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Deus chega às aulas de biologia
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02052010
Deus chega às aulas de biologia
Deus chega às aulas de biologia
Escola adota teoria baseada na intervenção de uma inteligência superior na criação da vida, opondo-se às ideias de Darwin
Hélio Gomes
Uma das maiores polêmicas a chacoalhar a sociedade e a comunidade científica dos Estados Unidos nos últimos anos desembarcou no Brasil. Ao longo da semana passada, um ciclo de debates realizado no Colégio Presbiteriano Mackenzie, um dos mais tradicionais da capital paulista, apresentou a teoria do design inteligente a centenas de estudantes. Criada nos Estados Unidos na metade dos anos 80, ela se opõe à teoria da evolução de Charles Darwin – amplamente aceita pela ciência desde a publicação do clássico “A Origem das Espécies” (1859) – e se baseia na ideia de que uma entidade superior seria a responsável pela criação de todas as formas de vida do Universo. Para os cientistas que defendem o conceito, tal força criativa é chamada de “designer inteligente”. Para os cristãos fundamentalistas americanos, ela é Deus.
A grande questão envolvendo o design inteligente (DI) é a sua introdução em algumas escolas americanas durante as aulas de biologia, e não nas de religião, que, a exemplo do Brasil, não fazem parte do currículo escolar no ensino público. Conceitos pseudocientíficos e ainda não aceitos pela maioria da academia, como a chamada complexidade irredutível – que sustenta que certos micro-organismos biológicos são intrincados demais para terem evoluído de formas mais simples de vida –, são usados por biólogos, químicos e filósofos da ciência integrantes do movimento DI em sala de aula como uma alternativa à teoria da evolução. Em 2005, os pais de 11 alunos de uma escola pública de Dover, no Estado da Pensilvânia, entraram na Justiça para tentar impedir o ensino do DI, alegando que, na verdade, ele seria um conceito criacionista e, portanto, religioso. Eles ganharam a disputa judicial e a teoria foi banida da disciplina na escola.
O evento realizado em São Paulo nos últimos dias trouxe ao Brasil dois dos mais célebres defensores do DI nos Estados Unidos. Stephen C. Meyer, doutor em história e em filosofia da ciência, é um dos criadores do movimento e um de seus mais atuantes portavozes. Autor de três livros, entre os quais o recente “Signature in the Cell” (Assinatura na Célula, inédito no Brasil), ele afirma que sua missão em terras brasileiras era simples: “Viemos para suscitar a discussão – nosso trabalho é científico, e não político ou educacional”, diz Meyer, um dos membros mais atuantes do Instituto Discovery, centro de pesquisas sem fins lucrativos ligado a setores conservadores da sociedade americana. “Como eu creio em Deus, acredito que ele é o designer inteligente. Mas existem cientistas ateus que aceitam a teoria de outras formas”, completa o pesquisador.
Não é o caso do bi logo americano Scott A. Minnich, também presente no ciclo de debates para apresentar os conceitos do DI aos estudantes brasileiros. “Sim, eu sou religioso”, afirma Minnich. Ele conta que já sofreu preconceito por fazer parte do movimento. “É assim que as coisas funcionam na ciência. Algumas pessoas tentaram convencer o presidente da universidade na qual leciono de que eu estava incluindo o DI nas minhas aulas de microbiologia, o que não era verdade”, diz o biólogo, que também participou das missões que buscaram indícios da produção de armas bioquímicas no Iraque em 2004.
A confusão gerada por uma teoria que se apropria de conceitos científicos para chegar a conclusões com forte viés religioso despertou a ira da ala ateísta. Entre as vozes mais ácidas contra o DI, destaca-se a do biólogo evolucionista britânico Richard Dawkins. Também chamado de “rottweiler de Darwin”, ele ganhou notoriedade graças ao livro “Deus, um Delírio” (lançado no Brasil em 2007 pela Cia das Letras), também transformado em documentário. “É pertinente ensinar controvérsias científicas às crianças”, disse Dawkins em entrevista ao jornal inglês “The Times”. “Só não podemos dizer: ‘Temos dois conceitos sobre o surgimento da vida – um é a teoria da evolução e o outro é o livro do Gênesis. Se abrirmos esse precedente, também teremos de ensinar a elas a crença nigeriana que diz que o mundo foi criado a partir do excremento de formigas”, provoca o biólogo.
Voltando ao cenário brasileiro, vale lembrar que o colégio Mackenzie é uma instituição particular, com origens americanas e de cunho religioso desde a sua fundação. Portanto, o ensino do DI nas aulas de biologia, que acontece desde 2008, é tão válido quanto as aulas de religião ministradas em instituições de ensino católicas. “Acreditamos que a fé influencia todos os aspectos da nossa vida, inclusive a ciência”, resume Davi Charles Gomes, chanceler em exercício do Mackenzie e pastor presbiteriano.
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Fonte: Isto É Online
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NOTA DESTE BLOGGER:
Eu vou ponderar cum grano salis o artigo do Hélio Gomes, editor-executivo da da Isto É online, pois existem pontos aqui com os quais eu já estou acostumado com a mídia: a distorção intencional do que é dito nas entrevistas e na cobertura de eventos.
Só para começar, nas conversações que tivemos com o jornalista, ele se mostrou imparcial e objetivo. Era isso que esperávamos, mas o que veio foi o pinçar das subjetividades ideológicas em detrimento ao aspecto científico. Isto não É a Teoria do Design Inteligente, mas apenas as subjetividades religiosas de seus proponentes.
A teoria da evolução de Darwin pode ter implicações para uma subjetividade ateísta, mas não depende disso para seu estabelecimento como teoria científica. A mesma coisa a teoria do Big Bang afirma que o universo teve um início, e isso tem implicações religiosas por ser encontrado em relatos de criação de textos considerados sagrados. A teoria do Design Inteligente tem implicações religiosas, mas não depende disso para sua plausibilidade científica. Sinais de inteligência existem e são empiricamente detectados na natureza. Como? Sempre que encontrarmos complexidade irredutível em sistemas bióticos e informação complexa especificada como na linguagem digital encontrada no DNA.
Hélio Gomes assistiu algumas palestras, mas parece que o nível científico delas foi além de sua capacidade de cognição. Uma pena permanecer na ignorância.
Deus chega às aulas de biologia: Isto não É a Teoria do Design Inteligente
A Isto É é independente, pero no mucho: isto não é Design Inteligente
Terça-feira, Maio 04, 2010
O editor-executivo da revista Isto É Online, Hélio Gomes assistiu a algumas das palestras do III Simpósio Internacional Darwinismo Hoje, na Universidade Presbiteriana Mackenzie, e escreveu o artigo “Deus chega às aulas de biologia” publicado na edição 2112, de 30 de abril passado. Saiu na seção Tecnologia & Meio Ambiente quando teria sido mais apropriado a seção de Ciência.
O que era para ser a cobertura objetiva de um evento científico sobre o status epistêmico da teoria da evolução através da seleção natural de Darwin e as proposições da teoria do Design Inteligente [TDI], se mostrou um artigo enviesado, pois logo no início afirmou que o Mackenzie adotou uma “teoria baseada na intervenção de uma inteligência superior na criação da vida, opondo-se às ideias de Darwin.” Nas entrelinhas, e o artigo de Gomes vai mostrar isso, leia-se TDI.
Ao contrário do afirmado no artigo, “uma das maiores polêmicas a chacoalhar a sociedade e a comunidade científica dos Estados Unidos nos últimos anos” não desembarcou tão-somente agora no Brasil, pois estamos aqui presente desde 1998 (voando abaixo do alcance do radar da KGB da Nomenklatura científica) e mais publicamente desde 2008.
Ao longo daquela semana, o ciclo de debates foi realizado não no Colégio Presbiteriano Mackenzie, mas na Universidade Presbiteriana Mackenzie. Gomes usou de recurso retórico para diminuir a universidade e o evento sobre o darwinismo e a TDI sendo discutido em instituição de nível superior. O Colégio Presbiteriano Mackenzie, sem dúvida, é “um dos mais tradicionais da capital paulista”, mas não foi aquela escola que apresentou a TDI a centenas de estudantes, foi a Universidade Presbiteriana Mackenzie.
A TDI foi criada nos Estados Unidos na metade dos anos 80, mas não se opõe totalmente à teoria da evolução de Charles Darwin, mas a alguns aspectos da teoria conforme esclarecido devidamente pelos seus palestrantes. Gomes errou em afirmar que a teoria da evolução é amplamente aceita pela ciência desde a publicação do clássico “A Origem das Espécies” (1859). Uma leitura periférica em História da Ciência demonstra que Darwin também teve oposição científica. Inclusive dentro do seu ‘círculo íntimo’: Thomas Huxley, Charles Lyell, Joseph Hooker e St. George Jackson Mivart (ex-protegé de Huxley) não aceitavam, por razões seculares, científicas e filosóficas, o poder criativo e no papel da seleção natural na origem e evolução das espécies. Somente Mivart foi ‘expulso’ por ser cético da seleção natural. Estranho, pois até Darwin, apesar de acreditar que a seleção natural fosse o mecanismo evolutivo par excellence, não lhe atribuía atividade exclusiva no processo evolutivo.
Gomes distorceu o arcabouço teórico da TDI ao afirmar que ela é baseada na ideia de uma entidade superior ser responsável pela criação de todas as formas de vida do Universo, quando as nossas teses são complexidade irredutível de sistemas bióticos e informação complexa especificada (no DNA, por exemplo), como marcadores empíricos de sinais de inteligência. Não são todos os cientistas do DI que defendem o conceito de tal força criativa ser chamada de “designer inteligente”. Traduzindo em graúdos: Deus. E aqui, a demonização da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Gomes afirmou que para os cristãos fundamentalistas americanos, essa ‘força criativa’ é Deus. O Mackenzie foi fundado por cristãos americanos que entenderam ser Deus essa ‘força criativa’. QED: a Universidade Presbiteriana Mackenzie é uma instituição fundamentalista.
Se tem uma coisa deplorável em nossos jornalistas é que eles escrevem sobre coisas das quais nada sabem. Ao contrário do afirmado por Gomes, a grande questão envolvendo o design inteligente (DI) nunca foi a sua introdução em algumas escolas americanas durante as aulas de biologia. Quais escolas a TDI foi introduzida, Gomes não mencionou, e nem vai poder mencionar, pois isso nunca foi ‘a grande questão’para a TDI: o Discovery Institute é a favor do ensino objetivo da teoria da evolução com suas evidências a favor e contra e, pasmem, contra o ensino da TDI. Razão? A TDI ainda não é aceita pela comunidade científica.
Quais conceitos pseudocientíficos são utilizados pela TDI? Gomes não informou. Realmente os conceitos de complexidade irredutível (não surgiu conosco, mas com Leslie Orgel, renomado especialista em origem da vida, no seu livro ‘The Origins Of Life: Molecules and Natural Selection’, 1973) e da informação complexa especificada ainda não aceitos pela maioria da academia, mas eles não são usados por ‘biólogos, químicos e filósofos da ciência integrantes do movimento DI em sala de aula como uma alternativa à teoria da evolução’.
Quanto ao caso de Dover, no estado da Pensilvânia, em 2005, os pais entraram na Justiça não para impedir o ensino da TDI (que nunca foi o caso, mas sim impedir a leitura antes de qualquer aula de Biologia de que há uma teoria alternativa à teoria da evolução de Darwin. Gomes não informou os leitores da IstoÉ, mas desde o início o Discovery Institute ao ser procurado por membros do Conselho educacional da escola de Dover, foi contra aquela moção.
Como esperado, o pessoal do DI foi convocado para depor, e foi o juiz Jones III que na sua decisão alegou ser a TDI um conceito criacionista e, portanto, religioso. Apesar de os pais dos alunos terem ganho a a disputa judicial, e a teoria ter sido banida da disciplina na escola, Gomes não sabe deste aspecto: por ter sido uma decisão judicial municipal, cabe recurso na Suprema Corte dos Estados Unidos, mas o Discovery Institute não vai atrás disso, pois entende que as teorias científicas se estabelecem, não em tribunais, mas no amplo e livre debate das ideias científicas na Academia.
O evento há pouco realizado em São Paulo trouxe ao Brasil dois dos mais célebres defensores do DI nos Estados Unidos. Stephen C. Meyer, doutor em história e em filosofia da ciência, um dos ‘criadores’(por que não ‘fundadores’?) do movimento e um dos mais atuantes portavozes. Meyer escreveu três livros, sendo o “Signature in the Cell” (Assinatura na Célula, inédito no Brasil), o mais recente. A ‘missão’ (por que não ‘objetivo’?) dele em terras brasileiras foi o de “suscitar a discussão – nosso trabalho é científico, e não político ou educacional”.
Os termos denotativos empregados por Gomes é para demonizar Steve como criacionista. E joga os leitores contra o Instituto Discovery, apresentando-o como “centro de pesquisas sem fins lucrativos ligado a setores conservadores da sociedade americana”. O DI teria melhor sorte se fosse apoiado por setores liberais da sociedade americana?
Em vez de destacar a tese central do livro de Stephen Meyer — a origem da informação biológica e o DNA como evidência a favor do Design Inteligente, Gomes intencionalmente pinçou a subjetividade religiosa de Meyer: “Como eu creio em Deus, acredito que ele é o designer inteligente. Mas existem cientistas ateus que aceitam a teoria de outras formas”.
Não entendi a frase de ‘não é o caso’ do biólogo americano Scott A. Minnich, também religioso, que também esteve no ciclo de debates apresentando a TDI aos estudantes brasileiros. Minnich contou que já sofreu preconceito por fazer parte do movimento: “É assim que as coisas funcionam na ciência. Algumas pessoas tentaram convencer o presidente da universidade na qual leciono de que eu estava incluindo o DI nas minhas aulas de microbiologia, o que não era verdade”. Por que será que Gomes destacou a participação de Minnich nas missões que buscaram indícios da produção de armas bioquímicas no Iraque em 2004? E se Minnich não tivesse participado, Gomes traria isso à tona? Um detalhe desnecessário no artigo, mas demonizador.
Interessante, o que Thomas Kuhn apresentou no seu famoso livro “A Estrutura das Revoluções Científicas” como sendo um dos indícios de mudança paradigmática, Gomes disse ser uma “confusão gerada por uma teoria que se apropria de conceitos científicos para chegar a conclusões com forte viés religioso”. Ele talvez não saiba, mas foi assim também com o modelo do Big Bang que, por implicar em princípio do universo, também despertou a ira da ala ateísta da ciência e ficou engavetada por três décadas? Assim como o Big Bang, a TDI também tem implicações teístas, mas não depende delas para sua plausibilidade científica.
Entre as vozes mais ácidas contra o DI, e o que mais ajuda na sua promoção, destaca-se a do biólogo [sic. Dawkins é zoólogo] evolucionista britânico Richard Dawkins, o “rottweiler de Darwin”, que ganhou notoriedade graças a livros como “Deus, um Delírio”. Dawkins disse: “É pertinente ensinar controvérsias científicas às crianças. Só não podemos dizer: ‘Temos dois conceitos sobre o surgimento da vida – um é a teoria da evolução e o outro é o livro do Gênesis. Se abrirmos esse precedente, também teremos de ensinar a elas a crença nigeriana que diz que o mundo foi criado a partir do excremento de formigas”. O zoólogo ateu provocante tem razão, mas Gomes não informa aos leitores da Isto É qual foi o último artigo científico com revisão por pares publicado por Dawkins?
No seu artigo enviesado e detrimental à teoria do Design Inteligente, Gomes voltou ao cenário brasileiro, lembrando aos seus leitores que o colégio Mackenzie [sic. O Mackenzie é uma universidade, e chamar o local onde ocorreu o evento de ‘colégio’, é uma tentativa para diminuir o alto nível da discussão da TDI] ‘é uma instituição particular, com origens americanas e de cunho religioso desde a sua fundação’, e que por isso ‘o ensino do DI’ocorre nas aulas de biologia desde 2008. Nada mais falso. O que é ensinado no Colégio, e não na Universidade Presbiteriana Mackezie, respaldado em bases legais educacionais, é o criacionismo juntamente com a teoria da evolução.
A declaração de David Charles Gomes, chanceler em exercício do Mackenzie e pastor presbiteriano — “Acreditamos que a fé influencia todos os aspectos da nossa vida, inclusive a ciência”, reflete a fé confessional da instituição mantenedora, assim como o ateísmo de Richard Dawkins et caterva também reflete e influencia a Nomenklatura científica ao valorizar o materialismo filosófico que posa como se fosse a própria ciência.
Hélio Gomes, Isto não É a teoria do Design Inteligente!
Educação, ciência e... Deus
Um dos artigos que a revista IstoÉ [publicou dias atrás] (confira meus comentários aqui), intitulado “Deus chega às aulas de biologia”, assinado por Hélio Gomes, pretende ativar uma polêmica educacional, opondo ciência e religião. Talvez o título mais adequado fosse “Deus retorna à biologia”. De fato, o que se vê por parte de alguns movimentos religiosos estigmatizados como “fundamentalistas” (nem sempre o são...) é a reivindicação de uma concepção de ciência aberta à crença em Deus. Essa reivindicação não é nova. Pertence à mentalidade religiosa mais esclarecida e, em particular, ao pensamento católico no que tem de melhor, procurar congruências entre conhecimento racional e fé [na verdade, esse pensamento também pertenceu aos precursores da ciência, muitos dos quais eram protestantes devotos]. A doutrina do evolucionismo encarada como busca de uma explicação para “a origem do corpo humano em matéria viva preexistente”, segundo palavras do papa Pio 12 na encíclica Humani generis (1950), não cancela, em princípio, a convicção de que matéria e almas são criadas por Deus (heresia insuportável do ponto de vista ateu). [O dualismo alma-corpo é uma elaboração grega e não bíblica. Segundo o livro de Gênesis, Deus criou o ser humano como “alma vivente”, composto de pó da terra e fôlego de vida, e este não é um elemento independente do corpo. Quando um desses elementos falta, não existe alma vivente.]
Assim como a educação se desvirtua em mãos religiosas quando se torna instrumento de manipulação para fins escusos (pensemos nas escolas e universidades criadas pelo Opus Dei para capturar novos membros e influir nos meios de comunicação), a ciência também perde credibilidade quando se especializa em discurso combativo (e assustado) contra a religião.
No mesmo artigo da IstoÉ cita-se o biólogo inglês Richard Dawkins, militante ateu, que faz das suas convicções antirreligiosas a única conclusão possível de toda e qualquer pesquisa científica. Mas aí reside o perigo contrário ao da religião fechada às descobertas da ciência. Devemos estar atentos para não cair no fundamentalismo oposto, igualmente desumano e nocivo. Educação saudável repele fanatismos de todos os gêneros. Marcelo Gleiser, em artigo da Folha de S. Paulo (26/11/2006), fez o alerta oportuno:
“Para ele [Dawkins], a ciência é um clube fechado, onde só entram aqueles que seguem os preceitos do seu ateísmo, tão radical e intolerante quanto qualquer extremismo religioso. Dawkins prega a intolerância completa no que diz respeito à fé, exatamente a mesma intolerância a que se opõe.”
Pedagogicamente falando, deve-se garantir que, no contexto da educação laica, saibamos refletir (não para destruir, mas para valorar e valorizar) sobre as ideias e práticas religiosas presentes na sociedade e, por consequência, em nossas salas de aula. Seria irresponsabilidade da mídia extremar desavenças entre religião e ciência.
(Gabriel Perissé, Observatório da Imprensa)
Nota: Parabenizo ao Gabriel Perissé por ter a argúcia de perceber e a coragem de destacar (como poucos têm feito) que para alguns setores da mídia o que interessa mesmo é a polarização da discussão como sendo religião versus ciência, quando o assunto é mais complexo. Oportuna também é sua menção aos radicalismos e fundamentalismos que podem se manifestar entre teístas e naturalistas – posturas igualmente reprováveis.[MB]
Deus chega às aulas de biologia :: Comentários
Carl R. Woese 'falou e disse': a biologia do século 19 não vale para o século 21
Sábado, Maio 22, 2010
Microbiology and Molecular Biology Reviews, June 2004, p. 173-186, Vol. 68, No. 2
1092-2172/04/$08.00+0 DOI: 10.1128/MMBR.68.2.173-186.2004
Copyright 2004, American Society for Microbiology. All Rights Reserved.
A New Biology for a New Century
Carl R. Woese*
Department of Microbiology, University of Illinois, Urbana, Illinois 61801
SUMMARY
INTRODUCTION
THE MOLECULAR ERA IN THE BIGGER PICTURE
Reductionism versus Reductionism
Synthesis
TOWARDS A NEW REPRESENTATION OF BIOLOGY
CHANGING THE OVERVIEW
SOME PERTINENT HISTORY
THE PANDORA'S BOX OF MICROBIOLOGY
The Dismantling of Bacteriology and a Deconstruction of the Procaryote
Other Guesswork Solutions?
CELLULAR EVOLUTION: THE BUMPY ROAD TO WHO KNOWS WHERE
THE DYNAMICS OF CELLULAR EVOLUTION
The Key to Understanding the Character of HGT
From There to Here
An Interesting, if Not Relevant, Aside
When Is a Tree Not a Tree?
ONE LAST LOOK
ACKNOWLEDGMENTS
REFERENCES
Image not related to this article/Imagem não relacionada com este artigo
The National Academy Press
Summary
Biology today is at a crossroads. The molecular paradigm, which so successfully guided the discipline throughout most of the 20th century, is no longer a reliable guide. Its vision of biology now realized, the molecular paradigm has run its course. Biology, therefore, has a choice to make, between the comfortable path of continuing to follow molecular biology's lead or the more invigorating one of seeking a new and inspiring vision of the living world, one that addresses the major problems in biology that 20th century biology, molecular biology, could not handle and, so, avoided. The former course, though highly productive, is certain to turn biology into an engineering discipline. The latter holds the promise of making biology an even more fundamental science, one that, along with physics, probes and defines the nature of reality. This is a choice between a biology that solely does society's bidding and a biology that is society's teacher.
Introduction
Science is an endless search for truth. Any representation of reality we develop can be only partial. There is no finality,sometimes no single best representation. There is only deeper understanding, more revealing and enveloping representations. Scientific advance, then, is a succession of newer representations superseding older ones, either because an older one has run its course and is no longer a reliable guide for a field or because the newer one is more powerful, encompassing, and productive than its predecessor(s).
Science is impelled by two main factors, technological advance and a guiding vision (overview). A properly balanced relationship between the two is key to the successful development of a science: without the proper technological advances the road ahead is blocked. Without a guiding vision there is no road ahead; the science becomes an engineering discipline, concerned with temporal practical problems. In its heyday the representation that came to dominate and define 20th century biology, molecular biology, was a rich and inspiring blend of the two. By the end of the 20th century, however, the molecular vision of biology had in essence been realized; what it could see of the master plan of the living world had been seen, leaving only the details to be filled in. How else could one rationalize the strange claim by some of the world's leading molecular biologists (among others) that the human genome (a medically inspired problem) is the "Holy Grail" of biology? What a stunning example of a biology that operates from an engineering perspective, a biology that has no genuine guiding vision!
Look back a hundred years. Didn't a similar sense of a science coming to completion pervade physics at the 19th century's end—the big problems were all solved; from here on out it was just a matter of working out the details? Deja vu! Biology today is no more fully understood in principle than physics was a century or so ago. In both cases the guiding vision has (or had) reached its end, and in both, a new, deeper, more invigorating representation of reality is (or was) called for.
A society that permits biology to become an engineering discipline, that allows that science to slip into the role of changing the living world without trying to understand it, is a danger to itself. Modern society knows that it desperately needs to learn how to live in harmony with the biosphere. Today more than ever we are in need of a science of biology that helps us to do this, shows the way. An engineering biology might still show us how to get there; it just doesn't know where "there" is.
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FREE PDF GRÁTIS
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NOTA DESTE BLOGGER:
Todas as vezes em que leio artigos de cientistas evolucionistas honestos como o Carl R. Woese que fazem a leitura correta do paradigma em um contexto de justificação teórica, e verificam que o paradigma já colapsou devido à montanha de evidências negativas e contrárias, eu fico gratificado nesta minha luta de mais de uma década apontando a nudez epistêmica do neodarwinismo como explicação da biologia evolutiva.
E o que tudo isso revela? Darwin está nú, e algo de podre na Nomenklatura científica que não permite vozes dissonantes e críticas do paradigma consensual ter hora e vez de exporem suas hipóteses e teorias científicas tentando explicar a origem e a volução da vida. Para os que me detratam no ciberespaço e impedem o meu avanço acadêmico, me resta o consolo: o bom em ciência, é que ela é uma busca pela verdade. Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas. Além disso, o cientista deve seguir as evidências aonde elas forem dar.
Eu entendo, pela visão kuhniana de paradigma, que a turma de Down não vai entregar a rapadura assim tão fácil, pois há muita coisa em jogo (PODER, status, y otras cositas mais), mas eles vão ser encontrados do lado daqueles que perseguiram, expulsaram e silenciaram vozes contrárias, e nós não! A História da Ciência vai registrar isso. Quem viver, verá...
Fui, dando graças a Deus, oops, a Darwin, que ainda existem cientistas honestos como o Carl R. Woese!
Sábado, Maio 22, 2010
Microbiology and Molecular Biology Reviews, June 2004, p. 173-186, Vol. 68, No. 2
1092-2172/04/$08.00+0 DOI: 10.1128/MMBR.68.2.173-186.2004
Copyright 2004, American Society for Microbiology. All Rights Reserved.
A New Biology for a New Century
Carl R. Woese*
Department of Microbiology, University of Illinois, Urbana, Illinois 61801
SUMMARY
INTRODUCTION
THE MOLECULAR ERA IN THE BIGGER PICTURE
Reductionism versus Reductionism
Synthesis
TOWARDS A NEW REPRESENTATION OF BIOLOGY
CHANGING THE OVERVIEW
SOME PERTINENT HISTORY
THE PANDORA'S BOX OF MICROBIOLOGY
The Dismantling of Bacteriology and a Deconstruction of the Procaryote
Other Guesswork Solutions?
CELLULAR EVOLUTION: THE BUMPY ROAD TO WHO KNOWS WHERE
THE DYNAMICS OF CELLULAR EVOLUTION
The Key to Understanding the Character of HGT
From There to Here
An Interesting, if Not Relevant, Aside
When Is a Tree Not a Tree?
ONE LAST LOOK
ACKNOWLEDGMENTS
REFERENCES
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The National Academy Press
Summary
Biology today is at a crossroads. The molecular paradigm, which so successfully guided the discipline throughout most of the 20th century, is no longer a reliable guide. Its vision of biology now realized, the molecular paradigm has run its course. Biology, therefore, has a choice to make, between the comfortable path of continuing to follow molecular biology's lead or the more invigorating one of seeking a new and inspiring vision of the living world, one that addresses the major problems in biology that 20th century biology, molecular biology, could not handle and, so, avoided. The former course, though highly productive, is certain to turn biology into an engineering discipline. The latter holds the promise of making biology an even more fundamental science, one that, along with physics, probes and defines the nature of reality. This is a choice between a biology that solely does society's bidding and a biology that is society's teacher.
Introduction
Science is an endless search for truth. Any representation of reality we develop can be only partial. There is no finality,sometimes no single best representation. There is only deeper understanding, more revealing and enveloping representations. Scientific advance, then, is a succession of newer representations superseding older ones, either because an older one has run its course and is no longer a reliable guide for a field or because the newer one is more powerful, encompassing, and productive than its predecessor(s).
Science is impelled by two main factors, technological advance and a guiding vision (overview). A properly balanced relationship between the two is key to the successful development of a science: without the proper technological advances the road ahead is blocked. Without a guiding vision there is no road ahead; the science becomes an engineering discipline, concerned with temporal practical problems. In its heyday the representation that came to dominate and define 20th century biology, molecular biology, was a rich and inspiring blend of the two. By the end of the 20th century, however, the molecular vision of biology had in essence been realized; what it could see of the master plan of the living world had been seen, leaving only the details to be filled in. How else could one rationalize the strange claim by some of the world's leading molecular biologists (among others) that the human genome (a medically inspired problem) is the "Holy Grail" of biology? What a stunning example of a biology that operates from an engineering perspective, a biology that has no genuine guiding vision!
Look back a hundred years. Didn't a similar sense of a science coming to completion pervade physics at the 19th century's end—the big problems were all solved; from here on out it was just a matter of working out the details? Deja vu! Biology today is no more fully understood in principle than physics was a century or so ago. In both cases the guiding vision has (or had) reached its end, and in both, a new, deeper, more invigorating representation of reality is (or was) called for.
A society that permits biology to become an engineering discipline, that allows that science to slip into the role of changing the living world without trying to understand it, is a danger to itself. Modern society knows that it desperately needs to learn how to live in harmony with the biosphere. Today more than ever we are in need of a science of biology that helps us to do this, shows the way. An engineering biology might still show us how to get there; it just doesn't know where "there" is.
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NOTA DESTE BLOGGER:
Todas as vezes em que leio artigos de cientistas evolucionistas honestos como o Carl R. Woese que fazem a leitura correta do paradigma em um contexto de justificação teórica, e verificam que o paradigma já colapsou devido à montanha de evidências negativas e contrárias, eu fico gratificado nesta minha luta de mais de uma década apontando a nudez epistêmica do neodarwinismo como explicação da biologia evolutiva.
E o que tudo isso revela? Darwin está nú, e algo de podre na Nomenklatura científica que não permite vozes dissonantes e críticas do paradigma consensual ter hora e vez de exporem suas hipóteses e teorias científicas tentando explicar a origem e a volução da vida. Para os que me detratam no ciberespaço e impedem o meu avanço acadêmico, me resta o consolo: o bom em ciência, é que ela é uma busca pela verdade. Ciência e mentira não podem andar de mãos dadas. Além disso, o cientista deve seguir as evidências aonde elas forem dar.
Eu entendo, pela visão kuhniana de paradigma, que a turma de Down não vai entregar a rapadura assim tão fácil, pois há muita coisa em jogo (PODER, status, y otras cositas mais), mas eles vão ser encontrados do lado daqueles que perseguiram, expulsaram e silenciaram vozes contrárias, e nós não! A História da Ciência vai registrar isso. Quem viver, verá...
Fui, dando graças a Deus, oops, a Darwin, que ainda existem cientistas honestos como o Carl R. Woese!
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