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O Calvinismo é tanto um movimento religioso protestante quanto uma ideologia sociocultural com raízes na Reforma iniciada por João Calvino em Genebra no século XVI. Sociólogos como Max Weber e Ernest Gellner analisaram a teoria e as conseqüências práticas desta doutrina e chegaram à conclusão de que os resultados são paradoxais. Em parte explicam o precoce desenvolvimento do capitalismo nos países onde o Calvinismo foi popular (Holanda, Escócia e Estados Unidos da América, sobretudo).

O Calvinista acredita que Deus escolheu um grupo de pessoas e que as restantes vão para o Inferno. Conseqüentemente, a pergunta que qualquer Calvinista se faz é: "Estarei eu entre os escolhidos?".

Como é que um Calvinista sabe se está entre os escolhidos ou não? Teoricamente, não é ele que o determina. A decisão está tomada. Foi tomada por Deus. Como é que eu sei se fui escolhido ou não? Resposta: Deus me atraiu e eu cri na sua palavra. Ela é que me diz: "Mas a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus a saber os que creem em seu nome". Pela graça sois salvos, isto não vem de vós é dom de Deus para que ninguém se vanglorie.

Sendo um bom cristão, trabalhando muito, seguindo sempre todos os princípios bíblicos, o Calvinista prova a si mesmo que foi um escolhido, pelo seu sucesso como cristão. Não é a sua própria ação, mas de Deus, pois se Deus trabalha por ele, ele conclui que foi um dos eleitos.

Sendo assim, historicamente, para muitos Calvinistas, o sucesso no trabalho e a conseqüente riqueza poderá ser um dos sinais de que está entre os escolhidos de Deus. Os Holandeses, os Escoceses e os Americanos ganharam, então, a fama de serem sovinas, pouco generosos, interessados apenas no dinheiro. Estas características são na vida moderna quase um dado adquirido em qualquer cultura, mas nos tempos da Reforma Protestante, o Calvinismo terá instituído uma nova e revolucionária forma de relação com a riqueza. Ver Ernest Gellner para mais detalhes..

Ocorre que o uso dos ideais calvinistas para o alavancar da sociedade capitalista é equivocadamente relacionado a ideais capitalistas intrínsecos ao calvinismo. Calvino em sua obra afirma que a riqueza não tem razão de ser se não para ajudar aos que necessitam, e critica a avareza ao dizer que o fruto do trabalho só é digno se útil ao próximo:

"Da mão de Deus tens tu o que possuis. Tu, porém, deverias usar de humanidade para com aqueles que padecem necessidades. És rico? Isso não é para teu bel prazer. Deve a caridade faltar por isso? Deve ela diminuir? Não está ela acima de todas as questões do mundo? Não é ela o vínculo da perfeição?" Sermao CXLI sobre Dt 24.19-22. OPERA CALVINI, tomo XXVIII, p. 204

"Condena o Profeta a estes ladrões e assaltantes que lhe parecia deterem o poder de oprimir a gente pobre e o pequeno trabalhador, uma vez que eram eles que tinham grande abundância de trigo e grãos; ... é o mesmo como se cortassem a garganta dos pobres, quando os fazem assim sofrer fome." Os Doze Profetas Menores, op. cit., Am 8.5

Mas o Calvinismo se espalhou pelos países que estavam passando pelo processo da Expansão Comercial. Entre eles os países eram: França, Holanda, Inglaterra, e Escócia. Isto atraíra vários comerciantes, e banqueiros.

A prosperidade econômica também foi um sinal da escolha divina, o que valorizava o trabalho, e a justificativa as atividades da burguesia.

Hiper-calvinista: calvinista que leva o Calvinismo ao seu extremo lógico. Se distingue pela negação da liberdade do homem, da graça comum, do amor universal de Deus, e da proclamação do Evangelho a todos os homens.

Calvinista moderado/extremado: Antigamente um calvinista moderado era um calvinista de quatro pontos. Hoje em dia pode ser qualquer calvinista que não adota os cinco pontos tais como eles foram historicamente definidos. Um calvinista extremado pode ser um calvinista de cinco pontos ou mesmo um hiper-calvinista.

Calvinista de quatro pontos: Calvinista que, dos cinco pontos, não adota o L da TULIP, a Expiação Limitada.

Amiraldiano: O mesmo que calvinista de quatro pontos. Seu nome vem de Moise Amyraut.

Calvinista infralapsário: Calvinista que defende que Deus realizou a eleição contemplando os seres humanos como criados e caídos.

Calvinista supralapsário: Calvinista que defende que Deus realizou a eleição contemplando os seres humanos como ainda não criados e ainda não caídos.

Calvinista sublapsário: Todo calvinista sublapsário é também infralapsário, mas o contrário não é verdadeiro. A diferença é que o sublapsário coloca o decreto da expiação antes do decreto da eleição.

É comum, ainda, pessoas se designando como calvinistas de três pontos, de dois pontos, de um ponto, mas isso obviamente é uma ignorância. Não existem calvinistas de três, de dois ou de um ponto. Alguns arminianos (inconscientes) que defendem a Perseverança dos Santos se declaram como calvinistas de um ponto. Isso é uma incoerência pois, teoricamente, eles são mais arminianos que calvinistas (4 pontos contra 1).

É difícil reconhecer que tipo de calvinista alguém é, pois geralmente todos os calvinistas usam os mesmos versículos para fundamentar sua opinião. Por exemplo, é comum calvinistas infralapsários usando Provérbios 16.4, Romanos 9, Judas 4, em seu favor, mas a verdade é que eles usam estes versículos injustamente, pois eles só podem ser entendidos "supralapsariamente". Sua linguagem também não ajuda muito. Há muitos calvinistas supralapsários que parecem infralapsários falando e muitos infralapsários que parecem arminianos falando. O ideal é perguntar direto para eles.

Até hoje há uma discussão sobre se Calvino era supra ou infra ou se ele acreditava na Expiação Limitada ou Ilimitada. A verdade é que na época de Calvino não se debatiam essas questões e por isso ele parece defender tanto o Supralapsarianismo quanto o Infralapsarianismo, tanto a Expiação Limitada quanto a Ilimitada. Essa ambiguidade de Calvino pode ter sido a causa de tantas divisões entre os calvinistas. Esse também é o motivo pelo qual todos os calvinistas, seja infra, supra ou sub, se apóiam em Calvino para confirmar suas idéias. Chegar a ser estranho todos citarem a mesma pessoa para apoiar posições completamente opostas (no que diz respeito à eleição) como o infra e o supra.

Para piorar, os calvinistas não se entendem muito bem entre si. Um hiper-calvinista acusa os outros calvinistas de inconsistentes ou arminianos disfarçados. Igualmente, os calvinistas supralapsários acusam os infralapsários de inconsistentes, que, por sua vez, também acusam os sublapsários de inconsistentes. Já os sublapsários acusam os outros calvinistas de radicais. Os infra acusam os supra de anti-calvinistas. Os calvinistas acusam os hiper de anti-bíblicos e de ser uma vergonha para o Calvinismo. Enfim, todos se acusam.

Calvinistas famosos:
hiper-calvinistas: John Gill, (mais recentemete) Homer Hoeksema, Vincent Cheung
supralapsários: Beza, Gomarus, (mais recentemente) Robert L. Reymond
infralapsários: Boettner, Hodge (pai e filho), Owen.
calvinistas de 4 pontos: John Bunyan, Richard Baxter (esse tentou, obviamente sem sucesso, unir algumas crenças arminianas com outras calvinistas).

Agostinho, se é que é possível, poderia ser considerado como um calvinista de 3 pontos. Ele não cria na Expiação Limitada e na Perseverança dos Santos. A doutrina da Perseverança dos Santos de Agostinho é radicalmente diferente da dos calvinistas. Ele cria na perseverança dos eleitos mas não na perseverança de todos os que eram regenerados.

Lutero seria um calvinista de quatro pontos. O debate sobre a extensão da expiação não aconteceu em sua época. É interessante notar que os luteranos seguem mais a teologia de Melanchthon do que a de Lutero. Melanchthon, se é que podemos dizer, é mais arminiano do que calvinista. E Lutero também, de um rígido supralapsário, suavizou bastante sua posição quando foi ficando mais maduro.

Dando continuidade à nossa aulinha "Conhecendo os Calvinistas", vamos ver como os calvinistas vêem a questão da liberdade do homem.

1 - Alguns calvinistas negam completamente que o homem seja livre, em qualquer sentido. Esses são chamados de 'deterministas duros'.

2 - A maioria dos calvinistas é compatibilista ou 'determinista brando', ou seja, eles crêem que a liberdade do homem é compatível com determinismo.

3 - Alguns raros calvinistas, em comum com os arminianos, são libertários, como Alvin Plantinga.

4 - Mais raros ainda são os calvinistas que crêem em ambos, 2 e 3. Eles acreditam que somos livres, de um modo libertário, em nossas escolhas do dia-a-dia, como escolher a roupa que vai vestir, mas quando o assunto é salvação, eles defendem alguma forma de determinismo.

Só explicando alguns termos:

Determinismo [teológico] é a crença de que para todas as nossas escolhas existem causas que inclinam decisivamente a nossa vontade. Não confundir com determinismo comportamental, físico ou fatalismo.

Compatibilismo é uma tentativa de conciliar liberdade com o determinismo. O compatibilista ensina que somos livres, embora todas as nossas escolhas são determinadas por uma cadeia de causas.

Libertário é alguém que acredita que, para sermos livres, devemos ter o poder de escolha contrária. Ou seja, em uma determinada situação, poderíamos ter escolhido diferente do que fizemos. Para um compatibilista, liberdade significa poder escolher conforme seu desejo mais forte.

Diferente dos calvinistas, que se dividem em [pelo menos] 4 posições diferentes, os arminianos em geral são libertários.

Estou colocando um trecho da Teologia Sistemática de Berkhof sobre as duas posições. Eu acho interessante este trecho porque o autor expõe os problemas de ambas as posições. Por achar que ambos contêm verdades e incoerências, o autor não se posiciona de lado nenhum. Prefere ficar em cima do muro, como se isso resolvesse alguma coisa. Mas o mais interessante foi o que eu destaquei no texto, sublinhando. Ele diz:

"Ambos são necessariamente incoerentes"
"Ambos acham suporte na Escritura"


Legal, né? Duas posições "necessariamente incoerentes" que, apesar disso, "acham suporte na Escritura". Como é que duas posições que se contradizem podem achar, ambas, suporte na Escritura? Será que as Escrituras dão suporte a duas posições que se contradizem e que, ainda por cima, são necessariamente incoerentes?

2. A POSIÇÃO SUPRALAPSÁRIA.
a. Argumentos em seu favor: (1) Ela recorre a todas aquelas passagens da Escritura que salientam a absoluta soberania de Deus, e, mais particularmente, a Sua soberania com relação ao pecado, como Sl 115.3; Pv 16.4: Is 10.15; 45.9; Jr 18.6; Mt 11.25, 26; 20.15; Rm 9.17, 19-21. Dá-se ênfase especial à figura do oleiro, que se acha em mais de uma dessas passagens. Diz-se que esta figura não expressa meramente a soberania de Deus em geral, mas, de modo mais específico, a Sua soberania na determinação da qualidade dos vasos na criação. Quer dizer que, em Rm 9, Paulo fala de uma perspectiva anterior à criação, idéia favorecida (a) pelo fato de que o trabalho do oleiro é usado várias vezes na Escritura como figura da criação: e (b) pelo fato de que o oleiro destina cada vaso a um determinado uso e lhe dá uma qualidade correspondente, o que poderia levar a perguntar, embora sem nenhum direito: Por que me fizeste assim? (2) Chama-se a atenção para o fato de que algumas passagens da Escritura dão a entender que a obra da natureza ou da criação em geral foi ordenada de molde a conter já ilustrações da obra da redenção. Muitas vezes Jesus deriva da natureza as Suas ilustrações, usadas para a elucidação de questões espirituais, e em Mt 13.35 se nos diz que isso era para cumpriras palavras do Profeta: “publicarei cousas ocultas desde a criação do mundo”. Comp. Sl 78.2. Entende-se que essas coisas estavam ocultas na natureza, mas foram trazidas à luz pelos ensinamentos parabólicos de Jesus. Efésios 3.9 é considerada também uma expressão da idéias de que o desígnio de Deus na criação do mundo tinha em mira a manifestação da Sua sabedoria, que se projetaria ma obra redentora neotestamentária. Mas, recorrer a esta passagem parece muito duvidoso, para dizer o mínimo. (3) A ordem dos decretos aceita pelos supralapsários é considerada como ideal, e como a mais lógica e a mais uma das duas. Ela exibe com clareza a ordem racional que existe entre o fim último e os meios intermediários. Portanto, os supralapsários podem, e os infralapsários não podem dar uma reposta específica à questão – por que Deus decretou criar o mundo e permitir a Queda. Eles fazem plena justiça à soberania de Deus e evitam todas as fúteis tentativas de justificar Deus aos olhos dos homens, ao passo que os infralapsários hesitam, procuram provar a justiça do procedimento de Deus e, todavia, chegam por fim à mesma conclusão dos supralapsários, a saber, que, em última análise, o decreto para permitir a Queda só encontra explicação no soberano beneplácito de Deus. A analogia da predestinação dos anjos parece favorecer a posição supralapsária, pois só se pode compreender em termos supralapsários. Deus decretou, por motivos suficientes para Ele, conceder a alguns anjos a graça da perseverança e privar desta os demais: e, com justiça, ligar a isto a confirmação dos primeiros num estado de glória, e a perdição eterna dos últimos. Significa, pois que o decreto concernente à queda dos anjos faz parte da predestinação deles. E parece impossível conceber este ponto doutro modo.

b. Objeções: Apesar das suas pretensões aparentes, não soluciona o problema do pecado. Fá-lo-ia, se ousasse dizer que Deus decretou introduzir o pecado no mundo por Sua eficiência pessoal e direta. É verdade que alguns supralapsários apresentam o decreto como a causa eficiente do pecado, mas, não obstante, não querem que se interprete isso de um modo que faça de Deus o autor do pecado. A maioria deles não interessa em ir além da declaração de que Deus quis permitir o pecado. Agora, esta objeção não atinge só os supralapsários, em distinção dos infralapsários, pois nem estes nem aqueles resolvem o problema. A única diferença é que os primeiros têm maiores pretensões que os últimos quanto a esta matéria. (2) Segundo as suas descrições, o homem aparece no decreto divino primeiramente como creabilis et labilis (havendo certeza do ser criado e de cair). Os objetivos do decreto são, antes de tudo mais, os homens, considerados como simples possibilidades, como entidades não existentes. Mas, necessariamente, esse decreto tem um caráter provisório apenas, e tem que vir acompanhado doutro decreto. Após a eleição e a reprovação desses possíveis homens, segue-se o decreto para cria-los e permitir-lhes a Queda, e a isto deve seguir-se outro decreto, concernente a esses homens, cuja criação e queda foram agora determinadas definidamente, a saber, o decreto para eleger uns e reprovar os restantes dos que agora aparecem no propósito divino como homens reais. Os supralapsários alegam que esta objeção não é insuperável porque, embora seja verdade, segundo a sua posição, que a existência dos homens não está ainda determinada quando eles são eleitos e reprovados, eles existem no pensamento divino. (3) Diz-se que o supralapsarianismo faz do castigo eterno dos reprovados um objeto da vontade divina no mesmo sentido e da mesma forma que a salvação dos eleitos: e que faz do pecado, que leva à destruição eterna, um meio para esse fim, da mesma forma e no mesmo sentido em que a redenção em Cristo é o meio para a salvação. Se levar isso adiante, de modo coerente, fará de Deus o autor do pecado. Deve-se notar, porém, que, como regra geral, o supralapsário não apresenta o decreto desse modo, e afirma explicitamente que o decreto não pode ser interpretado de maneira a fazer de Deus o autor do pecado. Ele fala de uma predestinação para a graça de Deus em Jesus Cristo, mas não de uma predestinação para pecar. (4) Objeta-se ainda que o supralapsarianismo torna o decreto da reprovação tão absoluto como o decreto da eleição. Noutras palavras, que considera a reprovação, como a eleição, como puro e simples ato do soberano beneplácito de Deus, e não como um ato de justiça punitiva. Segundo a sua representação, o pecado não entra em consideração no decreto da reprovação. Mas isso não está bem certo, embora possa ver a verdade com respeito a alguns supralapsários. Contudo, pode-se dizer em geral que, conquanto considerem a preterição como um ato do soberano beneplácito de Deus, usualmente consideram a pré-condenação como um ato da justiça divina que de fato leva em consideração o pecado. E o próprio infralapsário não pode sustentar a idéia de que a reprovação seja um ato de justiça pura e simples, contingente do pecado do homem. Em última análise, ele também terá que declarar que a reprovação é um ato do soberano beneplácito de Deus, se quiser evitar a área arminiana. (5) Finalmente, dizem os oponentes que não é possível elaborar uma aproveitável doutrina da aliança da graça e do mediador com base no esquema supralapsário. Tanto a aliança como o Mediador só podem ser entendidos em termos infralapsários. Alguns supralapsários admitem isso francamente. Logicamente, o Mediador só aparece no decreto divino depois da entrada do pecado; e este é o único ponto de vista do qual se pode elaborar a aliança da graça. Naturalmente, isso tem importante relação com o ministério da palavra.

3. A POSIÇÃO INFRALAPSÁRIA.
a. Argumentos em seu favor: (1) Os infralapsários recorrem mais particularmente às passagens da Escritura nas quais os objetos da eleição aparecem numa condição de pecado, em estreita relação com Cristo e como objetos da misericórdia e da graça de Deus, como Mt 11.25, 26; Jo 15.19; Rm 8.28, 30; 9.15, 16; Ef 1.4-12; 2 Tm 1.9. Estas passagens parecem implicar que, no pensamento de Deus, a queda do homem precedeu à eleição de alguns para a salvação. (2) Eles chamam também a atenção para o fato de que, em sua representação, a ordem dos decretos divinos é menos filosófica e mais natural que a proposta pelos supralapsários. Está em harmonia com a ordem histórica da execução dos decretos, que parece refletir a ordem seguida no conselho eterno de Deus. Exatamente como na execução, assim há uma ordem causal no decreto. Há mais modéstia em ficar com esta ordem, justamente porque ela reflete a ordem histórica na Escritura e não pretende solucionar o problema da relação de Deus com o pecado. É considerada menos ofensiva em sua apresentação da matéria e em muito maior harmonia com as exigências da vida pratica. (3) Apesar de alegarem os supralapsários que a sua elaboração da doutrina dos decretos é a mais lógica das duas, os infralapsários reivindicam a mesma coisa para a sua posição. Diz Dabney: “O (esquema) supralapsário, com a pretensão de maiôs simetria, é na realidade o mais ilógico dos dois”. Demonstra-se que o esquema supralapsário é ilógico e que faz o decreto da eleição e da preterição referir-se a não-entidades, isto é, a homens inexistentes, exceto como simples possibilidades, mesmo na mente de Deus; inexistente ainda no decreto divino e, portanto, não vistos como criados, mas somente como criáveis. Ademais se diz que a elaboração supralapsário é ilógica em que necessariamente separa os dois elementos da reprovação, colocando a preterição antes da Queda, e a condenação depois. (4) Finalmente, também se chama a atenção para o fato de que as igrejas reformadas (calvinistas) sempre têm adotado a posição infralapsária em seus padrões oficiais, embora nunca tenham condenado, e, sim tenham tolerado sempre a outra posição. Entre os membros do Sínodo de Dort e da Assembléia de Westminster, havia diversos supralapsários que foram mantidos em alta honra (sendo que, em ambos os casos, o oficial presidente estava entre eles), mas, tanto nos Cânones de Dort como na Confissão de Westminster, está expresso o conceito infralapsário.

b.Objeções. Eis algumas das mais importantes objeções levantadas contra o infralapsarianismo: (1) Ele não dá, nem diz que dá solução ao problema do pecado. Mas esta afirmação é igualmente verdadeira quanto à outra conceituação, de modo que, numa comparação de ambas as posições, isto não pode ser bem considerado como uma real objeção, embora às vezes levanta como tal. O problema da relação de Deus com o pecado é comprovadamente insolúvel para uma, bem como para outra. (2) Embora o infralapsarianismo possa ser movido pelo louvável desejo de guardar-se da possibilidade de acusar Deus de ser o autor do pecado, ao fazê-lo corre sempre o perigo de errar e ultrapassar o alvo, e alguns dos seus representantes têm cometido este erro. Eles são adversos à declaração de que Deus quis o pecado, e a substituem pela asserção de que Ele o permitiu. Mas então surge a questão quando ao sentido exato dessa afirmação. Significa que Deus meramente toou conhecimento da entrada do pecado, sem impedi-lo de modo algum, de maneira que a Queda foi, na realidade, uma frustração do Seu plano? No momento em que o infralapsário responder afirmativamente essa pergunta, estará entrando nas fileiras dos arminianos. Embora haja alguns que tomaram essa atitude, na maioria os infralapsários vêem que não podem assumir coerentemente essa posição, mas devem incorporar a Queda no decreto divino. Eles falam do decreto concernente ao pecado como um decreto permissivo, mas com o definido entendimento de que este decreto tornou certa a entrada do pecado no mundo. E se for levantada a questão sobre se Deus decretou permitir o pecado e assim deu a certeza à sua ocorrência, eles só podem indicar o beneplácito divino como resposta, e assim concordam perfeitamente com os supralapsários. (3) A mesma tendência de defender Deus se revela doutro modo e expõe o interessado a um perigo semelhante. O infralapsarianismo realmente quer explicar a reprovação como um ato da justiça de Deus. Inclina-se a negar explícita ou implicitamente que se trata de um ato do simples beneplácito de Deus. Isto realmente faz do decreto da reprovação um decreto condicional, e leva ao redil arminiano. Mas em geral os infralapsários não querem ensinar um decreto condicional, e se expressam reservadamente sobre esta matéria. Alguns deles admitem que é um engano considerar a reprovação pura e simplesmente como um ato da justiça divina. E isso está perfeitamente correto. O pecado não é a causa última da reprovação, como tampouco a fé e as boas obras são a causa da eleição, pois todos os homens estão, por natureza, mortos em pecados e delitos. Quando confrontados com o problema da reprovação, os infralapsários também só podem achar resposta no beneplácito de Deus. Sua Linguagem pode parecer mais delicada que a dos supralapsários, mas também está mais sujeita a ser mal entendida, e de toda maneira acaba transmitindo a mesma idéia. (4) A posição infralapsária não faz justiça à unidade do decreto divino, apresentado os seus diferentes membros componentes como partes exageradamente desconexas. Primeiro Deus decretou criar o mundo para a glória do Seu nome, o que significa, entre outras coisas, que Ele determinou que as Suas criaturas racionais vivessem de acordo com alei divina implantada em seus corações e louvassem o seu Criador. Depois decretou permitir a Queda, pela qual o pecado entrou no mundo. Isto parece constituir uma frustração do plano divino original, ou pelo menos uma importante modificação dele, visto que Deus não mais decreta glorificar-se pela obediência voluntária de todas as Suas criaturas racionais. Finalmente, seguem-se os decretos da eleição e da reprovação, que representam apenas uma execução parcial do plano original.

4. Do que foi dito parece seguir-se que não podemos considerar o supra e o infralapsarianismo como absolutamente antitéticos. Eles tecem considerações sobre o mesmo mistério, partindo de pontos de vista diferentes, um fixando a atenção na ordem ideal ou teleológica dos decretos: o outro, na ordem histórica. Até certo ponto eles podem e devem andar juntos. Ambos acham suporte na Escritura. O supralapsarianismo, nas passagens que acentuam a soberania de Deus, e o infralapsarianismo, nas que salientam a misericórdia e a justiça de Deus, em conexão com a eleição e a reprovação. Cada um deles tem algo em seu favor: o primeiro, que não intenta justificar a Deus, mas simplesmente descansa no soberano e santo beneplácito de Deus; e o último, que é mais modesto e delicado, e leva em conta as necessidades e exigências da vida prática. Ambos são necessariamente incoerentes: o primeiro, porque não considera o pecado como uma progressão, mas tem que considera-lo como um distúrbio da criação e fala de um decreto permissivo, que dá certeza ao surgimento do pecado. Mas cada um deles também dá ênfase a um elemento verdadeiro do supralapsarianismo acha-se em sua ênfase ao seguinte: que o decreto de Deus é uma unidade: que Deus tem um único objetivo final em vista; que em certo sentido Ele quis o pecado; e que a obra da criação foi imediatamente adaptada à atividade recriadora de Deus. E o elemento verdadeiro do infralapsarianismo consiste que há uma certa diversidade nos decretos de Deus; que a criação e a Queda não podem ser consideradas apenas como meios para um fim, mas também tinham grande significação independente; e que o pecado não pode ser considerado como um elemento de perturbação do mundo. Com relação ao estudo deste tema profundo, devemos ver que o nosso entendimento é limitado, e dar-nos conta de que captamos somente fragmentos da verdade. Os nossos padrões confessionais incorporam a posição infralapsária, mas não condenam o supralapsarianismo. Percebeu-se que esta conceituação não é necessariamente incoerente com a teologia reformada (calvinista). E as conclusões de Utrecht, adotadas em 1908 por nossa igreja, declaram que, conquanto não seja permissível apresentar o conceito supralapsário como doutrina das igrejas reformadas da Holanda, tampouco é permissível molestar a quem quer que pessoalmente lhe dê agasalho.
Eduardo
Eduardo

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