outro feito esclarece o problema que Paulo está tratando...
A princípio, e não muito nitidamente, muitos cristãos de origem judia compreenderam que a lei cerimoniosa havia achado seu cumprimento em Cristo e que, portanto, já não estava em vigência. Aos primeiros cristãos não foi proibido automaticamente que assistissem às festividades anuais judaicas, nem se insistiu a que abandonassem imediatamente todos os ritos cerimoniosos. A lei cerimoniosa obrigava aos judeus a observar sete dias de repouso anuais (cf. Lev. 23). Paulo assistiu inclusive a algumas dessas festas depois de sua conversão (Atos 18:21, etc.). Embora ensinava que "a circuncisão nada é" (1Cor. 7:19), circuncidou a Timóteo (Atos 16:3) e cumpriu com um voto de acordo com as estipulações do antigo código (Atos 21:20-27). Devido às circunstâncias, parecia que o melhor era permitir que vários elementos da lei cerimoniosa desaparecessem pouco a pouco, à medida que a razão e a consciência se fossem esclarecendo. Por isso se fez inevitável que entre os cristãos de origem judia se levantassem perguntas quanto a se era correto observar certos "dias", ou seja certos “dias de festa” judeus que correspondiam com suas festividades anuais.
Em vista destes fatos, resulta evidente que Paulo, em Rom. 14, (1º) não está menosprezando uma alimentação de "legumes" (comidas de origem vegetal), nem (2º) anulando a distinção secular bíblica entre carnes limpas e imundas, nem (3º) abolindo o sábado semanal da lei moral (cf. Rom 3:31).
Quem pretenda afirmar que assim foi, deve estar lendo na exposição de Paulo algo que ele não ensinou (cf. 2Ped 3:15-16).
Que Paulo não ensina e nem sequer insinua a abolição do sábado semanal, tem sido reconhecido por muitos comentadores conservadores. Por exemplo, Jamieson, Fausset e Brown (não-Adventistas) ao comentarem esta passagem (cap. 14:5-6) ensinam o seguinte:
"Infelizmente Alford deduz pela leitura desta passagem que não se poderia ter usado esta linguagem se a lei do sábado tivesse estado em vigência em qualquer forma sob o Evangelho. Não há dúvida de que o sábado não podia estar então em vigência se tivesse sido uma das festas judias; mas não deve dar-se por certo que o sábado fora um dia festivo simplesmente, porque se guardava sob o sistema mosaico. E como sem dúvida alguma o sábado é mais antigo que o judaísmo, e que sob o judaísmo foi incluído entre as coisas sagradas do Decálogo, o qual foi pronunciado verbalmente em meio dos terrores do Sinai, como nenhuma outro ensino do judaísmo; e em vista de que o mesmo Legislador declarou pessoalmente, na terra: 'O FILHO DO HOMEM É SENHOR ATÉ DO SÁBADO' (Mar. 2:28), é extremamente difícil demonstrar que o apóstolo tinha o propósito de que esse dia [o sábado] fora classificado por seus leitores entre os dias festivos judaicos que já tinham caducado, e que só um 'débil' poderia imaginar-se que estava em vigência, um 'débil' que só devia ser tolerado devido ao amor dos que tinham mais luz".
Em Rom. 14:1 a 15:14 Paulo insiste aos cristãos mais firmes a que considerem com simpatia os problemas de seus irmãos mais frágeis. Como o fez nos cap. 12 e 13, ele mostra que a origem da unidade e da paz na igreja é o genuíno amor cristão. Este mesmo amor e respeito mútuo assegurarão uma contínua harmonia entre o conjunto de crentes apesar das diferenças de opiniões e dos escrúpulos em assuntos de religião.
Colos. 2:16-17
É evidente que neste capítulo Paulo dirige suas advertências contra falsos professores que tentaram extraviar os colossenses. Não há registro algum dos ensinos de quem perturbava a paz da igreja nesta época. As referências a "tradições" (2:8), a "filosofias" (2:8), aos "rudimentos do mundo" (2:8), a "plenitude" (2:9), a "os principados e às potestades" (2:15), a "comida" e "bebida" (2:16), junto com conceitos, tais como, a observância de dias especiais (2:16), a adoração de anjos (2:18) e o ascetismo (2:21), sugerem doutrinas que bem poderiam calçar dentro do judaísmo, do gnosticismo e de alguma seita pagã. O que claramente se pode deduzir do conteúdo da epístola é que os ensinos aos quais Paulo opunha-se aumentavam a importância do ritualismo, lhe tirando assim de Cristo o lugar principal que Lhe correspondia.
O tema de Colossenses é a autêntica liberdade do cristão, que não necessita cumprir com cerimônias e rituais a fim de obter a salvação nem a aceitação ante Cristo, pois o Senhor Jesus triunfou e pagou a “nota pomissória” (ou "escrito de dívida").
O “escrito de dívida” (2:14)
Ou melhor, "o documento com seus requerimentos". Esta palavra grega (JEIRÓGRAFON) se emprega nos papiros para designar ao documento assinado, pelo qual uma pessoa se compromete a pagar ou a fazer algo. Este certificado de dívida (ou nota promissória) é o instrumento legal que estabelece obrigação ou culpa; nele se detalham todas as exigências, as multas, as demandas, às quais está obrigado o que o assina. No judaísmo rabínico, representava-se a relação entre o homem e Deus como uma relação entre o devedor e o credor. Quando o homem pecava, constituía-se em devedor; quando se arrependia e Deus perdoava-o, a dívida era apagada. Até hoje nas orações de ano novo os judeus rogam: "Por causa de Tua grande misericórdia, cancela todos os documentos que nos são contrários". Em uma obra apócrifa do primeiro século, se denomina JEIRÓGRAFON ao livro onde o anjo registra as faltas do fiel. Assim a ideia judia e a palavra grega parecem unir-se para expressar um conceito cristão: com a morte de Jesus na cruz foi cancelada a dívida do homem. O que Cristo cravou na cruz mediante Sua morte foi o pagamento - o registro da dívida, a condenação do homem.
A fim de reconciliar a interpretação tradicional adventista com o sentido da palavra JEIRÓGRAFON, alguns explicaram que quando o pecado entrou neste mundo, Deus instituiu um sistema cerimonioso de sacrifícios para ensinar aos seres humanos qual era o preço da transgressão. Cada vez que se degolava um cordeiro, os que participavam da cerimônia recordavam sua dívida para com Deus, pensando na morte, não só do animal, mas também do Redentor ao qual aquele representava. Neste sentido, o sistema cerimonioso era uma "nota promissória", uma evidência da dívida dos habitantes da terra, um indício da magnitude de sua condenação. Quando na cruz a dívida foi apagada, o sistema cerimonioso, que por milênios tinha sido evidência da culpa dos seres humanos, ficou invalidado para sempre.
Os que assinalam que a lei foi cravada na cruz fariam bem em notar que em toda a Epístola aos Colossenses não se fala nada de lei. Por outra parte, é difícil aceitar que Paulo, que sustentava a santidade da lei (Rom. 7:12) e sua imutabilidade (Rom. 3:31), aqui a fizesse invalidar. Para evitar esta anomalia, os estudiosos dos escritos de Paulo afirmam que o que se cravou foi a lei cerimoniosa, a que regia os sacrifícios e incluía a circuncisão.
Em comida ou em bebida (2:16).
As palavras gregas PÓSIS e BRÓSIS empregadas aqui não se referem tanto ao que se come e se bebe como à forma de comer e beber. Parecem estar envoltos aqui regulamentos quanto a como e quando comer ou deixar de comer. Há um estreito paralelismo entre esta frase e os preceitos do vers. 21: "Não manuseie, nem prove, nem mesmo toque". Os judeus em geral jejuavam duas vezes a cada semana (Luc. 18:12); a seita judia dos essênios era ainda mais dada ao jejum. A Didaquê, um escrito cristão de começos do século II, insiste aos cristãos a jejuarem na quarta-feira e na sexta-feira, em contraste aos judeus, que jejuavam na segunda-feira e na quinta-feira (Didaquê 8:1). Possivelmente o problema da "diferencia entre dia e dia" de Rom. 14:5 tivesse que ver com problemas de jejum. O assunto de comer ou não comer parece ter tido certa relevância nesses tempos. Evidentemente os falsos professores estavam impondo restrições alimentares, acrescentadas sem dúvida às da lei mosaica, que só fazia distinção entre mantimentos limpos e imundos (Lev.11) e não dizia nada quanto a bebidas - fato este que os opositores da Reforma de Saúde "fecham os olhos" para não verem... Por que será?!
Dias de festa, lua nova ou dias de repouso (2:16).
Dentro do marco dos ensinos dos falsos professores de Colossos – que evidentemente ensinavam o ritualismo e o ascetismo como meio de obter a salvação – é natural que figurassem os dias de culto. A série de festas que aqui se apresenta aparece, embora não sempre na mesma ordem nem com as mesmas palavras, ao menos sete vezes no AT (1Crôn. 23:31; 2Crôn. 2:4; 8:13; 31:3; Nee. 10:33; Eze. 45:17; Osé. 2:11). Em todos os casos, parece referir-se a uma mesma série de dias de culto: as festas anuais (Páscoa, Pentecostes, Dia da Expiação), o novilúnio (primeiro dia do mês) e o sábado semanal.
Surge a pergunta: se os sábados de Coloss. 2:16 não são sábados cerimoniais, ou seja, se trata de sábados semanais, significa isto que Paulo elimina aqui a observância do sábado semanal?
Não! A vigência do quarto mandamento nem entra em questão. Fala-se só de uma falsa observância do sábado. Os falsos professores estavam impondo regras e requisitos inventados por eles, que foram além do que o mesmo judaísmo exigia (2:20-23). Pela Epístola aos Gálatas, sabemos que a heresia que se propagava na Galácia induzia a guardar "os dias, os meses, os tempos e os anos" (cap. 4:10).
Ao que parece, Paulo, tanto em Gálatas como em Colossenses, não fala de guardar ou não guardar as festas, sendo que ele mesmo se propunha assistir à celebração do Pentecostes em Jerusalém (Atos 20:16). Tampouco poderia entender-se que ele tinha repudiado a observância do sábado, pois não há menção de coisa tal e ele mesmo o guardou diversas vezes (cf. Atos 16:13; 18:1-4; etc.). Portanto, o apóstolo está falando da imposição de regulamentos humanos quanto à celebração do culto a Deus no dia de sábado, os novilúnios e as festas anuais.
Assim como no assunto da comida e da bebida, Paulo ataca a quem pretende melhorar o que Deus ensinou. E, sobretudo, se opõe a quem ensinavam que os colossenses deviam colocar sua fé nessas práticas e não em Cristo, O qual tinha apagado a dívida (Coloss. 2:14), tinha triunfado sobre as potestades (2:15) e tinha feito a paz mediante Seu sangue (1:20).
Sombra do que tem que vir (2:17).
A palavra grega SKIÁ, "sombra", usa-se só três vezes no NT para sugerir a idéia de representação: aqui e em Heb. 8:5 e 10:1. Uma sombra não é substância, não é realidade. O corpo projeta uma sombra; sem corpo não haveria sombra. Aqui parece riscar-se a distinção entre o que é em parte e o que é em plenitude; entre o que é menos e o que é mais; entre sombra e realidade. É indiscutível que as festas e cerimônias eram uma antecipação, uma representação, uma "sombra" do sacrifício de Cristo. Aqui, entretanto, se fala de uma "sombra" em contraposição com a "realidade" de rituais em lugar de Cristo. Quanto a isto diz William Barclay (um teólogo não-Adventista): "Uma religião que se funda em comer e beber certas classes de mantimentos e abster-se de outros, uma religião que se apóia na observância do sábado e em outros requerimentos, é só uma sombra da verdadeira religião. A verdadeira religião é comunhão com Cristo".
Paulo deixa em claro em Coloss. 2 que a salvação não se obtém por uma observância rigorosa de certos dias, nem pela obediência a regulamentos quanto à forma de comer e beber, nem por adorar a anjos, nem por participar de práticas "conforme os mandamentos e doutrinas de homens" (vers. 22). Ellen White também lamenta por existirem aqueles que "confiam em que suas boas obras lhes permitirão alcançar a salvação, esperando em vão ganhar o céu por suas obras meritórias, em vez de confiar, como devesse fazê-lo todo pecador, nos méritos de um Salvador crucificado, ressuscitado e exaltado" (1T, pág. 556).
Gál. 4:9-11
Paulo deseja fervorosamente penetrar o nebuloso pensamento dos gálatas, pois estavam enfeitiçados, e se dirige a eles diretamente interrompendo em certo sentido a corrente lógica de seu argumento. O tempo presente do verbo (“estais voltando”) indica que ainda continuava o processo de voltar-se para os "rudimentos", que ainda não o tinham completado. O verbo grego EPISTRÉFO, "voltar-se", usualmente traduz-se como "converter-se" ou "ser convertido" (ver Mat 4:12; João 12:40; Atos 3:19).
Eles tinham sido liberados da escravidão aos imperfeitos e rudimentares conceitos e práticas do paganismo; mas agora se apressavam a retornar a uma forma de escravidão que dificilmente era melhor que aquela da qual tinham sido liberados pelo Evangelho. Cada um desses sistemas (tanto o paganismo quanto o judaísmo cerimonioso) era uma tentativa inútil de alcançar a justificação pelas obras. Os gálatas tinham abandonado os ritos e as cerimônias do paganismo só para adotar em seu lugar as do judaísmo? Em realidade, o judaísmo tinha se degenerado, convertendo-se em um sistema de requisitos externos.
Além disso, ao acrescentar tantas tradições à “lei", os judeus tinham escurecido seu propósito original, convertendo-a em uma carga para os que procuravam cumprir com seus requisitos como meio de ganhar a salvação. Os gálatas estavam renunciando a todos os benefícios do Evangelho, mas sem receber nada em troca. Sua conversão ao judaísmo era voluntária. Pareciam desejar a mudança de sua inapreciável liberdade (pela GRAÇA DE CRISTO), pelas penúrias da escravidão (do ritualismo judaico).
Quando fala em “dias, meses tempos e anos”, Paulo provavelmente se refere aos sete dias de "feriado nacional" e às novas luas do sistema cerimonioso (Lev. 23; Núm. 10:10; 28:11-15). Também poderia estar falando dos dias de jejum (cf. Luc. 18:12). Não há apoio nas Escrituras para supor, como alguns o fazem, que os dias que Paulo menciona aqui se referem ao sábado semanal. A Bíblia nunca fala do sábado ou sétimo dia da semana com esta linguagem. Além disso, o sábado foi instituído na Criação (cf. Gên. 2:1-3; Exo. 20:8-11), antes da entrada do pecado, e 2500 anos antes do começo do sistema cerimonioso no Sinai. Se a observância do sábado semanal submete à escravidão a um ser humano, então o mesmo Criador submeteu-Se a essa escravidão quando observou o primeiro sábado que houve no mundo.
Esta conclusão é, pois, absurda!
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Portanto, mais uma vez confirmamos a perfeita harmonia que existe entre a doutrina Adventista do 7º Dia e as Escrituras Sagradas. Paulo, nem qualquer outro escritor bíblico, jamais ensinou que o Sábado do 7º Dia foi abolido pela morte de Jesus.
O exemplo de vida do apóstolo é límpido em demonstrar o quanto eles viam a santidade e validade do 4º Mandamento. Infelizmente, muitos que hoje se dizem cristãos, preferem fechar os olhos para verdades que lhes trazem prejuízo, seja material, seja financeiro, seja familiar... ou por puro preconceito (cf. Mat. 7:21-23).
"Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado" (Mat. 24:20).
"Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler" (Lucas 4:16).
"No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido" (Atos 16:13).
Não importa o que dizem os "bispos", as "bispas", os "apóstolos", as "apóstolas", os "pastores", as "pastoras", os "missionários", as "missionárias"... etc... de hoje.
Prefiro ficar com as palavras de Jesus, bem como por Seu próprio exemplo e pelos de Seus apóstolos VERDADEIROS.
"e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles" (2Ped. 3:15-16).
Sábias palavras de Pedro!
Até parece que ele vislumbrou os ataques e deturpações que a Verdade Bíblica da PERFEITA HARMONIA entre a Lei e a Graça enfrentaria nos últimos dias...
Uma pequena parcela das postagens aqui do meu blog, por exemplo, falam sobre o 4º mandamento. Quando toco no assunto, é porque ainda existem dúvidas sobre ele, mesmo entre alguns Adventistas, apesar da farta quantidade de livros, artigos, monografias e até teses doutorais tratando desta temática. Isso mostra, talvez, que não estamos dando a devida importância às publicações que nossa Igreja prepara para nossa edificação e aperfeiçoamento da fé.
A propósito, você já fez sua assinatura da Lição da Escola Sabatina, ou adquiriu a Lição avulsa para este novo trimestre? E quanto à Revista Adventista? Elas têm sido uma bênção na vida dos que desejam se aprofundar nos assuntos da nossa fé.
Através do ADVIR, recebi a seguinte pergunta:
"Caro irmão Gilson, como explicar Romanos 14 versos 5 ao 7? Colossenses 2 versos 16 ao 17? Gálatas 4 versos 9 ao 11? Isso não derruba a crença de que o sábado é o selo de Deus? Não prova que para Paulo não era importante que se guardasse um dia específico?... Eu quero apenas a verdade".
Como eu já disse anteriormente, não podemos isolar versos da Bíblia, desconsiderando totalmente o contexto no qual eles foram escritos, e simplesmente criarmos uma interpretação própria para a passagem. Quando estudamos os livros de Paulo, como um todo, e dedicamos profundo interesse no que ele realmente escreveu, então vemos que não há contradições, e MUITO MENOS apologia à desconsideração para com a Lei de Deus ou o santo Sábado do 7º Dia. Aqui no blog é possível encontrar algumas boas matérias sobre como o Novo Testamento trata do assunto da Lei de Deus.
Para responder às perguntas feitas pelo internauta, vou utilizar-me das considerações do Comentário Adventista. O texto é longo, pois requer, como eu já disse, um estudo do contexto, para que apenas a VERDADE seja esclarecida.
Rom. 14:5-7
As afirmações de Paulo em Rom. 14 foram interpretadas de diversas maneiras e usadas da seguinte forma: 1) para menosprezar o regime vegetariano; 2) para abolir a distinção entre carnes limpas e imundas, e 3) para eliminar toda distinção entre dias, abolindo o sábado. Que Paulo não se ocupa de nenhuma destas três coisas, resulta evidente quando se estuda o capítulo, entendendo certos problemas religiosos então vigentes, que perturbavam a alguns cristãos do primeiro século.
Paulo menciona vários problemas que eram motivo de controvérsia entre os irmãos: (1) alguns se referem à alimentação (vers. 2), e (2) os outros têm que ver com a observância de determinados dias (vers. 5-6). Em 1Cor. 8 também se trata do problema da alimentação e os conceitos do irmão forte e o irmão débil. A Primeira Epístola aos Coríntios foi escrita menos de um ano antes que a de Romanos. Portanto, é razoável concluir que em 1Cor. 8 e Rom. 14, Paulo está tratando, em essência, do mesmo tema. Em Coríntios, o problema é se se deve ou não comer mantimentos sacrificados aos ídolos. De acordo com uma antiga prática, os sacerdotes pagãos comercializavam amplamente com os animais sacrificados aos ídolos. Paulo disse aos crentes coríntios, tanto os de origem judia como pagã, que como um ídolo "nada é", então não era mau em si mesmo comer carnes dedicadas aos ídolos, uma vez que eram "limpas" (cf. Lev. 11). Entretanto, ele segue explicando que, devido a seu passado, sua educação e diferença de discernimento espiritual, nem todos têm esse "conhecimento", e portanto não poderiam comer com limpa consciência tais mantimentos (ver com. 1Cor. 8). Por isso, Paulo insistia aos que não tinham escrúpulos quanto a essas comidas a que não participassem delas para não pôr uma pedra de tropeço no caminho de um irmão (Rom. 14:13). Sua admoestação está, pois, em harmonia com a decisão do Concílio de Jerusalém, e proporciona pelo menos uma razão pela qual esse concílio se definiu assim quanto a este tema (cf. Atos 15). Possivelmente para não escandalizarem-se nisto, alguns cristãos se abstinham por completo de comer carne, por isso seu alimento se reduzia a "legumes", quer dizer, mantimentos de origem vegetal (cf. Rom. 14:2). É semelhante a alguns extremistas da atualidade, que chegam a "decepar o pênis" para não caírem em tentações sexuais.
Paulo não está falando de mantimentos daninhos para o organismo. Não está sugerindo que o cristão de fé estável pode comer algo sem ter em conta os efeitos sobre sua saúde. Ele já mostrou (cap. 12:1) que o verdadeiro crente procurará que seu corpo se conserve santo para que seja aceitável diante de Deus como um sacrifício vivo. O homem de fé firme considerará que é um ato de culto espiritual o cultivar a boa saúde (Rom. 12:1; 1Cor. 10:31). Outro feito esclarece o problema que Paulo está tratando...
A princípio, e não muito nitidamente, muitos cristãos de origem judia compreenderam que a lei cerimoniosa havia achado seu cumprimento em Cristo e que, portanto, já não estava em vigência. Aos primeiros cristãos não foi proibido automaticamente que assistissem às festividades anuais judaicas, nem se insistiu a que abandonassem imediatamente todos os ritos cerimoniosos. A lei cerimoniosa obrigava aos judeus a observar sete dias de repouso anuais (cf. Lev. 23). Paulo assistiu inclusive a algumas dessas festas depois de sua conversão (Atos 18:21, etc.). Embora ensinava que "a circuncisão nada é" (1Cor. 7:19), circuncidou a Timóteo (Atos 16:3) e cumpriu com um voto de acordo com as estipulações do antigo código (Atos 21:20-27). Devido às circunstâncias, parecia que o melhor era permitir que vários elementos da lei cerimoniosa desaparecessem pouco a pouco, à medida que a razão e a consciência se fossem esclarecendo. Por isso se fez inevitável que entre os cristãos de origem judia se levantassem perguntas quanto a se era correto observar certos "dias", ou seja certos “dias de festa” judeus que correspondiam com suas festividades anuais.
Em vista destes fatos, resulta evidente que Paulo, em Rom. 14, (1º) não está menosprezando uma alimentação de "legumes" (comidas de origem vegetal), nem (2º) anulando a distinção secular bíblica entre carnes limpas e imundas, nem (3º) abolindo o sábado semanal da lei moral (cf. Rom 3:31).
Quem pretenda afirmar que assim foi, deve estar lendo na exposição de Paulo algo que ele não ensinou (cf. 2Ped 3:15-16).
Que Paulo não ensina e nem sequer insinua a abolição do sábado semanal, tem sido reconhecido por muitos comentadores conservadores. Por exemplo, Jamieson, Fausset e Brown (não-Adventistas) ao comentarem esta passagem (cap. 14:5-6) ensinam o seguinte:
"Infelizmente Alford deduz pela leitura desta passagem que não se poderia ter usado esta linguagem se a lei do sábado tivesse estado em vigência em qualquer forma sob o Evangelho. Não há dúvida de que o sábado não podia estar então em vigência se tivesse sido uma das festas judias; mas não deve dar-se por certo que o sábado fora um dia festivo simplesmente, porque se guardava sob o sistema mosaico. E como sem dúvida alguma o sábado é mais antigo que o judaísmo, e que sob o judaísmo foi incluído entre as coisas sagradas do Decálogo, o qual foi pronunciado verbalmente em meio dos terrores do Sinai, como nenhuma outro ensino do judaísmo; e em vista de que o mesmo Legislador declarou pessoalmente, na terra: 'O FILHO DO HOMEM É SENHOR ATÉ DO SÁBADO' (Mar. 2:28), é extremamente difícil demonstrar que o apóstolo tinha o propósito de que esse dia [o sábado] fora classificado por seus leitores entre os dias festivos judaicos que já tinham caducado, e que só um 'débil' poderia imaginar-se que estava em vigência, um 'débil' que só devia ser tolerado devido ao amor dos que tinham mais luz".
Em Rom. 14:1 a 15:14 Paulo insiste aos cristãos mais firmes a que considerem com simpatia os problemas de seus irmãos mais frágeis. Como o fez nos cap. 12 e 13, ele mostra que a origem da unidade e da paz na igreja é o genuíno amor cristão. Este mesmo amor e respeito mútuo assegurarão uma contínua harmonia entre o conjunto de crentes apesar das diferenças de opiniões e dos escrúpulos em assuntos de religião.
Colos. 2:16-17
É evidente que neste capítulo Paulo dirige suas advertências contra falsos professores que tentaram extraviar os colossenses. Não há registro algum dos ensinos de quem perturbava a paz da igreja nesta época. As referências a "tradições" (2:8), a "filosofias" (2:8), aos "rudimentos do mundo" (2:8), a "plenitude" (2:9), a "os principados e às potestades" (2:15), a "comida" e "bebida" (2:16), junto com conceitos, tais como, a observância de dias especiais (2:16), a adoração de anjos (2:18) e o ascetismo (2:21), sugerem doutrinas que bem poderiam calçar dentro do judaísmo, do gnosticismo e de alguma seita pagã. O que claramente se pode deduzir do conteúdo da epístola é que os ensinos aos quais Paulo opunha-se aumentavam a importância do ritualismo, lhe tirando assim de Cristo o lugar principal que Lhe correspondia.
O tema de Colossenses é a autêntica liberdade do cristão, que não necessita cumprir com cerimônias e rituais a fim de obter a salvação nem a aceitação ante Cristo, pois o Senhor Jesus triunfou e pagou a “nota pomissória” (ou "escrito de dívida").
O “escrito de dívida” (2:14)
Ou melhor, "o documento com seus requerimentos". Esta palavra grega (JEIRÓGRAFON) se emprega nos papiros para designar ao documento assinado, pelo qual uma pessoa se compromete a pagar ou a fazer algo. Este certificado de dívida (ou nota promissória) é o instrumento legal que estabelece obrigação ou culpa; nele se detalham todas as exigências, as multas, as demandas, às quais está obrigado o que o assina. No judaísmo rabínico, representava-se a relação entre o homem e Deus como uma relação entre o devedor e o credor. Quando o homem pecava, constituía-se em devedor; quando se arrependia e Deus perdoava-o, a dívida era apagada. Até hoje nas orações de ano novo os judeus rogam: "Por causa de Tua grande misericórdia, cancela todos os documentos que nos são contrários". Em uma obra apócrifa do primeiro século, se denomina JEIRÓGRAFON ao livro onde o anjo registra as faltas do fiel. Assim a ideia judia e a palavra grega parecem unir-se para expressar um conceito cristão: com a morte de Jesus na cruz foi cancelada a dívida do homem. O que Cristo cravou na cruz mediante Sua morte foi o pagamento - o registro da dívida, a condenação do homem.
A fim de reconciliar a interpretação tradicional adventista com o sentido da palavra JEIRÓGRAFON, alguns explicaram que quando o pecado entrou neste mundo, Deus instituiu um sistema cerimonioso de sacrifícios para ensinar aos seres humanos qual era o preço da transgressão. Cada vez que se degolava um cordeiro, os que participavam da cerimônia recordavam sua dívida para com Deus, pensando na morte, não só do animal, mas também do Redentor ao qual aquele representava. Neste sentido, o sistema cerimonioso era uma "nota promissória", uma evidência da dívida dos habitantes da terra, um indício da magnitude de sua condenação. Quando na cruz a dívida foi apagada, o sistema cerimonioso, que por milênios tinha sido evidência da culpa dos seres humanos, ficou invalidado para sempre.
Os que assinalam que a lei foi cravada na cruz fariam bem em notar que em toda a Epístola aos Colossenses não se fala nada de lei. Por outra parte, é difícil aceitar que Paulo, que sustentava a santidade da lei (Rom. 7:12) e sua imutabilidade (Rom. 3:31), aqui a fizesse invalidar. Para evitar esta anomalia, os estudiosos dos escritos de Paulo afirmam que o que se cravou foi a lei cerimoniosa, a que regia os sacrifícios e incluía a circuncisão.
Em comida ou em bebida (2:16).
As palavras gregas PÓSIS e BRÓSIS empregadas aqui não se referem tanto ao que se come e se bebe como à forma de comer e beber. Parecem estar envoltos aqui regulamentos quanto a como e quando comer ou deixar de comer. Há um estreito paralelismo entre esta frase e os preceitos do vers. 21: "Não manuseie, nem prove, nem mesmo toque". Os judeus em geral jejuavam duas vezes a cada semana (Luc. 18:12); a seita judia dos essênios era ainda mais dada ao jejum. A Didaquê, um escrito cristão de começos do século II, insiste aos cristãos a jejuarem na quarta-feira e na sexta-feira, em contraste aos judeus, que jejuavam na segunda-feira e na quinta-feira (Didaquê 8:1). Possivelmente o problema da "diferencia entre dia e dia" de Rom. 14:5 tivesse que ver com problemas de jejum. O assunto de comer ou não comer parece ter tido certa relevância nesses tempos. Evidentemente os falsos professores estavam impondo restrições alimentares, acrescentadas sem dúvida às da lei mosaica, que só fazia distinção entre mantimentos limpos e imundos (Lev.11) e não dizia nada quanto a bebidas - fato este que os opositores da Reforma de Saúde "fecham os olhos" para não verem... Por que será?!
Dias de festa, lua nova ou dias de repouso (2:16).
Dentro do marco dos ensinos dos falsos professores de Colossos – que evidentemente ensinavam o ritualismo e o ascetismo como meio de obter a salvação – é natural que figurassem os dias de culto. A série de festas que aqui se apresenta aparece, embora não sempre na mesma ordem nem com as mesmas palavras, ao menos sete vezes no AT (1Crôn. 23:31; 2Crôn. 2:4; 8:13; 31:3; Nee. 10:33; Eze. 45:17; Osé. 2:11). Em todos os casos, parece referir-se a uma mesma série de dias de culto: as festas anuais (Páscoa, Pentecostes, Dia da Expiação), o novilúnio (primeiro dia do mês) e o sábado semanal.
Surge a pergunta: se os sábados de Coloss. 2:16 não são sábados cerimoniais, ou seja, se trata de sábados semanais, significa isto que Paulo elimina aqui a observância do sábado semanal?
Não! A vigência do quarto mandamento nem entra em questão. Fala-se só de uma falsa observância do sábado. Os falsos professores estavam impondo regras e requisitos inventados por eles, que foram além do que o mesmo judaísmo exigia (2:20-23). Pela Epístola aos Gálatas, sabemos que a heresia que se propagava na Galácia induzia a guardar "os dias, os meses, os tempos e os anos" (cap. 4:10).
Ao que parece, Paulo, tanto em Gálatas como em Colossenses, não fala de guardar ou não guardar as festas, sendo que ele mesmo se propunha assistir à celebração do Pentecostes em Jerusalém (Atos 20:16). Tampouco poderia entender-se que ele tinha repudiado a observância do sábado, pois não há menção de coisa tal e ele mesmo o guardou diversas vezes (cf. Atos 16:13; 18:1-4; etc.). Portanto, o apóstolo está falando da imposição de regulamentos humanos quanto à celebração do culto a Deus no dia de sábado, os novilúnios e as festas anuais.
Assim como no assunto da comida e da bebida, Paulo ataca a quem pretende melhorar o que Deus ensinou. E, sobretudo, se opõe a quem ensinavam que os colossenses deviam colocar sua fé nessas práticas e não em Cristo, O qual tinha apagado a dívida (Coloss. 2:14), tinha triunfado sobre as potestades (2:15) e tinha feito a paz mediante Seu sangue (1:20).
Sombra do que tem que vir (2:17).
A palavra grega SKIÁ, "sombra", usa-se só três vezes no NT para sugerir a idéia de representação: aqui e em Heb. 8:5 e 10:1. Uma sombra não é substância, não é realidade. O corpo projeta uma sombra; sem corpo não haveria sombra. Aqui parece riscar-se a distinção entre o que é em parte e o que é em plenitude; entre o que é menos e o que é mais; entre sombra e realidade. É indiscutível que as festas e cerimônias eram uma antecipação, uma representação, uma "sombra" do sacrifício de Cristo. Aqui, entretanto, se fala de uma "sombra" em contraposição com a "realidade" de rituais em lugar de Cristo. Quanto a isto diz William Barclay (um teólogo não-Adventista): "Uma religião que se funda em comer e beber certas classes de mantimentos e abster-se de outros, uma religião que se apóia na observância do sábado e em outros requerimentos, é só uma sombra da verdadeira religião. A verdadeira religião é comunhão com Cristo".
Paulo deixa em claro em Coloss. 2 que a salvação não se obtém por uma observância rigorosa de certos dias, nem pela obediência a regulamentos quanto à forma de comer e beber, nem por adorar a anjos, nem por participar de práticas "conforme os mandamentos e doutrinas de homens" (vers. 22). Ellen White também lamenta por existirem aqueles que "confiam em que suas boas obras lhes permitirão alcançar a salvação, esperando em vão ganhar o céu por suas obras meritórias, em vez de confiar, como devesse fazê-lo todo pecador, nos méritos de um Salvador crucificado, ressuscitado e exaltado" (1T, pág. 556).
Gál. 4:9-11
Paulo deseja fervorosamente penetrar o nebuloso pensamento dos gálatas, pois estavam enfeitiçados, e se dirige a eles diretamente interrompendo em certo sentido a corrente lógica de seu argumento. O tempo presente do verbo (“estais voltando”) indica que ainda continuava o processo de voltar-se para os "rudimentos", que ainda não o tinham completado. O verbo grego EPISTRÉFO, "voltar-se", usualmente traduz-se como "converter-se" ou "ser convertido" (ver Mat 4:12; João 12:40; Atos 3:19).
Eles tinham sido liberados da escravidão aos imperfeitos e rudimentares conceitos e práticas do paganismo; mas agora se apressavam a retornar a uma forma de escravidão que dificilmente era melhor que aquela da qual tinham sido liberados pelo Evangelho. Cada um desses sistemas (tanto o paganismo quanto o judaísmo cerimonioso) era uma tentativa inútil de alcançar a justificação pelas obras. Os gálatas tinham abandonado os ritos e as cerimônias do paganismo só para adotar em seu lugar as do judaísmo? Em realidade, o judaísmo tinha se degenerado, convertendo-se em um sistema de requisitos externos.
Além disso, ao acrescentar tantas tradições à “lei", os judeus tinham escurecido seu propósito original, convertendo-a em uma carga para os que procuravam cumprir com seus requisitos como meio de ganhar a salvação. Os gálatas estavam renunciando a todos os benefícios do Evangelho, mas sem receber nada em troca. Sua conversão ao judaísmo era voluntária. Pareciam desejar a mudança de sua inapreciável liberdade (pela GRAÇA DE CRISTO), pelas penúrias da escravidão (do ritualismo judaico).
Quando fala em “dias, meses tempos e anos”, Paulo provavelmente se refere aos sete dias de "feriado nacional" e às novas luas do sistema cerimonioso (Lev. 23; Núm. 10:10; 28:11-15). Também poderia estar falando dos dias de jejum (cf. Luc. 18:12). Não há apoio nas Escrituras para supor, como alguns o fazem, que os dias que Paulo menciona aqui se referem ao sábado semanal. A Bíblia nunca fala do sábado ou sétimo dia da semana com esta linguagem. Além disso, o sábado foi instituído na Criação (cf. Gên. 2:1-3; Exo. 20:8-11), antes da entrada do pecado, e 2500 anos antes do começo do sistema cerimonioso no Sinai. Se a observância do sábado semanal submete à escravidão a um ser humano, então o mesmo Criador submeteu-Se a essa escravidão quando observou o primeiro sábado que houve no mundo.
Esta conclusão é, pois, absurda!
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Portanto, mais uma vez confirmamos a perfeita harmonia que existe entre a doutrina Adventista do 7º Dia e as Escrituras Sagradas. Paulo, nem qualquer outro escritor bíblico, jamais ensinou que o Sábado do 7º Dia foi abolido pela morte de Jesus.
O exemplo de vida do apóstolo é límpido em demonstrar o quanto eles viam a santidade e validade do 4º Mandamento. Infelizmente, muitos que hoje se dizem cristãos, preferem fechar os olhos para verdades que lhes trazem prejuízo, seja material, seja financeiro, seja familiar... ou por puro preconceito (cf. Mat. 7:21-23).
"Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado" (Mat. 24:20).
"Indo para Nazaré, onde fora criado, entrou, num sábado, na sinagoga, segundo o seu costume, e levantou-se para ler" (Lucas 4:16).
"No sábado, saímos da cidade para junto do rio, onde nos pareceu haver um lugar de oração; e, assentando-nos, falamos às mulheres que para ali tinham concorrido" (Atos 16:13).
Não importa o que dizem os "bispos", as "bispas", os "apóstolos", as "apóstolas", os "pastores", as "pastoras", os "missionários", as "missionárias"... etc... de hoje.
Prefiro ficar com as palavras de Jesus, bem como por Seu próprio exemplo e pelos de Seus apóstolos VERDADEIROS.
"e tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor, como igualmente o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada, ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles" (2Ped. 3:15-16).
Sábias palavras de Pedro!
Até parece que ele vislumbrou os ataques e deturpações que a Verdade Bíblica da PERFEITA HARMONIA entre a Lei e a Graça enfrentaria nos últimos dias...
Eduardo- Mensagens : 5997
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Inscrição : 08/05/2010
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