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A deformação da teoria: a mudança quieta no pensamento evolucionário
Quarta-feira, Junho 27, 2012
A deformação da teoria: a mudança quieta no pensamento evolucionário
Douglas Axe 25 Junho, 2012 12:29 PM | Permalink
É impressionante como o pensar sobre a evolução mudou desde que eu comecei acompanhando o assunto nos anos 1980s. Os biólogos de hoje claramente já chegaram à conclusão de que a teoria da evolução deve ser revisada a fim de evitar conflito com os dados genômicos, e ainda assim eles estão muito relutantes em dizer que os problemas forçando a mudança são problemas profundos. Uma consequência dessa abordagem negócios como de costume é que os jovens biólogos podem desconhecer que eles estão herdando uma versão de darwinismo que teria sido considerado bem peculiar somente há uma geração atrás.
Uma mudança particularmente importante tem a ver como as sequências de dados são usadas para construir árvores filogenéticas – diagramas ramificados que representam as relações evolucionárias propostas entre as espécies. Uma vez que essas árvores são, essencialmente, nada mais do que hipóteses, os cientistas deveriam considera-las desse jeito. A questão toda, afinal de contas, é ver quão bem elas resistem ao escrutínio crítico. Mas, este um aspecto importante no qual o pensamento evolucionário tem mudado.
Nos anos 1970s, antes do sequenciamento do DNA se tornar rotina, os cientistas usaram várias propriedades de proteínas, inclusive suas sequências de aminoácidos para construir árvores filogenéticas. As séries de dados eram muito menores do que elas são agora, mas os princípios básicos e as pressuposições subjacentes eram as mesmas. As proteínas correspondentes de diversas espécies eram comparadas a fim de quantificar suas semelhanças, e as árvores das espécies eram construídas dos resultados.
Embora a crença de que todas as espécies eram relacionadas era tão sacrossanta quanto é agora, havia, pelo menos, um reconhecimento geral de que as árvores eram somente críveis quanto a evidência apoiando-as. Em particular, a maioria dos biólogos reconhecia a importância da consistência entre as inferidas árvores das espécies, significando que a análise realizada nos genes correspondentes ou proteínas tiradas de diversas espécies deveria produzir a mesma árvore independente de quais genes ou proteínas tinham sido usados. Ellen Prager e Allan Wilson relatam assim em 1976 1:
“A fim de testar a confiabilidade do uso de proteínas para elabora relações filogenéticas, é essencial determinar se a ordem de ramificação da árvore evolucionária que alguém obtém depende da proteína estudada.”
Se a análise der árvores diferentes quando aplicada a diferentes proteínas, então algo está errado. Uma década mais tarde, David Hillis também igualmente enfático 2:
“Um objetivo principal das pesquisas filogenéticas é reconstruir a história evolucionária de um grupo de organismos. Porque os organismos pesquisados têm uma única história, as pesquisas sistemáticas de qualquer série de caracteres geneticamente determinados deveriam ser congruentes com outras tais pesquisas baseadas em séries diferentes de caracteres nos mesmos organismos? A congruência entre pesquisas é evidência forte de que o padrão histórico subjacente foi descoberto; conflito pode indicar problemas teóricos ou de procedimento em uma ou nas duas análises, ou pode indicar que dados adicionais são necessários para as relações filogenéticas em questão.”
Mas se nós avançarmos rapidamente duas décadas, torna-se claro que o quadro consistente que todo mundo esperava – todos os genes confirmando os mesmos padrões de relações de espécies – não aconteceu. Antes, o que nós temos é algo tipo uma bagunça, como James Degnan e Noah Rosenberg tornaram claro em um artigo publicado em 2009 3:
“Muitas das primeiras pesquisas examinando o sinal conflitante de genes diferentes encontraram considerável discordância nas árvores baseadas em genes: pesquisas de hominídeos, pinheiros, ciclídeos, tentilhões, gafanhotos e mosquinhas das frutas, todas elas detectaram discordância genealógica tão ampla que nenhuma topologia de uma única árvore predomina.”
E apesar de tentativas consistentes em retratar isso como sendo algo menor do que uma crise para a teoria da evolução, a notícia encontrou seu caminho na imprensa popular. Naquele mesmo ano, o jornal inglês, The Telegraph caiu em cima da história com um artigo intitulado, "Charles Darwin's tree of life is 'wrong and misleading' claim scientists" [A Árvore da Vida de Charles Darwin está ‘errada e conduz ao erro’] 4.
Bem, agora que o segredo se tornou público, o que nós vamos fazer com isso? Alguém pensaria que se “A congruência entre pesquisas é evidencia forte de que o padrão histórico subjacente foi descoberto”, então uma ampla falta de congruência de árvores baseadas em genes deveria provocar o reconhecimento de incerteza histórica. Afinal de contas, por que nós deveríamos acredita que as árvores baseadas em genes revelam as histórias das espécies se os próprios genes não concordam entre si nessas histórias?
Na verdade, torna-se muito fácil construir histórias evolucionárias totalmente fictícias quando nós abandonamos a expectativa de consistência de que tal mudança deva ser considerada como solapando todo o exercício de reconstrução filogenética. Whisky, querosene e leite não têm nenhum pedigree comum, mas isso não deveria nos impedir de elaborar um, se nós fôssemos baixar o padrão nessa maneira. A única perspectiva de elevar a construção de árvores a algo mais do que um jogo, então, é que isso possa descobrir um padrão extremamente consistente de relação entre as espécies. E a verdade sóbria é – a construção de árvores não faz isso.
Mas, também é um fato que o compromisso da comunidade científica com a evolução naturalista de algum tipo é bem profunda. Nas palavras do biólogo evolucionista Eric Bapteste 4:
"Se você não tem uma árvore da vida, o que isso significa para a biologia evolucionária? A princípio isso é muito assustador – mas nos últimos dois anos, as pessoas começaram a libertar suas mentes." Segundo o filósofo de biologia John Dupré, tudo isso "faz parte da mudança revolucionária em biologia. Nosso modelo padrão de evolução está sob enorme pressão. Nós iremos, nitidamente, ver a evolução muito mais sobre fusões e colaboração do que mudança dentro das linhagens isoladas"4.
Isso, talvez, já é um começo. Mas nós temos algo em mente ainda mais revolucionário.
Referências citadas:
(1) http://www.springerlink.com/content/j7315x8081517q53/
(2) http://www.lifesci.utexas.edu/faculty/antisense/papers/Hillis1987ARES.pdf
(3) http://www.stanford.edu/group/rosenberglab/papers/DegnanRosenberg2009-TREE.pdf
(4) http://www.telegraph.co.uk/science/4312355/Charles-Darwins-tree-of-life-is-wrong-and-misleading-claim-scientists.html
Crédito da imagem: Versão da foto de Norbert Nagel, Wikimedia Commons.
A deformação da teoria: a mudança quieta no pensamento evolucionário
A deformação da teoria: a mudança quieta no pensamento evolucionário
Douglas Axe 25 Junho, 2012 12:29 PM | Permalink
É impressionante como o pensar sobre a evolução mudou desde que eu comecei acompanhando o assunto nos anos 1980s. Os biólogos de hoje claramente já chegaram à conclusão de que a teoria da evolução deve ser revisada a fim de evitar conflito com os dados genômicos, e ainda assim eles estão muito relutantes em dizer que os problemas forçando a mudança são problemas profundos. Uma consequência dessa abordagem negócios como de costume é que os jovens biólogos podem desconhecer que eles estão herdando uma versão de darwinismo que teria sido considerado bem peculiar somente há uma geração atrás.
Uma mudança particularmente importante tem a ver como as sequências de dados são usadas para construir árvores filogenéticas – diagramas ramificados que representam as relações evolucionárias propostas entre as espécies. Uma vez que essas árvores são, essencialmente, nada mais do que hipóteses, os cientistas deveriam considera-las desse jeito. A questão toda, afinal de contas, é ver quão bem elas resistem ao escrutínio crítico. Mas, este um aspecto importante no qual o pensamento evolucionário tem mudado.
Nos anos 1970s, antes do sequenciamento do DNA se tornar rotina, os cientistas usaram várias propriedades de proteínas, inclusive suas sequências de aminoácidos para construir árvores filogenéticas. As séries de dados eram muito menores do que elas são agora, mas os princípios básicos e as pressuposições subjacentes eram as mesmas. As proteínas correspondentes de diversas espécies eram comparadas a fim de quantificar suas semelhanças, e as árvores das espécies eram construídas dos resultados.
Embora a crença de que todas as espécies eram relacionadas era tão sacrossanta quanto é agora, havia, pelo menos, um reconhecimento geral de que as árvores eram somente críveis quanto a evidência apoiando-as. Em particular, a maioria dos biólogos reconhecia a importância da consistência entre as inferidas árvores das espécies, significando que a análise realizada nos genes correspondentes ou proteínas tiradas de diversas espécies deveria produzir a mesma árvore independente de quais genes ou proteínas tinham sido usados. Ellen Prager e Allan Wilson relatam assim em 1976 1:
“A fim de testar a confiabilidade do uso de proteínas para elabora relações filogenéticas, é essencial determinar se a ordem de ramificação da árvore evolucionária que alguém obtém depende da proteína estudada.”
Se a análise der árvores diferentes quando aplicada a diferentes proteínas, então algo está errado. Uma década mais tarde, David Hillis também igualmente enfático 2:
“Um objetivo principal das pesquisas filogenéticas é reconstruir a história evolucionária de um grupo de organismos. Porque os organismos pesquisados têm uma única história, as pesquisas sistemáticas de qualquer série de caracteres geneticamente determinados deveriam ser congruentes com outras tais pesquisas baseadas em séries diferentes de caracteres nos mesmos organismos? A congruência entre pesquisas é evidência forte de que o padrão histórico subjacente foi descoberto; conflito pode indicar problemas teóricos ou de procedimento em uma ou nas duas análises, ou pode indicar que dados adicionais são necessários para as relações filogenéticas em questão.”
Mas se nós avançarmos rapidamente duas décadas, torna-se claro que o quadro consistente que todo mundo esperava – todos os genes confirmando os mesmos padrões de relações de espécies – não aconteceu. Antes, o que nós temos é algo tipo uma bagunça, como James Degnan e Noah Rosenberg tornaram claro em um artigo publicado em 2009 3:
“Muitas das primeiras pesquisas examinando o sinal conflitante de genes diferentes encontraram considerável discordância nas árvores baseadas em genes: pesquisas de hominídeos, pinheiros, ciclídeos, tentilhões, gafanhotos e mosquinhas das frutas, todas elas detectaram discordância genealógica tão ampla que nenhuma topologia de uma única árvore predomina.”
E apesar de tentativas consistentes em retratar isso como sendo algo menor do que uma crise para a teoria da evolução, a notícia encontrou seu caminho na imprensa popular. Naquele mesmo ano, o jornal inglês, The Telegraph caiu em cima da história com um artigo intitulado, "Charles Darwin's tree of life is 'wrong and misleading' claim scientists" [A Árvore da Vida de Charles Darwin está ‘errada e conduz ao erro’] 4.
Bem, agora que o segredo se tornou público, o que nós vamos fazer com isso? Alguém pensaria que se “A congruência entre pesquisas é evidencia forte de que o padrão histórico subjacente foi descoberto”, então uma ampla falta de congruência de árvores baseadas em genes deveria provocar o reconhecimento de incerteza histórica. Afinal de contas, por que nós deveríamos acredita que as árvores baseadas em genes revelam as histórias das espécies se os próprios genes não concordam entre si nessas histórias?
Na verdade, torna-se muito fácil construir histórias evolucionárias totalmente fictícias quando nós abandonamos a expectativa de consistência de que tal mudança deva ser considerada como solapando todo o exercício de reconstrução filogenética. Whisky, querosene e leite não têm nenhum pedigree comum, mas isso não deveria nos impedir de elaborar um, se nós fôssemos baixar o padrão nessa maneira. A única perspectiva de elevar a construção de árvores a algo mais do que um jogo, então, é que isso possa descobrir um padrão extremamente consistente de relação entre as espécies. E a verdade sóbria é – a construção de árvores não faz isso.
Mas, também é um fato que o compromisso da comunidade científica com a evolução naturalista de algum tipo é bem profunda. Nas palavras do biólogo evolucionista Eric Bapteste 4:
"Se você não tem uma árvore da vida, o que isso significa para a biologia evolucionária? A princípio isso é muito assustador – mas nos últimos dois anos, as pessoas começaram a libertar suas mentes." Segundo o filósofo de biologia John Dupré, tudo isso "faz parte da mudança revolucionária em biologia. Nosso modelo padrão de evolução está sob enorme pressão. Nós iremos, nitidamente, ver a evolução muito mais sobre fusões e colaboração do que mudança dentro das linhagens isoladas"4.
Isso, talvez, já é um começo. Mas nós temos algo em mente ainda mais revolucionário.
Referências citadas:
(1) http://www.springerlink.com/content/j7315x8081517q53/
(2) http://www.lifesci.utexas.edu/faculty/antisense/papers/Hillis1987ARES.pdf
(3) http://www.stanford.edu/group/rosenberglab/papers/DegnanRosenberg2009-TREE.pdf
(4) http://www.telegraph.co.uk/science/4312355/Charles-Darwins-tree-of-life-is-wrong-and-misleading-claim-scientists.html
Crédito da imagem: Versão da foto de Norbert Nagel, Wikimedia Commons.
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