Em minhas frequentes participações em fóruns de discussão pela internet nestes 5 anos, algumas vezes vi o questionamento sobre a veracidade da existência dos reinos de Davi e Salomão. Parece que o consenso geral era de que se os judeus, na época que se costuma datar estes reinos, formavam de fato um povo, certamente este reino seria ainda um reino tribal...
Há alguns anos atrás, eu li o famoso livro chamado E a Bíblia Tinha Razão. Acredito que estamos chegando a mais um relato que poderia muito bem entrar para este livro.
Há um pouco mais de um ano, o site Biblical Archeology Review relatou novas escavações de um forte hebreu na divisa com a antiga Filistéia, datada do século 11 antes de Cristo. Portanto, o forte existia no período da monarquia unificada (reinos de Davi e Salomão). Bem, recentemente eles publicaram mais um relatório sobre a escavação, que me pareceu muito interessante.
Segundo eles, este forte foi ocupado somente durante a monarquia unificada, sendo posteriormente abandonado. De fato, não há dúvidas sobre a datação do forte.
A própria estrutura do forte só poderia ser construída por um povo já desenvolvido. Algumas pedras pesam 5 toneladas! O povo que construiu este forte precisava ter um conhecimento tecnológico avançado para poder levar este tipo de pedra, por exemplo. Um reinado tribal dificilmente faria isto. Por estas coisas é que percebemos a importância deste achado.
O provável nome para o forte seria Sha‘araim, que significa "dois portões" em hebraico. Este forte é o único encontrado com dois portões, que disputa o título... Tal fortaleza é mencionada em 1 Samuel 17:52.
O achado mais surpreendente do lugar é um pedaço de vaso com antigas inscrições hebraicas, como pode ser visto abaixo:



Escrito no começo do século 10 antes de Cristo, este texto é considerado o texto hebraico mais antigo já encontrado. E ele estabelece também que o reino unido de Judá já contava com um alfabeto. As implicações disto são grandes! O texto, no entanto, está bem apagado, e o conteúdo completo da mensagem não pode ser conhecido.
Misgav, a pessoa que estudou a inscrição, nos relata:

A inscrição começa com várias palavras de comando que podem ser judiciais ou éticas no conteúdo... O final da inscrição contém palavras que podem se relacionar com a área da política ou governo. É difícil extrair mais significado deste texto no estágio presente. Nós podemos determinar, contudo, que o texto tem continuidade de significado, e não é meramente uma lista de palavras desconexas. É escrita uma mensagem de uma pessoa para outra. Nós não podemos conhecer se é um documento público ou privado, apesar de parecer ser parte de alguma correspondência.

Ele continua:

O escritor do texto era um profissional. À luz desta informação, e assumindo que isto fosse uma fortaleza real dos primeiros dias da monarquia unida, tal car encontrada perto dos portões da cidade testifica a presença de administradores letrados na cidade apesar de seu tamanho modesto.

Parece que isto evidencia ainda mais a existência de um poderoso reino naquela época. Como disse o autor do artigo original, se em uma pequena cidade na fronteira do reino havia tais pessoas, imagina o que estava acontecendo em Jerusalém!

Baseado no artigo: http://www.bib-arch.org/bar/article.asp?PubID=BSBA&Volume=36&Issue=02&ArticleID=09&Page=1&UserID=0&