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Jesus não foi um personagem histórico ? Dali-Cruxificacao
Por Clay Jones (*)

Primeiramente, e eu não posso enfatizar este pensamento, a noção de que Jesus não foi uma personagem histórica, mas apenas uma reciclagem de antigos mitos, constitui a falácia post hoc ergo propter hoc (depois disto, então por causa disto). Apenas porque algo segue de forma cronológica outra coisa, isto não implica que necessariamente aquilo que o precedeu é sua causa. Por exemplo, se alguém disser “toda vez que levamos Maria ao parque chove; então não levaremos mais Maria ao parque”, ele estaria cometendo a falácia post hoc. Semelhantemente, mesmo que houver cenas paralelas que antecedam a vida de Jesus (as quais não existem), isto não significa necessariamente que aqueles outros mitos foram a causa da crença a respeito de Jesus. Ao contrário, a evidência para a vida de Jesus deve ser examinada em seus próprios méritos.

Segundo, esta ideia está historicamente errada desde o começo. Tryggve N. D. Mettinger em The Riddle of the Resurrection: “Dying and Rising Gods” in the Ancient Near East [O enigma da Ressurreição: “Morte e ressurreição dos deuses” no Antigo Oriente Próximo] escreveu: “Não há, pelo menos que eu saiba , nenhuma evidencia prima facie [à primeira vista] de que a morte e a ressurreição de Jesus seja uma construção mitológica, calcada nos mitos e ritos de morte e ressurreição de deuses ao redor do mundo.” [1]

Eu então menciono especificamente dois deuses que ela [a repórter que consultou Clay Jones] tinha apresentado em um artigo prévio – Krishna e Mithras. Sobre a suposta ressurreição de Krishna, o apologista Mike Licona escreveu o seguinte:

O que Ms. Murdock’s [AKA, Acharya S], afirma sobre Krishna é tão similar a Jesus que o Cristianismo deveria ter copiado do Hinduísmo? Dr. Edwin Bryant, Professor de Hinduismo na Rutgers University é um estudioso em Hinduismo.

Por ocasião da escrita deste paper, ele tinha justamente traduzido o Bagavata-Purana (vida de Krishna) para Penguin World Classics e está atualmente escrevendo um livro que será intitulado A busca pelo Krishna histórico.

Quando eu o informei que Ms. Murdock escreveu um artigo afirmando que Krishna fora crucificado, ele respondeu “que isto é um absoluto e completo non-sense. Não há absolutamente nenhuma menção em qualquer parte que aluda à cruxifixão.” Ele também acrescentou que Krishna foi morto por uma flecha de um caçador, que acidentalmente o acertou no calcanhar. Ele morreu e ascendeu. Isto não é uma ressurreição. Os sábios que foram lá até ele não puderam realmente vê-lo. [2]

Observando Mithras morrendo e sendo levantado, Günter Wagner escreveu: “Mithras não pertence aos deuses mortos e ressurretos, e nenhuma morte e ressurreição ritual têm sido associadas com seu culto em algum tempo. Além disso, levando em conta seu desenvolvimento tardio, não há dúvidas de que o culto a Mithras não influenciou o Cristianismo primitivo.” [3]

Terceiro, há expressivo testemunho extra-bíblico da vida de Jesus. Por exemplo, os romanos suspeitaram que o Imperador Nero teria causado o incêndio que destruiu Roma em 64 d.C. No ano 109 Tacitus escreveu sobre isto:


Consequentemente, para se livrar do falatório, Nero imaginou os culpados e infligiu as mais intensas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamados cristãos pela plebe. Christus, de cujo nome se originaram, sofreu a extrema penalidade durante o reinado de Tiberius sob as mãos de um de nossos procuradores, Pôncio Pilatos. Esta superstição assaz maligna, ainda que suprimida momentaneamente, de novo insurgiu, não somente na Judeia, local de origem do mal, mas em toda Roma, onde todas as coisas repugnantes e vergonhosas de cada parte do mundo encontram seu centro e se tornam populares. Consequentemente, uma sentença foi primeiro ordenada a todos que se revelavam culpáveis; então, por meio de denúncia deles, uma imensa multidão foi aprisionada, não tanto pelo crime de incendiar a cidade, como por serem abomináveis à Humanidade. Zombava-se de cada destino dos que se somavam aos mortos. Cobertos com peles de animais, eles eram despedaçados por cães e morriam, ou eram pregados em cruzes, ou eram queimavam em tochas, servindo como luminárias noturnas, quando a luz solar expirava.” [4]

Aqui Tácito substancia que os cristãos tomaram seu nome de uma personagem histórica chamada Christus que “sofreu a extrema penalidade” durante o reinado de Tiberius, sendo sentenciado por Pôncio Pilatos. E o que a referência à “superstição assaz maligna” poderia ser? Que Jesus ressuscitou dos mortos! Era este testemunho dos primeiros cristãos da ressurreição de Jesus que levou-os a terem seus corpos queimados em sacrifício no coliseu romano.

Quarto, a noção de que Jesus nunca existiu é pregada apenas por extremistas insanos. Eu aponto, a la Gary Habermas, que a devastadora maioria dos estiosos céticos do NT, mesmo aqueles que não se consideram cristãos no todo, consideram Jesus como sendo uma pessoa histórica. Qualquer crente contrário a isto é tolo.

Considere 1 Coríntios 15:3-8:

Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, Segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos doze. Depois disso apareceu a mais de quinhentos irmãos de uma só vez, a maioria dos quais vive, embora alguns já tenham adormecido. Depois apareceu a Tiago e, então, a todos os apóstolos; depois destes apareceu também a mim, como a um que nasceu fora de tempo.

Sobre isso, mesmo o liberal co-fundador do Jesus Seminar, John Dominic Crossan disse que 1 Coríntios foi “escrito em Éfeso no inverno de 53-54 C.E.…” [5] e o estudioso não-cristão do Novo Testamento Gerd Gerd Ludemann escreveu que “nós podemos admitir que todos os elementos na tradição [de 1 Co. 15-8] são datados como sendo dos primeiros dois anos após a crucifixão de Jesus.” [6]

Aqui estão mais algumas citações de estudiosos céticos:

John Dominic Crossan: “Que ele foi crucificado é claro como qualquer outro fato histórico poderia ser.” [7]

Crossan: “Eu tomo isto absolutamente para garantir que Jesus foi crucificado sob Pôncio Pilatos. Seguramente sobre o fato da Crucificação derivar não somente de inverossimilhança que os cristãos poderiam ter inventado, mas também de dois primitivos e independentes testemunhos não-cristãos disto, um judeu de 93-94 C.E. e um romano de 110 ou 120 C.E.” [8]

Gerd Ludemann: “É certo que Jesus foi crucificado em torno do ano 30.” [9]

Ludemann: “O fato de Jesus morrer como consequência da crucificação é indisputável.” [10].

Eu enfatizo que estas pessoas seriam os primeiros estudiosos do rank a poderem descrer de que Jesus ressuscitou dos mortos, mas eles certamente não têm dúvidas de que Jesus viveu de novo!

Ela então me perguntou sobre a ressurreição de Cristo (a qual parecia um pouco fora do assunto) e eu apontei que os primeiros cristãos imediatamente começaram a pregar que Jesus foi ressuscitado logo após Sua crucifixão. Assim, o ateu Michael Martin, em The Case Against Christianity [O caso contra o Cristianismo], escreveu que “é correto que a ressurreição foi proclamada pelos primeiros cristãos.” [11] Além disso, considere as palavras de Gerd Ludemann:

Pode ser tomado como historicamente certo que Pedro e os discípulos tiveram experiências depois da morte de Jesus, nas quais Jesus aparece a eles como o Cristo ressurreto… A única coisa que nós certamente podemos afirmar como sendo histórica é que houve aparições da ressurreição na Galileia (e em Jerusalém) logo após a morte de Jesus. [12]

Desta forma, Bart Ehrman, não-cristão e estudioso do Novo Testamento, escreveu:


Historiadores, evidentemente, não têm dificuldades quaisquer para falar sobre a crença na ressurreição de Jesus, desde que isto seja significativo para um registro público. Por ser um fato histórico que alguns dos seguidores de Jesus vieram a crer que ele tenha ressuscitado da morte logo após sua execução. [13]

Lucas 1:1-4: “Visto que muitos têm empreendido fazer uma narração coordenada dos fatos que entre nós se realizaram, segundo no-los transmitiram os que desde o princípio foram testemunhas oculares e ministros da palavra, também a mim, depois de haver investido tudo cuidadosamente desde o começo, pareceu-me bem, ó excelentíssimo Teófilo, escrever-te uma narração em ordem. para que conheças plenamente a verdade das coisas em que foste instruído.”

Amém.


(*) Clay Jones, D.Min., Professor Assistente de Apologética cristã na Biola University. Este artigo é uma adaptação do texto postado originalmente em no blog do autor.

[1] Tryggve N. D. Mettinger, The Riddle of the Resurrection: “Dying and Rising Gods” in the Ancient Near East (Stockholm: Almqvist &Wiksell, 2001), 221. Veja também Jonathan. Z. Smith: “A história da iniciativa comparativa, revisada nestes capítulos, tem sido a história de uma jornada reponsabilizada como má fé. O interesse [dos céticos] tem raramente sido cognitivo, mas de preferência quase sempre apologético. Deste modo, nenhum outro propósito de comparação tem sido entretecido além da genealogia.” Jonathan. Z. Smith, Drudgery Divine: On the Comparison of Early Christianities and the Religions of Late Antiquity, (Chicago: University of Chicago, 1990), 143.
[2] Mike Licona documentou uma conversa pessoal com Edwin Bryant em “A Refutation of Acharya S’s book, The Christ Conspiracy”, http://www.risenjesus.com/index.php?option=com_content&task=view&id=22&Itemid=109 [Accessed 8-12-2010]. Este é um fabuloso recurso para os que argumentam a respeito de comparações entre Jesus, Krishna e Buda. [3]Günter Wagner, Pauline Baptism and The Pagan Mysteries: The Problem of the Pauline Doctrine of Baptism in Romans VI. 1-11, in the Light of its Religio-Historical “Parallels”, trans. J. P. Smith (Edinburgh: Oliver & Boyd, 1967), 67-68.
[4] http://classics.mit.edu/Tacitus/annals.11.xv.html.
[5] John Dominic Crossan, The Historical Jesus: The life of a Mediterranean Jewish Peasant (New York: HarperCollins, 1991), 427.
[6] Gerd Ludemann, Resurrection of Jesus: History, Experience, Theology (Philadelphia: Fortress Press, 1995), 38.
[7] John Dominic Crossan, Jesus: A Revolutionary Biography (San Francisco: HarperCollins, 1987), 179.
[8] Crossan, The Historical Jesus, 372.
[9] Gerd Ludemann, What Really Happened to Jesus?, trans. John Bowden (Louisville: Westminster John Knox, 1995), 8.
[10] Ludemann, Resurrection of Jesus, 39.
[11] Michael Martin, The Case Against Christianity (Philadelphia: Temple University, 1991), 90.
[12] Ludemann, What Really Happened to Jesus?, 80, 81.
[13] Bart D. Ehrman, Jesus: Apocalyptic Prophet of the New Millennium (Oxford: OUP, 2001), 231.
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