Últimos assuntos
Tópicos mais visitados
Tópicos mais ativos
Sobre o conflito entre Humanismo secular e Teísmo
Página 1 de 1
19032010
Sobre o conflito entre Humanismo secular e Teísmo
CRISTIANISMO TOLERADO, CRISTIANISMO ESVAZIADO
Penso que Sproul foi muito feliz ao identificar o conflito entre Humanismo secular e Teísmo como gravitando em torno da busca pela verdade definitiva – “só pode haver um definitivo”, afirma ele. Com lucidez, ele ainda pondera a respeito da “tolerância entre duas visões de mundo concorrentes”: “Uma nação secular pode escolher ‘tolerar’ o Cristianismo em algum grau enquanto este for visto meramente como a expressão de uma forma de religião humana, mas não pode tolerar as alegações de verdade do mesmo.” [1] Em outras palavras: no caso citado, o Humanismo secular jamais tolera o Cristianismo, mas uma versão inofenciva dele.
O renomado historiador adventista George Knight afirmou que as pessoas procuram uma igreja que se mostre arrogante o suficiente para declarar não apenas que a verdade existe, mas que a possui. Ele relaciona o espírito liberal do protestantismo a partir do século XIX com a perda de membros das igrejas históricas – entre 1965 a 1990, presbiterianos, metodistas e discípulos de Cristo experimentaram um declínio de sua membresia de, respectivamente, 34%, 21% e 50% [2].
Considerando o que foi dito, não chega a estranhar a aparente tolerância que Richard Dawkins exibe em relação àqueles cristãos que aceitam ter Deus dirigido a evolução [3]. Afinal, o Cristianismo que ele tolera é uma versão inofensiva da religião de Jesus, que não compromete em nada o naturalismo de Dawkins, e muito menos reinvindica a verdade definitiva (no caso, sobre a origem da vida no planeta). Parece que muitos religiosos querem garantir a sobrevivência da religião às custas de sua reivindicação de verdade exclusiva e final. Em outras palavras: deixe que o Cristianismo exista como uma ilusão, conquanto ele tenha acesso à sua fatia no mercado.
Um artigo recente corrabora com essa tendência. Tratando sobre o método de interpretação da Bíblia, Júlio Paulo Tavares Zabatiero afirma a “inutilidade da luta” entre os métodos gramático-histórico (que aceita a Bíblia como um livro histórico e inspirado por um Deus que Se revela na História) e o histórico-crítico (que aceita a Bíblia como o produto de uma cultura e apenas como expressão dessa cultura religiosa).
Se tais métodos são tão diferentes, por que a disputa para saber qual o que melhor corresponde à verdade se constituiria “inutilidade”? Para Zabatiero “Não se conseguiu perceber que ambas [as formas de interpretar a Bíblia] não competem necessariamente entre si, mas, sim, ambas contra a ideologia, a ignorância, a ilusão do engano.”
E como a Bíblia deveria, então, ser interpretada? Para o pesquisador, “o sentido é fruto da ação intersubjetiva: o sentido não deve mais ser visto como correspondente à intenção do sujeito [i.e., aos auotres da Bíblia, ou, em última instância, à intenção de Deus], nem ao referente do texto, mas como fruto da interação humana […]”.
Assim, cada indivíduo é livre para trazer sua contribuições, desde que essas sejam “criticamente examinadas”, “livremente apresentadas” e “responsavelmente partilhadas”[4] Logo, a Bíblia deixa de ser o guia para a experiência espiritual, mas a experiência espiritual se torna o guia para interpretar a Bíblia. Uma religiosidade assim difusa, que vise alimentar a experiência dos cristãos, sem impor quaisquer imperativos definidos e definitivos, não passa de um “baixar de guardas” diante do pensamento de nossa época. A conclusão: não importa quais sejam suas crenças religiosas, porque, no fim, nenhuma delas corresponde à verdade mesmo!
Recentemente, visitei uma senhora afastada da igreja. Ela confessou que seu falecido esposo trocara a denominação adventista para se tornar um batista do sétimo dia. Perguntei-lhe se ela percebia os erros teológicos do ex-marido, ao que ela me respondeu: “Bem, eu acho que verdade é aquilo em que uma pessoa acredita”. Tal o espírito de nossa época, que restringe o Cristianismo a uma oferta vazia, insuficiente e sem relevância…
Penso que Sproul foi muito feliz ao identificar o conflito entre Humanismo secular e Teísmo como gravitando em torno da busca pela verdade definitiva – “só pode haver um definitivo”, afirma ele. Com lucidez, ele ainda pondera a respeito da “tolerância entre duas visões de mundo concorrentes”: “Uma nação secular pode escolher ‘tolerar’ o Cristianismo em algum grau enquanto este for visto meramente como a expressão de uma forma de religião humana, mas não pode tolerar as alegações de verdade do mesmo.” [1] Em outras palavras: no caso citado, o Humanismo secular jamais tolera o Cristianismo, mas uma versão inofenciva dele.
O renomado historiador adventista George Knight afirmou que as pessoas procuram uma igreja que se mostre arrogante o suficiente para declarar não apenas que a verdade existe, mas que a possui. Ele relaciona o espírito liberal do protestantismo a partir do século XIX com a perda de membros das igrejas históricas – entre 1965 a 1990, presbiterianos, metodistas e discípulos de Cristo experimentaram um declínio de sua membresia de, respectivamente, 34%, 21% e 50% [2].
Considerando o que foi dito, não chega a estranhar a aparente tolerância que Richard Dawkins exibe em relação àqueles cristãos que aceitam ter Deus dirigido a evolução [3]. Afinal, o Cristianismo que ele tolera é uma versão inofensiva da religião de Jesus, que não compromete em nada o naturalismo de Dawkins, e muito menos reinvindica a verdade definitiva (no caso, sobre a origem da vida no planeta). Parece que muitos religiosos querem garantir a sobrevivência da religião às custas de sua reivindicação de verdade exclusiva e final. Em outras palavras: deixe que o Cristianismo exista como uma ilusão, conquanto ele tenha acesso à sua fatia no mercado.
Um artigo recente corrabora com essa tendência. Tratando sobre o método de interpretação da Bíblia, Júlio Paulo Tavares Zabatiero afirma a “inutilidade da luta” entre os métodos gramático-histórico (que aceita a Bíblia como um livro histórico e inspirado por um Deus que Se revela na História) e o histórico-crítico (que aceita a Bíblia como o produto de uma cultura e apenas como expressão dessa cultura religiosa).
Se tais métodos são tão diferentes, por que a disputa para saber qual o que melhor corresponde à verdade se constituiria “inutilidade”? Para Zabatiero “Não se conseguiu perceber que ambas [as formas de interpretar a Bíblia] não competem necessariamente entre si, mas, sim, ambas contra a ideologia, a ignorância, a ilusão do engano.”
E como a Bíblia deveria, então, ser interpretada? Para o pesquisador, “o sentido é fruto da ação intersubjetiva: o sentido não deve mais ser visto como correspondente à intenção do sujeito [i.e., aos auotres da Bíblia, ou, em última instância, à intenção de Deus], nem ao referente do texto, mas como fruto da interação humana […]”.
Assim, cada indivíduo é livre para trazer sua contribuições, desde que essas sejam “criticamente examinadas”, “livremente apresentadas” e “responsavelmente partilhadas”[4] Logo, a Bíblia deixa de ser o guia para a experiência espiritual, mas a experiência espiritual se torna o guia para interpretar a Bíblia. Uma religiosidade assim difusa, que vise alimentar a experiência dos cristãos, sem impor quaisquer imperativos definidos e definitivos, não passa de um “baixar de guardas” diante do pensamento de nossa época. A conclusão: não importa quais sejam suas crenças religiosas, porque, no fim, nenhuma delas corresponde à verdade mesmo!
Recentemente, visitei uma senhora afastada da igreja. Ela confessou que seu falecido esposo trocara a denominação adventista para se tornar um batista do sétimo dia. Perguntei-lhe se ela percebia os erros teológicos do ex-marido, ao que ela me respondeu: “Bem, eu acho que verdade é aquilo em que uma pessoa acredita”. Tal o espírito de nossa época, que restringe o Cristianismo a uma oferta vazia, insuficiente e sem relevância…
Veja também:
A misericórdia ilusória da crença
Pós-modernidade à luz de 2 Pedro 3
O teto que se fecha sobre nós
A verdade ou a vida (parte 1 e 2)
A verdade ou a vida (parte 1 e 2)
[1] R. C. Sproul, Sola Gracia: A controvérsia sobre o libre-arbítrio na História (São Paulo, SP: Editora Cultura Cristã, 2001), p. 14.
[2] George Knight, em palestra proferida no concílio via satélite, em 2 de Março de 2010.
[3] Veja o prefácio de O maior espetáculo da Terra: as evidências da Evolução (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2009).
[4] Júlio Paulo Tavares Zabatiero, Renovando a leitura da Bíblia na sociedade pós-moderna, em João Cesário Leonel Ferreira e Silas Luiz de Souza (ed.) Revista Teológica do Seminário Presbiteriano do Sul (Campinas, SP: Janeiro-Dezembro 2008), vol. 68, no 65/66, pp. 73, 74, 77, 76.
[2] George Knight, em palestra proferida no concílio via satélite, em 2 de Março de 2010.
[3] Veja o prefácio de O maior espetáculo da Terra: as evidências da Evolução (São Paulo, SP: Companhia das Letras, 2009).
[4] Júlio Paulo Tavares Zabatiero, Renovando a leitura da Bíblia na sociedade pós-moderna, em João Cesário Leonel Ferreira e Silas Luiz de Souza (ed.) Revista Teológica do Seminário Presbiteriano do Sul (Campinas, SP: Janeiro-Dezembro 2008), vol. 68, no 65/66, pp. 73, 74, 77, 76.
Carlstadt- Administrador
- Mensagens : 1031
Idade : 48
Inscrição : 19/04/2008
Tópicos semelhantes
» Alvin Plantinga comenta o falso conflito entre Ciência e Religião
» Um inédito e aprofundado estudo sobre a relação entre a lei e a fé..
» Obsolescência Acadêmica do Teísmo?
» Debate entre dois pastores evangélicos sobre Deuteronòmio 22: 28-29
» O Teísmo de Jean- Jacques Rousseau
» Um inédito e aprofundado estudo sobre a relação entre a lei e a fé..
» Obsolescência Acadêmica do Teísmo?
» Debate entre dois pastores evangélicos sobre Deuteronòmio 22: 28-29
» O Teísmo de Jean- Jacques Rousseau
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos
Dom Fev 19, 2017 7:48 pm por Augusto
» Acordem adventistas...
Ter Fev 07, 2017 8:37 pm por Augusto
» O que Vestir Para Ir à Igreja?
Qui Dez 01, 2016 7:46 pm por Augusto
» Ir para o céu?
Qui Nov 17, 2016 7:40 pm por Augusto
» Chat do Forum
Sáb Ago 27, 2016 10:51 pm por Edgardst
» TV Novo Tempo...
Qua Ago 24, 2016 8:40 pm por Augusto
» Lutas de MMA são usadas como estratégia por Igreja Evangélica para atrair mais fiéis
Dom Ago 21, 2016 10:12 am por Augusto
» Lew Wallace, autor do célebre livro «Ben-Hur», converteu-se quando o escrevia
Seg Ago 15, 2016 7:00 pm por Eduardo
» Ex-pastor evangélico é batizado no Pará
Qua Jul 27, 2016 10:00 am por Eduardo
» Citações de Ellen White sobre a Vida em Outros Planetas Não Caídos em Pecado
Ter Jul 26, 2016 9:29 pm por Eduardo
» Viagem ao Sobrenatural - Roger Morneau
Dom Jul 24, 2016 6:52 pm por Eduardo
» As aparições de Jesus após sua morte não poderiam ter sido alucinações?
Sáb Jul 23, 2016 4:04 pm por Eduardo