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O darwinismo "na prática"
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01052010
O darwinismo "na prática"
O darwinismo "na prática"
Em seu livro “A Miséria do Historicismo”, Karl Popper, refutando a ingênua pretensão de T. H. Huxley em atribuir à Evolução o status de “lei”, reduz o darwinismo a seu papel realmente merecido:
"A hipótese tem, melhor dizendo, o caráter de um enunciado histórico particular (singular ou específico).” Sendo assim, para Popper tal hipótese (a hipótese evolutiva) tem a rigor, o mesmo status do enunciado histórico do tipo: "Charles Darwin e Francis Galton possuíam um mesmo ancestral – ambos eram netos de uma dada pessoa”. Já em sua “Autobiografia Intelectual”, ele denomina o darwinismo de “Programa Metafísico de Pesquisa”. E explica o motivo: “É metafísico por não ser suscetível de prova” (p. 180).
Bem. Numa certa ocasião, quando indagado sobre quais seriam as aplicações práticas da Teoria da Evolução, um desses darwinistas deslumbrado com o maravilhoso mundo Darwin e fascinado pela palavra “diploma”, citou como exemplo de aplicação prática do darwinismo o "melhoramento genético”.
E, lamentavelmente tenho que confessar: "ele tem razão"!
Como é de conhecimento público, os postulados darwinistas tem sido um zero à esquerda para a prática da Medicina, por exemplo. No que diz respeito à criação de novos medicamentos, como antibióticos, tem sido tão útil quando aparelho para desentortar bananas. E, no que se refere à elaboração de novas vacinas, sua utilidade pode ser legitimamente comparada à água em pó. A única “contribuição” darwinista neste âmbito pode ser resumida no seguinte enunciado: "as bactérias que não morreram eventualmente vão suplantar as bactérias mortas.” Uma conclusão, sem dúvidas, jibóica!
Dito isto, voltemos ao que de prático nele se observa, ou seja, o tal “melhoramento genético” (dê-se aqui a devida relevância às aspas).
Todavia, ao escrever “melhoramento genético” não me refiro ao tipo de melhoria que é feita a fim de se obter melhores qualidades dos animais quanto à sua produtividade etc. Ora, não seria muito justo denominar à “contragosto” os antigos agricultores de darwinistas. Sim, afinal, muito antes de Darwin usar cueiro, e numa época em que não havia nenhum conhecimento de genética (e outros menos complexos ainda), já se fazia criteriosa seleção entre animais domésticos com o intuito de se conseguir raças mais fortes e produtivas.
Se hoje o melhoramento genético nesta área está mais sofisticado, é conseqüência óbvia do acúmulo de conhecimento com e o não menos óbvio conseqüente aumento da tecnologia no campo relacionado. Não tem, portanto, nenhuma relação com qualquer postulado darwinista. O próprio Darwin se utilizou dessa prática realizando cruzamentos com diferentes espécies de pombos. E, foi a partir dessa experiência que extrapolou suas idéias criando o conceito de “melhoria” social entre os homens. E é exatamente sobre esse tipo de “melhoria” (vide aspas) a que me referi.
Quando quiseram colocar em prática o darwinismo, os resultados foram os mais dramáticos e calamitosos possíveis. O próprio Darwin, a seu tempo, tencionou isso. Nélio Bizzo, um profundo conhecedor da obra do naturalista inglês, fala abertamente acerca disso, resumindo muito bem como funcionou “a prática" do darwinismo no âmbito sicial:
"Darwin e seu primo Francis Galton, juntamente com uma série de pensadores seus contemporâneos, acreditavam que a “raça” humana poderia ser melhorada se fossem evitados “cruzamentos indesejáveis”. A sociedade era vista com uma clara divisão: de um lado, os membros “superiores”, sadios, inteligentes, ricos e, obviamente, brancos; do outro lado, os membros “inferiores”, mal nutridos, doentes, pobres, de constituição racial duvidosa. Estes deveriam ser impedidos de se reproduzirem, pois acabariam por “rebaixar toda a raça”. A evolução biológica do homem poderia ser “acelerada”, limitando-se os mesmos rituais de seleção “vistos” na natureza. Os mais aptos, evidentemente, estavam entre os indivíduos das classes dominantes.
Darwin chegava até a prever a completa extinção de raças inteiras, consideradas “inferiores”. Escreveu pouco antes da morte, numa carta de 1881:
“Eu poderia esforçar-me e mostrar o que a seleção natural fez e ainda faz para o progresso da civilização, mais do que aquilo que pareceis admitir. Lembrai-vos do perigo que correram as nações européias, alguns séculos atrás, de serem esmagadas pelos turcos e de quanto este idéia nos parece ridícula hoje em dia. As raças mais civilizadas, que chamamos de caucásicas, bateram os turcos em campo raso na luta pela existência. Fazendo um relance sobre o mundo, sem olhar num porvir muito longínquo, quantas raças inferiores serão em breve eliminadas pelas raças que têm um grau de civilização superior!”
Se lembrarmos do jovem naturalista na Austrália, veremos que era este o raciocínio que utilizou para prever o futuro do canguru: seria dizimado pelos magricelas galgos ingleses. Se esta previsão estava errada, desgracadamente Darwin acertou com relação aos “civilizados”: assassinaram impiedosamente os povos primitivos que não aceitaram a submissão ao seu domínio.
No “Origem do homem”, deixava muita claras suas posições racistas: ”A seleção permite ao homem agir de modo favorável, não somente na constituição física de seus filhos, mas em suas qualidades intelectuais e morais (sic). Os dois sexos deveriam ser impedidos de desposarem-se quando se encontrassem em estado de inferioridade muito acentuada de corpo ou espírito”. E mais adiante:”Todos aqueles que não podem evitar uma abjeta pobreza para seus filhos deveriam evitar de se casar, porque a pobreza não é apenas um grande mal, mas ela tende a aumentar; (...) enquanto os inconscientes se casam e os prudentes evitam o casamento, os membros inferiores da sociedade tendem a suplantar (em número) os membros superiores. Como todos os animais, o homem chegou certamente ao seu alto grau de desenvolvimento atual mediante luta pela existência, que é conseqüência de sua multiplicação rápida; e, para chegar a um mais alto grau ainda, é preciso que continue a ser mantida uma luta rigorosa (...). Deveria haver concorrência aberta para todos os homens e dever-se-iam fazer desaparecer todas as leis e todos os costumes que impedem os mais capazes de conseguir seus objetivos e criar o maior número possível de crianças."
O grande Charles Darwin não declara expressamente a que grupo pertencia. Mas pelo fato de ter tido dez filhos e de ser uma pessoa rica, deduz-se facilmente...
É comum dizer-se que Darwin não afirmou que o homem descendia do macaco. Darwin dizia coisa muito pior. Seu racismo não o abandonava. Afirmava que o homem descendia dos selvagens! E não parava aí. Dizia que preferia descender de um forte e valente macaco, do que ter um desses selvagens como ancestral.A aplicação de sua teoria ao homem, ou, mais propriamente, e extensão ao organismo humano dos valores burgueses de propriedade privada e acumulação, resultou no que se chamou eugenia.
O melhoramento da raça através de recomendações da eugenia eram os ideais do nazismo. O Estado Nazista não era portanto nada mais do que um Estado capitalista onde a melhoria do corpo dos cidadãos fazia parte da estratégia global de aumento do produtividade.Hitler garantia procriação aos cidadãos alemães e possuíssem cabelos loiros, boa estrutura, queixo bem formado, nariz fino a arrebitado, olhos claros e profundos e pele rosado. Os homens selecionados poderiam ingressar na tropa de elite, a SS, e poderiam ter o número de filhos que desejassem, sem precisar casar. O Estado cuidaria de criar e educar tais crianças, segundo os ideais do nazismo.
A trajetória do nazismo é bem conhecida. As Câmaras de gás e os seis milhões de assassinatos, também... O que pouco se fala é que os Estados Unidos também adotavam políticas eugenistas na mesma época.
No Congresso de Eugenia de Nova Iorque, em 1933, foi proposta a esterilização em massa dos alcoólatras, criminosos e loucos. Tal medida “limparia” a sociedade norte-americana de toda “escória humana”, em poucas gerações. No Brasil, a Liga Brasileira de Higiene Mental propôs, em 1934, que se formassem tribunais eugênicos, para classificar os indivíduos, reforma eugênica dos salários (os brancos deveriam ganhar mais) e seguro-paternidade eugênico, assegurando assistência à criança branca.A eugenia de forma alguma foi característica exclusiva do nazismo. Esteve, e está, presente nas nações capitalistas com pretensões hegemônicas. Os “brancos de esperma”, as pesquisas de fecundação artificial etc., são prova disto.” (Nélio Vicenzo Bizzo. Editora Brasiliense: “O que é Darwinismo”, p. 67-71).
Está aí um exemplo prático do uso do darwinismo. De resto sobram deslumbramento, fascinação, paixão, imaginação, diplomas e a MICROevolução.
Não satisfeito por apenas especular no âmbito das ciências biológicas, o darwinismo passou a meter seu bedelho em tudo quanto é buraco do conhecimento humano, como a Psicologia, a Sociologia e até mesmo a Teologia. Essas quixotescas aventuras darwinianas, como já seria de se esperar, culminou emmuitas teorias excentricamente bizarras, extravagantes e escalafobéticas, como as que suguem:
1. TEORIA DA POPULARIDADE
“Segundo os pesquisadores, os genes não apenas afetam a personalidade, mas também têm impacto sobre a formação e a estrutura do grupo social de um indivíduo.” Como é de praxe neste tipo de especulação, sempre se dá um jeito de introduzir a Teoria da Evolução como muleta explicativa: “Os pesquisadores acreditam que pode existir uma explicação evolucionária para que uma pessoa fique no coração de um grupo ou à sua margem. Se uma infecção letal se propagar por uma comunidade, aqueles que estiverem à margem terão menor possibilidade de contrair a infecção e sobreviverão...” ...”Pode ser que a seleção natural esteja atuando não apenas em coisas como se nós podemos ou não resistir ao resfriado comum, mas também quem vai entrar em contato com quem." (BBC)
2. TEORIA DAS LOIRAS DAS CAVERNAS
Segundo o antropólogo Peter Frost, da Universidade St. Andrews, na Grã-Bretanha: “por volta do final da última Era Glacial, havia uma escassez de machos para a reprodução em algumas regiões, devido à dificuldade para conseguir caçar bisões, renas e mamutes, que compunham a dieta dos humanos de então. Por esse motivo houve um processo de seleção natural e, no norte europeu, pelo menos, tinham vantagem as mulheres com cabelos loiros e olhos claros.” (BBC)
3. TEORIA DAS EXPRESSÕES FACIAIS HEREDITÁRIAS
Para Ruth Mace, antropóloga evolucionária do University College London, “a expressão das emoções é algo que foi moldado pela seleção natural ao longo do tempo”. (BBC)
4. TEORIA DOS TESTÍCULOS GRANDES E CÉREBROS PEQUENOS
“Um estudo científico realizado entre 334 espécies de morcegos indica que os exemplares com os testículos maiores têm cérebros menores, publicou ontem a revista "Proceedings of the Royal Society B: Biological Letters". O excêntrico não reside nestes dados, mas na especulação evolutiva que vem logo a seguir: “O desenvolvimento dos testículos em algumas espécies foi um recurso da seleção natural para atrair as fêmeas...”...”Os cientistas comprovaram que, nas espécies cujas fêmeas são promíscuas, os machos com os maiores testículos e cérebros menores são os com mais chances de chamar atenção e procriar.” (FOLHA)
5. TEORIA DA PERSINALIDADE DOS ANIMAIS
“Segundo a teoria da seleção natural, a flexibilidade das espécies é uma das melhores estratégias para a sobrevivência e a reprodução, disse Max Wolf, biólogo encarregado do estudo. Mas "em muitas situações, é difícil entender o valor que algumas correlações têm para a evolução, como as existentes entre a audácia e a agressividade", disse Wolf.” (FOLHA)
O darwinismo "na prática" :: Comentários
O século XIX e a naturalização das diferenças
Por: Eni de Mesquita Samara:
"Sobretudo a partir de 1859, com a publicação de A origem das espécies, de Charles Darwin, colocava-se um ponto final na disputa entre monogenistas e poligenistas, além de se estabelecerem as bases para a afirmação de uma espécie de paradigma de época, com o estabelecimento do conceito de evolução. A novidade não estava tanto na tese anunciada, como no modo de explicação e na terminologia accessível utilizada pelo naturalista inglês. Dessa maneira, rapidamente, expressões como “sobrevivência do mais apto”, “ adaptação”, “luta pela sobrevivência” escapavam do terreno preciso da biologia e ganhavam espaço nas demais ciências.
No que se refere às humanidades, a penetração desse tipo de discurso foi não só ligeira como vigorosa. Herbert Spencer, em Princípios de sociologia (1876), definia que o que valia para a vida servia para o homem e suas produções. O passo seguinte era determinar que, assim como a natureza, a sociedade era regida por leis rígidas e o progresso humano era único, linear e inquebrantável.
Paralelamente, tomava força a escola “evolucionista social”, que marcava, nesse contexto, os primórdios e o nascimento de uma disciplina chamada Antropologia. Representada por teóricos como Morgan (1877), Frazer e Tylor essa escola concebia o desenvolvimento humano a partir de etapas fixas e pré-determinadas e vinculava de maneira mecânica elementos culturais, tecnológicos e sociais. Dessa forma, tendo a tecnologia como índice fundamental de análise e comparação, para os evolucionistas, a humanidade aparecia representada tal qual uma imensa pirâmide – dividida em estágios distintos, que iam da selvageria para a barbárie e desta para a civilização –, na qual a Europa aparecia destacada no topo e povos como os Botocudos na base, a representar a infância de nossa civilização. Apresentando uma forma de saber comparativa, os evolucionistas sociais pareciam dialogar com seu contexto, enquanto imperialistas, como Cecil Rhodes, afirmavam que pretendiam tudo dominar – de países a planetas –, a utopia desses etnólogos sociais era tudo classificar.
Como dizíamos, a partir da afirmação de uma visão evolucionista tão majoritária, até no campo da religião e da filosofia as influências são evidentes. Esta é a época do positivismo francês de Auguste Comte, o qual pretendia uma subordinação da filosofia à ciência da imutabilidade. Com efeito, a partir dos três métodos de filosofar – teológico, metafísico e positivo – assumia-se que a humanidade evoluia de formas pré-determinadas de pensar, revelando-se, assim, uma clara correlação com as teorias hegemônicas da época.
No entanto, se por um lado é possível visualizar a afirmação do evolucionismo como um paradigma de época, de outro é necessário reiterar que essas escolas reafirmavam a noção iluminista da humanidade una e inquebrantável. Muito diferente eram, no entanto, as teorias que, seguindo as pistas de detração – deixadas por C. de Pauw e pelo conde Buffon –, passaram a utilizar a idéia da diferença entre os homens, dessa feita com a respeitabilidade de uma ciência positiva e determinista.
Longe de estar esgotada, a corrente poligenista tomava, nesse contexto, uma nova força. Autores como Gobineau e Le Bon19 recuperavam as máximas de Darwin, porém destacando que a antiguidade na formação das raças era tal que possibilitava estudá-las como uma realidade ontológica. Partindo da afirmação do caráter essencial das raças – o qual as fariam diferir assim como as espécies –, uma série de teóricos, mais conhecidos como “darwinistas sociais”, passam a qualificar a diferença e a transformá-la em objeto de estudo, em objeto de ciência" (p. 16-18).
* Fonte:
“RACISMO & RACISTAS: TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO RACISTA NO BRASIL”. Por: Eni de Mesquita Samara. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS, 2001.
É isso!
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O "darwinismo espiritual" de Allan Kardec
Assim como outros contemporâneos de Charles Darwin, tais como Spencer, Galton e Haeckel, o religioso Allan Kardec também se enveredou pelo mesmo caminho da evolução como progresso. Todavia, ao contrário de Darwin, que atribuía à evolução apenas um mecanismo materialista como a Seleção Natural, para Kardec o principal agente evolucionário eram os espíritos. "A evolução orgânica é fruto da evolução espiritual, contínua no tempo, resultado de uma constante passagem dos seres por dois mundo: o mundo terreno e o espiritual" (SOUSA, Hebe Laghi, 2007, p. 47).
Segundo a autora acima citada, em seu livro "Darwin e Kardec, um diálogo possível": "Nosso primeiro corpo físico nada mais era que uma gota de material gelatinoso mas que possuía uma propriedade fantástica: a de se auto-reproduzir e povoar os mares, onde surgiram inúmeras outras gotas gelatinosas. Foi assim que iniciamos a exploração deste planeta, cuja atmosfera nem ainda era propícia à vida de um ser humano.
Passou o tempo e sofremos inúmeras transformações, desde os organismos mais rudimentares até os mais complexos, como peixes e répteis; aprendemos a voar nas asas de uma ave, chegamos aos mamíferos e, depois deles, aos símios e então aos hominídeos... Finalmente, alcançamos o Homem que hoje somos" (Editora Allan Kardec, p. 51).
Parece consensual que todos aqueles que à época de Darwin, incluindo o próprio naturalista, os quais defendiam o conceito de evolução como progresso, acreditavam igualmente num "aperfeiçoamento social" entre os povos. No caso da doutrina de Kardec, o fator "espírito" seria assim essencial para que um povo superasse seu estágio selvagem e primitivo. Lembrando que Kardec nasceu de uma família burguesa na França, ou seja, era um "europeu civilizado".
Em seu famoso "Livro dos Espíritos" Allan Kardec aborda a questão, é claro, "à luz dos espíritos". Em "Sucessão e aperfeiçoamento das raças", por exemplo, indaga e responde:
Há, neste momento, raças humanas que evidentemente decrescem. Virá momento em que terão desaparecido da Terra?
“Assim acontecerá, de fato. É que outras lhes terão tomado o lugar, como outras um dia tomarão o da vossa.”
[i]
Os homens atuais formam uma criação nova, ou são descendentes [i]aperfeiçoados dos seres primitivos?
“São os mesmos Espíritos que voltaram, para se aperfeiçoar em novos corpos, mas que ainda estão longe da perfeição. Assim, a atual raça humana, que, pelo seu crescimento, tende a invadir toda a Terra e a substituir as raças que se extinguem, terá sua fase de crescimento e de desaparição. Substituí-la-ão outras raças mais aperfeiçoadas, que descenderão da atual, como os homens civilizados de hoje descendem dos seres brutos e selvagens dos tempos primitivos.”
[i]
Do ponto de vista físico, são de criação especial os corpos da raça atual, ou [i]procedem dos corpos primitivos, mediante reprodução?
“A origem das raças se perde na noite dos tempos. Mas, como pertencem todas à grande família humana, qualquer que tenha sido o tronco de cada uma, elas puderam aliarse entre si e produzir tipos novos.”
[i]
Qual, do ponto de vista físico, o caráter distintivo e dominante das raças [i]primitivas?
“Desenvolvimento da força bruta, à custa da força intelectual. Agora, dá-se o contrário: o homem faz mais pela inteligência do que pela força do corpo. Todavia, faz cem vezes mais, porque soube tirar proveito das forças da Natureza, o que não conseguem os animais.”
[i]Será contrário à lei da Natureza o aperfeiçoamento das raças animais e [i]vegetais pela Ciência? Seria mais conforme a essa lei deixar que as coisas seguissem seu curso normal?
“Tudo se deve fazer para chegar à perfeição e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir Seus fins. Sendo a perfeição a meta para que tende a Natureza, favorecer essa perfeição é corresponder às vistas de Deus.”
[i]Mas, geralmente, os esforços que o homem emprega para conseguir a melhoria das raças nascem de um sentimento pessoal e não objetivam senão o acréscimo de seus gozos. Isto não lhe diminui o mérito?
“Que importa seja nulo o seu merecimento, desde que o progresso se realize? Cabelhe tornar meritório, pela intenção, o seu trabalho. Demais, mediante esse trabalho, ele exercita e desenvolve a inteligência e sob este aspecto é que maior proveito tira" (p. 332-334).[/i][/i][/i][/i][/i][/i][/i][/i][/i]
O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo em cada minuto?
“Não; os mundos também estão sujeitos à lei do progresso. Todos começaram, como o vosso, por um estado inferior e a própria Terra sofrerá idêntica transformação. Tornar-se-á um paraíso, quando os homens se houverem tornado bons.” É assim que as raças, que hoje povoam a Terra, desaparecerão um dia, substituídas por seres cada vez mais perfeitos, pois que essas novas raças transformadas sucederão às atuais, como estas sucederam a outras ainda mais grosseiras" (p. 127).
[i]6º Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomardes de um menino hotentote recém-nascido e o educardes nos nossos melhores liceus, fareis dele algum dia um Laplace ou um Newton?
[i][i][i]"À vista da sexta interrogação acima, dirão naturalmente que o hotentote é de raça inferior. Perguntaremos, então, se o hotentote é ou não um homem. Se é, por que a ele e à sua raça privou Deus dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é, por que tentar fazê-lo cristão? A Doutrina Espírita tem mais amplitude do que tudo isto. Segundo ela, não há muitas espécies de homens, há tão-somente cujos espíritos estão mais ou menos atrasados, porém, todos suscetíveis de progredir. Não é este princípio mais conforme à justiça de Deus?" (p. 148, 149).
Fonte:
"[i]O Livro dos Espíritos". Allan Kardec. Tradução: Guillon Ribeiro. Federação Espírita Brasileira, 1994.
É isso![/i][/i][/i][/i][/i]
Por: Eni de Mesquita Samara:
"Sobretudo a partir de 1859, com a publicação de A origem das espécies, de Charles Darwin, colocava-se um ponto final na disputa entre monogenistas e poligenistas, além de se estabelecerem as bases para a afirmação de uma espécie de paradigma de época, com o estabelecimento do conceito de evolução. A novidade não estava tanto na tese anunciada, como no modo de explicação e na terminologia accessível utilizada pelo naturalista inglês. Dessa maneira, rapidamente, expressões como “sobrevivência do mais apto”, “ adaptação”, “luta pela sobrevivência” escapavam do terreno preciso da biologia e ganhavam espaço nas demais ciências.
No que se refere às humanidades, a penetração desse tipo de discurso foi não só ligeira como vigorosa. Herbert Spencer, em Princípios de sociologia (1876), definia que o que valia para a vida servia para o homem e suas produções. O passo seguinte era determinar que, assim como a natureza, a sociedade era regida por leis rígidas e o progresso humano era único, linear e inquebrantável.
Paralelamente, tomava força a escola “evolucionista social”, que marcava, nesse contexto, os primórdios e o nascimento de uma disciplina chamada Antropologia. Representada por teóricos como Morgan (1877), Frazer e Tylor essa escola concebia o desenvolvimento humano a partir de etapas fixas e pré-determinadas e vinculava de maneira mecânica elementos culturais, tecnológicos e sociais. Dessa forma, tendo a tecnologia como índice fundamental de análise e comparação, para os evolucionistas, a humanidade aparecia representada tal qual uma imensa pirâmide – dividida em estágios distintos, que iam da selvageria para a barbárie e desta para a civilização –, na qual a Europa aparecia destacada no topo e povos como os Botocudos na base, a representar a infância de nossa civilização. Apresentando uma forma de saber comparativa, os evolucionistas sociais pareciam dialogar com seu contexto, enquanto imperialistas, como Cecil Rhodes, afirmavam que pretendiam tudo dominar – de países a planetas –, a utopia desses etnólogos sociais era tudo classificar.
Como dizíamos, a partir da afirmação de uma visão evolucionista tão majoritária, até no campo da religião e da filosofia as influências são evidentes. Esta é a época do positivismo francês de Auguste Comte, o qual pretendia uma subordinação da filosofia à ciência da imutabilidade. Com efeito, a partir dos três métodos de filosofar – teológico, metafísico e positivo – assumia-se que a humanidade evoluia de formas pré-determinadas de pensar, revelando-se, assim, uma clara correlação com as teorias hegemônicas da época.
No entanto, se por um lado é possível visualizar a afirmação do evolucionismo como um paradigma de época, de outro é necessário reiterar que essas escolas reafirmavam a noção iluminista da humanidade una e inquebrantável. Muito diferente eram, no entanto, as teorias que, seguindo as pistas de detração – deixadas por C. de Pauw e pelo conde Buffon –, passaram a utilizar a idéia da diferença entre os homens, dessa feita com a respeitabilidade de uma ciência positiva e determinista.
Longe de estar esgotada, a corrente poligenista tomava, nesse contexto, uma nova força. Autores como Gobineau e Le Bon19 recuperavam as máximas de Darwin, porém destacando que a antiguidade na formação das raças era tal que possibilitava estudá-las como uma realidade ontológica. Partindo da afirmação do caráter essencial das raças – o qual as fariam diferir assim como as espécies –, uma série de teóricos, mais conhecidos como “darwinistas sociais”, passam a qualificar a diferença e a transformá-la em objeto de estudo, em objeto de ciência" (p. 16-18).
* Fonte:
“RACISMO & RACISTAS: TRAJETÓRIA DO PENSAMENTO RACISTA NO BRASIL”. Por: Eni de Mesquita Samara. UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO - FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS, 2001.
É isso!
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O "darwinismo espiritual" de Allan Kardec
Assim como outros contemporâneos de Charles Darwin, tais como Spencer, Galton e Haeckel, o religioso Allan Kardec também se enveredou pelo mesmo caminho da evolução como progresso. Todavia, ao contrário de Darwin, que atribuía à evolução apenas um mecanismo materialista como a Seleção Natural, para Kardec o principal agente evolucionário eram os espíritos. "A evolução orgânica é fruto da evolução espiritual, contínua no tempo, resultado de uma constante passagem dos seres por dois mundo: o mundo terreno e o espiritual" (SOUSA, Hebe Laghi, 2007, p. 47).
Segundo a autora acima citada, em seu livro "Darwin e Kardec, um diálogo possível": "Nosso primeiro corpo físico nada mais era que uma gota de material gelatinoso mas que possuía uma propriedade fantástica: a de se auto-reproduzir e povoar os mares, onde surgiram inúmeras outras gotas gelatinosas. Foi assim que iniciamos a exploração deste planeta, cuja atmosfera nem ainda era propícia à vida de um ser humano.
Passou o tempo e sofremos inúmeras transformações, desde os organismos mais rudimentares até os mais complexos, como peixes e répteis; aprendemos a voar nas asas de uma ave, chegamos aos mamíferos e, depois deles, aos símios e então aos hominídeos... Finalmente, alcançamos o Homem que hoje somos" (Editora Allan Kardec, p. 51).
Parece consensual que todos aqueles que à época de Darwin, incluindo o próprio naturalista, os quais defendiam o conceito de evolução como progresso, acreditavam igualmente num "aperfeiçoamento social" entre os povos. No caso da doutrina de Kardec, o fator "espírito" seria assim essencial para que um povo superasse seu estágio selvagem e primitivo. Lembrando que Kardec nasceu de uma família burguesa na França, ou seja, era um "europeu civilizado".
Em seu famoso "Livro dos Espíritos" Allan Kardec aborda a questão, é claro, "à luz dos espíritos". Em "Sucessão e aperfeiçoamento das raças", por exemplo, indaga e responde:
Há, neste momento, raças humanas que evidentemente decrescem. Virá momento em que terão desaparecido da Terra?
“Assim acontecerá, de fato. É que outras lhes terão tomado o lugar, como outras um dia tomarão o da vossa.”
[i]
Os homens atuais formam uma criação nova, ou são descendentes [i]aperfeiçoados dos seres primitivos?
“São os mesmos Espíritos que voltaram, para se aperfeiçoar em novos corpos, mas que ainda estão longe da perfeição. Assim, a atual raça humana, que, pelo seu crescimento, tende a invadir toda a Terra e a substituir as raças que se extinguem, terá sua fase de crescimento e de desaparição. Substituí-la-ão outras raças mais aperfeiçoadas, que descenderão da atual, como os homens civilizados de hoje descendem dos seres brutos e selvagens dos tempos primitivos.”
[i]
Do ponto de vista físico, são de criação especial os corpos da raça atual, ou [i]procedem dos corpos primitivos, mediante reprodução?
“A origem das raças se perde na noite dos tempos. Mas, como pertencem todas à grande família humana, qualquer que tenha sido o tronco de cada uma, elas puderam aliarse entre si e produzir tipos novos.”
[i]
Qual, do ponto de vista físico, o caráter distintivo e dominante das raças [i]primitivas?
“Desenvolvimento da força bruta, à custa da força intelectual. Agora, dá-se o contrário: o homem faz mais pela inteligência do que pela força do corpo. Todavia, faz cem vezes mais, porque soube tirar proveito das forças da Natureza, o que não conseguem os animais.”
[i]Será contrário à lei da Natureza o aperfeiçoamento das raças animais e [i]vegetais pela Ciência? Seria mais conforme a essa lei deixar que as coisas seguissem seu curso normal?
“Tudo se deve fazer para chegar à perfeição e o próprio homem é um instrumento de que Deus se serve para atingir Seus fins. Sendo a perfeição a meta para que tende a Natureza, favorecer essa perfeição é corresponder às vistas de Deus.”
[i]Mas, geralmente, os esforços que o homem emprega para conseguir a melhoria das raças nascem de um sentimento pessoal e não objetivam senão o acréscimo de seus gozos. Isto não lhe diminui o mérito?
“Que importa seja nulo o seu merecimento, desde que o progresso se realize? Cabelhe tornar meritório, pela intenção, o seu trabalho. Demais, mediante esse trabalho, ele exercita e desenvolve a inteligência e sob este aspecto é que maior proveito tira" (p. 332-334).[/i][/i][/i][/i][/i][/i][/i][/i][/i]
O estado físico e moral dos seres vivos é perpetuamente o mesmo em cada minuto?
“Não; os mundos também estão sujeitos à lei do progresso. Todos começaram, como o vosso, por um estado inferior e a própria Terra sofrerá idêntica transformação. Tornar-se-á um paraíso, quando os homens se houverem tornado bons.” É assim que as raças, que hoje povoam a Terra, desaparecerão um dia, substituídas por seres cada vez mais perfeitos, pois que essas novas raças transformadas sucederão às atuais, como estas sucederam a outras ainda mais grosseiras" (p. 127).
[i]6º Por que há selvagens e homens civilizados? Se tomardes de um menino hotentote recém-nascido e o educardes nos nossos melhores liceus, fareis dele algum dia um Laplace ou um Newton?
[i][i][i]"À vista da sexta interrogação acima, dirão naturalmente que o hotentote é de raça inferior. Perguntaremos, então, se o hotentote é ou não um homem. Se é, por que a ele e à sua raça privou Deus dos privilégios concedidos à raça caucásica? Se não é, por que tentar fazê-lo cristão? A Doutrina Espírita tem mais amplitude do que tudo isto. Segundo ela, não há muitas espécies de homens, há tão-somente cujos espíritos estão mais ou menos atrasados, porém, todos suscetíveis de progredir. Não é este princípio mais conforme à justiça de Deus?" (p. 148, 149).
Fonte:
"[i]O Livro dos Espíritos". Allan Kardec. Tradução: Guillon Ribeiro. Federação Espírita Brasileira, 1994.
É isso![/i][/i][/i][/i][/i]
O "progresso" de Herbert Spencer
O conceito de evolução como "progresso" estava profundamente arraigado na sociedade inglesa quando Charles Darwin publicou seu livro "A Origem das Espécies". O título inicial desta obra ('Sobre a Origem das Espécies por meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida") já comportava em si este conceito de "progressão evolutiva" entre as "raças". O homem, vindo de uma ínfima origem progrediu gradualmente ao longo dos tempos rumo ao seu supremo ápice: o branco europeu. Em "Do progresso - sua lei e sua causa", o influente filósofo da era vitoriana Herbert Spencer trata desta questão e aponta o europeu como o mais perfeito exemplo de civilidade e inteligência entre os povos:
"Seja ou não o progresso do homogêneo para o heterogêneo bastante visível na história biológica do globo, ele aparece, com relevo suficiente, no desenvolvimento do ser mais moderno e mais heterogêneo, — o Homem. É inegável que, desde o período em que a terra foi povoada, aumentou a heterogeneidade do organismo humano entre os grupos civilizados da espécie; também a heterogeneidade desta última, considerada como um todo, aumentou por virtude da multiplicação das raças e da sua diferenciação entre si.
Como prova da primeira tese, podemos citar o fato de que no desenvolvimento relativo dos membros, os homens civilizados se afastam muito mais dos tipos placentários que as raças humanas inferiores. As pernas dos papuas , que têm freqüentemente os braços e o corpo bem desenvolvidos, são muito curtas, lembrando os quadrúmanos, que não oferecem grande contraste no tamanho das extremidades toráxicas e das abdominais. Nos europeus, pelo contrário, é muito visível o maior comprimento e robustez das pernas, apresentando-se neles, portanto, uma maior heterogeneidade entre estas extremidades e as superiores. Outro exemplo da mesma verdade é a diferente relação que existe entre o desenvolvimento dos ossos do crânio e os da face, no selvagem e no homem civilizado.
Nos vertebrados, em geral, o progresso manifesta-se pela heterogeneidade crescente da coluna vertebral e, sobretudo, pela heterogeneidade das vértebras em que assenta o crânio, distinguindo-se as formas mais elevadas pelo tamanho relativamente maior dos ossos que cobrem o cérebro comparados com os maxilares, etc. Pois bem, este caráter, mais acentuado no homem do que em nenhum outro indivíduo do grupo, acentua-se mais no europeu do que no selvagem. Por outro lado, a julgar pela maior extensão e variedade das funções que desempenha, podemos inferir que o homem civilizado possui também o sistema nervoso mais complexo ou heterogêneo do que o homem não civilizado, fato que corresponde à maior relação que o cérebro do primeiro tem com os gânglios subjacentes.
Se fosse necessário dilucidar mais este tema, bastaria fixarmo-nos nas crianças. A criança européia tem muitos pontos de semelhança com a das raças inferiores, como se vê no achatamento das asas do nariz, na depressão deste, na divergência e abertura das narinas, na forma dos lábios, na distância entre os olhos e na pequenez das pernas. Pois bem, como o processo evolutivo que transformou estes traços nos do adulto europeu, é a continuação do precedente desenvolvimento do embrião, — asserção admitida por todos os fisiólogos, — daqui resulta que o processo paralelo, em virtude do qual os traços semelhantes das raças bárbaras se converteram nos das civilizadas, foi também a continuação da mudança do homogêneo para o heterogêneo" (p. 11).
Fonte:
"Do progresso - sua lei e sua causa". Herbert Spencer. Tradução: Eduardo Salgueiro. Editorial Inquérito, Lisboa, 2002.
Nota 1:
Não custa lembrar que partiu de Spencer o lema "sobrevivência do mais apto". Darwin remete a esse fato em seu já citado livro "A Origem das Espécies":
"Dei a este princípio, em virtude do qual uma variação, por insignificante que seja, se conserva e se perpetua, se for útil, o nome de seleção natural, para indicar as relações desta seleção com a que o homem pode operar. Mas a expressão que M. Herbert Spencer emprega: «a persistência do mais apto», é mais exata e algumas vezes mais cômoda. Vimos que, devido à seleção, o homem pode certamente obter grandes resultados e adaptar os seres organizados às suas necessidades, acumulando as ligeiras mas úteis variações que lhe são fornecidas pela natureza. Mas a seleção natural, como veremos mais adiante, é um poder sempre pronto a atuar; poder tão superior aos fracos esforços do homem como as obras da natureza são superiores às da arte" (p. 76).
Nota 2:
Para Herbert Spencer, mediante uma contínua marcha do homogêneo para o heterogêneo, os seres tornam-se cada vez mais diferenciados e complexos, de maneira que sua existência, relacionada com os meios de conservação, progride em permanente luta, em que triunfam os "mais aptos". O europeu ao fazer sucumbir uma determinada tribo africana que se rebelou contra sua autoridade, apenas exerceu o "legítimo" direito de prevalecer sobre "os mais fracos". O darwinismo social desta forma ofereceu forte munição aos imperialistas que se sentiam assim justificados em sua ganância
O "progresso" de Herbert Spencer
O conceito de evolução como "progresso" estava profundamente arraigado na sociedade inglesa quando Charles Darwin publicou seu livro "A Origem das Espécies". O título inicial desta obra ('Sobre a Origem das Espécies por meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida") já comportava em si este conceito de "progressão evolutiva" entre as "raças". O homem, vindo de uma ínfima origem progrediu gradualmente ao longo dos tempos rumo ao seu supremo ápice: o branco europeu. Em "Do progresso - sua lei e sua causa", o influente filósofo da era vitoriana Herbert Spencer trata desta questão e aponta o europeu como o mais perfeito exemplo de civilidade e inteligência entre os povos:
"Seja ou não o progresso do homogêneo para o heterogêneo bastante visível na história biológica do globo, ele aparece, com relevo suficiente, no desenvolvimento do ser mais moderno e mais heterogêneo, — o Homem. É inegável que, desde o período em que a terra foi povoada, aumentou a heterogeneidade do organismo humano entre os grupos civilizados da espécie; também a heterogeneidade desta última, considerada como um todo, aumentou por virtude da multiplicação das raças e da sua diferenciação entre si.
Como prova da primeira tese, podemos citar o fato de que no desenvolvimento relativo dos membros, os homens civilizados se afastam muito mais dos tipos placentários que as raças humanas inferiores. As pernas dos papuas , que têm freqüentemente os braços e o corpo bem desenvolvidos, são muito curtas, lembrando os quadrúmanos, que não oferecem grande contraste no tamanho das extremidades toráxicas e das abdominais. Nos europeus, pelo contrário, é muito visível o maior comprimento e robustez das pernas, apresentando-se neles, portanto, uma maior heterogeneidade entre estas extremidades e as superiores. Outro exemplo da mesma verdade é a diferente relação que existe entre o desenvolvimento dos ossos do crânio e os da face, no selvagem e no homem civilizado.
Nos vertebrados, em geral, o progresso manifesta-se pela heterogeneidade crescente da coluna vertebral e, sobretudo, pela heterogeneidade das vértebras em que assenta o crânio, distinguindo-se as formas mais elevadas pelo tamanho relativamente maior dos ossos que cobrem o cérebro comparados com os maxilares, etc. Pois bem, este caráter, mais acentuado no homem do que em nenhum outro indivíduo do grupo, acentua-se mais no europeu do que no selvagem. Por outro lado, a julgar pela maior extensão e variedade das funções que desempenha, podemos inferir que o homem civilizado possui também o sistema nervoso mais complexo ou heterogêneo do que o homem não civilizado, fato que corresponde à maior relação que o cérebro do primeiro tem com os gânglios subjacentes.
Se fosse necessário dilucidar mais este tema, bastaria fixarmo-nos nas crianças. A criança européia tem muitos pontos de semelhança com a das raças inferiores, como se vê no achatamento das asas do nariz, na depressão deste, na divergência e abertura das narinas, na forma dos lábios, na distância entre os olhos e na pequenez das pernas. Pois bem, como o processo evolutivo que transformou estes traços nos do adulto europeu, é a continuação do precedente desenvolvimento do embrião, — asserção admitida por todos os fisiólogos, — daqui resulta que o processo paralelo, em virtude do qual os traços semelhantes das raças bárbaras se converteram nos das civilizadas, foi também a continuação da mudança do homogêneo para o heterogêneo" (p. 11).
Fonte:
"Do progresso - sua lei e sua causa". Herbert Spencer. Tradução: Eduardo Salgueiro. Editorial Inquérito, Lisboa, 2002.
Nota 1:
Não custa lembrar que partiu de Spencer o lema "sobrevivência do mais apto". Darwin remete a esse fato em seu já citado livro "A Origem das Espécies":
"Dei a este princípio, em virtude do qual uma variação, por insignificante que seja, se conserva e se perpetua, se for útil, o nome de seleção natural, para indicar as relações desta seleção com a que o homem pode operar. Mas a expressão que M. Herbert Spencer emprega: «a persistência do mais apto», é mais exata e algumas vezes mais cômoda. Vimos que, devido à seleção, o homem pode certamente obter grandes resultados e adaptar os seres organizados às suas necessidades, acumulando as ligeiras mas úteis variações que lhe são fornecidas pela natureza. Mas a seleção natural, como veremos mais adiante, é um poder sempre pronto a atuar; poder tão superior aos fracos esforços do homem como as obras da natureza são superiores às da arte" (p. 76).
Nota 2:
Para Herbert Spencer, mediante uma contínua marcha do homogêneo para o heterogêneo, os seres tornam-se cada vez mais diferenciados e complexos, de maneira que sua existência, relacionada com os meios de conservação, progride em permanente luta, em que triunfam os "mais aptos". O europeu ao fazer sucumbir uma determinada tribo africana que se rebelou contra sua autoridade, apenas exerceu o "legítimo" direito de prevalecer sobre "os mais fracos". O darwinismo social desta forma ofereceu forte munição aos imperialistas que se sentiam assim justificados em sua ganância pelo vil metal em terra alheias.
É isso!
pelo vil metal em terra alheias.
É isso!
O conceito de evolução como "progresso" estava profundamente arraigado na sociedade inglesa quando Charles Darwin publicou seu livro "A Origem das Espécies". O título inicial desta obra ('Sobre a Origem das Espécies por meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida") já comportava em si este conceito de "progressão evolutiva" entre as "raças". O homem, vindo de uma ínfima origem progrediu gradualmente ao longo dos tempos rumo ao seu supremo ápice: o branco europeu. Em "Do progresso - sua lei e sua causa", o influente filósofo da era vitoriana Herbert Spencer trata desta questão e aponta o europeu como o mais perfeito exemplo de civilidade e inteligência entre os povos:
"Seja ou não o progresso do homogêneo para o heterogêneo bastante visível na história biológica do globo, ele aparece, com relevo suficiente, no desenvolvimento do ser mais moderno e mais heterogêneo, — o Homem. É inegável que, desde o período em que a terra foi povoada, aumentou a heterogeneidade do organismo humano entre os grupos civilizados da espécie; também a heterogeneidade desta última, considerada como um todo, aumentou por virtude da multiplicação das raças e da sua diferenciação entre si.
Como prova da primeira tese, podemos citar o fato de que no desenvolvimento relativo dos membros, os homens civilizados se afastam muito mais dos tipos placentários que as raças humanas inferiores. As pernas dos papuas , que têm freqüentemente os braços e o corpo bem desenvolvidos, são muito curtas, lembrando os quadrúmanos, que não oferecem grande contraste no tamanho das extremidades toráxicas e das abdominais. Nos europeus, pelo contrário, é muito visível o maior comprimento e robustez das pernas, apresentando-se neles, portanto, uma maior heterogeneidade entre estas extremidades e as superiores. Outro exemplo da mesma verdade é a diferente relação que existe entre o desenvolvimento dos ossos do crânio e os da face, no selvagem e no homem civilizado.
Nos vertebrados, em geral, o progresso manifesta-se pela heterogeneidade crescente da coluna vertebral e, sobretudo, pela heterogeneidade das vértebras em que assenta o crânio, distinguindo-se as formas mais elevadas pelo tamanho relativamente maior dos ossos que cobrem o cérebro comparados com os maxilares, etc. Pois bem, este caráter, mais acentuado no homem do que em nenhum outro indivíduo do grupo, acentua-se mais no europeu do que no selvagem. Por outro lado, a julgar pela maior extensão e variedade das funções que desempenha, podemos inferir que o homem civilizado possui também o sistema nervoso mais complexo ou heterogêneo do que o homem não civilizado, fato que corresponde à maior relação que o cérebro do primeiro tem com os gânglios subjacentes.
Se fosse necessário dilucidar mais este tema, bastaria fixarmo-nos nas crianças. A criança européia tem muitos pontos de semelhança com a das raças inferiores, como se vê no achatamento das asas do nariz, na depressão deste, na divergência e abertura das narinas, na forma dos lábios, na distância entre os olhos e na pequenez das pernas. Pois bem, como o processo evolutivo que transformou estes traços nos do adulto europeu, é a continuação do precedente desenvolvimento do embrião, — asserção admitida por todos os fisiólogos, — daqui resulta que o processo paralelo, em virtude do qual os traços semelhantes das raças bárbaras se converteram nos das civilizadas, foi também a continuação da mudança do homogêneo para o heterogêneo" (p. 11).
Fonte:
"Do progresso - sua lei e sua causa". Herbert Spencer. Tradução: Eduardo Salgueiro. Editorial Inquérito, Lisboa, 2002.
Nota 1:
Não custa lembrar que partiu de Spencer o lema "sobrevivência do mais apto". Darwin remete a esse fato em seu já citado livro "A Origem das Espécies":
"Dei a este princípio, em virtude do qual uma variação, por insignificante que seja, se conserva e se perpetua, se for útil, o nome de seleção natural, para indicar as relações desta seleção com a que o homem pode operar. Mas a expressão que M. Herbert Spencer emprega: «a persistência do mais apto», é mais exata e algumas vezes mais cômoda. Vimos que, devido à seleção, o homem pode certamente obter grandes resultados e adaptar os seres organizados às suas necessidades, acumulando as ligeiras mas úteis variações que lhe são fornecidas pela natureza. Mas a seleção natural, como veremos mais adiante, é um poder sempre pronto a atuar; poder tão superior aos fracos esforços do homem como as obras da natureza são superiores às da arte" (p. 76).
Nota 2:
Para Herbert Spencer, mediante uma contínua marcha do homogêneo para o heterogêneo, os seres tornam-se cada vez mais diferenciados e complexos, de maneira que sua existência, relacionada com os meios de conservação, progride em permanente luta, em que triunfam os "mais aptos". O europeu ao fazer sucumbir uma determinada tribo africana que se rebelou contra sua autoridade, apenas exerceu o "legítimo" direito de prevalecer sobre "os mais fracos". O darwinismo social desta forma ofereceu forte munição aos imperialistas que se sentiam assim justificados em sua ganância
O "progresso" de Herbert Spencer
O conceito de evolução como "progresso" estava profundamente arraigado na sociedade inglesa quando Charles Darwin publicou seu livro "A Origem das Espécies". O título inicial desta obra ('Sobre a Origem das Espécies por meio da Seleção Natural ou a Preservação de Raças Favorecidas na Luta pela Vida") já comportava em si este conceito de "progressão evolutiva" entre as "raças". O homem, vindo de uma ínfima origem progrediu gradualmente ao longo dos tempos rumo ao seu supremo ápice: o branco europeu. Em "Do progresso - sua lei e sua causa", o influente filósofo da era vitoriana Herbert Spencer trata desta questão e aponta o europeu como o mais perfeito exemplo de civilidade e inteligência entre os povos:
"Seja ou não o progresso do homogêneo para o heterogêneo bastante visível na história biológica do globo, ele aparece, com relevo suficiente, no desenvolvimento do ser mais moderno e mais heterogêneo, — o Homem. É inegável que, desde o período em que a terra foi povoada, aumentou a heterogeneidade do organismo humano entre os grupos civilizados da espécie; também a heterogeneidade desta última, considerada como um todo, aumentou por virtude da multiplicação das raças e da sua diferenciação entre si.
Como prova da primeira tese, podemos citar o fato de que no desenvolvimento relativo dos membros, os homens civilizados se afastam muito mais dos tipos placentários que as raças humanas inferiores. As pernas dos papuas , que têm freqüentemente os braços e o corpo bem desenvolvidos, são muito curtas, lembrando os quadrúmanos, que não oferecem grande contraste no tamanho das extremidades toráxicas e das abdominais. Nos europeus, pelo contrário, é muito visível o maior comprimento e robustez das pernas, apresentando-se neles, portanto, uma maior heterogeneidade entre estas extremidades e as superiores. Outro exemplo da mesma verdade é a diferente relação que existe entre o desenvolvimento dos ossos do crânio e os da face, no selvagem e no homem civilizado.
Nos vertebrados, em geral, o progresso manifesta-se pela heterogeneidade crescente da coluna vertebral e, sobretudo, pela heterogeneidade das vértebras em que assenta o crânio, distinguindo-se as formas mais elevadas pelo tamanho relativamente maior dos ossos que cobrem o cérebro comparados com os maxilares, etc. Pois bem, este caráter, mais acentuado no homem do que em nenhum outro indivíduo do grupo, acentua-se mais no europeu do que no selvagem. Por outro lado, a julgar pela maior extensão e variedade das funções que desempenha, podemos inferir que o homem civilizado possui também o sistema nervoso mais complexo ou heterogêneo do que o homem não civilizado, fato que corresponde à maior relação que o cérebro do primeiro tem com os gânglios subjacentes.
Se fosse necessário dilucidar mais este tema, bastaria fixarmo-nos nas crianças. A criança européia tem muitos pontos de semelhança com a das raças inferiores, como se vê no achatamento das asas do nariz, na depressão deste, na divergência e abertura das narinas, na forma dos lábios, na distância entre os olhos e na pequenez das pernas. Pois bem, como o processo evolutivo que transformou estes traços nos do adulto europeu, é a continuação do precedente desenvolvimento do embrião, — asserção admitida por todos os fisiólogos, — daqui resulta que o processo paralelo, em virtude do qual os traços semelhantes das raças bárbaras se converteram nos das civilizadas, foi também a continuação da mudança do homogêneo para o heterogêneo" (p. 11).
Fonte:
"Do progresso - sua lei e sua causa". Herbert Spencer. Tradução: Eduardo Salgueiro. Editorial Inquérito, Lisboa, 2002.
Nota 1:
Não custa lembrar que partiu de Spencer o lema "sobrevivência do mais apto". Darwin remete a esse fato em seu já citado livro "A Origem das Espécies":
"Dei a este princípio, em virtude do qual uma variação, por insignificante que seja, se conserva e se perpetua, se for útil, o nome de seleção natural, para indicar as relações desta seleção com a que o homem pode operar. Mas a expressão que M. Herbert Spencer emprega: «a persistência do mais apto», é mais exata e algumas vezes mais cômoda. Vimos que, devido à seleção, o homem pode certamente obter grandes resultados e adaptar os seres organizados às suas necessidades, acumulando as ligeiras mas úteis variações que lhe são fornecidas pela natureza. Mas a seleção natural, como veremos mais adiante, é um poder sempre pronto a atuar; poder tão superior aos fracos esforços do homem como as obras da natureza são superiores às da arte" (p. 76).
Nota 2:
Para Herbert Spencer, mediante uma contínua marcha do homogêneo para o heterogêneo, os seres tornam-se cada vez mais diferenciados e complexos, de maneira que sua existência, relacionada com os meios de conservação, progride em permanente luta, em que triunfam os "mais aptos". O europeu ao fazer sucumbir uma determinada tribo africana que se rebelou contra sua autoridade, apenas exerceu o "legítimo" direito de prevalecer sobre "os mais fracos". O darwinismo social desta forma ofereceu forte munição aos imperialistas que se sentiam assim justificados em sua ganância pelo vil metal em terra alheias.
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