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Vivendo pelo Espírito
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13012012
Vivendo pelo Espírito
VERSO PARA MEMORIZAR: “Por isso digo: Vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne” (Gl 5:16, NVI).
Leituras da semana: Gl 5:16-25; Dt 13:4, 5; Rm 7:14-24; Jr 7:9; Os 4:2; Mt 22:35-40
Um dos hinos cristãos mais amados é “Manancial de Toda Bênção” (Hinário Adventista, 214), de Robert Robinson. No entanto, esse compositor nem sempre foi um homem de fé. A morte do pai o deixou irado, e ele caiu na depravação e embriaguez. Depois de ouvir o famoso pregador George Whitefield, Robinson entregou a vida ao Senhor, se tornou um pastor metodista e escreveu esse hino que, originalmente, incluía os versos: “Oh, à graça quão grande devedor/Diariamente estou constrangido a ser!/Que Tua bondade, como uma corrente, prenda a Ti meu coração errante”.
Incomodado com as palavras sobre o desvio do coração do cristão, alguém mudou as palavras dessa estrofe: “Inclinado a adorar, Senhor, eu o sinto, inclinado a amar ao Deus a quem eu sirvo”.
Apesar das boas intenções do editor, as palavras originais descrevem com precisão a luta cristã. Como cristãos, temos duas naturezas, a carnal e a espiritual, e elas estão em conflito. Conquanto nossa natureza pecaminosa sempre esteja “propensa” a se afastar de Deus, se estivermos dispostos a nos render ao Seu Espírito, não temos que ser escravizados aos desejos da carne. Essa é a essência da mensagem de Paulo nos textos da lição desta semana.
Andar no Espírito
1. Leia Gálatas 5:16. O que o conceito de “andar” tem que ver com a vida de fé? Dt 13:4, 5; Rm 13:13; Ef 4:1, 17; Cl 1:10
Andar é uma metáfora tirada do Antigo Testamento que se refere à maneira pela qual uma pessoa deveria se comportar. Paulo, que era judeu, muitas vezes fez uso dessa metáfora, em suas cartas, para descrever o tipo de conduta que deve caracterizar a vida cristã. O uso que ele fez dessa metáfora provavelmente estivesse ligado também ao primeiro nome a ser associado com a igreja primitiva. Antes que os seguidores de Jesus fossem chamados cristãos (At 11:26), eles eram conhecidos simplesmente como seguidores do “Caminho” (Jo 14:6; At 22:4; 24:14). Isso sugere que, em uma época muito antiga, o cristianismo não era apenas um conjunto de crenças teológicas centralizadas em Jesus, mas era também um “caminho” de vida a ser “percorrido”.
2. De que forma a metáfora de Paulo sobre andar era diferente daquela encontrada no Antigo Testamento? Compare Êx 16:4; Lv 18:4; Jr 44:23 com Gl 5:16, 25; Rm 8:4
A conduta no Antigo Testamento não era definida simplesmente como “andar”, porém mais especificamente como “andar na lei”. Halakhah é o termo legal que os judeus usavam para se referir às regras e regulamentos encontrados tanto na lei quanto nas tradições rabínicas de seus antepassados. Embora Halakhah normalmente seja traduzida como “lei judaica”, na verdade a palavra tem por base o termo hebraico para “andar” e significa literalmente “a maneira de andar”.
Os comentários de Paulo sobre “andar no Espírito” não são contrários à obediência à lei. Ele não sugeriu que os cristãos devem viver de uma forma que transgrida a lei. É importante repetir: Paulo não se opôs à lei nem à obediência à lei.
O que ele combateu foi a forma legalista pela qual a lei estava sendo mal utilizada. A obediência genuína que Deus deseja nunca poderá ser alcançada por obrigação exterior, mas apenas pela motivação interior produzida pelo Espírito (Gl 5:18).
Como tem sido sua experiência de “andar no Espírito”? Como você faz isso? Que práticas em sua vida dificultam esse tipo de caminhada?
O conflito do cristão
3. “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.” Você tem experimentado a realidade difícil e dolorosa dessas palavras? Gl 5:17 (NVI); Rm 7:14-24
A luta que Paulo descreveu não é a luta de todo ser humano. Ela se refere especificamente ao “cabo de guerra” interior que existe no cristão. Visto que os seres humanos nascem em harmonia com os desejos da carne (Rm 8:7), é somente quando nascemos de novo pelo Espírito, que um conflito espiritual realmente começa a surgir (Jo 3:6). Isso não significa que os não cristãos nunca experimentam conflitos morais; eles certamente os experimentam. Mas, mesmo esse conflito, em última análise, é resultado da atuação do Espírito. A luta do cristão, no entanto, assume nova dimensão, porque o cristão tem duas naturezas que estão em guerra uma com a outra: a carne e o Espírito.
Ao longo da história, os cristãos têm ansiado por alívio dessa luta. Alguns têm procurado pôr fim ao conflito se retirando da sociedade, enquanto outros têm afirmado que a natureza pecaminosa pode ser erradicada por algum ato da graça de Deus. Ambas as tentativas estão equivocadas. Embora certamente possamos subjugar os desejos da carne pelo poder do Espírito, o conflito continuará de várias formas, até que recebamos um novo corpo na segunda vinda de Jesus. Fugir da sociedade não ajuda porque, não importa aonde formos, levaremos a luta conosco até a morte ou a até a volta de Cristo.
Quando Paulo escreveu em Romanos 7 sobre o conflito interior nos cristãos como impedindo-os de fazer o que querem, ele estava enfatizando a total extensão desse conflito. Visto que possuímos duas naturezas, estamos literalmente nos dois lados da batalha ao mesmo tempo. Nossa natureza espiritual deseja o que é espiritual e detesta o que é carnal. Nossa natureza carnal, no entanto, anseia as coisas da carne e se opõe ao que é espiritual. Sendo que a mente convertida, por si mesma, é muito fraca para resistir à carne, a única esperança que temos de subjugar a carne é tomar uma decisão diária de nos colocarmos ao lado do Espírito contra nossa natureza pecaminosa. Por isso Paulo insistiu tanto em que os cristãos decidissem andar no Espírito.
Com base em sua experiência da batalha entre essas duas naturezas, que conselho você daria para um cristão que esteja tentando resolver essa luta interminável contra si mesmo?
As obras da carne
Tendo introduzido o conflito que existe entre a carne e o Espírito, em Gálatas 5:18-26, Paulo discorreu sobre a natureza desse contraste, por meio de uma lista de vícios e virtudes éticas. A lista de vícios e virtudes era uma característica bem estabelecida tanto na literatura judaica quanto na greco-romana. Essas listas identificavam o comportamento a ser evitado e as virtudes a ser imitadas.
4. Examine cuidadosamente as listas de vícios e virtudes nas passagens abaixo. Quais são as semelhanças e diferenças entre as listas de Paulo em Gálatas 5:19-24 e as listas a seguir? Jr 7:9; Os 4:2; Mc 7:21, 22; 2Tm 3:2, 3; 1Pe 4:3; Ap 21:8
Embora Paulo estivesse bem consciente da lista de vícios e virtudes, existem diferenças significativas na maneira pela qual ele usou as duas listas em Gálatas. Em primeiro lugar, Paulo contrastou as duas listas, mas não se referiu a elas da mesma forma. Ele rotulou a lista dos vícios como “obras da carne” e a lista das virtudes como “fruto do Espírito”. Essa é uma distinção importante. Como James D. G. Dunn escreveu: “A carne exige, mas o Espírito produz. Enquanto uma lista respira uma ansiosa autoafirmação e frenética satisfação pessoal, a outra fala mais de preocupação pelos outros, serenidade, capacidade de recuperação e confiabilidade. Uma lista é caracterizada pela manipulação humana; a outra, pela capacitação divina ou pela atuação da graça, reforçando a ideia de que a transformação interior é a fonte da conduta responsável” (The Epistle to the Galatians [A Epístola aos Gálatas], p. 308).
A segunda diferença interessante entre as duas listas de Paulo é que a lista dos vícios é deliberadamente colocada no plural: “obras da carne”. “Fruto do Espírito”, no entanto, está no singular. Essa diferença pode sugerir que viver de acordo com a carne pode promover nada mais do que divisão, tumulto, discórdia e separação. Em contrapartida, viver no reino do Espírito produz o fruto do Espírito, que se manifesta em nove qualidades que promovem a unidade.
Nesse contexto, algumas pessoas afirmam que, seja qual for a crença de alguém acerca de Deus, isso realmente não importa, desde que a pessoa seja sincera. Nada poderia estar mais longe da verdade. A lista dos vícios, apresentada por Paulo, sugere o oposto: a crença pervertida sobre Deus leva a ideias distorcidas sobre o comportamento sexual, sobre religião e ética, resultando na degradação das relações humanas. Além disso, também podem levar à perda da vida eterna (Gl 5:21).
Examine a lista de “obras da carne”. Você considera cada uma delas como violação de um ou mais dos Dez Mandamentos?
O fruto do Espírito (Gl 5:22-24)
5. “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5:22, 23, NVI). Você acha que a obediência aos Dez Mandamentos reflete o fruto do Espírito, como está expresso nestes versos? Veja também Mt 5:21, 22, 27, 28; 22:35-40
Os Dez Mandamentos não são uma alternativa ao amor; eles ajudam a nos guiar na maneira pela qual devemos demonstrar o amor a Deus e à humanidade. Por mais que possa transcender à letra da lei, o amor não está em conflito com a lei. A ideia de que o amor a Deus e ao próximo anula os Dez Mandamentos faz quase tanto sentido quanto dizer que o amor pela natureza anula a lei da gravidade.
Além disso, em contraste com as quinze palavras que descrevem as obras da carne, o fruto do Espírito é descrito em nove virtudes graciosas. Estudiosos acreditam que essas nove virtudes estão organizadas em três grupos de três, mas quase não há consenso sobre o significado da sua ordem. Alguns veem no número três uma implícita referência à Trindade; outros acreditam que os três trios refletem as maneiras pelas quais devemos nos relacionar com Deus, com o próximo e, finalmente, com nós mesmos. Outros veem a lista como, essencialmente uma descrição de Jesus. Embora cada um desses pontos de vista tenha algum mérito, não devemos ignorar o ponto mais significativo, que é a importância suprema que Paulo dá ao amor na vida cristã.
Não é acidental o fato de que o amor aparece como a primeira das nove virtudes na lista de Paulo. Ele já havia destacado o papel central do amor na vida cristã em Gálatas 5:6, 13, e o tinha incluído em suas listas de virtudes em outros lugares (2Co 6:6, 1Tm 4:12; 6:11; 2Tm 2:22). Enquanto todas as outras virtudes aparecem também em fontes não cristãs, o amor é distintamente cristão. Tudo isso indica que o amor deve ser visto não apenas como uma virtude entre muitas, mas como a principal virtude cristã, que é a chave para todas as outras virtudes. O amor é o mais elevado fruto do Espírito (1Co 13:13; Rm 5:5), e deve definir a vida e as atitudes de todo cristão (Jo 13:34, 35), por mais difícil que seja, às vezes, demonstrar amor.
Quanta abnegação está envolvida no amor? Você pode amar sem renunciar a si mesmo? O que Jesus nos ensina sobre amor e abnegação?
O caminho para a vitória
Embora sempre aconteça um angustiante conflito entre a carne e o Espírito no coração de cada cristão, a vida cristã não precisa ser dominada pela derrota, fracasso e pecado.
6. Segundo Gálatas 5:16-26, qual é a chave para ter uma vida em que o Espírito reine sobre a carne?
Gálatas 5:16-26 contém cinco verbos fundamentais que descrevem o tipo de vida na qual o Espírito reina. Em primeiro lugar, o cristão precisa “andar” no Espírito (v. 16). O verbo grego é peripateo, que significa literalmente “passear” ou “seguir”. Os seguidores do famoso filósofo grego Aristóteles passaram a ser conhecidos como peripatéticos porque eles seguiam Aristóteles em todos os lugares aonde ele ia. O fato de que o verbo está no presente do indicativo significa que Paulo não estava falando de uma caminhada ocasional, mas de uma contínua experiência diária. Além disso, uma vez que a ordem também é para “andar” no Espírito, isso implica que andar no Espírito é uma escolha que temos que fazer diariamente.
O segundo verbo é “ser guiado” (v. 18). Isso sugere que também precisamos permitir que o Espírito nos guie aonde devemos ir (Rm 8:14; 1Co 12:2). Nossa tarefa não é liderar, mas seguir.
Os próximos dois verbos aparecem em Gálatas 5:25. O primeiro é “viver” (zao em grego). Com o verbo “viver”, Paulo se referiu à experiência do novo nascimento, que deve marcar a vida de cada cristão. O uso que Paulo fez do tempo presente aponta para a experiência do novo nascimento, que deve ser renovada diariamente. Conforme o que Paulo escreveu, desde que vivemos pelo Espírito, também precisamos “andar” pelo Espírito. A palavra traduzida como “andar” é diferente da utilizada no verso 16. Aqui a palavra é stoicheo, um termo militar que significava literalmente “colocar em ordem”, “manter-se no mesmo passo”, ou “sujeitar-se”. A ideia aqui é de que o Espírito não apenas nos dá vida, mas também deve orientar diariamente nossa vida.
O verbo que Paulo usou no verso 24 é “crucificar”. Isso é um pouco chocante. Se devemos seguir o Espírito, precisamos tomar uma firme decisão de sacrificar os desejos da carne. Naturalmente, Paulo estava falando no sentido figurado. Crucificamos a carne alimentando nossa vida espiritual e matando de fome os desejos da carne.
Que mudanças e escolhas você deve fazer para alcançar as vitórias prometidas em Cristo, e que até hoje não conseguiu obter?
Estudo adicional
A vida do cristão não é muito fácil. Ele tem duros conflitos a enfrentar. Tentações difíceis o assaltam. ‘A carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne’ (Gl 5:17, NVI). Quanto mais perto chegarmos do fim da história da Terra, mais ilusórios e sedutores serão os ataques do inimigo. Seus ataques se tornarão mais violentos e mais frequentes. Os que resistirem à luz e à verdade se tornarão mais endurecidos, insensíveis e mais severos contra os que amam a Deus e guardam os Seus mandamentos (MS 33, 1911; Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, v. 6, p. 1.111).
“A influência do Espírito Santo é a vida de Cristo no coração. Não vemos Cristo nem falamos com Ele, mas o Espírito Santo está bem perto de nós tanto em um lugar como no outro. Ele atua em e através de todos os que recebem Cristo. Aqueles que conhecem a presença do Espírito no íntimo revelam os frutos do Espírito – amor, alegria, paz, longanimidade, mansidão, bondade e fé” (MS 41, 1897; Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, v. 6, p. 1.112).
Perguntas para reflexão
1. Pense mais na ideia de crucificar os desejos da carne. O que isso significa? Como podemos fazer isso? Com que frequência temos que fazer isso? Por que Paulo usou um verbo tão forte? O que o uso da palavra crucificar nos diz sobre quanto é difícil a batalha contra o eu?
2. O esforço humano desempenha algum papel na produção do fruto do Espírito? O que sua experiência diz sobre esse papel?
3. Paulo disse que os que praticam as obras da carne não herdarão o reino de Deus. Como você concilia essa declaração com o fato de que Paulo diz que somos salvos pela fé e não pelas obras?
4. Em sua caminhada com o Senhor, qual é a maior luta que você enfrenta? Não é o pecado e sua influência sobre seu relacionamento com Deus? Qual é o cristão que ainda não sentiu a alienação, dúvida e desilusão, como resultado do pecado em sua vida, especialmente porque temos a promessa da vitória sobre o pecado? Devido a esse fato, no contexto da vitória sobre o pecado, por que devemos sempre lembrar que nossa salvação depende totalmente do que Jesus fez por nós?
Resumo: Embora na vida de todos os cristãos exista um conflito entre os desejos da carne e os desejos do Espírito, a vida cristã não precisa ser condenada ao fracasso. Sendo que Cristo venceu o poder do pecado e da morte, o Espírito pode reinar na vida cristã, trazendo um suprimento diário da graça de Deus, que nos capacita a manter sob controle os desejos da carne.
Leituras da semana: Gl 5:16-25; Dt 13:4, 5; Rm 7:14-24; Jr 7:9; Os 4:2; Mt 22:35-40
Um dos hinos cristãos mais amados é “Manancial de Toda Bênção” (Hinário Adventista, 214), de Robert Robinson. No entanto, esse compositor nem sempre foi um homem de fé. A morte do pai o deixou irado, e ele caiu na depravação e embriaguez. Depois de ouvir o famoso pregador George Whitefield, Robinson entregou a vida ao Senhor, se tornou um pastor metodista e escreveu esse hino que, originalmente, incluía os versos: “Oh, à graça quão grande devedor/Diariamente estou constrangido a ser!/Que Tua bondade, como uma corrente, prenda a Ti meu coração errante”.
Incomodado com as palavras sobre o desvio do coração do cristão, alguém mudou as palavras dessa estrofe: “Inclinado a adorar, Senhor, eu o sinto, inclinado a amar ao Deus a quem eu sirvo”.
Apesar das boas intenções do editor, as palavras originais descrevem com precisão a luta cristã. Como cristãos, temos duas naturezas, a carnal e a espiritual, e elas estão em conflito. Conquanto nossa natureza pecaminosa sempre esteja “propensa” a se afastar de Deus, se estivermos dispostos a nos render ao Seu Espírito, não temos que ser escravizados aos desejos da carne. Essa é a essência da mensagem de Paulo nos textos da lição desta semana.
Domingo | Ano Bíblico: Filemon |
Andar no Espírito
1. Leia Gálatas 5:16. O que o conceito de “andar” tem que ver com a vida de fé? Dt 13:4, 5; Rm 13:13; Ef 4:1, 17; Cl 1:10
Andar é uma metáfora tirada do Antigo Testamento que se refere à maneira pela qual uma pessoa deveria se comportar. Paulo, que era judeu, muitas vezes fez uso dessa metáfora, em suas cartas, para descrever o tipo de conduta que deve caracterizar a vida cristã. O uso que ele fez dessa metáfora provavelmente estivesse ligado também ao primeiro nome a ser associado com a igreja primitiva. Antes que os seguidores de Jesus fossem chamados cristãos (At 11:26), eles eram conhecidos simplesmente como seguidores do “Caminho” (Jo 14:6; At 22:4; 24:14). Isso sugere que, em uma época muito antiga, o cristianismo não era apenas um conjunto de crenças teológicas centralizadas em Jesus, mas era também um “caminho” de vida a ser “percorrido”.
2. De que forma a metáfora de Paulo sobre andar era diferente daquela encontrada no Antigo Testamento? Compare Êx 16:4; Lv 18:4; Jr 44:23 com Gl 5:16, 25; Rm 8:4
A conduta no Antigo Testamento não era definida simplesmente como “andar”, porém mais especificamente como “andar na lei”. Halakhah é o termo legal que os judeus usavam para se referir às regras e regulamentos encontrados tanto na lei quanto nas tradições rabínicas de seus antepassados. Embora Halakhah normalmente seja traduzida como “lei judaica”, na verdade a palavra tem por base o termo hebraico para “andar” e significa literalmente “a maneira de andar”.
Os comentários de Paulo sobre “andar no Espírito” não são contrários à obediência à lei. Ele não sugeriu que os cristãos devem viver de uma forma que transgrida a lei. É importante repetir: Paulo não se opôs à lei nem à obediência à lei.
O que ele combateu foi a forma legalista pela qual a lei estava sendo mal utilizada. A obediência genuína que Deus deseja nunca poderá ser alcançada por obrigação exterior, mas apenas pela motivação interior produzida pelo Espírito (Gl 5:18).
Como tem sido sua experiência de “andar no Espírito”? Como você faz isso? Que práticas em sua vida dificultam esse tipo de caminhada?
Segunda | Ano Bíblico: Hb 1–3 |
O conflito do cristão
3. “Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne. Eles estão em conflito um com o outro, de modo que vocês não fazem o que desejam.” Você tem experimentado a realidade difícil e dolorosa dessas palavras? Gl 5:17 (NVI); Rm 7:14-24
A luta que Paulo descreveu não é a luta de todo ser humano. Ela se refere especificamente ao “cabo de guerra” interior que existe no cristão. Visto que os seres humanos nascem em harmonia com os desejos da carne (Rm 8:7), é somente quando nascemos de novo pelo Espírito, que um conflito espiritual realmente começa a surgir (Jo 3:6). Isso não significa que os não cristãos nunca experimentam conflitos morais; eles certamente os experimentam. Mas, mesmo esse conflito, em última análise, é resultado da atuação do Espírito. A luta do cristão, no entanto, assume nova dimensão, porque o cristão tem duas naturezas que estão em guerra uma com a outra: a carne e o Espírito.
Ao longo da história, os cristãos têm ansiado por alívio dessa luta. Alguns têm procurado pôr fim ao conflito se retirando da sociedade, enquanto outros têm afirmado que a natureza pecaminosa pode ser erradicada por algum ato da graça de Deus. Ambas as tentativas estão equivocadas. Embora certamente possamos subjugar os desejos da carne pelo poder do Espírito, o conflito continuará de várias formas, até que recebamos um novo corpo na segunda vinda de Jesus. Fugir da sociedade não ajuda porque, não importa aonde formos, levaremos a luta conosco até a morte ou a até a volta de Cristo.
Quando Paulo escreveu em Romanos 7 sobre o conflito interior nos cristãos como impedindo-os de fazer o que querem, ele estava enfatizando a total extensão desse conflito. Visto que possuímos duas naturezas, estamos literalmente nos dois lados da batalha ao mesmo tempo. Nossa natureza espiritual deseja o que é espiritual e detesta o que é carnal. Nossa natureza carnal, no entanto, anseia as coisas da carne e se opõe ao que é espiritual. Sendo que a mente convertida, por si mesma, é muito fraca para resistir à carne, a única esperança que temos de subjugar a carne é tomar uma decisão diária de nos colocarmos ao lado do Espírito contra nossa natureza pecaminosa. Por isso Paulo insistiu tanto em que os cristãos decidissem andar no Espírito.
Com base em sua experiência da batalha entre essas duas naturezas, que conselho você daria para um cristão que esteja tentando resolver essa luta interminável contra si mesmo?
Terça | Ano Bíblico: Hb 4–6 |
As obras da carne
Tendo introduzido o conflito que existe entre a carne e o Espírito, em Gálatas 5:18-26, Paulo discorreu sobre a natureza desse contraste, por meio de uma lista de vícios e virtudes éticas. A lista de vícios e virtudes era uma característica bem estabelecida tanto na literatura judaica quanto na greco-romana. Essas listas identificavam o comportamento a ser evitado e as virtudes a ser imitadas.
4. Examine cuidadosamente as listas de vícios e virtudes nas passagens abaixo. Quais são as semelhanças e diferenças entre as listas de Paulo em Gálatas 5:19-24 e as listas a seguir? Jr 7:9; Os 4:2; Mc 7:21, 22; 2Tm 3:2, 3; 1Pe 4:3; Ap 21:8
Embora Paulo estivesse bem consciente da lista de vícios e virtudes, existem diferenças significativas na maneira pela qual ele usou as duas listas em Gálatas. Em primeiro lugar, Paulo contrastou as duas listas, mas não se referiu a elas da mesma forma. Ele rotulou a lista dos vícios como “obras da carne” e a lista das virtudes como “fruto do Espírito”. Essa é uma distinção importante. Como James D. G. Dunn escreveu: “A carne exige, mas o Espírito produz. Enquanto uma lista respira uma ansiosa autoafirmação e frenética satisfação pessoal, a outra fala mais de preocupação pelos outros, serenidade, capacidade de recuperação e confiabilidade. Uma lista é caracterizada pela manipulação humana; a outra, pela capacitação divina ou pela atuação da graça, reforçando a ideia de que a transformação interior é a fonte da conduta responsável” (The Epistle to the Galatians [A Epístola aos Gálatas], p. 308).
A segunda diferença interessante entre as duas listas de Paulo é que a lista dos vícios é deliberadamente colocada no plural: “obras da carne”. “Fruto do Espírito”, no entanto, está no singular. Essa diferença pode sugerir que viver de acordo com a carne pode promover nada mais do que divisão, tumulto, discórdia e separação. Em contrapartida, viver no reino do Espírito produz o fruto do Espírito, que se manifesta em nove qualidades que promovem a unidade.
Nesse contexto, algumas pessoas afirmam que, seja qual for a crença de alguém acerca de Deus, isso realmente não importa, desde que a pessoa seja sincera. Nada poderia estar mais longe da verdade. A lista dos vícios, apresentada por Paulo, sugere o oposto: a crença pervertida sobre Deus leva a ideias distorcidas sobre o comportamento sexual, sobre religião e ética, resultando na degradação das relações humanas. Além disso, também podem levar à perda da vida eterna (Gl 5:21).
Examine a lista de “obras da carne”. Você considera cada uma delas como violação de um ou mais dos Dez Mandamentos?
Quarta | Ano Bíblico: Hb 7–9 |
O fruto do Espírito (Gl 5:22-24)
5. “Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei” (Gl 5:22, 23, NVI). Você acha que a obediência aos Dez Mandamentos reflete o fruto do Espírito, como está expresso nestes versos? Veja também Mt 5:21, 22, 27, 28; 22:35-40
Os Dez Mandamentos não são uma alternativa ao amor; eles ajudam a nos guiar na maneira pela qual devemos demonstrar o amor a Deus e à humanidade. Por mais que possa transcender à letra da lei, o amor não está em conflito com a lei. A ideia de que o amor a Deus e ao próximo anula os Dez Mandamentos faz quase tanto sentido quanto dizer que o amor pela natureza anula a lei da gravidade.
Além disso, em contraste com as quinze palavras que descrevem as obras da carne, o fruto do Espírito é descrito em nove virtudes graciosas. Estudiosos acreditam que essas nove virtudes estão organizadas em três grupos de três, mas quase não há consenso sobre o significado da sua ordem. Alguns veem no número três uma implícita referência à Trindade; outros acreditam que os três trios refletem as maneiras pelas quais devemos nos relacionar com Deus, com o próximo e, finalmente, com nós mesmos. Outros veem a lista como, essencialmente uma descrição de Jesus. Embora cada um desses pontos de vista tenha algum mérito, não devemos ignorar o ponto mais significativo, que é a importância suprema que Paulo dá ao amor na vida cristã.
Não é acidental o fato de que o amor aparece como a primeira das nove virtudes na lista de Paulo. Ele já havia destacado o papel central do amor na vida cristã em Gálatas 5:6, 13, e o tinha incluído em suas listas de virtudes em outros lugares (2Co 6:6, 1Tm 4:12; 6:11; 2Tm 2:22). Enquanto todas as outras virtudes aparecem também em fontes não cristãs, o amor é distintamente cristão. Tudo isso indica que o amor deve ser visto não apenas como uma virtude entre muitas, mas como a principal virtude cristã, que é a chave para todas as outras virtudes. O amor é o mais elevado fruto do Espírito (1Co 13:13; Rm 5:5), e deve definir a vida e as atitudes de todo cristão (Jo 13:34, 35), por mais difícil que seja, às vezes, demonstrar amor.
Quanta abnegação está envolvida no amor? Você pode amar sem renunciar a si mesmo? O que Jesus nos ensina sobre amor e abnegação?
Quinta | Ano Bíblico: Hb 10, 11 |
O caminho para a vitória
Embora sempre aconteça um angustiante conflito entre a carne e o Espírito no coração de cada cristão, a vida cristã não precisa ser dominada pela derrota, fracasso e pecado.
6. Segundo Gálatas 5:16-26, qual é a chave para ter uma vida em que o Espírito reine sobre a carne?
Gálatas 5:16-26 contém cinco verbos fundamentais que descrevem o tipo de vida na qual o Espírito reina. Em primeiro lugar, o cristão precisa “andar” no Espírito (v. 16). O verbo grego é peripateo, que significa literalmente “passear” ou “seguir”. Os seguidores do famoso filósofo grego Aristóteles passaram a ser conhecidos como peripatéticos porque eles seguiam Aristóteles em todos os lugares aonde ele ia. O fato de que o verbo está no presente do indicativo significa que Paulo não estava falando de uma caminhada ocasional, mas de uma contínua experiência diária. Além disso, uma vez que a ordem também é para “andar” no Espírito, isso implica que andar no Espírito é uma escolha que temos que fazer diariamente.
O segundo verbo é “ser guiado” (v. 18). Isso sugere que também precisamos permitir que o Espírito nos guie aonde devemos ir (Rm 8:14; 1Co 12:2). Nossa tarefa não é liderar, mas seguir.
Os próximos dois verbos aparecem em Gálatas 5:25. O primeiro é “viver” (zao em grego). Com o verbo “viver”, Paulo se referiu à experiência do novo nascimento, que deve marcar a vida de cada cristão. O uso que Paulo fez do tempo presente aponta para a experiência do novo nascimento, que deve ser renovada diariamente. Conforme o que Paulo escreveu, desde que vivemos pelo Espírito, também precisamos “andar” pelo Espírito. A palavra traduzida como “andar” é diferente da utilizada no verso 16. Aqui a palavra é stoicheo, um termo militar que significava literalmente “colocar em ordem”, “manter-se no mesmo passo”, ou “sujeitar-se”. A ideia aqui é de que o Espírito não apenas nos dá vida, mas também deve orientar diariamente nossa vida.
O verbo que Paulo usou no verso 24 é “crucificar”. Isso é um pouco chocante. Se devemos seguir o Espírito, precisamos tomar uma firme decisão de sacrificar os desejos da carne. Naturalmente, Paulo estava falando no sentido figurado. Crucificamos a carne alimentando nossa vida espiritual e matando de fome os desejos da carne.
Que mudanças e escolhas você deve fazer para alcançar as vitórias prometidas em Cristo, e que até hoje não conseguiu obter?
Sexta | Ano Bíblico: Hb 12, 13 |
Estudo adicional
A vida do cristão não é muito fácil. Ele tem duros conflitos a enfrentar. Tentações difíceis o assaltam. ‘A carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é contrário à carne’ (Gl 5:17, NVI). Quanto mais perto chegarmos do fim da história da Terra, mais ilusórios e sedutores serão os ataques do inimigo. Seus ataques se tornarão mais violentos e mais frequentes. Os que resistirem à luz e à verdade se tornarão mais endurecidos, insensíveis e mais severos contra os que amam a Deus e guardam os Seus mandamentos (MS 33, 1911; Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, v. 6, p. 1.111).
“A influência do Espírito Santo é a vida de Cristo no coração. Não vemos Cristo nem falamos com Ele, mas o Espírito Santo está bem perto de nós tanto em um lugar como no outro. Ele atua em e através de todos os que recebem Cristo. Aqueles que conhecem a presença do Espírito no íntimo revelam os frutos do Espírito – amor, alegria, paz, longanimidade, mansidão, bondade e fé” (MS 41, 1897; Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, v. 6, p. 1.112).
Perguntas para reflexão
1. Pense mais na ideia de crucificar os desejos da carne. O que isso significa? Como podemos fazer isso? Com que frequência temos que fazer isso? Por que Paulo usou um verbo tão forte? O que o uso da palavra crucificar nos diz sobre quanto é difícil a batalha contra o eu?
2. O esforço humano desempenha algum papel na produção do fruto do Espírito? O que sua experiência diz sobre esse papel?
3. Paulo disse que os que praticam as obras da carne não herdarão o reino de Deus. Como você concilia essa declaração com o fato de que Paulo diz que somos salvos pela fé e não pelas obras?
4. Em sua caminhada com o Senhor, qual é a maior luta que você enfrenta? Não é o pecado e sua influência sobre seu relacionamento com Deus? Qual é o cristão que ainda não sentiu a alienação, dúvida e desilusão, como resultado do pecado em sua vida, especialmente porque temos a promessa da vitória sobre o pecado? Devido a esse fato, no contexto da vitória sobre o pecado, por que devemos sempre lembrar que nossa salvação depende totalmente do que Jesus fez por nós?
Resumo: Embora na vida de todos os cristãos exista um conflito entre os desejos da carne e os desejos do Espírito, a vida cristã não precisa ser condenada ao fracasso. Sendo que Cristo venceu o poder do pecado e da morte, o Espírito pode reinar na vida cristã, trazendo um suprimento diário da graça de Deus, que nos capacita a manter sob controle os desejos da carne.
Eduardo- Mensagens : 5997
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Inscrição : 08/05/2010
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