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Paixão indígena: a luta de Damares Alves para resgatar crianças indígenas
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Paixão indígena: a luta de Damares Alves para resgatar crianças indígenas
Posted on 05/03/2012 by Blog Sétimo Dia
Não eram nem 19h da última segunda-feira quando a advogada Damares Alves
recebeu uma ligação desesperada. Uma índia suplicava ajuda na rodoviária
do Plano Piloto. Carregava a filha de 4 anos em um cesto agarrado às
costas. Escondida de sua tribo, esperava que Damares acolhesse a
criança, que vivera dentro do cesto desde o dia em que veio ao mundo.
Não fosse a coragem da mãe, teria sido morta logo após o nascimento. A
tradição de sua tribo, que rege também outras 40 etnias pelo Brasil, a
obrigaria a ceifar a vida da menina, por ser filha de mãe solteira. Por
causa dos anos escondidas no cesto, mal mexia os bracinhos. Foi recebida
e levada para um hospital.
Não foi por
acaso que o celular de Damares tocou no dia anterior à entrevista.
Quando menina, ela teve o sonho de que trabalharia com crianças
indígenas. Seus pais, que acolhiam idosos em casa, sempre a incentivaram
a dedicar parte de seu tempo ao próximo. Com a ideia de focar seu
trabalho nas tribos brasileiras, escreveu aos 16 anos cartas para
instituições nacionais que ofereciam cursos na área de linguística.
Recebeu como resposta de todas que seria bem-vinda, desde que bancasse
os estudos. Sem dinheiro, colocou o sonho em stand by e foi trabalhar
com realidades mais próximas. Ainda adolescente, estava nas ruas
ajudando crianças carentes e usuárias de drogas em Aracaju, onde vivia.
Dormiu nas ruas, entrou no camburão e desacatou policiais em defesa dos
menores. “Eram meninos de essência boa. Precisavam de oportunidades. E
eu, na minha inocência, não via o perigo de estar ao lado deles durante a
madrugada. Achava que ao meu lado, ninguém os exterminaria.” Anos
depois se mudou para São Carlos e lá começou a trabalhar com usuários de
drogas de diversas classes sociais, enquanto cursava direito.
Como advogada, recebeu um convite para
trabalhar como consultora parlamentar em Brasília. E foi em um dia comum
do trabalho que viu entrar cinco homens de terno pela porta do
gabinete. Eram os presidentes das cinco instituições de linguística que
procurou quando adolescente. Queriam uma intervenção política para
manter as equipes de pesquisa dentro das tribos. Daí em diante se
apaixonou pela causa. Entrou nas aldeias, deu voz e ouvidos às suas
reivindicações. No fim dos anos 1990, levantou junto ao Congresso a
questão do infanticídio nas aldeias. A partir daí, se tornou conhecida
por salvar crianças que seriam mortas por motivos diversos: gêmeos,
deficientes, filhos de mãe solteiras, primogênitas mulheres. É ela a
redatora da Lei Muwaji, que visa proteger crianças indígenas rejeitadas
pela tribo. O nome é uma homenagem a uma índia Suruwahá que abandonou
seu povo para salvar a filha deficiente, com paralisia cerebral.
A filha adotiva da advogada foi resgatada
em uma tribo. Quando bebê foi abandonada pela mãe na floresta. Era a
terceira filha do casal, que ainda não havia conseguido um filho homem.
Foi achada por outra família, que a criou em condições precárias. Aos 6
anos, a menina, que passava os dias ralando mandioca e era proibida de
brincar com as outras crianças da tribo, estava desnutrida, desidratada e
tinha um problema na arcada dentária que deixava sua boca torta.
Damares pediu à família de criação que deixassem levar a menina para que
recebesse tratamento adequado. Seis meses depois, vieram buscar a
menina e, ao verem-na usando aparelhos ortodônticos, a recusaram. Desde
então, ela vive com Damares. Estuda em uma escola pública e faz tudo o
que meninas da cidade grande fazem. Os pais, no entanto, querem que ela
estude e volte para a casa. Damares concorda. Com a educação que
recebeu, ela se tornará uma porta-voz do seu povo.
“Assim como muitas famílias amigas me
tornei uma acolhedora porque quando essas crianças chegam para
tratamento nem sempre têm onde ficar. Elas estão com o psicológico muito
abalado. Se não estivessem aqui, estariam mortas. Provavelmente,
enterradas vivas. Luto por essa segunda chance. Pelo direito à vida”,
frisa a advogada.
Fonte: Correio Braziliense
Divulgação: www.juliosevero.com
Não eram nem 19h da última segunda-feira quando a advogada Damares Alves
recebeu uma ligação desesperada. Uma índia suplicava ajuda na rodoviária
do Plano Piloto. Carregava a filha de 4 anos em um cesto agarrado às
costas. Escondida de sua tribo, esperava que Damares acolhesse a
criança, que vivera dentro do cesto desde o dia em que veio ao mundo.
Não fosse a coragem da mãe, teria sido morta logo após o nascimento. A
tradição de sua tribo, que rege também outras 40 etnias pelo Brasil, a
obrigaria a ceifar a vida da menina, por ser filha de mãe solteira. Por
causa dos anos escondidas no cesto, mal mexia os bracinhos. Foi recebida
e levada para um hospital.
Não foi por
acaso que o celular de Damares tocou no dia anterior à entrevista.
Quando menina, ela teve o sonho de que trabalharia com crianças
indígenas. Seus pais, que acolhiam idosos em casa, sempre a incentivaram
a dedicar parte de seu tempo ao próximo. Com a ideia de focar seu
trabalho nas tribos brasileiras, escreveu aos 16 anos cartas para
instituições nacionais que ofereciam cursos na área de linguística.
Recebeu como resposta de todas que seria bem-vinda, desde que bancasse
os estudos. Sem dinheiro, colocou o sonho em stand by e foi trabalhar
com realidades mais próximas. Ainda adolescente, estava nas ruas
ajudando crianças carentes e usuárias de drogas em Aracaju, onde vivia.
Dormiu nas ruas, entrou no camburão e desacatou policiais em defesa dos
menores. “Eram meninos de essência boa. Precisavam de oportunidades. E
eu, na minha inocência, não via o perigo de estar ao lado deles durante a
madrugada. Achava que ao meu lado, ninguém os exterminaria.” Anos
depois se mudou para São Carlos e lá começou a trabalhar com usuários de
drogas de diversas classes sociais, enquanto cursava direito.
Como advogada, recebeu um convite para
trabalhar como consultora parlamentar em Brasília. E foi em um dia comum
do trabalho que viu entrar cinco homens de terno pela porta do
gabinete. Eram os presidentes das cinco instituições de linguística que
procurou quando adolescente. Queriam uma intervenção política para
manter as equipes de pesquisa dentro das tribos. Daí em diante se
apaixonou pela causa. Entrou nas aldeias, deu voz e ouvidos às suas
reivindicações. No fim dos anos 1990, levantou junto ao Congresso a
questão do infanticídio nas aldeias. A partir daí, se tornou conhecida
por salvar crianças que seriam mortas por motivos diversos: gêmeos,
deficientes, filhos de mãe solteiras, primogênitas mulheres. É ela a
redatora da Lei Muwaji, que visa proteger crianças indígenas rejeitadas
pela tribo. O nome é uma homenagem a uma índia Suruwahá que abandonou
seu povo para salvar a filha deficiente, com paralisia cerebral.
A filha adotiva da advogada foi resgatada
em uma tribo. Quando bebê foi abandonada pela mãe na floresta. Era a
terceira filha do casal, que ainda não havia conseguido um filho homem.
Foi achada por outra família, que a criou em condições precárias. Aos 6
anos, a menina, que passava os dias ralando mandioca e era proibida de
brincar com as outras crianças da tribo, estava desnutrida, desidratada e
tinha um problema na arcada dentária que deixava sua boca torta.
Damares pediu à família de criação que deixassem levar a menina para que
recebesse tratamento adequado. Seis meses depois, vieram buscar a
menina e, ao verem-na usando aparelhos ortodônticos, a recusaram. Desde
então, ela vive com Damares. Estuda em uma escola pública e faz tudo o
que meninas da cidade grande fazem. Os pais, no entanto, querem que ela
estude e volte para a casa. Damares concorda. Com a educação que
recebeu, ela se tornará uma porta-voz do seu povo.
“Assim como muitas famílias amigas me
tornei uma acolhedora porque quando essas crianças chegam para
tratamento nem sempre têm onde ficar. Elas estão com o psicológico muito
abalado. Se não estivessem aqui, estariam mortas. Provavelmente,
enterradas vivas. Luto por essa segunda chance. Pelo direito à vida”,
frisa a advogada.
Fonte: Correio Braziliense
Divulgação: www.juliosevero.com
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