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Por que não sou dispensacionalista
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08122011
Por que não sou dispensacionalista
Em se tratando de estudo sobre escatologia, quando se fala em amilenismo, pré-milenismo, histórico ou dispensacionalista e pós-milenismo, o que eu sei é que não sou “dispensacionalista”, pela simples convicção essencial acerca da total impossibilidade humana de criar um roteiro para a volta de Cristo. Assim, eu digo: não sei nada sobre o roteiro da volta de Jesus. Mas sei que ELE VAI VOLTAR! Quero, todavia, deixar claro que creio que Jesus pode voltar Hoje. Tudo o que diz respeito a Deus acontece num dia Chamado Hoje. É como um ladrão de noite!
Apesar de muitos considerarem que o dispensacionalismo os ajudou a entender o intricado mapa escatológico da Bíblia. Me lembro de ler o livro de Lawrence Olson, “O plano divino através dos séculos”, juntamente com aquele famoso mapa, do gênese ao apocalipse. Segundo o Conciso Dicionário de Teologia Cristã, "dispensacionalismo é um sistema de interpretação bíblica e teológica que divide a ação de Deus na história em diferentes períodos que são por ele administrados em bases diferentes. Envolve uma interpretação literal da Escritura, uma distinção entre Israel e a Igreja e um a escatologia pré-milenista e pré-tribulacionista".
Essa definição acima já não responde a algumas das divisões que o Dispensacionalismo tem sofrido. Hoje há o conceito de “Dispensacionalismo Progressivo”, com revisão dos conceitos clássicos da divisão dispensacionalista entre Israel e a Igreja e a divisão há história em dispensações. Outra corrente é a do “ultra-dispensacionalismo”, visão literalista das Escrituras, onde quer achar respostas proféticas na Bíblia para todos os fenômenos que acontecem no mundo, uma espécie de “Cabala Gospel”.
Acredito que é preciso rever biblicamente essa dicotomia Israel X Igreja, embora creio que Israel ainda tem um papel escatológico. Dividir a história em dispensações é algo sem respaldo bíblico, sendo muita simplificação para tratar a revelação de Deus aos homens.
É possível ser milenista sem ser dispensacionalista, como é o caso do Dr. Russel Shedd. Nem todos teólogos pentecostais, são dispensacionalistas, por exemplo Stanley M. Horton.
A nossa espiritualidade é sadia, se ela faz da história, uma só história. Isso porque nós conseguimos esquizofrenizar a história. Temos a história religiosa, a história da igreja; temos a historia da salvação e assim por diante. E nessa “policotomia” histórica, fazemos eleição daquela que mais nos interessa. Se o indivíduo é extremamente individualista, ele diz: “A mim só importa a história da salvação”. Pode, então, o mundo estar se arrebentando; ele quer é fazer estatística de quantos estão levantando a mão. Se ele faz uma opção um pouquinho mais abrangente, ele estuda a história da igreja. São aqueles que dizem: “Só me interessa a história da igreja. Inclusive, acho interessante termos deputados federais evangélicos no Congresso Nacional, para defender as causas de liberdade religiosa”. Nesse caso o que a ele interessa, é o que a Igreja interessa. Não importam os miseráveis, a desgraça dos outros – “isso faz parte de uma história que não é nossa, a nossa é a da igreja”, chegam a dizer. Se ele tem uma visão um pouquinho mais ampla, ele se interessa pela história das religiões. Aí, ele já é considerado um teólogo liberal, de visão ecumênica.
Mas, se ele é um cristão que vive uma espiritualidade integral, ele não “dispensacionaliza” a história, não a secciona, não a “dicotomiza”, “tricotomiza” e “policotomiza”. Conserva-se uma só história. Veja a passagem bíblica da transfiguração de Jesus em Mateus 17. Não há lugar para o dispensacionalismo, nem para o seccionamento da história: a Lei está presente, e falando da cruz. Não é lá que Moisés está? A profecia está presente e falando da cruz. Não é lá que Elias está? A Igreja está presente, e ouvindo a mensagem da cruz, através de Pedro, Tiago e João, que estão lá.
Onde é que há dispensacionalismo aqui? Onde é que acaba a lei, começa a profecia, começa a igreja – Agora ficar naquela conversa de “Deus não fala com estes, não pode falar com aqueles, não se mistura com aqueles outros...” O que é isso? A história é uma só! Deus não divide seus projetos em fases, departamentalísticamente falando, absolutamente fechadas e setorizadas. Deus é o Deus da totalidade. E importa a ele toda a história. Ele não se importa apenas com Israel, em um certo momento, ou não se importa em outro, apenas com a igreja. Deus é o Deus da História.
Israel só é diferente do Brasil, como nação, no que se refere ao conselho total de Deus para a História. “A eles foram confiados os oráculos divinos”, referindo aos judeus, diz Romanos 3. Mas diante de Deus, o judeu é igual ao queniano. A pregação pela fé é primeiro para o judeu e depois para o grego, se creram. Mas o capítulo 2, verso nove, de Romanos, diz: “também tribulação e angústia e aflição vêm sobre a alma de todo homem; primeiro do judeu, depois do grego”. Homem é homem, em qualquer lugar. País é país, em qualquer lugar.
Amós, no capítulo 9, verso 7, diz que não foi apenas Israel que teve um êxodo patrocinado por Deus; que os filisteus tiveram o êxodo deles; que os etíopes tiveram o êxodo deles. O profeta pergunta: “Vocês estão cheios de jactância, pensando que o único ato libertário social de Deus na História foi a favor de vocês?” Não, Deus não está preso e circunscrito às fronteiras de Israel; Deus é Deus, libertador da História. Até os filisteus tiveram êxodo; tantos outros tiveram um êxodo; e foram êxodo; e foram êxodos que o Senhor promoveu, que o Senhor criou.
Aqui, na transformação, a história é uma só. Os dispensacionalismos e os seccionamentos acabam. Moisés, Elias, Pedro, Tiago e João; Lei, profecia e igreja; estão todos juntos, apontando em uma só direção: a cruz e a salvação de Deus para todos os povos, para todas as nações, para todas as línguas da terra.
Dispensacionalismo
ORIGEM E DIVULGAÇÃO
O movimento chamado de dispensacionalismo surgiu em meados do século passado na Inglaterra, através do grupo que levou o nome de Irmãos ou Irmãos de Plymouth, por ter nesta cidade seu quartel general. Seu principal expoente foi John Nelson Darby (1800-1882), um irlandês que, insatisfeito com a Igreja Anglicana, da qual era ministro (cura), juntou-se ao grupo dos Irmãos em 1827. Por volta de 1830 Darby já era o principal líder dos Irmãos, dada a sua capacidade de organização e a sua proficiência em escrever.
I. Características Principais Desse Grupo:
a) Ênfase dada às reuniões semanais de estudo bíblicos e celebração da Ceia do Senhor, associada a um desprezo por qualquer tipo de organização denominacional ou forma de culto. Os Irmãos rejeitavam qualquer sistema clerical ou de classe ministerial, insistindo que estavam regressando à forma simples de culto e governo eclesiástico dos apóstolos.
b) Embora não fosse o tema principal no começo, não tardou para que a doutrina da volta de Cristo ocupasse o centro dos estudos e, com ela, surgisse com grande ímpeto o desenvolvimento de um novo modelo de interpretação bíblica. Darby e seus seguidores passaram a alardear que haviam “redescoberto verdades” que foram desconhecidas ao longo de toda a história, desde os dias apostólicos, as quais teriam ficado à margem do ensino tradicional do Cristianismo histórico. Fazia parte desse novo modelo àquilo que passou a ser chamado até hoje, nos círculos dispensacionalistas, de “interpretação literal das profecias” e de que devemos também nos ocupar neste trabalho.
II. A Propagação em Relação ao Dispensacionalismo:
Esse novo modo de interpretação bíblica, especialmente de profecias, ganhou popularidade rapidamente nos círculos evangélicos, graças ao grande trabalho de divulgação que dele foi feito pelo próprio Darby e por seus seguidores, e graças, principalmente, ao grande volume de livros, panfletos e artigos sobre o assunto que foram, desde então, escritos e ainda continuam sendo. Grandes movimentos, como o das Conferências Evangelísticas de Dwight L. Moody, eram virtualmente controlados por dispensacionalistas. A escola fundada por Moody, que passou a chamar-se Instituto Bíblico Moody, assim como diversas outras escolas teológicas, como o atual Seminário Teológico de Dallas, passaram a ser verdadeiros centros de doutrinação dispensacionalistas, nos Estados Unidos.
O mesmo se dá hoje no Brasil, especialmente com os institutos bíblicos chamados de interdenominacionais, de modo geral. Outro fator que muito contribuiu para a difusão do pensamento dispensacionalistas foi à publicação da chamada Bíblia de Referência de Scofield, em 1909, a qual já vendeu mais de dois milhões de cópias desde então. A Bíblia de Scofield ou, mais corretamente, a Bíblia de Referência de Scofield é, na verdade, uma edição da Versão King James, com anotações feitas por Scofield, na linha de interpretação dispensacionalistas.
William E. Cox afirma que “o pai do dispensacionalismo, Darby, assim como seus ensinos, provavelmente não seriam conhecidos hoje, não fosse por seu devoto seguidor, Scofield”.
Cyrus Ingerson Scofield (1843 - 1921) nasceu nos Estados Unidos (morreu aos 78 anos) e foi, até sua conversão em 1879 (36 anos), advogado e político. Três anos após sua conversão foi ordenado ministro congregacional, sem qualquer formação teológica, e foi assim, sem formação teológica, que escreveu sua Bíblia de Referência.
Os estudiosos e historiadores do Cristianismo são unânimes em afirmar que a Bíblia de Scofield trouxe benefícios de uma certa ordem, pois estimulou o interesse pelo estudo bíblico e o respeito pela autoridade da Palavra de Deus, numa época em que a Alta Crítica e a teologia liberal atacavam o Livro Sagrado. Scofield era, de qualquer forma, um conservador, no sentido em que acreditava na inspiração e na inerrância da Bíblia. Mas não resta dúvidas de que trouxe também seríssimos prejuízos à Igreja de Cristo, na medida em que, desviando-se da linha histórica de interpretação bíblica, popularizou e erigiu à posição de quase dogma, em muitos círculos cristãos, uma hermenêutica falha e um conceito falso a respeito do modo de Deus tratar com os homens, a respeito da salvação e, especialmente, a respeito da Igreja de Cristo.
III. O Dispensacionalismo Não Está Ligado a UM Grupo em Particular:
O Dispensacionalismo não se constitui propriamente numa denominação e, embora tenha surgido com os Irmãos, que são hoje um pequeno grupo, não se restringe a eles nem a qualquer denominação, em particular. Há dispensacionalistas hoje em, praticamente, todos os ramos do Protestantismo e até naqueles onde a sua presença representa uma negação de certos princípios doutrinários distintivos, como no caso do Presbiterianismo, por contraditório que possa parecer.
Acreditamos que não há presbiterianos dispensacionalistas, mas certamente há dispensacionalistas presbiterianos. No primeiro caso estamos usando a palavra “presbiteriano” com conotação teológica e, no segundo, com conotação denominacional.
IMPORTANTE: O Dispensacionalismo tem sido geralmente, confundido com o Pré-milenismo, mas não são a mesma coisa. Todo dispensacionalista é, necessariamente, pré-milenista, mas nem todo pré-milenista é necessariamente dispensacionalista.
É preciso dizer, também, que há pelo menos Três Tipos de Dispensacionalismo, com marcantes diferenças entre si:
1. Ultra-Dispensacionalismo, desenvolvido por E. W. Bullinger (1837-1913), que faz distinção entre a “Igreja Apostólica Pentecostal” do livro de Atos e a “Igreja-Mistério Paulina”, das Epístolas da Prisão, que ele chama de “igreja corpo” e “igreja noiva”, respectivamente. Bullinger ainda faz distinção entre essas duas igrejas e a de Mateus 16, que Jesus chamou de “minha igreja” e que, segundo ele, será uma igreja judaica remanescente no futuro. O ultra-dispensacionalismo é, segundo Allis, o método levado ao extremo ou às suas últimas conseqüências. OBS: Para Bullinger há três tipos de igrejas.
2. Dispensacionalismo Clássico: é representado por C. I. Scofield e por Lewis S. Chafer, fundador do Seminário de Dallas, e segundo o qual o plano de Deus para com Israel é puramente terreno e para com a Igreja, celestial; há dois modos de salvação (obras no VT e fé no NT) e, segundo Chafer, dois Novos Pactos. Este foi o tipo de dispensacionalismo que prevaleceu desde o século passado até meados deste (1800 a 1950).
3. Neo-Dispensacionalismo: é agora defendido por homens como Charles C. Ryrie, John F. Walvoord e J. Dwight Pentecost, segundo o qual Israel e a Igreja se ajuntarão após o milênio; há um só modo de salvação em ambos os Testamentos (fé) e um só Pacto. É a linha atual do Seminário de Dallas.
IV. As Sete (oito) Dispensações:
Aliás, vem daí, desse ensino, o termo “dispensacionalismo” pelo qual o sistema é conhecido. Embora a palavra “dispensação” signifique literalmente “administração” ou “mordomia” derivada de – oikonomia Ef. 3:2), ela é empregada pelos dispensacionalistas para designar:
“Um período de tempo durante o qual o homem é testado quanto à sua obediência a alguma revelação específica da vontade de Deus”, segundo a própria definição de Scofield (que é a mesma do “Dicionário Aurélio”). É dito que cada uma dessas dispensações termina com o fracasso humano e o inevitável juízo de Deus. Diz Scofield:
Esses períodos se distinguem nas Escrituras por uma mudança no método divino de tratar a humanidade, ou parte dela, no que se refere a estas duas grandes verdades: pecado e responsabilidade humana. Cada Dispensação pode ser considerada como uma prova para o homem natural e termina sempre em juízo, demonstrando assim o seu completo fracasso. Cinco dessas dispensações, ou períodos de tempo, já se consumaram. Estamos vivendo na sexta, cujo término, segundo tudo faz crer, está para breve. A sétima, ou a última, ficará para o futuro - É o Milênio.
V. As Chamadas Dispensações São as Seguintes:
1ª) Da Inocência, que começou com a criação de Adão, e terminou com a sua expulsão do Éden;
2ª) Da Consciência, que começou com a expulsão do Jardim (consciência do bem e do mal) e terminou com o dilúvio;
3ª) Do Governo Humano, que começou com o dilúvio e terminou com a confusão das línguas;
4ª) Da Promessa, que começou com Abraão e terminou com a escravidão no Egito;
5ª) Da Lei, que começou no Sinai e terminou com a expulsão de Israel e Judá da terra de Canaã;
6ª) Da Graça, a atual, que começou com a morte de Cristo e terminará com o arrebatamento da Igreja;
7ª) Do Reino, que começará com a Segunda Vinda de Cristo e terminará com o juízo do Grande Trono Branco - é também chamada de Dispensação do Milênio.
VI. A Hermenêutica Dispensacionalista:
a) Em Relação à Salvação Durante os Períodos: Vetero e Neo-Testamentário:
Este é um dos pontos mais delicados do sistema dispensacionalista e aquele em que tem havido mais hesitação e duplicidade. Embora neguem que o sistema ensine a salvação à parte da fé, não se pode deixar de entender isso nas declarações de seus expositores, pelo menos os do dispensacionalismo clássico. Há até quem alegue que as sete dispensações acabam criando sete diferentes planos de salvação. A rígida distinção entre Israel e Igreja e lei e graça leva o dispensacionalista a conclusões indesejáveis, mas inevitáveis, no que diz respeito ao modo de salvação.
Embora dispensacionalistas atuais reclamem que os críticos desse sistema são injustos ao atribuir-lhe dois diferentes modos de salvação, como na seguinte citação de Ryrie feita por Gunn, segundo a qual “nem os mais antigos nem os mais novos dispensacionalistas ensinam dois modos de salvação, e não é justo tentar fazê-los ensinar assim repetimos:- não se pode entender de outra forma as palavras de L. S. Chafer, (Ryrie foi aluno de Chafer no Seminário de Dallas) que passamos a citar”:
Deve-se observar aqui uma distinção entre os homens justos do Velho Testamento e os justificados de acordo com o Novo Testamento. De acordo com o Velho Testamento, os homens eram justos porque eram verdadeiros e fiéis na guarda da Lei Mosaica. Os homens eram, portanto, justos por causa de suas próprias obras para com Deus, ao passo que a justificação do Novo Testamento é a obra de Deus para com o homem, em resposta à fé (Rom. 5: 1).
Os ensinos do reino, como a Lei de Moisés, são baseados em um pacto de obras. Os ensinos da graça, por outro lado, são baseados num pacto de fé. Em um dos casos, a justiça é requerida; no outro, ela é provida, quer imputada e comunicada ou, então, operada interiormente (infundida). Uma é uma bênção a ser conferida por causa de uma vida perfeita, a outra é uma vida a ser vivida por causa de uma bênção perfeita já recebida.
Bem antes de Chafer, Scofield já havia escrito em sua “Bíblia Anotada” as seguintes palavras: “Como uma dispensação, a graça começa com a morte e ressurreição de Cristo. O ponto de teste não é mais a obediência legal como à condição de salvação, mas a aceitação ou rejeição de Cristo, com as boas obras como fruto da salvação”.
A dedução lógica extraída desta afirmação é de que, antes da “Graça” as pessoas eram salvas pela obediência à lei, mas agora, pela aceitação de Cristo. A expressão “não é mais” indica que antes o era, no entender de Scofield.
Perguntas Para os Dispensacionalistas:
1. Se a salvação era alcançada através da obediência a Lei, e muitos foram salvos por obedecer a Lei, qual a necessidade de haver uma nova dispensação? E outra, qual a necessidade da vinda de Cristo?
2. Se o homem no seu estado original, ou seja, no seu estado perfeito pecou, qual sentido faz esse homem caído continuar a ser testado? (Pois não é este o propósito das dispensações?)
3. É certo que alguns dispensacionalistas já admitem que os crentes do V.T., foram salvos pela Graça. Mas, isto não seria contraditório, já que a Graça segundo eles mesmos só aparecem a partir do N.T.?
4. Na concepção Reformada todos os salvos, em todas as Épocas, quer passada, presente ou futura, são somente em Cristo (Lc.24: 13-35). No V.T., os sacrifícios já representavam Cristo. Em nenhum lugar das Escrituras fala de alguém que foi salvo porque cumpriu com a Lei. Isto significa que a para alguém ser salvo, necessariamente houve a Graça por parte de Deus, assim também, hoje ainda há a Lei de Deus.
b) O Conceito de Israel e Igreja:
1. O texto de I Cor. 10: 32 diz: “Não vos torneis causa de tropeço nem para judeu, nem para gentios, nem tão pouco para a igreja de Deus”.
A simples menção de três grupos aí é suficiente para um dispensacionalista concluir que a própria Bíblia divide a humanidade em três partes distintas e se dirige a essas partes (grupos) separadamente, de maneira sistemática, e que esse texto fornece a “chave para todo estudo e interpretação da Bíblia”.
“Manejar bem a palavra da verdade” (II Tim. 2:5), conforme a interpretação dispensacionalista, é estudar a Bíblia desta maneira, dispensacionalmente. M. R. DeHaan, um pregador de rádio que muito contribuiu para a divulgação desse sistema nos Estados Unidos, relacionou MANEJAR com Cortar de Maneira Correta, e relacionou o termo aos sacrifícios do Antigo Testamento.
:
Quando o ofertante trazia um cordeiro ou outro sacrifício qualquer, o mesmo era dividido em três partes (exceto no caso da oferta queimada, que era posta inteira sobre o altar). Uma parte era oferecida a Deus, outra parte era oferecida àquele que trouxera a oferta, enquanto que a terceira partilha cabia ao sacerdote. É dessa prática que foi emprestada a expressão “que maneja bem”. Significa simplesmente, dar a cada qual o que lhe pertence de direito. Ora, no estudo da Bíblia você deve ser muito cauteloso em dar à Igreja aquilo que pertence ao Corpo de Cristo, a Israel aquilo que pertence a Israel, e aos gentios aquilo que pertence aos gentios. Assim como o sacrifício era dividido ou cortado em três partes, também a Bíblia informa-nos que existem três espécies de povos neste mundo na presente dispensação.
Analisando esse sistema de interpretação, William E. Cox diz que alguém que tomasse cada versículo da Bíblia e o atribuísse a uma dessas três categorias - judeu gentio e cristão, e publicasse a Bíblia em três seções separadas, estaria prestando um serviço valioso, se esse fosse o método correto de se manejar (dividir) bem a Palavra de Deus.
INFELIZMENTE, noto que todos os livros de Historia da Igreja, relatam o inicio da Igreja a partir do livro de Atos, ou seja, após o Pentecostes. Todavia, na concepção Reformada a Igreja é fruto desde a criação. Isso não significa que todos os autores são dispensacionalistas, mas, penso que os mesmos deveriam trazer pelo menos uma nota de roda pé, mostrando a concepção reformada em relação à concepção que a mesma tem do inicio da Igreja.
__________________________
Rev. José Roberto de Souza é Pastor da Igreja Presbiteriana do Ibura, Recife/PE;Professor e Coord. do Departamento de História da Igreja no Seminário Presbiteriano do Norte (SPN); Especialista em História da Religião e da Arte (UFRPE); Mestrando em Teologia e História.
Extraído do site: http://www.eleitosdedeus.org/dispensacionalismo/dispensacionalismo-jose-roberto.html#IDComment138885566#ixzz1IK1IqMdn
Erros Adicionais do Dispensacionalismo
por Rev. Ronald Hanko
Mencionamos anteriormente o que cremos ser os erros principais do dispensacionalismo. Outros erros são os seguintes:
A separação de Israel e a Igreja feita pelo dispensacionalismo. Um dos fundamentos do dispensacionalismo é que Israel é Israel, e a Igreja é a Igreja, e nunca os dois podem ser confundidos. Isto é contrário ao ensino da Escritura de que o “Israel” do Antigo Testamento, tanto natural como espiritualmente, é a Igreja (Rm. 2:28-29). Em Atos 7:38 Israel é chamado de “a igreja no deserto.” Em Hebreus 12:22-24, Jerusalém e Sião são identificados com a Igreja (veja também Gl. 3:29 e Fp. 3:3). Em Apocalipse 2:9-10, a noiva, a esposa do Cordeiro, é identificada com a santa Jerusalém.
A separação no dispensacionalismo entre a obra de Cristo em favor dos judeus e sua obra em favor da Igreja. O dispensacionalismo ensina que Cristo é o Rei de Israel, mas o Cabeça da Igreja. As notas da Bíblia de Estudo Scofield ensinam até mesmo que o povo do Antigo Testamento foi salvo de outra forma que não pela fé na obra expiatória de Cristo e que Deus tem mais de um plano de salvação. Isto é contrário ao claro ensino da Escritura que Cristo é o mesmo Salvador, tanto no Antigo como no Novo Testamento (Gl. 3:28-29; 1Tm. 2:5-6; Hb. 11:6).
A exclusão dos santos do Antigo Testamento do “corpo” e da “noiva” de Cristo feita pelo dispensacionalismo. Isso procede, certamente, da separação que ele faz entre Israel e a Igreja, e entre a relação de Cristo para com Israel como Rei, e para com a Igreja como Cabeça. Mas tal ensino também é contrário à Escritura, que inclui os santos do Antigo Testamento “na família da fé” e numera-os no corpo e noiva de Cristo (Ef. 2:11-18, especialmente v. 16, que fala do fato que judeus e gentios foram reconciliados “em um corpo”; Ap. 21:9-10, onde “a noiva, a esposa do Cordeiro” é identificada com a santa Jerusalém).
O ensino do dispensacionalismo que o Espírito Santo será retirado da terra durante o período de sete anos entre o rapto e a revelação. Durante este período os judeus supostamente serão salvos e trazidos à fé em Cristo sem as operações soberanas e graciosas do Espírito Santo. Isto, também, é contrário ao ensino da Escritura de que a fé é o dom de Deus através do Espírito Santo, e é contrário também ao ensino bíblico de que a regeneração, ou o novo nascimento, que é essencial para a salvação, é obra exclusiva do Espírito (Jo. 3:3-8; Ef. 2:8).
O ensino do dispensacionalismo com respeito ao assim chamado “mistério” da Igreja. O dispensacionalismo clássico ensina que a história da Igreja no Novo Testamento é um “parêntese” e que a própria Igreja é um mistério nunca mencionado no Antigo Testamento. Isto contradiz o ensino da Escritura, que não somente profetiza a Igreja, mas realmente vê o Israel verdadeiro como a Igreja e a Igreja como Israel. Em Atos 15:13ss, Tiago aplica uma profecia do Antigo Testamento com respeito à Israel para o estabelecimento das igrejas gentílicas do Novo Testamento (compare isto com Atos 7:38). Da mesma forma, a Igreja não é vista na Escritura como um “parêntese,” mas como o objetivo e propósito de toda a obra de Deus na história. Ela é “a plenitude daquele que a tudo enche em todas as coisas.” (Ef. 1:22-23), a “igreja gloriosa” que ele apresenta a si mesmo por toda a sua obra salvadora (Ef. 5:25-27).
Por todas estas razões, o dispensacionalismo deve ser rejeitado.
Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko, Reformed Free Publishing Association, pp. 301-302.
Tradução: Felipe Sabino
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