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Fé e Antigo Testamento
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13012012
Fé e Antigo Testamento
VERSO PARA MEMORIZAR: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-Se Ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gl 3:13).
Leituras da semana: Gl 3:1-14; Rm 1:2; 4:3; Gn 15:6; 12:1-3; Lv 17:11; 2Co 5:21
Um garoto havia feito um pequeno barco, todo pintado e preparado com muita beleza. Certa vez, alguém roubou seu barco, e ele estava angustiado. Um dia, ao passar por uma casa de penhores, ele viu seu barco. Com alegria, correu ao dono da casa, e disse: ‘Esse é o meu pequeno barco!’ ‘Não’, disse o homem, ‘ele é meu, porque eu o comprei’. ‘Sim’, disse o garoto, ‘mas ele é meu, porque eu o fiz.’ ‘Bem’, disse o penhorista, ‘se você me pagar dois dólares, pode levá-lo’. Era muito dinheiro para um menino que não tinha um centavo. Em todo caso, ele resolveu comprá-lo. Assim, ele cortou grama, fez todo tipo de trabalhos pequenos, e logo obteve o dinheiro.
“Ele correu até a loja e disse: ‘Eu quero o meu barco.’ Ele entregou o dinheiro e recebeu seu barco. Ele pegou o barco em seus braços, o apertou, o beijou e disse: ‘Amo você, querido barquinho. Você é meu! Você é meu duas vezes. Eu fiz você, e agora eu comprei você.’
“Assim acontece conosco. Em certo sentido, somos duas vezes do Senhor. Ele nos criou, e entramos na casa de penhores do diabo. Então, Jesus veio ao mundo e nos comprou a um terrível custo. Não foi prata nem ouro, mas Seu precioso sangue. Somos do Senhor pela criação e pela redenção” (William Moses Tidwell, Pointed Illustrations [Ilustrações Selecionadas], Kansas City, Missouri: Beacon Hill Press, 1951, p. 97)
Os insensatos gálatas
1. Leia Gálatas 3:1-5. Resuma abaixo o que Paulo está dizendo a eles. Em que sentido podemos estar em perigo de cair na mesma armadilha espiritual, de começar bem e depois cair no legalismo?
Diversas traduções modernas têm tentado captar o sentido das palavras de Paulo no verso 1, sobre os gálatas “insensatos”. A palavra que Paulo usa, em grego, é ainda mais forte do que essa. A palavra é anoetoi, que vem da palavra para mente (nous). Literalmente, significa “estúpido”. Os gálatas não estavam pensando. Paulo não parou por aí: ele disse que, visto que eles estavam agindo de maneira tão insensata, ele queria saber se algum mágico havia lançado um feitiço sobre eles. “Quem os enfeitiçou?” Sua escolha de palavras aqui pode até sugerir que a principal fonte por trás da condição deles era o diabo (2Co 4:4).
O que deixou Paulo tão perplexo sobre a apostasia dos gálatas com relação ao evangelho foi que eles sabiam que a salvação é enraizada na cruz de Cristo. Eles não poderiam ter dúvidas sobre isso. A palavra traduzida como “representado” ou “exposto” (RC, RA) em Gálatas 3:1 significa literalmente “anunciado em cartaz”, ou “retratado”. Era usada para descrever todas as proclamações públicas. Paulo estava dizendo que a cruz era tão importante em sua pregação que os gálatas tinham, com efeito, visto o Cristo crucificado com os olhos da mente (1Co 1:23; 2:2). Em certo sentido, ele estava dizendo que, por suas ações, eles estavam se afastando da cruz.
Então, Paulo comparou a experiência dos gálatas com a forma pela qual eles, no começo, haviam experimentado a fé em Cristo. Para isso, ele fez algumas perguntas retóricas. Como eles haviam recebido o Espírito, ou seja, como eles haviam se tornado cristãos, no começo? E de uma perspectiva ligeiramente diferente, por que Deus havia dado o Espírito? Foi porque eles haviam feito algo para merecê-Lo?
Certamente, não! Em vez disso, foi porque eles haviam acreditado nas boas-novas do que Cristo já havia feito por eles. Tendo começado tão bem, o que faria com que pensassem que então eles tinham que passar a confiar em seu próprio comportamento?
Quantas vezes você pensou: “Estou me saindo muito bem”? “Sou um cristão bastante sólido, não faço isso, não faço aquilo...”? E então, mesmo de maneira sutil, você está pensando que é de algum modo suficientemente bom para ser salvo? O que há de errado com essa situação?
Fundamentado nas Escrituras
Até este ponto do nosso estudo, Paulo defende seu evangelho da justificação pela fé, apelando ao acordo alcançado com os apóstolos em Jerusalém (Gl 2:1-10) e à experiência pessoal dos próprios gálatas (Gl 3:1-5). Começando em Gálatas 3:6, Paulo então se voltou para o testemunho das Escrituras para a confirmação final e principal do seu evangelho. Na verdade, Gálatas 3:6 a 4:31 é composto por argumentos progressivos enraizados nas Escrituras.
2. O que Paulo quis dizer quando escreveu sobre as “Escrituras”, em Gálatas 3:6-8? Rm 1:2; 4:3; 9:17
É importante lembrar que, na época em que Paulo escreveu sua carta aos gálatas não existia o “Novo Testamento”. Paulo foi o primeiro escritor do Novo Testamento. O Evangelho de Marcos provavelmente seja o mais antigo dos quatro evangelhos, mas ele talvez não tivesse sido escrito até por volta do tempo da morte de Paulo (65 d.C), ou seja, cerca de quinze anos depois da carta de Paulo aos gálatas. Assim, quando Paulo se referia às Escrituras, ele tinha em mente apenas o Antigo Testamento.
O Antigo Testamento desempenhou um papel significativo nos ensinamentos de Paulo. Ele não o via como palavras mortas, mas como a autorizada e viva Palavra de Deus. Em 2 Timóteo 3:16 ele escreveu: “Toda a Escritura é inspirada por Deus”. A palavra traduzida por “inspiração” é theopneustos. A primeira parte da palavra (theo) significa “Deus”, enquanto a segunda parte significa “inspirar”.
A Escritura é “inspirada por Deus”. Paulo usou as Escrituras para demonstrar que Jesus é o Messias prometido (Rm 1:2), para dar instrução sobre a vida cristã (Rm 13:8-10), e para provar a validade de seus ensinamentos (Gl 3:8, 9).
É difícil determinar exatamente quantas vezes Paulo cita o Antigo Testamento, mas citações são encontradas em todas as suas cartas, exceto nas menores, Tito e Filemon.
3. Leia atentamente Gálatas 3:6-14. Identifique os trechos do Antigo Testamento citados nesses versos. O que isso nos diz sobre a autoridade que o Antigo Testamento possui?
Você já chegou a pensar que uma parte da Bíblia é mais “inspirada” do que as outras? Diante da afirmação de Paulo em 2 Timóteo 3:16, qual é o perigo de seguir por esse caminho?
Considerado justo
4. Por que Paulo apelou primeiramente a Abraão, ao examinar as Escrituras em busca de confirmação para sua mensagem evangélica? (Gl 3:6).
Abraão é uma figura central no judaísmo. Não somente é o pai do povo judeu, mas os judeus na época de Paulo também o consideravam o modelo de como deveria ser um verdadeiro judeu. Muitos não só acreditavam que sua característica essencial era a obediência, mas que Deus declarou Abraão justo por causa dessa obediência. Afinal, Abraão deixou sua terra natal e sua família, aceitou a circuncisão, e estava disposto até a sacrificar seu filho, conforme a ordem de Deus. Isso é obediência! Insistindo na questão da circuncisão, os oponentes de Paulo certamente utilizaram esses mesmos argumentos.
Paulo, entretanto, respondeu com o mesmo argumento, apelando para Abraão nove vezes em Gálatas, mostrando que o patriarca havia sido um exemplo de fé, e não da observância da lei.
5. O que significa fé creditada (imputada) para justiça? Gn 15:6; Rm 4:3-6, 8-11, 22-24
Ao passo que justificação é uma metáfora tirada do mundo jurídico, a palavra contado ou considerado é uma metáfora tirada do mundo dos negócios. Pode significar “creditar” ou “colocar algo na conta de alguém”. Não é utilizada com referência a Abraão apenas em Gálatas 3:6, mas ocorre outras onze vezes em conexão com o patriarca. Algumas versões da Bíblia a traduzem como contado, considerado, ou imputado.
De acordo com a metáfora de Paulo, o que é colocado em nossa conta é a justiça. A questão é, contudo, em que base Deus nos considera justos? Certamente não pode ser na base da obediência, apesar do que os adversários de Paulo alegavam. Não importa o que eles disseram sobre a obediência de Abraão, as Escrituras dizem que Deus o justificou por causa de sua fé.
A Bíblia é clara: a obediência de Abraão não foi o fundamento de sua justificação; ela foi, em vez disso, o resultado. Ele não fez as coisas que fez a fim de ser justificado; fez porque já havia sido justificado. Justificação conduz à obediência, e não o contrário.
Você não é justificado pelas coisas que faz, mas somente pelo que Cristo fez em seu favor. O que esse fato significa para você? Por que isso é uma notícia tão boa? Como tornar essa verdade parte da sua vida, ou seja, acreditar que se aplica a você, pessoalmente, não importando suas lutas do passado e do presente?
O evangelho no Antigo Testamento
Gálatas 3:8 diz: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos” (Gl 3:8). Paulo escreveu que não somente o evangelho foi pregado a Abraão, mas que foi pregado por Deus; assim, esse foi o verdadeiro evangelho. Mas, quando Deus pregou o evangelho a Abraão? A citação de Paulo de
Gênesis 12:3 indica que ele tinha em mente a aliança que Deus fez com Abraão quando o chamou, em Gênesis 12:1-3.
6. Leia Gênesis 12:1-3. Qual era a natureza da aliança que Deus fez com Abraão?
A base da aliança de Deus com Abraão estava centralizada nas promessas de Deus a ele. Deus fez quatro promessas a Abraão. As promessas de Deus a Abraão são incríveis porque são completamente unilaterais. Deus fez todas as promessas. Abraão não prometeu nada. A maioria das pessoas tenta se relacionar com Deus de modo contrário. Nós geralmente prometemos que O serviremos, somente se Ele, em troca, fizer alguma coisa por nós. Mas isso é legalismo. Deus não pediu que Abraão prometesse nada, mas que aceitasse Suas promessas pela fé. Claro, isso não foi uma decisão fácil, porque Abraão teve que aprender a confiar totalmente em Deus e não em si mesmo (Gn 22). O chamado de Abraão ilustra, portanto, a essência do evangelho, que é salvação pela fé.
Alguns erroneamente concluem que a Bíblia ensina duas formas de salvação. Eles afirmam que, nos tempos do Antigo Testamento, a salvação era fundamentada na guarda dos mandamentos; então, como isso não deu muito certo, Deus aboliu a lei e tornou possível a salvação pela fé. Nada poderia estar mais longe da verdade! Como Paulo escreveu em Gálatas 1:7, há apenas um evangelho.
7. Que outros exemplos você pode encontrar no Antigo Testamento sobre salvação unicamente pela fé? Lv 17:11; Sl 32:1-5; 2Sm 12:1-13; Zc 3:1-4
Muitas vezes ouvimos a expressão “graça barata”. Contudo, essa ideia é incorreta. A graça não é barata, é gratuita (pelo menos para nós). Mas nós a arruinamos, quando pensamos que, por meio de nossas obras, podemos adicionar algo a ela, ou quando pensamos que podemos usá-la como desculpa para o pecado. Em sua própria experiência, para qual desses dois caminhos você está mais inclinado a se dirigir? Como você pode mudar de direção?
Resgatados da maldição (Gl 3:9-14)
Os oponentes de Paulo ficaram, sem dúvida, espantados por suas ousadas palavras em Gálatas 3:10. Eles certamente não pensavam que se achavam sob maldição. Se houvesse alguma coisa para eles, esperavam que fosse uma bênção por sua obediência. No entanto, Paulo foi claro: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las” (Gl 3:10).
Paulo contrastou duas alternativas completamente diferentes: salvação pela fé e salvação pelas obras. As bênçãos e maldições da aliança descritas em Deuteronômio 27 e 28 foram diretas. Aqueles que obedecessem seriam abençoados, e os que desobedecessem seriam amaldiçoados. Isso significa que, se uma pessoa quisesse confiar na obediência à lei para ser aceito por Deus, então toda a lei devia ser guardada. Não temos a liberdade de escolher aquilo que queremos seguir, nem deveríamos supor que Deus esteja disposto a deixar passar alguns erros aqui e ali. É tudo ou nada.
Essa é, naturalmente, a má notícia, não apenas para os gentios, mas também para os adversários legalistas de Paulo, porque “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23, RC). Não importa o ardor com que tentemos ser bons, a lei só pode nos condenar como transgressores.
8. Como Cristo nos libertou da maldição da lei? Gl 3:13; 2Co 5:21
Paulo introduziu outra metáfora para explicar o que Deus fez por nós em Cristo. A palavra redimir significa “comprar de volta”. Ela representa o preço do resgate pago para libertar reféns ou o preço pago para libertar um escravo. Porque o salário do pecado é a morte, a maldição por falhar em guardar a lei é a constante sentença de morte. O resgate pago por nossa salvação não foi insignificante: custou a Deus a vida de Seu próprio Filho (Jo 3:16). Jesus nos resgatou da maldição, tornando-Se nosso portador de pecados (1Co 6:20; 7:23). Ele voluntariamente tomou sobre Si a nossa maldição e sofreu em nosso favor toda a penalidade do pecado (2Co 5:21).
Paulo citou Deuteronômio 21:23 como prova bíblica. Segundo o costume judaico, uma pessoa estava sob a maldição de Deus se, após a execução, o corpo fosse pendurado num madeiro. A morte de Jesus na cruz foi vista como um exemplo dessa maldição (At 5:30; 1Pe 2:24).
Não é de admirar, então, que a cruz tenha sido uma pedra de tropeço para alguns judeus que não podiam conceber a ideia de que o Messias fosse amaldiçoado por Deus. Mas esse foi exatamente o plano de Deus. Sim, o Messias sofreu a maldição; mas ela não era dEle, era nossa!
Estudo adicional
Sobre Cristo como nosso substituto e penhor, foi posta a iniquidade de nós todos. Foi contado como transgressor, a fim de nos redimir da condenação da lei. A culpa de todo descendente de Adão pesava sobre Seu coração. A ira de Deus contra o pecado, a terrível manifestação de Seu desagrado por causa da iniquidade, encheram de consternação a vida de Seu Filho. Em toda a Sua vida, Cristo havia anunciado ao mundo caído as boas-novas da misericórdia do Pai e de Seu amor perdoador. A salvação para o maior pecador fora Seu tema. Mas agora, com o terrível peso de culpa que carregava, não pôde ver a face reconciliadora do Pai. O afastamento do semblante divino, do Salvador, nessa hora de suprema angústia, penetrou Seu coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo homem. Tão grande era essa agonia, que Ele mal sentia a dor física.
“Satanás torturava com cruéis tentações o coração de Jesus. O Salvador não podia enxergar para além dos portais do sepulcro. A esperança não Lhe apresentava Sua saída da sepultura como vencedor, nem Lhe falava da aceitação do sacrifício por parte do Pai. Temia que o pecado fosse tão ofensivo a Deus, que Sua separação houvesse de ser eterna. Cristo sentiu a angústia que há de experimentar o pecador quando não mais a misericórdia interceder pela raça culpada. Foi o sentimento do pecado, trazendo a ira divina sobre Ele, como substituto do homem, que tão amargo tornou o cálice que sorveu, e quebrantou o coração do Filho de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 753).
Perguntas para reflexão
1. Mesmo hoje em nossa igreja, alguns ainda têm dificuldade em aceitar a salvação unicamente pela fé, e que a graça de Deus, por meio de Cristo, nos salva, à parte de nossas obras. O que está por trás dessa hesitação de alguns em aceitar essa verdade fundamental?
2. Paulo falou de maneira muito forte sobre o erro teológico da salvação pelas obras. O que isso nos diz sobre a importância da teologia correta? Por que devemos nos levantar vigorosamente, se necessário, quando o erro está sendo ensinado entre nós?
Resumo: Do início ao fim da vida cristã, a base da nossa salvação é a fé unicamente em Cristo. Foi por causa da fé que Abraão teve nas promessas de Deus que ele foi considerado justo, e esse mesmo dom de justiça está disponível hoje para todo aquele que partilhar da fé que Abraão teve. A única razão pela qual não somos condenados por nossos erros é que Jesus pagou o preço pelos nossos pecados, ao morrer em nosso lugar.
Leituras da semana: Gl 3:1-14; Rm 1:2; 4:3; Gn 15:6; 12:1-3; Lv 17:11; 2Co 5:21
Um garoto havia feito um pequeno barco, todo pintado e preparado com muita beleza. Certa vez, alguém roubou seu barco, e ele estava angustiado. Um dia, ao passar por uma casa de penhores, ele viu seu barco. Com alegria, correu ao dono da casa, e disse: ‘Esse é o meu pequeno barco!’ ‘Não’, disse o homem, ‘ele é meu, porque eu o comprei’. ‘Sim’, disse o garoto, ‘mas ele é meu, porque eu o fiz.’ ‘Bem’, disse o penhorista, ‘se você me pagar dois dólares, pode levá-lo’. Era muito dinheiro para um menino que não tinha um centavo. Em todo caso, ele resolveu comprá-lo. Assim, ele cortou grama, fez todo tipo de trabalhos pequenos, e logo obteve o dinheiro.
“Ele correu até a loja e disse: ‘Eu quero o meu barco.’ Ele entregou o dinheiro e recebeu seu barco. Ele pegou o barco em seus braços, o apertou, o beijou e disse: ‘Amo você, querido barquinho. Você é meu! Você é meu duas vezes. Eu fiz você, e agora eu comprei você.’
“Assim acontece conosco. Em certo sentido, somos duas vezes do Senhor. Ele nos criou, e entramos na casa de penhores do diabo. Então, Jesus veio ao mundo e nos comprou a um terrível custo. Não foi prata nem ouro, mas Seu precioso sangue. Somos do Senhor pela criação e pela redenção” (William Moses Tidwell, Pointed Illustrations [Ilustrações Selecionadas], Kansas City, Missouri: Beacon Hill Press, 1951, p. 97)
Domingo | Ano Bíblico: Lc 9–11 |
Os insensatos gálatas
1. Leia Gálatas 3:1-5. Resuma abaixo o que Paulo está dizendo a eles. Em que sentido podemos estar em perigo de cair na mesma armadilha espiritual, de começar bem e depois cair no legalismo?
Diversas traduções modernas têm tentado captar o sentido das palavras de Paulo no verso 1, sobre os gálatas “insensatos”. A palavra que Paulo usa, em grego, é ainda mais forte do que essa. A palavra é anoetoi, que vem da palavra para mente (nous). Literalmente, significa “estúpido”. Os gálatas não estavam pensando. Paulo não parou por aí: ele disse que, visto que eles estavam agindo de maneira tão insensata, ele queria saber se algum mágico havia lançado um feitiço sobre eles. “Quem os enfeitiçou?” Sua escolha de palavras aqui pode até sugerir que a principal fonte por trás da condição deles era o diabo (2Co 4:4).
O que deixou Paulo tão perplexo sobre a apostasia dos gálatas com relação ao evangelho foi que eles sabiam que a salvação é enraizada na cruz de Cristo. Eles não poderiam ter dúvidas sobre isso. A palavra traduzida como “representado” ou “exposto” (RC, RA) em Gálatas 3:1 significa literalmente “anunciado em cartaz”, ou “retratado”. Era usada para descrever todas as proclamações públicas. Paulo estava dizendo que a cruz era tão importante em sua pregação que os gálatas tinham, com efeito, visto o Cristo crucificado com os olhos da mente (1Co 1:23; 2:2). Em certo sentido, ele estava dizendo que, por suas ações, eles estavam se afastando da cruz.
Então, Paulo comparou a experiência dos gálatas com a forma pela qual eles, no começo, haviam experimentado a fé em Cristo. Para isso, ele fez algumas perguntas retóricas. Como eles haviam recebido o Espírito, ou seja, como eles haviam se tornado cristãos, no começo? E de uma perspectiva ligeiramente diferente, por que Deus havia dado o Espírito? Foi porque eles haviam feito algo para merecê-Lo?
Certamente, não! Em vez disso, foi porque eles haviam acreditado nas boas-novas do que Cristo já havia feito por eles. Tendo começado tão bem, o que faria com que pensassem que então eles tinham que passar a confiar em seu próprio comportamento?
Quantas vezes você pensou: “Estou me saindo muito bem”? “Sou um cristão bastante sólido, não faço isso, não faço aquilo...”? E então, mesmo de maneira sutil, você está pensando que é de algum modo suficientemente bom para ser salvo? O que há de errado com essa situação?
Segunda | Ano Bíblico: Lc 12–14 |
Fundamentado nas Escrituras
Até este ponto do nosso estudo, Paulo defende seu evangelho da justificação pela fé, apelando ao acordo alcançado com os apóstolos em Jerusalém (Gl 2:1-10) e à experiência pessoal dos próprios gálatas (Gl 3:1-5). Começando em Gálatas 3:6, Paulo então se voltou para o testemunho das Escrituras para a confirmação final e principal do seu evangelho. Na verdade, Gálatas 3:6 a 4:31 é composto por argumentos progressivos enraizados nas Escrituras.
2. O que Paulo quis dizer quando escreveu sobre as “Escrituras”, em Gálatas 3:6-8? Rm 1:2; 4:3; 9:17
É importante lembrar que, na época em que Paulo escreveu sua carta aos gálatas não existia o “Novo Testamento”. Paulo foi o primeiro escritor do Novo Testamento. O Evangelho de Marcos provavelmente seja o mais antigo dos quatro evangelhos, mas ele talvez não tivesse sido escrito até por volta do tempo da morte de Paulo (65 d.C), ou seja, cerca de quinze anos depois da carta de Paulo aos gálatas. Assim, quando Paulo se referia às Escrituras, ele tinha em mente apenas o Antigo Testamento.
O Antigo Testamento desempenhou um papel significativo nos ensinamentos de Paulo. Ele não o via como palavras mortas, mas como a autorizada e viva Palavra de Deus. Em 2 Timóteo 3:16 ele escreveu: “Toda a Escritura é inspirada por Deus”. A palavra traduzida por “inspiração” é theopneustos. A primeira parte da palavra (theo) significa “Deus”, enquanto a segunda parte significa “inspirar”.
A Escritura é “inspirada por Deus”. Paulo usou as Escrituras para demonstrar que Jesus é o Messias prometido (Rm 1:2), para dar instrução sobre a vida cristã (Rm 13:8-10), e para provar a validade de seus ensinamentos (Gl 3:8, 9).
É difícil determinar exatamente quantas vezes Paulo cita o Antigo Testamento, mas citações são encontradas em todas as suas cartas, exceto nas menores, Tito e Filemon.
3. Leia atentamente Gálatas 3:6-14. Identifique os trechos do Antigo Testamento citados nesses versos. O que isso nos diz sobre a autoridade que o Antigo Testamento possui?
Você já chegou a pensar que uma parte da Bíblia é mais “inspirada” do que as outras? Diante da afirmação de Paulo em 2 Timóteo 3:16, qual é o perigo de seguir por esse caminho?
Terça | Ano Bíblico: Lc 15–17 |
Considerado justo
4. Por que Paulo apelou primeiramente a Abraão, ao examinar as Escrituras em busca de confirmação para sua mensagem evangélica? (Gl 3:6).
Abraão é uma figura central no judaísmo. Não somente é o pai do povo judeu, mas os judeus na época de Paulo também o consideravam o modelo de como deveria ser um verdadeiro judeu. Muitos não só acreditavam que sua característica essencial era a obediência, mas que Deus declarou Abraão justo por causa dessa obediência. Afinal, Abraão deixou sua terra natal e sua família, aceitou a circuncisão, e estava disposto até a sacrificar seu filho, conforme a ordem de Deus. Isso é obediência! Insistindo na questão da circuncisão, os oponentes de Paulo certamente utilizaram esses mesmos argumentos.
Paulo, entretanto, respondeu com o mesmo argumento, apelando para Abraão nove vezes em Gálatas, mostrando que o patriarca havia sido um exemplo de fé, e não da observância da lei.
5. O que significa fé creditada (imputada) para justiça? Gn 15:6; Rm 4:3-6, 8-11, 22-24
Ao passo que justificação é uma metáfora tirada do mundo jurídico, a palavra contado ou considerado é uma metáfora tirada do mundo dos negócios. Pode significar “creditar” ou “colocar algo na conta de alguém”. Não é utilizada com referência a Abraão apenas em Gálatas 3:6, mas ocorre outras onze vezes em conexão com o patriarca. Algumas versões da Bíblia a traduzem como contado, considerado, ou imputado.
De acordo com a metáfora de Paulo, o que é colocado em nossa conta é a justiça. A questão é, contudo, em que base Deus nos considera justos? Certamente não pode ser na base da obediência, apesar do que os adversários de Paulo alegavam. Não importa o que eles disseram sobre a obediência de Abraão, as Escrituras dizem que Deus o justificou por causa de sua fé.
A Bíblia é clara: a obediência de Abraão não foi o fundamento de sua justificação; ela foi, em vez disso, o resultado. Ele não fez as coisas que fez a fim de ser justificado; fez porque já havia sido justificado. Justificação conduz à obediência, e não o contrário.
Você não é justificado pelas coisas que faz, mas somente pelo que Cristo fez em seu favor. O que esse fato significa para você? Por que isso é uma notícia tão boa? Como tornar essa verdade parte da sua vida, ou seja, acreditar que se aplica a você, pessoalmente, não importando suas lutas do passado e do presente?
Quarta | Ano Bíblico: Lc 18–20 |
O evangelho no Antigo Testamento
Gálatas 3:8 diz: “Ora, tendo a Escritura previsto que Deus justificaria pela fé os gentios, preanunciou o evangelho a Abraão: Em ti, serão abençoados todos os povos” (Gl 3:8). Paulo escreveu que não somente o evangelho foi pregado a Abraão, mas que foi pregado por Deus; assim, esse foi o verdadeiro evangelho. Mas, quando Deus pregou o evangelho a Abraão? A citação de Paulo de
Gênesis 12:3 indica que ele tinha em mente a aliança que Deus fez com Abraão quando o chamou, em Gênesis 12:1-3.
6. Leia Gênesis 12:1-3. Qual era a natureza da aliança que Deus fez com Abraão?
A base da aliança de Deus com Abraão estava centralizada nas promessas de Deus a ele. Deus fez quatro promessas a Abraão. As promessas de Deus a Abraão são incríveis porque são completamente unilaterais. Deus fez todas as promessas. Abraão não prometeu nada. A maioria das pessoas tenta se relacionar com Deus de modo contrário. Nós geralmente prometemos que O serviremos, somente se Ele, em troca, fizer alguma coisa por nós. Mas isso é legalismo. Deus não pediu que Abraão prometesse nada, mas que aceitasse Suas promessas pela fé. Claro, isso não foi uma decisão fácil, porque Abraão teve que aprender a confiar totalmente em Deus e não em si mesmo (Gn 22). O chamado de Abraão ilustra, portanto, a essência do evangelho, que é salvação pela fé.
Alguns erroneamente concluem que a Bíblia ensina duas formas de salvação. Eles afirmam que, nos tempos do Antigo Testamento, a salvação era fundamentada na guarda dos mandamentos; então, como isso não deu muito certo, Deus aboliu a lei e tornou possível a salvação pela fé. Nada poderia estar mais longe da verdade! Como Paulo escreveu em Gálatas 1:7, há apenas um evangelho.
7. Que outros exemplos você pode encontrar no Antigo Testamento sobre salvação unicamente pela fé? Lv 17:11; Sl 32:1-5; 2Sm 12:1-13; Zc 3:1-4
Muitas vezes ouvimos a expressão “graça barata”. Contudo, essa ideia é incorreta. A graça não é barata, é gratuita (pelo menos para nós). Mas nós a arruinamos, quando pensamos que, por meio de nossas obras, podemos adicionar algo a ela, ou quando pensamos que podemos usá-la como desculpa para o pecado. Em sua própria experiência, para qual desses dois caminhos você está mais inclinado a se dirigir? Como você pode mudar de direção?
Quinta | Ano Bíblico: Lc 21, 22 |
Resgatados da maldição (Gl 3:9-14)
Os oponentes de Paulo ficaram, sem dúvida, espantados por suas ousadas palavras em Gálatas 3:10. Eles certamente não pensavam que se achavam sob maldição. Se houvesse alguma coisa para eles, esperavam que fosse uma bênção por sua obediência. No entanto, Paulo foi claro: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las” (Gl 3:10).
Paulo contrastou duas alternativas completamente diferentes: salvação pela fé e salvação pelas obras. As bênçãos e maldições da aliança descritas em Deuteronômio 27 e 28 foram diretas. Aqueles que obedecessem seriam abençoados, e os que desobedecessem seriam amaldiçoados. Isso significa que, se uma pessoa quisesse confiar na obediência à lei para ser aceito por Deus, então toda a lei devia ser guardada. Não temos a liberdade de escolher aquilo que queremos seguir, nem deveríamos supor que Deus esteja disposto a deixar passar alguns erros aqui e ali. É tudo ou nada.
Essa é, naturalmente, a má notícia, não apenas para os gentios, mas também para os adversários legalistas de Paulo, porque “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23, RC). Não importa o ardor com que tentemos ser bons, a lei só pode nos condenar como transgressores.
8. Como Cristo nos libertou da maldição da lei? Gl 3:13; 2Co 5:21
Paulo introduziu outra metáfora para explicar o que Deus fez por nós em Cristo. A palavra redimir significa “comprar de volta”. Ela representa o preço do resgate pago para libertar reféns ou o preço pago para libertar um escravo. Porque o salário do pecado é a morte, a maldição por falhar em guardar a lei é a constante sentença de morte. O resgate pago por nossa salvação não foi insignificante: custou a Deus a vida de Seu próprio Filho (Jo 3:16). Jesus nos resgatou da maldição, tornando-Se nosso portador de pecados (1Co 6:20; 7:23). Ele voluntariamente tomou sobre Si a nossa maldição e sofreu em nosso favor toda a penalidade do pecado (2Co 5:21).
Paulo citou Deuteronômio 21:23 como prova bíblica. Segundo o costume judaico, uma pessoa estava sob a maldição de Deus se, após a execução, o corpo fosse pendurado num madeiro. A morte de Jesus na cruz foi vista como um exemplo dessa maldição (At 5:30; 1Pe 2:24).
Não é de admirar, então, que a cruz tenha sido uma pedra de tropeço para alguns judeus que não podiam conceber a ideia de que o Messias fosse amaldiçoado por Deus. Mas esse foi exatamente o plano de Deus. Sim, o Messias sofreu a maldição; mas ela não era dEle, era nossa!
Sexta | Ano Bíblico: Lc 23, 24 |
Estudo adicional
Sobre Cristo como nosso substituto e penhor, foi posta a iniquidade de nós todos. Foi contado como transgressor, a fim de nos redimir da condenação da lei. A culpa de todo descendente de Adão pesava sobre Seu coração. A ira de Deus contra o pecado, a terrível manifestação de Seu desagrado por causa da iniquidade, encheram de consternação a vida de Seu Filho. Em toda a Sua vida, Cristo havia anunciado ao mundo caído as boas-novas da misericórdia do Pai e de Seu amor perdoador. A salvação para o maior pecador fora Seu tema. Mas agora, com o terrível peso de culpa que carregava, não pôde ver a face reconciliadora do Pai. O afastamento do semblante divino, do Salvador, nessa hora de suprema angústia, penetrou Seu coração com uma dor que nunca poderá ser bem compreendida pelo homem. Tão grande era essa agonia, que Ele mal sentia a dor física.
“Satanás torturava com cruéis tentações o coração de Jesus. O Salvador não podia enxergar para além dos portais do sepulcro. A esperança não Lhe apresentava Sua saída da sepultura como vencedor, nem Lhe falava da aceitação do sacrifício por parte do Pai. Temia que o pecado fosse tão ofensivo a Deus, que Sua separação houvesse de ser eterna. Cristo sentiu a angústia que há de experimentar o pecador quando não mais a misericórdia interceder pela raça culpada. Foi o sentimento do pecado, trazendo a ira divina sobre Ele, como substituto do homem, que tão amargo tornou o cálice que sorveu, e quebrantou o coração do Filho de Deus” (Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 753).
Perguntas para reflexão
1. Mesmo hoje em nossa igreja, alguns ainda têm dificuldade em aceitar a salvação unicamente pela fé, e que a graça de Deus, por meio de Cristo, nos salva, à parte de nossas obras. O que está por trás dessa hesitação de alguns em aceitar essa verdade fundamental?
2. Paulo falou de maneira muito forte sobre o erro teológico da salvação pelas obras. O que isso nos diz sobre a importância da teologia correta? Por que devemos nos levantar vigorosamente, se necessário, quando o erro está sendo ensinado entre nós?
Resumo: Do início ao fim da vida cristã, a base da nossa salvação é a fé unicamente em Cristo. Foi por causa da fé que Abraão teve nas promessas de Deus que ele foi considerado justo, e esse mesmo dom de justiça está disponível hoje para todo aquele que partilhar da fé que Abraão teve. A única razão pela qual não somos condenados por nossos erros é que Jesus pagou o preço pelos nossos pecados, ao morrer em nosso lugar.
Eduardo- Mensagens : 5997
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Inscrição : 08/05/2010
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