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A Tora como livro da instrução


Leonardus van Rooijen com Gabriela Sarah Bayer


É para surpreender como tantos cristãos, tanto leigos como teólogos profissionais, tratam o conceito 'Tora'. Isso me chegou novamente à consciência numa palestra dum professor de judaica, o qual esclarecera 'Tora' com 'lei'. Trata-se aqui em primeira instância dos 5 livros de Moisés. Embora lhe delicadamente chamei à atenção de que 'Tora' significa tanto 'doutrina' como também 'orientação', devendo só em poucos casos ser traduzido com 'lei', não mudou a sua opinião. Segundo a sua percepção subjetiva, a religião judaica é uma religião de lei. Com isso atiça os prejuízos antiqüíssimos de que o Judaísmo seria uma religião de lei, da qual Cristo (ou Paulo?) teria liberado todos os cristãos —na opinião de alguns: toda a humanidade.1


Paulo confronta freqüentemente, especialmente na Carta aos Gálatas e na Carta aos Romanos, lei e evangelho como dois caminhos de salvação diferentes. No caminho da lei, a pessoa humana tenta a se salvar a si mesma, fazendo tantas obras boas e justas quantas possíveis. Esse caminho, porém, não conduziria à salvação. Salvação e redenção do pecado e da morte, é que só a fé no evangelho as traria, na mensagem feliz de Jesus Cristo. Quem cresse que Jesus, pela sua morte e a sua ressurreição uma vez por todas obteve a salvação da pessoa humana, já estaria solvo.

Rm 7,6 "Mas agora chegamos ser livres da lei, na qual éramos ligados, somos mortos para a lei, servindo na nova realidade da fé, não mais na antiga das letras."

Gálatas 3,23 "Antes que veio a fé, estávamos na prisão da lei, presas até o tempo em que a fé devia ser revelada."
A conseqüência é que uma associação par a promoção de entendimento para a religião e cultura judaicas assumiu essa afirmação de que 'Tora' seria sinônimo com 'lei' na sua folha de informação. Na sua folha de informação "Treffpunkt Alte Syangoge" [Ponto de Encontro: Antiga Sinagoga] está para ler: "No Shabat foram a sinagoga e se sentaram entre os ouvintes. Depois de que se leu dos escritos da lei e dos profetas (At 13,14-15).

Depois de que num escrito2 aos membros da presidência da associação indicara: "Está absolutamente errado afirmar que está sendo lido "dos escritos da lei", expliquei essa circunstância: Na sinagoga está sendo lido em cada Shabat um trecho dos cinco livros de Moisés, e não do livro judaico de leis. Nesse contexto, nós judeus podemos afirmar que nas igrejas cristãs está sendo lido em cada domingo do direito eclesial ou catecismo."

A isso recebi a reação seguinte:

"Pertence à natureza de traduções que quase para cada palavra haja várias possibilidades de traduzir. Temo-nos decido de ficar no teor da nossa tradição da Bíblia (Atos dos Apóstolos segundo Lutero e Einheitsübersetzung)."3


Quando se usar uma tradução, a gente se deve certificar antes que edição vá usar. Um exemplo: Segundo a edição de Lutero de 1812, Paulo escreveu na Carta aos Romanos 11,28: "Segundo o evangelho os considero como inimigos por causa de vós, mas segundo a escolha os amo, por causa dos pais. " Na edição que tenho de 1975 está sendo introduzida a mudança seguinte: "Embora em consideração ao evangelho sejam (os judeus) inimigos de Deus. Essa afirmação não existe no texto original. É monstruoso afirmar que os judeus seriam inimigos de D'us. Essa suposição horrível está, na edição de Lutero de 1984, voltou a ser revida; com isso os judeus estão pelo menos reabilitados nesse texto. Na assim chamada Einheitsübersetzung, porém, isso lamentavelmente não é o caso. Ali esse erro doloroso ainda está: "Visto do Evangelho são inimigos de Deus, e isso por causa de vós; da sua escolha visto são amados por Deus, e isso por causa dos pais."

Como chega a acontecer que sempre mais uma vez assim chamados especialistas traduzem o conceito "TORA" por "LEI"?

1. Muitos teólogos julgam uma religião da sua própria perspectiva religiosa. Quando estudei fenomenologia de religião e psicologia de religião na universidade de Uppsala (Suécia), Carl-Martin Edsman, professor de ciências religiosas, pôs ao coração: "Estuda cada religião a partir da perspectiva da religião e não a partir da perspectiva própria tua!" Isso quer dizer que a gente não deve projetar ou interpretar para dentro a sua própria subjetividade. Até ao dia de hoje está sendo interpretado, por teólogos cristãos, para dentro da Bíblia hebraica, para adaptá-la ao assim chamado "Novo Testamento".

2. Aponta-se à Setenta4, a versão grega mais antiga e importante do assim chamado AT.


Setenta (latim: Septuaginta) a versão grega mais antiga e importante da Bíblia Hebraica. Segundo a legenda da carta de Aristeas preudepígrafa, ela foi na 1ª metade do 3º século antes da contagem de tempo, sob Ptolemeu II Filadelfos, traduzida por 72 sábios judaicos dentro de 72 dias segundo um manuscrito da Tora de Jerusalém e reconhecida pela comunidade judaica de Alexandria. Ela foi abandonada desde o 2º século depois da contagem de tempo, pelos judeus helenistas. Havia variantes de texto consideráveis e faltaram cerca 2700 palavras em comparação com o texto hebraico. A transposição da Bíblia hebraica duma língua hebraica-oriental para uma língua e mundo espiritual gregos-helenistas conduzia na Setenta entre outras coisas ao reprimir os antropomorfismos, a um conceito parcialmente mais filosófico de D'us e do pecado e à substituição do nome hebraico de D'us YHVH por KYRIOS [SENHOR]. Desconsiderando que por isso a masculinidade de D'us está sendo acentuada, chamado no uso lingüístico hebraico de "Eterno" — não se sabe entre os cristãos se agora o pai ou o filho está sendo entendido.

Os judeus que falaram grego traduzem a palavra TORA por NOMOS. Da Setenta e do Judaísmo alexandrino-helenista o assim chamado NT assumiu esse uso lingüista especialmente na teologia paulina, quer dizer no que a teologia cristã posterior fez dela, interpretando-o cada vez mais como 'lei'. Nos escritos cristãos foi então também traduzida por LEI, para destacar o acontecimento de salvação cristão unívoca e pregnantemente — embora em vários livros do ramo esteja sendo advertido disso — e com isso o mal-entendido de que o conteúdo da Tora seria exclusivamente legal surgiu faz aproximadamente 1900 anos. Situação que até hoje está ainda viva. Escrevem "da lei e dos profetas", com o que estariam ser entendidos "TORA e NEBIIM. Mas TORA é, não só lei, mas sim primariamente precipitação da revelação divina, a qual não esgota de jeito nenhum na lei."5 Encontramos nela tanto leis como também narrativas com tendências ensinadoras-religiosas, as quais deixam compreender a emanação e imanência divina todo-abrangentes também como acontecimento grazcioso-misericordioso — pois sem a graça divina o "ser no mundo"6 não é vivível.

Alguns comentários de cientistas de religião judaicos

Ismar Elbogen, docente para religião e exegese bíblica judaicas

declarou energicamente: "Leva a erro quando se quiser caracterizar o Judaísmo como mera religião de lei. A designação 'lei' para a religião está essencialmente causada pela tradução grega da Bíblia, a qual reproduz a palavra 'tora' por nomos = lei, enquanto na realidade significa ensinamento; esse erro, mos inícios da Igreja, foi utilizado para desacreditar como religião de lei perante o Cristianismo como religião de atitude mental. Até para dentro do tempo presente, (1932 até hoje,) esse preconceito se estende, mas começa também, nos círculos de teólogos cristãos cada vez mais a percepção de que a exigência profética da mentalidade moral permanecia em todos os tempos propriedade do Judaísmo."7

O religiólogo Shalôm Ben-Gurion

Escreve em 1980: "Não é possível designar isso (o conceito "Tora",) simplesmente como "lei", embora a lei forme parte integrante da revelação de D'us ao Seu povo de aliança. Representaria, porém, uma redução desnaturada do conceito Tora como se aqui se trataria somente de lei. O uso lingüista do Paulo provocou nos seus ouvintes pagãos e na teologia cristã até hoje (2003,) esse mal-entendimento."8

O religiólogo Pinchas Lapide

Também escreve em 1986: "Cerca de trezentos e quarenta vezes essa expressão (a lei,) aparece em todas as alemanizações da Escritura (como designação para a Bíblia Hebraica inteira ou do cinclivro de Moisés), cerca de duzentas vezes no Antigo Testamento e cento-e-quarenta vezes no Novo Testamento. Isso, porém, é fundamentalmente errado — tanto referente ao conteúdo como linguisticamente, pois o que o que significa com isso quer dizer no texto original "Torah" e significa na sua tradução reta "ensinamento" ou "instrução". Ela contém só quantitativamente muito mais mensagem feliz , promissão, cumprimento, história de salvação e etos do que próprias "leis", regulamentos e prescrições, os quais todos estão destinados a promover um etos humano e justiça social. Mais que dois terços da Bíblia Hebraica, porém, não tem o mínimo a ver com legitimidade, mas são dedicados ao agir salutar de D'us com o Seu povo. No sentido cristão da palavra, a Torah é antes de tudo e principalmente "evangelho", a mensagem feliz do amor de D'us e da liberdade de todas as crianças de Adão."8

Explicação semântica do conceito "Tora"

A tradução de 'Tora'10 com o conceito errado 'lei' entrou, via koiné 11 grega, da língua hebraica.

TORH lição, instrução, e no uso antigo somente da lição divina.

koiné linguagem de comunicação comum do helenismo.

Que nisso nasceram erros de tradução está na palma da mão. Que se traduziu, naquele tempo, 'Tora' por 'nomos' não está absolutamente errado, pois também essa palavra pode ter significados diferentes, p.ex. ordem, costume, origem, modo, direito. Na filosofia significa regulamento, costume, direito político em contraste ao direito divino (dike). Seja como for, no traduzir precisa-se contemplar o ambiente sócio-cultural de então. Os conceitos 'tora', 'nomos' e 'lei' se originam, não somente de culturas diferentes, mas também de grupos de língua totalmente diferentes.12


O grego é língua indo-européia transmitida mais antiga da Europa. O hebraico é uma língua que pertence ao semítico noroeste.
Na língua hebraica, palavras estão sendo sempre formadas a partir de raízes de palavra. As significações das palavras diferentes podem ser muito diferentes. Superficialmente vistas perecem às vezes até contraditórias na sua significação. Não obstante são, pela sua origem, por assim dizer arraigadas umas com as outras. Estão então umas com as outras em relação de parentesco na interpretação e exposição. Várias letras são cambiáveis ou podem, sem que a raiz da palavra e a significação fundamental sejam mudadas por isso, ser omitidas ou acrescidas, com p.ex. nas letras seguintes: Y,I (Yod), T (Tav), M (Mem), V (Vav), H(Heh).14


LMD (lamad) aprender. TLMID (talmid) estudante. TLMD (talmud) "Talmud" (o ensino oral), aprendizagem, estudo. MLMD (melamed) professor.

HORH (horê)
ensinar, instruir, iniciar. TORH "Tora", ensino, ensinará. MORH (morê) professor, ele ensina. HORAH (jora'a) aula, atividade de ensino, indução, indicação.
A raiz do substantivo TORH ['tora'] é YARH (yara). Com isso se expressa 'mostrar', mas também 'lançar'. Disso surgiu o verbo HORH (hora), o qual por sua vez significa 'ensinar', 'instruir'. Também o substantivo MORH (more) está estreitamente parente com o verbo YRH (yara) e o verbo HORH (hora). MORH se traduz normalmente por professor, também na língua hebraica moderna. Também a palavra MALMD significa professor. Esta se origina da raiz verbal LMD (lamed) — aprender contendo 'alguém que transfere o aprender'. Com isso, entende-se um professor na pré-escola religiosa, da "heder"15, na qual as crianças aprendem o ALEF-BIT [alef-bet]16


HDR [heder] significa propriamente quarto. Designação do quarto de ensino, da escola primária judaica ocidental tradicional. Aqui meninos a partir de 4 a 5 anos de idade até à Bar Mtsva (filho de 13 anos, que entra nas obrigações religiosas) receberam ensino.

A ordem do alfabeto europeu remonta ao ALEF-BIT [alef-bet] semítico, no qual a semelhança de imagem dos sinais joga um papel. "alef" significa "cabeça do touro", "bêt" significa "casa".
Com a raiz LMD (lemed) está também indicada a conexão com a palavra TALMUD (talmud) e TALMID (aprendiz, estudante). Um 'morêh' é um professor no sentido mais alto, que tem uma formação especial.

Por meu ver está com isso linguisticamente provado convincentemente que o conceito de língua TORH significa 'ensinamento' ou 'instrução' e não deve de jeito nenhum ser traduzido por 'lei'. Além disso, MORH [morêh] e TORH [torah] têm o mesmo significado fundamental, a saber ensinador e ensino, em que o ensinador (professor) e o ensinamento se integra na execução da vida humana.

A importância do aprender no Judaísmo

No Judaísmo, aprender e ensinar são um processo perpétuo; o termo "aprender durante o decorrer da vida" — talvez acentuado por toda a parte — pertence aos fortalezas básicas do Judaísmo. Aprender no mundo para o mundo segundo a instrução do Eterno.

"Moshé [Moisés] recebeu a Torah do Sinai e a entregou a Yoshoshua, Yehoshua aos presbíteros, os presbíteros aos profetas, e os profetas a transmitiam aos homens da grande Sinagoga."

Essa continuidade ininterrupta de transmissão da instrução (Tora) do Eterno já começa na família, como lugar tradicional-judaico de aprender. Essa transmissão garante a manutenção do ensinamento. "O pai verdadeiro é não aquele que chama a pessoa humana à existência, mas sim aquele que a educa."18

De fato, o aprender no Judaísmo sempre joga um papel grande. Em ditos dos pais de Yehoshua, filho de Perachja:

"Arruma-te um ensinador, adquire-te um amigo e julga cada pessoa humana segundo o lado favorável." Ditos dos pais, alínea 1:6

Já durante o tempo de Esra [Esdras] (458 — 398 aC) os homens da grande Sinagoga disseram entre outras coisas: "Formai muitos discípulos"19 Yoshua filho de Gamala ordenou (ao redor de 65 dC) que se em cada região e em cada cidade coloque ensinadores, levando a eles as crianças de seis ou sete anos.20 Ao redor de 75 aC, Rav Shimon filho de Shetach já instalara a escolaridade pública na Palestina de então. Para o ensino de moças não se cuidava no começo. Só na Idade Média também elas receberam ensino. Já estava na ordem de escola de então havia: "Para cada 25 alunos tem-se colocar um ensinador. Se forem mais que 25, até 40, ele deve ter posto ao seu lado um ensinador auxiliar."21

Aprender e comunidade são partes essenciais no Judaísmo. Por essa razão, instalava-se já muito cedo varias "yeshivôt", as mais conhecidas são aquelas de Hillel e Shamai. Aprender em comum conta como medida pedagógica essencial, em que é para ser acentuado, não só o princípio de uns com os outros, mas também o um do outro, também entre discípulos e ensinadores. Disso chega a ser claro que aprender judaico não se prende em estruturas unilateralmente hierárquicas. Discurso e diálogo são compnentes indispensáveis do aprender. O conceito "escola judaica" se deriva de que, por vezes, discussões foram realizadas bem sonoramente. "Dos meus professores aprendi muito, dos meus colegas mais que dos meus professores, e dos meus estudantes mais que de todos."22

Agora de volta ao citado dos Atos dos Apóstolos capítulo 13,14-15

"No Sábado foram à sinagoga e se sentaram entre os ouvintes. Depois de que se tinha lido dos escritos da lei e dos profetas, os presidentes da sinagoga fizeram dizer aos hóspedes: "Irmãos, se tiverdes algo a dizer à comunidade, então falai!"

O texto citado no folheto23 a dirigir não está inteiramente completo.


Faltblatt [folheto] duma associação, a qual entre outras coisas tem como tarefa "Promoção da compreensão para a compreensão da religião e cultura judaicas" (Estatuto §2).
Nenhuma palavra sobre o quê que deve ser falado, por isso a tentativa seguinte de reproduzir o texto no seu contexto tão correspondente ao seu sentido como possível. A isso, a exegese judaica da Bíblia proíbe arrancar textos do seu contexto, pondo-os quase como tópicos ou teses no vácuo para discussão.

"Eles foram (de passagem; nota do autor) no sábado à sinagoga e se sentaram (nos lugares destinados para forasteiros; nota do autor). Versículo 15: Depois da leitura dum livro de Moisés e dos profetas24, os presidentes da sinagoga apelaram aos seus hóspedes: "Prezados irmãos, se tiverdes a dirigir uma alocução edificante ao povo, então falai!"25


Chamando para auxílio, edificação, ajuda.
Na edição hebraica do assim chamado Novo Testamento26 há (debar muçar), referente à ética. Isso pode ser feito tanto de modo exortador como também aprofundador. Em todo o caso, deve ser ensinando e instruindo. Nesse contexto, a Tora é o livro da instrução e da vida para o aperfeiçoamento.

Do mencionado acima se deixam ser elaboradas quatro interpretações diferentes:

1. No referido folheto, os hospedes estão sendo chamados a falarem.

2. A tradução de Lutero (ed. 1984) e a de Elberfeld (ed. 1994)27 deixam os hospedes exortar o povo.

3. A Einheitsübersetzung os deixa falar uma palavra de consolo.

4. No dr. Menge28 (Die Heilige Schrift, 15ª edição) há, segundo tradição bem judaica, uma alocução edificante-construtiva.

Em si uma boa descrição de como acontece então e ainda hoje na sinagoga. Depois da lida do trecho semanal, da parasha29 da Tora, está sendo lida a perícope de profetas, a haftara30..


Na sinagoga está sendo regularmente quatro vezes por semana da Tora (5 livros de Moisés), no culto de manhã e minhah [tarde] do Shabat, bem como na segunda feira e quinta feira de manhã. Para o fim das leituras semanais, a Tora está dividida em 54 trechos, chamados de PRSH [parasha] ou também ÇDRA.[çidra].

HPTRH [haftara] concluir, designação dos trechos dos livros proféticos, que são lidos como conclusão da leitura sabática da Tora depois do respectivo trecho semanal. Esse costume nasceu provavelmente sob o decreto de Antíoco IV (168-165 aC). Para evitar a proibição da leitura da Tora, foi que se lia na oração o trecho dos profetas que correspondia com o trecho da Tora.
Depois dessa leitura da Escritura, realizava-se a derasha31, a interpretação. Como todas as outras funções na sinagoga, também a interpretação pode ser feita por qualquer conhecedor na comunidade sem discriminação da posição e descendência. Nisso se pode chegar à discussão. Freqüentemente um rabino passante ou outro hóspede está sendo pedido a fazer uma alocução edificante. Isso está em uso ainda hoje. O mal-entendido jaz até para dentro do tempo hodierno na tradição de tradução "escritos da lei".

No texto original há "nomou" 32 (Novum Testamentum Graece 1965). Isso foi traduzido por Martinho Lutero com: "Depois da leitura da lei". Na Bíblia de Elberfeld e da Einheitsübersetzung há do ler da lei". Sempre mais uma vez o mesmo. Tenta-se entender a Bíblia hebraica a entender a partir do cristão, deixando um não-judeu34 contar sobre o que os judeus lêem na sinagoga e como o é o costume ali.


Como autor dos Atos dos Apóstolos passa desde Ireneu (cerca 140-200 dC) o médico Lucas. Era um assim chamado cristão-pagão. Particularidade, origem e limitação das fontes usadas por Lucas são discutidas. Os O Atos dos Apóstolos não é livre de interpretações teológicas ou também escritorialmente incertas.
Quando se quiser incondicionalmente citar da Bíblia cristã, tome-se também Atos 15 versículo 21, aí há: "Pois Moisés tem desde tempo antiqüíssimo em cada cidade o seu anunciador, porque está sendo lido em cada sábado nas sinagogas." De fato já então35 foi lido dos cinco livros de Moisés e não da "Halaka"36 do livro judaico de leis.


Encontramos a disposição mais antiga sobre a leitura da Tora em Dt 31,10 para a festa das Cabanas no ano de dispensa, a notícia mais antiga sobre a preleção de Ne 8, num recado sobre a reunião célebre do povo, na qual Esra obrigava a comprometeu a comunidade na Tora.

HLKH [halaka] "caminhar", "o andar"; HALK "andar". A significação para a parte normal da tradição judaica no todo, como também para as determinações singulares. A Halakah abrange a Tora escrita (as instruções dos cinco livros de Moisés) e a Tora oral como interpretação daquela, bem como prescrições não diretamente contidas na Bíblia Hebraica. Coleção importante de Halakah é a Mishna, parte do Talmude.
Que os cinco livros de Moisés contêm mais que instruções, mandamentos e prescrições. Devia ser conhecido, em todo o caso àqueles que leram a Bíblia também uma vez de frente para trás, e não só de trás para frente.37


Na história da criação encontramos o fundamento para a imagem da pessoa humana e da nossa tarefa .neste mundo.
"A Tora, a escrita como a oral, é como isso o ensino que instrui a pessoa humana como tem de viver. Embora fale principalmente a Israel, nela se encontram instruções para todas as pessoas humanas."38

"A Tora, a qual foi dada a Israel através de Moisés, é a raiz da nossa sabedoria, da nossa fé, comportamento e leis, da moral e de todas as revelações do mundo. Ela pode ser estudada tanto na sua significância simples como também no seu conteúdo místico."39 A palavra hebraica "Torah" significa "instrução como se deve viver", para cumprir a sua tarefa cada vez própria no mundo. Pois cada pessoas humana tem a sua tarefa específica dada por Deus, a qual pode cumprir, mas também ignorar. Este último leva o mundo e a humanidade à perdição caótica, anárquica, sem sede segura na vida, perfeição, unidade, inteiridade aspiradas estão sendo impedidas.

É portanto também social-éticamente enganoso e não defensável quando se afirmar que na sinagoga estaria sendo lido dos "escritos de lei".

No Sábado está sendo lido da Tora (instrução) — no sentido estreito dos cinco livros de Moisés.40

Já na Tora encontramos a exortação para leituras públicas da Escritura : "Reúne o povo, os homens, as mulheres e as crianças e também o forasteiro41 nas tuas portas, para que escutem e para que aprendam e temam o Eterno teu Deus, observando todas as palavras desse ensino (Tora), as executem."42


Forasteiro, GR [ger], significa não-judeu, o qual se detém num lugar como protegido dum indivíduo ou duma comunidade.

Dt 31,12 Einheitsübersetzung: que observem todas as determinações dessa instrução (Tora)".
"Segundo o profeta Nehemia [Neemias], uma leitura de Escritura deu a Esra motivo para a introdução da leitura da Tora. Ficamos sabendo em Neemias 8 que Esra [Esdras] trouxe 'o livro de instrução de Moisés' (Torat Moshe) à praça antes do Portão da Água e leu desse a partir da luz do dia até o meio-dia perante a assembléia dos homens, mulheres e daqueles que o puderam entender. A leitura realizou-se com a interpretação e explicação do sentido, para que estas pudessem fazer entender o lido."43

O povo judaico e a sua lei

Que no Judaísmo a revelação divina sobre a imagem da pessoa humana e da sua relação ao criador, à criação deste e às co-pessoas humanas está sendo regulamentado em prescrições legais, tem um valor grande, mas não exclusivo. "Por causa disso, porem, querendo o Judaísmo para ser uma religião de lei, significa não compreender a sua essência. Já que é nunca o fato, mas sim a mentalidade em que todo o peso está sendo posto. O coração sincero é que só vale perante o Deus santo."44

O Judaísmo foi freqüentemente definido como 'religião do feito'.45


Rabbi Chanina disse: "A cada um cujos feitos são mais abundantes que a sua sabedoria, a sabedoria dele fica persistindo; e a cada um cuja sabedoria é mais abundante que os seus feitos, a sabedoria dele não fica persistindo." Ditos dos pais, alínea 3.12
No centro duma vida judaica realizada está o feito religioso como execução de instruções divinas46.

Embora lei HQ [huq] e costume MNHG [minhag] jogam um papel grande, especialmente na tradição47, MÇORH [maçora], não se pode afirmar que a religião judaica seja somente uma religião de lei, como isso foi fixado no entendimento cristão.


Tradição MÇORH [maçora], designação tanto para tradição da Tora imutável e o aprender da história como também da tradição do modo de escrever e ler da formação bíblica, tradicional do texto bíblico pelos "massoretas".
Pela engrenagem de ensino, lei e costume, está sendo criada uma continuidade, pela qual a religião judaica, apesar de todas as perseguições e agressões, entre outra do Cristianismo, foi transmitida inalterada à geração48 hodierna.


DOR geração. DOR VDOR [dor vador) de geração em geração. "Pensa nos dias do passado, aprende 'dos anos da história! Pergunta o teu pai, ele to contará, pergunta os idosos, vão te dizer!" (Dt 32,7) "pára que os descendentes fiquem sabendo disso, as crianças de tempos posteriores, deveriam se levantar e o transmitir às suas crianças." (Salmo 78,6)
Peça coração do Judaísmo são tradição e lembrança ativa: a transmissão do pai ao filho da Tora tanto escrita quanta oral, de geração em geração, numa corrente ininterrupta, como esta vem a expressar-se na frase introdutora aos ditos dos pais49:


Ditos dos pais PRQY AVOT [pirke avôt] do tratado "Nesikin" (parte da "Mishna"), coleção de lema dos rabinos
"Moshé [Moisés] recebeu a Tora no Sinai e a transmitiu ao Yehoshua. Yoshua aos presbíteros, os presbíteros aos profetas, e os profetas a transmitiram aos homens da Grande Sinagoga."

Êxodo 31,18: "Depois de que o Senhor dissera a Moisés tudo no monte de Sinai, entregou-lhe as duas tábuas do documento da aliança, tábuas de pedra, nas quais o dedo de D'us escrevera."50

Pois isso quer dizer que Moisés conheceu e transmitiu ao povo Israel, não só os doze mandamentos,51 mas sim a Tora inteira52, tanto a escrita como a oral.


Os "Dez Mandamentos", em grego "Decálogo", em hebraico ASRT HDBRIM [aseret hadebarim] As Dez Palavras (cf. Ex 20,1 com Ex 34,28 e Dt l0,4).

A Tora (instrução) escrita TORH SBKTB [tora shebiktab] é a Bíblia Hebraica, chamada em hebraico TN¨K [tanak]. Isso é palavra curta para TORH [tora] NBIAIM [nebiim] e KTUBIM [ketubim]. Segundo a tradição, Moisés recebeu a Tora Oral TORH SBAL-PH [tora sheb'al pe] também no monte Sinai. Esse resultado final dessa tradição oral era uma coleção de textos ordenada, redigida por Rabbi Yehuda Há-Nashi no 2º século dC — a "Mishna" MSNH [mishna], palavra que significa "repetição" e "ensino".
No Êxodo Rabba53 está que Moisés foi instruído, não só na Tora escrita, mas também no Talmude (da Tora oral). A tora inteira, a qual foi dada somente para Moisés e a geração deste, Moisés a transmitiu ao Israel todo. (Nidrash Shemôt rabba 47:1)

Para o povo judaico — era e é — tanto a tora escrita como também a oral uma escola de ensino de sabedoria e virtude, a fonte da qual é que tirou durante os séculos de sofrimentos e supressão, embora não exclusivamente, mas principalmente o seu alívio espiritual, a imagem de proteção que defendia com a sua vida. Ela trata todos os assuntos, como filosofia, ética, pedagogia, ensino de fé e idolatria. Para a ortodoxia, a Tora é a autoridade mais alta.

Para judeus liberais, a Tora é fonte de inspiração, tanto na literatura como também na psicologia. Juntos, todavia, vêem a tradução da Tora no Judaísmo como a tarefa central. Sem Tora e Halaka (o livro de leis judaico) — mesmo quando diferentemente interpretadas — não haverá estado judaico, de modo nenhum uma identidade judaica. Isso os macabeus54 entendiam faz mais que 2000 anos, e isso nós judeus, tanto ortodoxos quanto liberais, entendem ainda hoje.


Macabeus, nomeados segundo o alcunho lançador de martelo ou marteloformo de Judá macabeu. A primeira dinastia do 2º Templo (140-37 aC).
Por muitos, também a Tora oral (Talmude) está sendo carimbada como livro de lei

O dr. J.L. Palache escreveu na sua "Introdução no Talmude" em 1922: "Entre as muitas alegações falsas sobre o modo de entender o Talmude, é o menos correto a de designar ele como livro de leis."55

O dr. Wünsche descreve o Talmude: "Vemos nele a manifestação da vida espiritual e religiosa dos judeus de mais que sete séculos, é uma história espiritual condensada até nos mínimos detalhes do povo judaico. Segundo de um outro lado visto, o Talmude aparece um grandioso átrio de ensino, no qual mais que mil rabinos se fazem ouvir, discutindo, além de questões religiosas e jurídicas, também muitas coisas de ciências naturais, de medicina, de astronomia e pedagogia."56

O mais importante na Tora, tanto na escrita quanto na oral, é a confissão a um D'us único, indivisível e ao postulado ligado a isso de que também a humanidade é única e indivisível. Nisso jaz a singularidade da confissão judaica. Ambos os pronunciamentos relacionam-se uma com a outra. Onde um D'us cria a humanidade, todos chegam a serem irmãos e irmãs de valor igual, com jeitos e tarefas diferenciados.

A regra áurea

No Talmud57, está sendo contada a história do grande douto Hillel da Babilônia (Talmude Shabat 31a). Ele viveu de cerca 60 aC até 10 dC. A tradição conta que um homem perguntou a Hillel: "Podes me ensinar toda a Tora, durante fico de pé em uma perna só?" Hillel respondeu afirmativamente. Disse: "O que está odiado por te, isso não faze ao teu amigo (companheiro, irmão), essa é a tora inteira, o restante deves aprender."

Segundo Hillel, a Tora se deixa comprimir nessa "Regra Áurea". Também essa Regra Áurea está fundada no mandamento, assim com está escrito no 3º livro de Moisés 19,18: VAHBT LREK KMOK ANI HSM. Aqui há duas possibilidades de traduzir:

"Ama o teu próximo como a te mesmo! Eu sou o Eterno."

"Ama o teu próximo, ele é é como tu! Eu sou o Eterno."

Pois todas as pessoas humanas são criaturas do D'us uno, único. Para poder chegar mais perto a essa unidade, precisamo-nos sempre mais uma vez pôr ao nosso criador e à nossas co-pessoas humanas. Sempre mais uma vez se trata na Tora de tomar o relacionamento reto ao criador a à Sua criação e a tudo o que se encontra nela.

É fascinante como já então estava sendo escrito sobre o relacionamento a animais, os direitos da mulher, a proteção dos estranhos, da procura para os pobres e da benfeitoria, para mencionar somente alguns aspetos. Uma das maiores benfeitorias para a humanidade era a introdução — sem o sindicato — da semana de trabalho de 6 dias e da 'Shabat' [Pausa] no sétimo dia. "Este é um dia de pausa, consagrado a teu D'us. Nele não deves fazer nenhum trabalho: tu, teu filho e tua filha, teu escravo e tua escrava, teu bovino, teu asno e todo o gado e o forasteiro que tem direito de morar na região das tuas cidades. O teu escravo e a tua escrava devem descansar como tu." Para motivação está sendo indicado: "Pensa naquilo que eras escravo no Egito 58 (Êxodo 20,1-17 e Dt 5,6-21).

Também para os forasteiros vale o princípio do amor ao próximo como mandamento da Tora: "E quando um forasteiro morar contigo — no vosso país como estrangeiro, não o suprimais! Como um do país entre vós vos seja o forasteiro que entre vós habita como estrangeiro; deves amá-lo como a te mesmo. Pois estrangeiros fostes na terra Egito. Eu sou o SENHOR." Também esse mandamento é realização de lembrança, não tendo perdido nada em atualização.

Finalmente nos foi dada a Tora para viver

Salvar vida é o mandamento mais alto, superando todos os outros mandamentos.

Pois o mandamento (MtSVH mitsva) é lanterna e a instrução (TORH tora) uma luz, e as correções são o caminho à (felicidade da) vida. Provérbios 6,23

Com razão, "qual grande nação possuiria leis (HQIM hoqim), e direitos (MSPTIM mishpatim) como todo este doutrina (HTORH haTora), que Eu o Eterno vos apresento hoje?" Dt 4,8

"A instrução do Eterno (TORAT YHVH torat YHVH) é perfeita e recreia a alma. O testemunho do Eterno é confiável, faz sábio o ignorante." Salmo 19,8

"Escutai, vós povos e vós pessoas humanas, escutai a Mim! Pois de Mim a instrução (TORH tora) vem e o meio direito (MISPTI mishpati) chega aos povos." Is 51,4

Das citações acima, a significância universal da Tora para todas as pessoas humanas bem chegará a ser evidente.

"Muitos povos se põe a caminho. Dizem: Vêm, subamos ao monte do Eterno e à casa do D'us de Jacó. Ele nos mostre os Seus caminhos, nas Suas sendas queremos andar. Pois de Sião é que TORH tora (a instrução) vem, de Jerusalém vem a palavra do Eterno." Miquéias 4,2

Só a lei nos pode dar liberdade

No que foi até agora discutido, se deixa segurar resumido que os mandamentos, prescrições — também leis - contidas na Tora na devem ser de modo nenhum atribuídos somente ao povo judaico exclusivamente. Cada pessoa humana é criatura de D'us. A observação dos mandamentos e ordens dá o fundo para uma vida digna da pessoa humana. Leis é que efetuam uma restrição, exigem resistência, mas permitem, de outro lado, também direitos e, com isso, liberdade. Ser ligado possibilita liberdade, uma premissa antiqüíssima. Sem pontos unívocos de marcação, a vida se perde no caos desenfreado, inconstante, sem orientação, sem ajuda, perdida. Não debalde o povo judaico acentua com veemência inabalável o acontecimento de aliança de D'us com ele. Inclui orientação informadora de direção, instituinte de orientação, mas também um pré-viver para outras pessoas humanas. Não debalde um pequeno povo pequeno podia resistir a todas as trapalhadas, é porque chega a saber pela Tora persistência.

O quê é que precisamos para que o ensino do Eterno59 seja transmitida inalterada e justa

A isso tomamos o exemplo de Joel, capitulo 2, versículo 23:

VBNI tSION GILU VSMHU BYHVH ELHIKM

KI¯NTN LKM ET¯HMORH LtSDQH

VYORD LKM GSM MORH VMLQOM BRISON

Quando quisermos traduzir esse texto tão fielmente como possível ou germanizar [respectivamente portuguezisar; trad.] há ali: "E vós, crianças de Sião, alegai-vos e regozijai no SENHOR vosso Deus!" Até aqui expresso retamente. Mas a seguir vem o problema: KI¯NTN LKM ET¯HMORH LtSDQH pois Ele vos dá o ensinador da justiça.

Agora vemos como está na tradução de Lutero (ed. 1984) e na Einheitsübersetzung:

A tradução de Lutero escreve: "der euch gnädigen Regen gibt" [que vos dá chuva graciosa] e a Einheitsübersetzung: "pois vos dá alimento como está reto".

Como vem a ser que recebemos em um único texto três traduções totalmente diferentes? A falha está na tradução do substantivo MORH 60.[moreh]. Este pode significar tanto "ensinador" [professor], "atirador de flecha" como também "primeira chuva". Uma interpretação com sentido desse texto hebraico só pode acontecer quando o pusermos no seu contexto lingüista e cultural. Nesse texto, "moreh" se encontra duas vezes, uma como HMORH LtSDQH [hamoreh letsedaqa] e uma vez como GSM MORH VMAL QOS [geshem moreh vemalkosh]. No último trecho não há dúvida. GSM significa chuva. No contexto bíblico, MORH.[moreh] está sendo posto em ligação também com primeira chuva e ML QOS [malkosh] com chuva tardia. Retamente traduzido: e faz-vos descer primeira chuva (chuva de outono) e chuva tardia (chuva de primavera). Nisso também a maioria dos tradutores concorda.

Totalmente diferente chega a ser na tradução de HMORH LtSDQH (hamoreh letsedaka). Está sendo traduzido na tradução de Lutero (1964/1984) com "chuva graciosa". Também o conceito "tsedaka" tem no Judaísmo um alto valor de posição, tem a ver sempre com retidão (tsedek), assim como vem a ser expresso no Salmo 106,31: "isso lhe foi contado para a retidão tSEDAKA [tsedaca] de geração em geração."

Dá expressão sobre o comportamento da pessoa humana que está sendo reconhecido pelo Eterno como reto (justo) e agradável a Ele. Benfeitoria "tsedaka" significa no Judaísmo praticar retidão, não tendo nada a ver com gracioso.

A Einheitsübersetzung: escreve: "Pois Ele vos dá alimento, como é reto." Também a tradução judaica de Leopold Zunz se facilita-o traduzindo: HMORH LtSDQH (hamoreh letsedaka) simplesmente por chuva, deixando o adjetivo tSEDAKA [tsedaca] intangido. O dr. Hermann Menge formula: "Pois vos dá a chuva do outono na medida certa". Só a tradução reformada neerlandesa, tanto de 1967 como também de 1924, escreve: "ensinador para a retidão". Nas traduções alemãs, a gente precisa voltar para trás até depois de 1812. Aqui está sendo traduzido, como achamos, com mais sentido com: "E vós crianças de Sião, regozijai-vos ficando alegras no Senhor, vosso D'us, que vos dá ensinadores para a retidão e vos envia para baixo chuva primeira e chuva tardia, como antes". O ensinador de retidão se refere aos profetas, que estão sendo enviados por D'us para ensinar ao povo o caminho da retidão, respectivamente instruí-lo e, quando o povo escutar as palavras deles e agir conforme a elas, as chuvas primeiras e as chuvas tardias virão no tempo certo.

Mas fica a questão de o quê é que as palavras "mostrar" e "atirar" YRH (yra), os conceitos "ensinador" e "atirador" a ver um com o outro? O conceito MORH.[moreh] significa alguém que ensina o outro, alguém que transmite o aprender, mostrando o caminho. Encontramos o conceito em 2Crônicas 15,3: e sem KHN MORH [cohen morêh] Cohen ensinador e sem TORH (Tora)". Ambos os conceitos são derivados do verbo HORA [hora], o que significa ensinar. Por isso, se pode KHN MORH [cohen morêh] também traduzir por "sem sacerdote ensinador". Mas MORH.[moreh] significa também "atirador" que sabe atirar flechas dirigidas ao alvo. Já temos verificado que a raiz do substantivo TORH (Tora), e com isso também MORH.[moreh], está derivado do verbo YRH (yara), que pode significar "mostrar", mas também "atirar". Por isso, um bom ensinador (professor) é alguém que mostra, não algum caminho, mas alguém que, como um atirador que mostra o caminho orientado ao alvo, um MORH-DRK [moreh-derek] ensinador de caminho, tomando uma função de indicador da direção de caminho.

Com razão, Franz Rosenzweig já acentua: "Para o tradutor há propriamente, não um bem e melhor, mas somente um mal e menos mal". Ou assim como Pinchas Lapide62 o expressou: "Cada tradução pratica substituição, nunca reproduzindo plenamente o som original e o sentido original, pois nenhumas duas línguas são iguais de cobertura (deckungsgleich) na sua semântica." Por uma tradução má, a quintessência se perde.

O dilema mencionado no último lugar a respeito de estratégias demasiadamente rápidas e in-equívocas devia, no contexto dessa discussão, de ligar Tora unilateralmente com lei e também traduzir assim, seja esclarecido por poucas palavras.. A tora precisa, para ser entendida, interpretada e também para ser traduzida no seu sentido dum ensinador sincero, reto, o qual para assim dizer faça a ponte entre o escrito e o a dizer, sem se perder em mal-entendidos e equivocações e, com isso, falsificar.

"A vida está dada por D'us à pessoa humana, e esta mesma a deve formar e preparar. Pelo que executa o reto, 'escolhe a vida', chega a ser o criador da sua existência."

Ele te anunciou, oh pessoa humana, o que é bom! E o quê é que exige o Eterno de ti? Ma só fazer o reto, amar o bom e andar em humildade com o teu D'us! Miquéias 6,8.

Quem almejar retidão e amor, encontra vida e honra. Provérbios 21,21

Provérbios 3,

13: Bem à pessoa humana que encontrou sabedoria, e a pessoa humana que ganhou entendimento!

14: Pois a aquisição dessa é melhor que prata e que ouro o seu ganho.

15: Mais preciosa ela está do que pérolas, e todas as tuas preciosidades não chegam a ela em valor igual.

16: Comprimento de vida a sua direita, na sua esquerda riqueza e honra.

17: Os seus caminhos são caminhos amigáveis, e todas as suas veredas são paz.

18: Uma ávore de vida é ela para que a apanham, e quem nela segura será para ser elogiado feliz.
Eduardo
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