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Como entender a metáfora “tábuas de pedra e de carne” ?

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Como entender a metáfora “tábuas de pedra e de carne” ? Empty Como entender a metáfora “tábuas de pedra e de carne” ?




Os Dois Concertos - II Coríntios 3
Paulo estabelece em II Coríntios 3, um contraste entre dois Concertos, a saber:

Velho Concerto / Novo Concerto

1 - (v. 7)
"Ministério da Morte"
1 - (v. 8)
"Ministério do Espírito"

2 - (v. 9)
"Ministério da Condenação"
2 - (v. 9)
"Ministério da Justiça"

3 - (v. 6)
"Letra que Mata"
3 - (v. 6)
"Espírito que Vivifica"

4 - (v. 14)
"Foi abolido"
4 - (v. 11)
"Permanece"

5 - (v. 10)
"Em Glória"
5 - (v. 10)
"Em Excelente Glória"

II Coríntios 3:3 - "Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós e escrita não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração."

Tábuas de "pedra e de carne": Isto é uma metáfora, para comparar os dois Concertos. Leia o que diz o profeta, nas palavras seguintes:

Jeremias 31:31 a 33 - "Eis que vem dias, diz o Senhor, em que fareis um Concerto Novo com a casa de Israel e com a casa de Judá. Não conforme o Concerto que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para tirar da terra do Egito; porquanto eles invalidaram o Meu Concerto, apesar de Eu os haver desposado, diz o Senhor. Mas este é o Concerto que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o Senhor: 'Porei a Minha Lei no seu interior, e a escreverei no seu coração: e Eu serei o seu Deus e eles serão Meu povo."

Deus está falando de um Novo Concerto e Se refere à mesma Lei que escreveu com o Seu dedo no Sinai. Portanto, nada há de indicativo do cancelamento da Lei Moral. Observe:

Ezequiel 11:19 e 20 - "E lhes darei um mesmo coração e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei de sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne. Para que andem nos Meus estatutos, e guardem os Meus juízos (leis), e os executem; e eles serão o Meu povo, e Eu serei o seu Deus."

Hebreus 8:10 - "Porque este é o concerto que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor; porei as Minhas Leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e Eu serei por Deus, e eles Me serão por povo."

No Novo Concerto, a Lei de Deus seria impressa não em pedra, mas em carne (no coração). Isso prova que jamais seria abolida. Sem sombra de dúvida, sob o evangelho, só pode participar do Novo Concerto que tenha conhecimento da Lei de Deus, pois ela será colocada no coração do crente.

Porque em Hebreus 8:6-10, ao falar da passagem do Velho para o Novo Concerto, esta importante passagem trata das “Minhas leis” (de Deus), que são escritas nos corações e mentes dos que aceitam esse Novo Concerto [Novo Testamento], e não “leis de Cristo”.

Este tópico é importantíssimo pois mostra como no Novo Testamento o cristão terá a “lei de Deus” escrita nos seus corações e mentes, e é aquela que Paulo mesmo ilustrou como estando nos corações de carne dos que são de Cristo (2a. Cor. 3:2-6). Ele usa a mesma ilustração de Ezequiel 36:26, 27, e certamente ao tratar de “tábuas de pedra/tábuas de carne” tinha em mente o CONTEÚDO TODO das tábuas de pedra transferido para as tábuas de carne dos corações. Do contrário, nem faria sentido ele usar a mesma metáfora de Ezequiel que, certamente, tinha em mente 10 preceitos das tábuas de pedra, não somente 9.


Última edição por Ronaldo em Ter Fev 10, 2009 10:12 pm, editado 2 vez(es)
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Como entender a metáfora “tábuas de pedra e de carne” ? :: Comentários

Carlstadt

Mensagem Ter Fev 10, 2009 10:09 pm por Carlstadt

Por conseguinte, o problema de II Coríntios 3 não é o cancelamento da Lei de Deus, porque o próprio Paulo diz que a fé não anula a Lei ( Romanos 3:31). Em nenhuma hipótese ou circunstância a Lei Moral pode ser abolida, porque ela é base, o fundamento do governo de Deus no presente e o será no futuro, para todos os Seus súditos fiéis e leais.

"Ministério da Morte" - (II Coríntios 3:7)

"Ministério da Condenação" - (II Coríntios 3:9)

"Sem derramamento de sangue, não há remissão de pecados" (Hebreus 9:22). Se alguém transgredisse a Lei Moral deveria morrer. Todavia, o pecador poderia conseguir um substituto para assumir o seu lugar.

O Velho Concerto foi estabelecido nesta base: "A alma que pecar, esta morrerá" (Ezequiel 18:20). A Lei realiza sua função (ministério da condenação). Ao revelar o pecado, exige a morte do pecador (ministério da morte).

Quando pecava (transgredindo a Lei de Deus), o que, então, fazia o pecador? Adquiria um cordeiro sem defeitos físicos e o levava ao sacerdote para ser morto pelo seu pecado. Hoje a base (Lei Moral - único instrumento que revela o pecado) continua a mesma, apenas, o sacrifício é melhor. O Cordeiro é Jesus, o "Cordeiro que tira o pecado do mundo" (João 1:29).

"Letra que Mata" - (II Coríntios 3:6). A função (ministério) da Lei era definida. Sua "letra que mata", resultava evidentemente em morte para os transgressores. Hoje, porém, a função (ministério) da Lei continua, mas "baseada na justiça de Cristo através da ação do Espírito Santo no coração do pecador, resulta em vida."

Assim, "o primeiro ministério foi letra mortal, por inadimplemento por parte do povo. O último, 'Espírito que vivifica', por ser Cristo que habilita o homem a obedecer." Em ambos os Concertos, nada sugere a abolição da Lei de Deus.

"Foi Abolido" - (II Coríntios 3:14). Quanto ao que foi "abolido", é claro, foi o Velho Concerto e não a Lei de Deus. O Novo Concerto permanece, e a Lei Moral como sua eterna base, continua em vigor. Enquanto houver o pecado, a Lei terá que existir. Ela é o mais perfeito instrumento que Deus possui para revelar o pecado. Mas, indagará alguém: Estaria Deus circunscrito a uma Lei para definir o pecado?

O que é pecado?

Você pode dizer: beber, fumar, falar palavrão são pecados. Sim! Mas Deus em Sua suprema sabedoria, enfeixou todo o pecado, sob quaisquer espécie, nome ou títulos, em Dez Mandamentos. Por isso a melhor definição para o pecado é bíblica:

"Pecado é transgressão da Lei de Deus." (I João 3:4). Por isso, a Lei só perderá seu valor quando o pecado acabar.

" Em Glória" - (II Coríntios 3:10). O Sinai foi envolvido em glória quando Deus proclamou a Lei. Porém, maior glória viu a Terra quando Cristo desceu do Céu para "salvar o povo dos seus pecados" (Mateus 1:21). A glória de Jesus no Sinai, produziu reflexos no rosto de Moisés, que precisou cobri-lo com um véu. Mas, a glória de Jesus em pessoa na Terra, visível e palpável entre os homens, empalideceu a glória do Sinai. Cristo exaltou a Sua Lei (Isaías 42:21), libertando-a da grande quantidade de tradições (39 classes de regulamentos impostas pelos rabis), que levavam as pessoas a considerá-la fardo pesado. Ele esclareceu-a, explicou-a, honrou-a e obedeceu-a. Jesus tornou-a muito mais gloriosa. E quando pediu que orássemos para não transgredir o Sábado (Mateus 24:20), Jesus demonstrou, de fato, ser uma Lei por demais gloriosa.

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Carlstadt

Mensagem Ter Fev 10, 2009 10:24 pm por Carlstadt

Comentário Bíblico Adventista

Não com tinta.
Em tempos do NT as cartas se escreviam pelo geral num papiro, com uma pluma de cana, e com pigmento negro como tinta (ver 2 Juan 12). As cartas de Pablo para as igrejas sem dúvida foram escritas dessa maneira. Mas quando se trata de escrever nas tabelas do coração humano, isto é, da mente, precisa-se um intermediário mais permanente, e esse intermediário é o Espírito do Deus vivente. Onde o Espírito Santo atua na vida, a lei de Deus e a verdade de Deus se manifestam em santidade, obediência e santificação. A obediência a toda a vontade de Deus resulta espontânea. A escritura da que aqui fala Pablo não só afeta ao intelecto, senão também à vontade e aos sentimentos (Sal. 1: 2; 1 19: 16).
Os adversários do apóstolo, os judaizantes, não tinham escrito uma carta tal nos corações dos crentes corintios, como o tinha feito Pablo. Seu ministério se reduzia à letra da lei. Ocupavam-se quase exclusivamente da forma externa da lei; o espírito dela nunca tinha sido gravado em seus corações. O que o legalismo judaico nunca pôde atingir -por falta de fé de parte dos que o praticavam (Heb. 4: 2)- agora devia levá-lo a cabo o Evangelho (Rom. 8: 3- 4). O afeiçoo literal à letra do judaísmo não podia transferir os princípios da verdade aos corações dos homens. A prática judaica da religião seguiu sendo formal e mecânica; faltava-lhe o espírito.
Tabelas de pedra.
Ou "tábuas de pedra". Pablo contrasta as duas tabelas de pedra nas quais Deus escreveu os Dez mandamentos no Sinaí com as tábuas de carne do coração. Não tinha nada mau em que a lei de Deus estivesse escrita em tabelas de pedra, mas enquanto só estivesse escrita ali e não 841 fosse transferida às tábuas dos corações dos homens, na prática permanecia só como letra morta. A verdade tem força vivente e ativa só quando é aplicada aos problemas da vida. Pablo antecipa aqui o que vai dizer a respeito do novo pacto nos vers. 6-11. Faz-se referência à experiência do novo pacto em passagens das Escrituras como Jer. 31: 31-33; Eze. 11: 19-20; 36: 26-27; Heb. 8: 8-10.
Só Deus tem poder para chegar até o coração e escrever ali sua lei. Lhe e tem mais fácil escrever sua lei em tabelas de pedra, porque estas não têm vontade para opor-se; mas uma vez que a lei está escrita no coração, deixa de ser letra morta. O papel e a pedra são transitórios; mas não passa o mesmo com a lei escrita no coração e na vida.
Moisés desceu do Sinaí trazendo duas tabelas de pedra, evidência visível de que tinha estado com Deus, e desceu do morro como porta-voz instituído por Deus. Ainda que as credenciais de Pablo não eram de uma natureza tangível, não eram menos reais, pois a mesma lei divina tinha sido escrita pelo Espírito Santo no coração do apóstolo e nos corações de seus conversos. Pablo não precisava outras credenciais. Sua vida E as daqueles a quem tinha levado A Cristo, constituíam uma evidência suficiente de que sua comissão provia de Deus.
Novo pacto.
Pablo contrasta o novo pacto com o antigo. A um o identifica com o espírito; ao outro, com a letra. Sob o antigo pacto, a reverência judia pela singela "letra" da lei praticamente se converteu em idolatria; asfixiou ao "espírito". Os judeus preferiram viver sob o domínio da "letra" da lei. Sua obediência à lei, ao ritual e às cerimônias estabelecidas, era formal e externa. A consagração e a obediência de um cristão não devem caracterizar-se por procedimentos rotineiros, minuciosas régias e complicados requisitos, senão pela presença e o poder do Espírito de Deus.
Não da letra.
O contraste entre "letra" e "espírito" nas Escrituras é peculiar do apóstolo Pablo (ver com. Rom. 2: 27-29; 7: 6). A primeira é superficial; o segundo chega ao íntimo. Tanto judeus como cristãos correm o perigo de pôr ênfase na "letra", excluindo o "espírito". O AT e o NT constituem uma revelação inspirada pelo Espírito Santo (2 Tim. 3: 15-17).
Deus queria que o judaísmo tivesse ambos, a "letra" e o "espírito": o registo da vontade revelada de Deus e certas formas ou ritos prescritos que se traduzissem numa experiência vivente (ver com. Juan 4: 23-24); o mesmo deve suceder no cristianismo. Os credos oficiais, a teologia teórica e as formas do culto, não têm poder para salvar aos homens do pecado.
A "letra" da lei era boa pois procedia de Deus e ficou registrada nos escritos de Moisés; mas Deus tinha o propósito de que a "letra", o registo escrito da lei, fora só um meio para atingir não fim mais elevado: estabelecer o "espírito" da lei nos corações dos judeus. No entanto, a maioria dos israelitas fracassaram em interpretar a "letra" da lei em termos do "espírito" da lei; isto é, não a converteram numa experiência religiosa de salvação pessoal do pecado por meio da fé na expiação que proporcionaria o Mesías. A observância literal, nada mais, da lei, "mata". Só o "espírito" da lei pode "vivificar", já se trate de judeus ou de cristãos. A prática do cristianismo facilmente pode degenerar numa "aparência de piedade " sem "a eficácia dela" (2 Tim. 3: 5). De maneira que a "letra" do cristianismo "mata" aos que dependem dela para a salvação.
Nos dias de Pablo o judaísmo tinha perdido a tal ponto o "espírito" da verdadeira religião, que seus ritos religiosos eram somente "letra". Como sistema tinha perdido o poder de dar vida a seus seguidores (ver com. Mar. 2: 21-22; Juan 1: 17); o cristianismo, por sua vez, ainda era jovem e forte, ainda que nos séculos seguintes também se degeneraria (ver Nota Adicional de Dão. 7). De maneira que quando Pablo escreveu, o judaísmo estava identificado com a "letra", e o cristianismo se identificava com o "espírito" até onde estava livre da influência do judaísmo.
Não tem nenhum fundamento o argumento de que Pablo menospreza aqui o AT e o Decálogo, pois ao escrever aos gentis que tinham aceitado o Evangelho, repetidas vezes afirma a vigência do AT e do Decálogo para os cristãos (ver com. Rom. 8: 1-4; 2 Tim. 3: 15-17; cf. com. Mat. 5: 17-19). Cristo e os apóstolos não tinham outras "Escrituras" fora do AT (ver com. Juan 5: 39).
Os nomes de muitos fiéis que se registram em Heb. 11, junto com muitos milhares de crentes do tempo do AT, experimentaram a obra vivificante do Espírito Santo em suas vidas bem como milhares a sentiram nos dias do NT.
Cada igreja e cada credo tem seu "letra" e sua "espírito". O Evangelho de Jesucristo tem seu "letra" e tem sua "espírito"; mas sem o poder vivificante do Espírito Santo, o Evangelho inevitavelmente se converte, em qualquer igreja, em "letra" morta. Milhares e milhares que se chamam cristãos estão satisfeitos com a "letra", e permanecem completamente desprovidos de vida espiritual. O que Deus exige não é simplesmente um proceder correto, senão que dito proceder seja o produto e a evidência de uma boa relação com Deus e uma ótima condição moral e espiritual. Reduzir a vida e o culto cristãos ao cumprimento de um sistema de regras sem que tenha dependência do Deus vivente, é confiar no uso e o ministério da "letra". Os atos externos e as cerimônias da religião, já seja judia ou cristã, não são senão um meio para atingir um fim. Mas se se os considera como fins em si mesmos, convertem-se ao instante num estorvo para a verdadeira experiência religiosa.
O mesmo com a lei de Deus, o Decálogo. O cumprimento externo de seus preceitos, num esforço para ganhar a salvação mediante eles, é vão. A obediência tem valor adiante de Deus só quando se produz como um resultado natural do amor a Deus e 843 ao próximo (ver com. Mat. 19: 16-30). No Sermão do Morro nosso Senhor destacou o princípio de que a obediência à "letra" da lei sem o "espírito" de obediência, não atinge a norma de justiça divina (ver com. Mat. 5: 17-22). Na contramão do que afirmam certos expositores modernos das Escrituras, o "espírito" da lei não invalida sua "letra". Por exemplo, Jesús ordenou a seus seguidores, apoiando-se no sexto mandamento, que não se enojassem contra seus irmãos (Mat. 5: 22), mas com isso não autorizou a ninguém para que violasse a letra do mandamento matando a seu próximo. É óbvio que o "espírito" do sexto mandamento não ocupa o lugar de seu "letra", senão que complementa a letra e a magnifica (ver com. Isa. 42: 21). O mesmo pode dizer-se dos outros nove preceitos do Decálogo, inclusive o quarto (ver com. Isa. 58: 13; Mar. 2: 28).
A letra mata.
A "letra" era boa, mas não tinha poder para resgatar ao pecador da sentença de morte; em realidade, condenava-o a morte. A lei, como foi dada originalmente por Deus, tinha o propósito de dar vida (Rom. 7: 10-11), e por isso o mandamento é "santo justo e bom" (Rom. 7: 12). A morte entrou pela desobediência, mas a vida veio com a obediência. A lei, pois, faz morrer ao pecador, pois "o alma que pecar, essa morrerá " (Eze. 18: 4, 20). "A paga do pecado é morte" (Rom. 6: 23), mas o Evangelho tinha e tem o propósito de perdoar ao pecador e dar-lhe vida (Rom. 8: 1-3). A lei condena a morte ao violador do mandamento, mas o Evangelho o isenta e lhe dá vida novamente (Sal. 51).
Vivifica.
O ministério do "espírito" dá poder sobrenatural. A sentença de morte imposta pela lei é invalidada pela dádiva de vida em Cristo (1 Juan 5: 11-12). Quando a norma de justiça de Deus chega até a consciência de alguém que se converteu, transforma-se num motivo de obediência e vida; mas quando essa norma -a lei de Deus- penetra na consciência do que não se regenerou, condena-o a morte.
7.
Ministério de morte.
Isto é, o sistema religioso judeu que tinha sido pervertido de tal forma que era inerte e não podia dar vida aos que o praticavam. No vers. 9 Pablo o chama "ministério de condenção". Os vers. 7-18 se baseiam no episódio de Moisés registrado em Exo. 34: 29-35. Pablo destaca aqui a glória superior do ministério do "espírito". O propósito do apóstolo era refutar a seus adversários judaizantes de Corinto (ver com. 2 Cor. 11: 22), cujo ministério era da "letra" e não do "espírito".
Gravura com letras.
Faz-se ênfase em que o escrito devia continuar, ter valor permanente. É uma clara referência às duas tabelas de pedra nas que foram escritos os Dez mandamentos (Exo. 31: 18). Compare-se com as palavras de Cristo registradas em Mat. 4: 4, 7, 10, "escrito está", que significam "permanece escrito". Pablo se refere à ocasião quando a lei foi escrita por segunda vez em tabelas de pedra (Exo. 34: 1-7, 28-35).
Rosto de Moisés.
Ver com. Exo. 34: 29-35.
Gloria.
Ver com. Rom. 3: 23. Em 2 Cor. 3: 7-18 se estabelece um contraste entre a glória que permanece e a glória que se desvanece, entre o mais glorioso e o menos glorioso, entre o novo e o antigo. Em ambos casos a "glória" é a glória da presença de Cristo. No novo há uma plena revelação da glória de Deus devido à pessoa e a presença reais de Cristo que veio a este mundo para que o vissem os seres humanos (ver com. Juan 1: 14), e cuja glória permanece para sempre (ver Heb. 7). No ministério mosaico Cristo só estava nos símbolos que proporcionava a lei ceremonial, mas apesar de todo a glória que se refletia era a de Cristo. O Redentor estava oculto por trás de um véu de símbolos, emblemas, ritos e cerimônias; mas o véu foi tirado com a chegada da grande Realidade simbolizada (ver Heb. 10: 19-20) por esses símbolos.

Última edição por Ronaldo em Ter Fev 10, 2009 10:25 pm, editado 1 vez(es)

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Carlstadt

Mensagem Ter Fev 10, 2009 10:25 pm por Carlstadt

Tinha de perecer.
Alguns, lendo superficialmente, chegaram à conclusão de que a lei de Deus "tinha de perecer"; mas o que claramente se diz neste versículo é que a glória fugaz refletida no rosto de Moisés era a que "tinha de perecer". Essa "glória" se desvaneceu no máximo numas poucas horas ou dias, mas a lei de Deus gravada "com letras em pedras" permaneceu em vigência. O ministério de Moisés e o sistema judeu eram os que tinham que desaparecer, não a lei de Deus (ver com. Mat. 5: 17- 18). A glória não estava nas tabelas de pedra, portanto não se desvaneceu de ali.
A glória fugaz do rosto de Moisés foi o resultado de sua comunhão com Deus no Sinaí. Demonstrava aos que a viam que Moisés tinha estado na presença divina; era 844 um depoimento silencioso de sua missão como representante de Deus e da obrigação do povo de ajustar-se a seus preceitos. Essa glória devia confirmar a origem divina da lei e sua vigência obrigatória.
Bem como o rosto de Moisés refletia a glória de Deus, assim também a lei ceremonial e os serviços do santuário terrenal refletiam a presença de Cristo. O propósito de Deus era que os crentes nos dias do AT entendessem e sentissem a presencia salvadora de Cristo na glória refletida do sistema simbólico. Mas quando Cristo veio, os homens tiveram o privilégio de contemplar a glória da Realidade simbolizada ou antecipo (ver com. Juan 1: 14), e já não precisaram mais a glória menor refletida pelos símbolos ou tipos. Nos dias do AT os pecadores achavam a salvação pela fé em Cristo, Aquele que tinha de vir; exatamente sucede o mesmo na era cristã.
Por esta razão Pablo fala da administração desses ritos e essas cerimônias como um "ministério de morte". Os judeus que não vissem a Cristo no sistema de sacrifícios, morreriam em seus pecados. Esse sistema nunca salvou por si mesmo a ninguém de colher a paga do pecado: a morte. E já que a maioria dos judeus dos dias de Pablo -inclusive os judaizantes que nesse momento perturbavam a igreja de Corinto- consideravam que esses sacrifícios eram essenciais para a salvação, evidentemente Pablo caracterizou todo o sistema como um ministério de morte. Era inerte. Judeus e gentis deviam encontrar vida em Cristo, pois só nele há salvação (Hech. 4: 12). Cristo foi sem dúvida o Salvador de Israel durante o tempo todo do AT como o é agora (ver Material Suplementar de EGW com. Hech. 15: 11).
O fracasso da nação judia para ver a Cristo nos símbolos do sistema ceremonial e acreditar em ele, caracteriza toda a história hebréia desde o Sinaí até Cristo. De maneira que a expressão ministério de morte caracteriza adequadamente todo o período do sistema judeu, ainda que, por suposto, teve muitas exceções notáveis. A cegueira de Israel o induziu finalmente a recusar a Jesús como o Mesías e a crucificar a seu Redentor. Pablo declara que com a chegada da glória maior revelada em Cristo e o conseqüente desvanecimento da glória refletida do sistema simbólico, não podia ter mais desculpa para permanecer sob tal sistema. A vinda de Cristo e a plenitude do Espírito Santo proporcionaram amplamente um ministério que podia dar vida.
8.
Ministério do espírito.
O ministério de salvação que dá vida é designado como (1) "o ministério de reconciliação" (cap. 8: 18), isto é um ministério pelo qual os homens são reconciliados com Deus; (2) "o ministério do espírito" (cap. 3: 8); (3) "o ministério da palavra " (Hech. 6: 4); (4) "o ministério de justificativa" (2 Cor. 3: 9), isto é um ministério mediante o qual os homens podem aprender a forma de chegar a ser justos (ver com. Rom. 8: 3-4). O tema vai do menor ao maior. Esta passagem apresenta uma série de contrastes: a letra e o espírito, a glória que se desvanece e a glória que permanece, condenção e justificativa, Moisés e Cristo. Em cada caso, o segundo termo é infinitamente superior ao primeiro (ver Heb. 3: 1-6).
9.
Ministério de condenção.
Isto é, "o ministério de morte" (ver com. vers. 7). O "ministério de justificativa" sobrepuja em glória ao "ministério de condenção" na mesma proporção em que o sangue de Jesús sobrepuja à dos "touros" e "machos cabríos" (Heb. 9: 13) como meio para expiar o pecado. Entre os dois há uma diferença infinita.
10.
Não é glorioso.
Não num sentido absoluto, senão comparativo. A glória do ministério centralizado no sistema de sacrifícios era grande, mas parecia ser nada quando se a comparava com a de Cristo; por esta razão tinha perdido sua glória o primeiro ministério; tinha-se eclipsado completamente. O brilho da lua e das estrelas se desvanece quando sai o sol. Assim sucedeu quando apareceu Cristo, o Sol de justiça. A glória suprema de sua encarnação, sua vida, seus sofrimentos, sua morte e ressurreição, e sua revelação do amor e do caráter de Deus -sua santidade, justiça, bondade e misericórdia-, fizeram completamente inadequado o sistema de sacrifícios, ainda que esteve bem adaptado para seu tempo e sua obra.
11.
O que perece.
Pablo via o desvanecimento da glória do rosto de Moisés como uma ilustração do fim do sistema mosaico, do fim do "ministério de morte".
O ministério apostólico fez terminar o de Moisés porque este já tinha cumprido seu propósito. Um padrão ou molde perde sua utilidade 845 quando se completa a prenda de vestir para a qual serviu. Os judaizantes mantiveram fixos seus olhos em "as figuras das coisas celestiais" depois de que Cristo regressou ao céu para ministrar "as coisas celestiais mesmas" (Heb. 9: 23).
Pablo tentava desviar o atendimento dos homens da "letra" de uma ministração que era impotente para dar vida, para que se fixassem no "espírito" do sistema que podia dar-lhes vida. O sistema judeu não só tinha chegado a ser inútil como guia para a salvação, senão, em realidade, perigoso porque tendia a apartar o atendimento dos homens de Cristo, ainda que seu propósito original tinha sido levar aos seres humanos ao Salvador.
Mas o sistema judeu de cerimônias não só se tinha voltado obsoleto, senão que quando dito sistema esteve em vigência, os judeus perverteram muito o plano original e o propósito de Deus por meio dele. Isto fez que o sistema fora tão ineficaz como objeta Mat. 23: 38; DTG 530). Com a vinda de Cristo já não tinha a menor desculpa para perpetuar o antigo ministério, como tentavam fazê-lo os judaizantes adversários de Pablo. Cf. Rom. 9: 30-33.
Muito mais.
Bem como a luz deslumbrante do sol faz desaparecer as estrelas, o ministério do "espírito" sobrepuja e substitui ao da "letra".
12.
Tendo.
Nos vers. 7-11 Pablo contrasta o ministério mosaico com o apostólico.
Agora apresenta os diferentes resultados das duas classes de ministérios como se podem ver nos judeus (vers. 13- 16) e nos cristãos (vers. 17-18).
Os judeus permaneceram cegos e duros de coração; mas para os cristãos o ministério do "espírito" significou liberdade e transformação.
Tal esperança.
Isto é a glória e a eficácia superiores do ministério do "espírito" (cf.
Tito 2: 13).
Franqueza.
Ou "ousadia". Esta palavra também se traduziu como "denuedo" em Hech. 4: 13 e em outras passagens. Expressa a idéia de franqueza, candor e valor. Os judeus tinham tido medo de olhar o brilho divino do rosto de Moisés e tremeram ante a manifestação da glória divina no Sinaí. Moisés era o porta-voz de Deus, mas deveu cobrir a glória divina refletida em seu rosto, a qual comprovava seu ministério. Pelo contrário, no ministério mais glorioso de Pablo não tinha nada que devia ser ocultado. O apóstolo podia proclamar sem reservas as verdades do Evangelho.
13.
Não como Moisés.
Ver Exo. 34: 29-35. Pablo utiliza o episódio do véu para ilustrar a cegueira espiritual de Israel (2 Cor. 3: 14-16). Segundo o apóstolo, a glória que se desvaneceu representava os símbolos e as cerimônias que terminariam com o aparecimiento da grande Realidade simbolizada, o Senhor Jesucristo. Pablo explica que devido ao "véu" os israelitas não puderam ver o desvanecimento dessa glória passageira nem compreender seu significado, pois criam firmemente que os símbolos e as cerimônias tinham que ser permanentes. CONSIDERAVAM-NOS como um fim em si mesmos; não compreendiam que esse sistema simbólico era transitório e provisório por natureza, que prefiguraba a glória de Cristo que tinha de vir.
Moisés não ocultou deliberadamente a verdade nem tentou enganar aos israelitas. Profetizou a respeito do Mesías e antecipou o glorioso momento de sua vinda (ver Deut. 18: 15). O véu simbolizava a incredulidade dos judeus (Heb. 3: 18-19; 4: 1-2; cf. PP 340-341) e sua insistência em não perceber a Cristo no ministério dos sacrifícios.
14.
Embotó.
A causa dessa condição espiritual foi a incredulidade persistente.
Até o dia de hoje.
Pablo tinha sido constituído como ministro do novo pacto, mas seu ministério entre os judeus de seu tempo não tinha sido mais eficaz do que o de Moisés na antigüidade. Se devia a que Pablo só tinha sido ministro da "letra"? ¡Não!
Era o resultado de que o "véu" ainda estava sobre suas mentes e corações. A solução era que tirassem o "véu", e não que Pablo mudasse seu ministério do espírito à "letra" como o pediam seus adversários.
Antigo pacto.
"Antigo Testamento" (RVA, BC, BJ, NC). A palavra grega diathék" aparece 33 vezes no NT. Na RVR só em duas dessas ocasiões se traduziu como "testamento" (Heb. 9: 16-17), onde evidentemente o requer o contexto. Neste vers. 14 e tem mais lógico "lêem o Antigo Testamento" que "lêem o antigo pacto". Mas aqui não se refere ao AT como o que conhecemos agora, pois nesses dias ainda não existia o NT como o temos agora. Quanto à forma em que se referiam ao AT no NT, ver com. Luc. 24: 44. Quiçá Pablo se refira ao Pentateuco ou àquela parte do mesmo em que se apresentam as especificações 846 da disposição do pacto. O véu, em vez de estar sobre o rosto de Moisés, encontra-se agora sobre o livro que ele escreveu. Mas sem fazer caso à palavra falada ou escrita por Moisés, ainda permaneciam cegados os corações e as mentes da gente. Os judeus não puseram a um lado a lei; liam-na com regularidade e é provável que honrassem a Moisés. Em realidade não acreditavam em ele, pois caso contrário tivessem acreditado em Cristo (Juan 5: 46-47). A glória de Moisés consistia para eles na "letra" da lei e nas formas externas e nas cerimônias ali prescritas. A natureza e o significado da obra do Mesías seguiam sendo um mistério para eles.
O mesmo véu.
Isto é, a mesma incapacidade espiritual para reconhecer as grandes verdades espirituais e o propósito espiritual do ministério de Moisés. Uns 1.500 anos depois do Sinaí os judeus continuavam com o entendimento tão embotado como antes. A incredulidade dos judeus nos dias do apóstolo Pablo era idêntica à dos dias de Moisés.
Por Cristo é tirado.
Descobrir a Cristo nas profecias do AT e nas cerimônias e formas prescritas em suas páginas, era o único que podia ser suficiente para tirar o "véu" quando se liam essas passagens das Escrituras. Mas os judeus se negaram a reconhecer a Cristo como o Mesías, e por isso o véu continuava sem ser tirado.
15.
Ainda até o dia de hoje.
Uns 1.500 anos depois do tempo de Moisés e uns 30 anos depois da morte de Cristo.
Quando se lê a Moisés.
Os primeiros cinco livros da Bíblia foram escritos por Moisés e se conheciam como "a lei de Moisés", Eram lidos regularmente nas sinagogas (Hech. 15: 5, 21; ver t. V, pp. 97-99).
Sobre o coração deles.
Não tanto sobre o intelecto como sobre a vontade. Poderiam ter crido, mas se negaram a fazê-lo (ver com. Ouse. 4: 6). Os judeus decidiram permanecer voluntariamente cegos através de toda sua história como nação. Nos escritos de Moisés só viam o que queriam crer (ver t. IV, p. 35). Estavam completamente convencidas da incomparável excelência da "letra" da lei de Moisés, mas fechavam os olhos a seu "espírito". Os serviços do santuário e os sacrifícios assinalavam ao Cordeiro de Deus e sua obra como mediador. Salmos como o 22, o 24 e o 110 destacavam àquele que é maior do que David. As profecias de Isaías deveriam tê-los induzido a compreender que o Mesías tinha que sofrer antes de que fora coroado Rei. É indubitável que só esperavam que o Mesías os livrasse de seus inimigos estrangeiros, e não de Seus Pecados (ver com. Luc. 4: 19). Este mesmo véu de incredulidade voluntária com freqüência oculta a verdade da gente hoje em dia. Precisamos estudar as Escrituras em mentes abertas, listas para renunciar a opiniões preconcebidas e a reconhecer e aceitar a verdade qualquer que ela seja.
16.
Quando se convertam.
O obstáculo para a visão espiritual está dentro de¡ indivíduo, não em Deus.
Pablo não está ensinando que toda a nação de Israel se salvaria em massa (ver Rom. 9: 6-8; com. Rom. 11: 26).
Quando as pessoas se convertem para valer, discernem que tanto o AT como o NT dão depoimento de Cristo (Luc. 24: 27; Juan 5: 39; 15: 26-27; 16: 13-14). Mas alguns cristãos modernos, a semelhança dos judeus incrédulos dos dias do NT, velam seu entendimento e vêem no AT só um sistema de ritos e cerimônias,
O véu.
Moisés se tirou o véu quando regressou à presença de Jehová (Exo. 34: 34), e a cegueira espiritual e a incredulidade serão tiradas da mente e do coração dos que verdadeiramente se convertam. Quando os judeus, guiado pelo Espírito chegavam a acreditar em Cristo, era-lhes tirado o véu que tinha escurecido sua visão do pacto eterno e que os tinha extraviado. Então Podiam compreender o verdadeiro significado do sistema judeu e entender que Cristo constituía, em sua pessoa e obra, o mesmo coração do sistema de sacrifícios e de toda a lei de Moisés.
Os homens podem ler corretamente a mensagem das Escrituras -já se trate do AT ou do NT- unicamente quando encontram a Cristo nelas. Para entender a Palavra de Deus e interpretá-la corretamente, é imprescindível que se obedeça de todo coração a vontade divina (ver com. Mat. 7: 21-27).

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Carlstadt

Mensagem Qua Jul 29, 2009 4:23 pm por Carlstadt

A Lei do Espírito e os Dois Pactos (2Cor. 13)
Autor: Prof. Gilson Medeiros
Um estimado leitor do blog me enviou um comentário solicitando mais informações sobre as declarações de Paulo em 2Cor. 13.



Ele mencionou de um diálogo que teve com um pentecostal, o qual argumentava que a Lei do Espírito, mencionada por Paulo, era uma "substituição" à Lei de Pedra, fazendo referência aos 10 Mandamentos.


O senhor também lhe dizia que haviam dois pactos, duas alianças, e nós estamos sob a influência do 2º Pacto. Esta é uma declaração também muito conhecida, pois estas pessoas consideram que o Antigo Testamento, com todas as suas leis, perdeu o valor a partir da existência do Novo Testamento e o sacrifício de Jesus.


O que ocorre é que há uma tendência natural do movimento pentecostal, e de algumas denominações evangélicas mais tradicionais, de rejeitarem aquilo que eles consideram como sendo apropriado apenas ao Judaísmo. Fazendo isso, eles argumentam que todo o Antigo Testamento deixou de ter sentido quando do ministério sacrifical de Jesus. O que eu estranho é o fato de que, no fundo, no final das contas, este argumento só é levado em conta com relação ao 4º Mandamento - o sábado do sétimo dia.


Dificilmente encontraremos um líder pentecostal pregando em sua igreja que alguns elementos predominantemente vinculados ao AT também perderam a validade. Por exemplo:
- O dízimo
- O 2º Mandamento (que assim como o 4º, não se repete no NT, como vociferam os pentecostais)
- O criacionismo
- Os salmos e provérbios
- As histórias de conquistas militares (já perceberam como os pentecostais "adoram" usar detalhes das vidas dos líderes do AT para defenderem a teologia da prosperidade?)
- Os outros 9 Mandamentos de um modo geral


Estas pessoas parecem "esquecer" algo muito simples e inquestionável: as Escrituras que Jesus tanto defendeu não continham o Novo Testamento, pois este não existia em Sua época. Para Jesus, as Escrituras que conduzem o homem a Ele são os escritos do Antigo Testamento, o Novo é, apenas, para confirmar e ampliar o que o Antigo já determinava, profetizava e anunciava (cf. Mat. 21:42; 22:29; 26:56; Marcos 12:24; Luc. 24:27, 45; Jo 5:39, etc.).


Não é demais lembrar que o próprio Jesus já profetizou que muitas pessoas que hoje usam Seu santo nome, não fazem parte do Seu povo, por um motivo bem simples: desprezam Sua Lei (cf. Mat. 7:21-23).


2Coríntios 13


Para ajudar meu amigo leitor a esclarecer as dúvidas sobre esta passagem, vou aproveitar o que está no respectivo Comentário Adventista, disponível na Internet.


"Tábuas de Pedra"
Ou "tabuletas de pedra". Paulo contrasta as duas tábuas de pedra nas quais Deus escreveu os Dez Mandamentos no Sinai com as tabuletas de carne do coração. Não havia nada mau em que a lei de Deus estivesse escrita em pranchas de pedra, mas enquanto só estivesse escrita ali e não fora transferida às tabuletas dos corações dos homens, na prática permanecia só como letra morta. A verdade tem força vivente e ativa só quando é aplicada aos problemas da vida. Paulo antecipa aqui o que vai dizer sobre o novo pacto nos vers. 6-11. Faz-se referência à experiência do novo pacto em passagens das Escrituras como Jer. 31:31-33; Eze. 11:19-20; 36:26-27; Heb. 8:8-10.


Só Deus tem poder para chegar até o coração e escrever ali Sua lei. É mais fácil escrever Sua lei em pranchas de pedra, porque estas não têm vontade para opor-se; mas uma vez que a lei está escrita no coração, deixa de ser letra morta. O papel e a pedra são transitivos; mas não passa o mesmo com a lei escrita no coração e na vida.


Moisés descendeu do Sinai trazendo duas pranchas de pedra, evidência visível de que tinha estado com Deus, e descendeu do monte como porta-voz instituído por Deus. Embora os créditos do Paulo não eram de uma natureza tangível, não eram menos reais, pois a mesma lei divina tinha sido escrita pelo Espírito Santo no coração do apóstolo e nos corações de seus conversos. Paulo não necessitava outros créditos. Sua vida e as daqueles a quem havia levado a Cristo, constituíam uma evidência suficiente de que sua comissão provinha de Deus.


"Novo pacto"
Paulo contrasta o novo pacto com o antigo. A um o identifica com o espírito; ao outro, com a letra. Sob o antigo pacto, a reverência judia pela singela "letra" da lei virtualmente se converteu em idolatria; asfixiou o "espírito". Os judeus preferiram viver sob o domínio da "letra" da lei. Sua obediência à lei, ao ritual e às cerimônias estabelecidas, era formal e externa. A consagração e a obediência de um cristão não devem caracterizar-se por procedimentos rotineiros, minuciosas régias e complicados requisitos, mas sim pela presença e o poder do Espírito de Deus.


"Não da letra"
O contraste entre "letra" e "espírito" nas Escrituras é peculiar do apóstolo Paulo (ver Rom. 2:27-29; 7:6). A primeira é superficial; o segundo chega ao íntimo. Tanto judeus como cristãos correm o perigo de pôr ênfase na "letra", excluindo o "espírito". O AT e o NT constituem uma revelação inspirada pelo Espírito Santo (2 Tim. 3: 15-17). Deus queria que o judaísmo tivesse ambos, a "letra" e o "espírito": o registro da vontade revelada de Deus e certas formas ou ritos prescritos que se traduziram em uma experiência vivente (ver João 4:23-24); o mesmo deve acontecer no cristianismo. Os credos oficiais, a teologia teórica e as formas do culto, não têm poder para salvar aos homens do pecado.


A "letra" da lei era boa pois procedia de Deus e ficou registrada nos escritos de Moisés; mas Deus tinha o propósito de que a "letra", o registro escrito da lei, fora só um meio para alcançar um fim mais elevado: estabelecer o "espírito" da lei nos corações dos judeus. Entretanto, a maioria dos israelitas fracassaram em interpretar a "letra" da lei em termos do "espírito" da lei; quer dizer, não a converteram em uma experiência religiosa de salvação pessoal do pecado por meio da fé na expiação que proporcionaria o Mesías. Só o "espírito" da lei pode "vivificar", se trate de judeus ou de cristãos. A prática do cristianismo facilmente pode degenerar em uma "aparência de piedade " sem "a eficácia dela" (2 Tim. 3: 5). De modo que a "letra" do cristianismo "mata" aos que dependem dela para a salvação.


Nos dias de Paulo o judaísmo tinha perdido a tal ponto o "espírito" da verdadeira religião, que seus ritos religiosos eram somente "letra". Como sistema tinha perdido o poder de repartir vida a seus seguidores (ver Marcos 2:21-22; João 1:17); o cristianismo, por sua parte, ainda era jovem e forte, embora nos séculos seguintes também se degeneraria (cf. Dan. 7). De modo que quando Paulo escreveu, o judaísmo estava identificado com a "letra", e o cristianismo se identificava com o "espírito" até onde estava livre da influência do judaísmo.


Não tem nenhum fundamento o argumento de que Paulo menospreza aqui o AT e o Decálogo, pois ao escrever aos gentios que tinham aceito o Evangelho, repetidas vezes ele afirma a vigência do AT e do Decálogo para os cristãos (ver Rom. 8:1-4; 2 Tim. 3:15-17; Efés. 6:2; cf. Mat. 5:17-19). Cristo e os apóstolos não tinham outras "Escrituras" fora do AT (ver João 5:39). Os nomes de muitos fiéis que se registram em Heb. 11, junto com muitos milhares de crentes do tempo do AT, experimentaram a obra do Espírito Santo em suas vidas assim como milhares a sentiram nos dias do NT.


Cada igreja e cada credo tem sua "letra" e seu "espírito". O Evangelho de Jesus tem sua "letra" e tem seu "espírito"; mas sem o poder vivificante do Espírito Santo, o Evangelho indevidamente se converte, em qualquer igreja, em "letra" morta. Milhares e milhares que se chamam cristãos estão satisfeitos com a "letra", e permanecem completamente desprovidos de vida espiritual. O que Deus exige não é simplesmente um proceder correto, mas sim que o dito proceder seja o produto e a evidência de uma boa relação com Deus e uma ótima condição moral e espiritual. Reduzir a vida e o culto cristãos ao cumprimento de um sistema de regras sem que haja dependência do Deus vivente, é confiar no uso e o ministério da "letra". Os atos externos e as cerimônias da religião, seja judia ou cristã, nada mais são que um meio para alcançar um fim. Mas se os considera como fins em si mesmos, convertem-se imediatamente em um estorvo para a verdadeira experiência religiosa.


O mesmo com a lei de Deus, o Decálogo. O cumprimento externo de seus preceitos, em um esforço para ganhar a salvação mediante eles, é vão. A obediência tem valor diante de Deus só quando se produz como um resultado natural do amor a Deus e ao próximo (ver Mat. 19:16-30). No Sermão do Monte nosso Senhor destacou o princípio de que a obediência à "letra" da lei sem o "espírito" de obediência, não alcança a norma de justiça divina (ver Mat. 5:17-22). Contra o que afirmam certos expositores modernos das Escrituras, o "espírito" da lei não invalida sua "letra". Por exemplo, Jesus ordenou a Seus seguidores, apoiando-se no sexto mandamento, que não se zangassem contra seus irmãos (Mat. 5: 22), mas com isso não autorizou a ninguém para que violasse a letra do mandamento matando a seu próximo. É óbvio que o "espírito" do sexto mandamento não ocupa o lugar de sua "letra", mas sim complementa a letra e a magnifica (ver Isa. 42:21). O mesmo pode dizer-se dos outros nove preceitos do Decálogo, inclusive o quarto (ver Isa. 58:13; Marcos 2:28).


::::::::::::


Conclusão


Vemos, mais uma vez, que não há nenhuma contradição na Bíblia. O mesmo Deus do AT é o Deus do NT, por isso não pode haver "duas leis" mutuamente excludentes. Deus é um Deus de ordem, justiça e eternidade.


Assim como Paulo, os Adventistas também crêem e ensinam que não há salvação na guarda dos mandamentos. A graça é o único, eficaz e pleno meio a se alcançar o perdão dos pecados e a vida eterna. Mas, assim como o apóstolo da graça, não podemos aceitar que a graça seja inimiga da obediência.


Somos salvos unicamente pela fé, mediante a graça de Cristo... mas para vivermos uma vida de santidade e obediência, que se expressa, também, na guarda dos mandamentos, não como "meio" de salvação, mas sim como um "fruto" da salvação que já foi conquistada.

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