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Mateus 28:19 - Uma Investigação crítica-textual

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Mateus 28:19
τὸ ὄνομα τοῦ πατρὸς καὶ τοῦ υἱοῦ καὶ τοῦ ἁγίου πνεύματος
Uma Investigação crítica-textual

Tim Hegg • TorahResource • 2006





Tradução: Gustavo Adolpho Souteras Barbosa

Em algumas discussões cristológicas recentes, a designação tripartite incluída em textos padrões de Mateus 28:19 são frequentemente suspeitas. O problema é que ele soa muito trinitário para ser incluído nas palavras originais de Mateus. Como resultado, alguns eruditos modernos tem sugerido que o final do evangelho de Mateus poderia bem ter sido adicionado por escribas posteriores sob a influência das controvérsias trinitárias que enredaram na Igreja Cristã nos séculos 3 e 4. A evidência primária onde tais sugestões se baseiam é a citação ou alusão a este texto nos escritos de Eusébio. Como exemplo, nós podemos notar suas palavras na História Eclesiástica, Livro III.5.ii:

Depois da ascensão de nosso Salvador, os judeus acrescentaram ao crime cometido contra ele a invenção de inúmeras ameaças contra seus apóstolos: Estevão foi o primeiro que eliminaram, apedrejando-o ; depois dele, Tiago, filho de Zebedeu e irmão de João, a quem decapitaram ; e depois de todos, Tiago, o que depois da ascensão de nosso Salvador foi o primeiro designado para o trono episcopal de Jerusalém e morreu da forma que já descrevemos. E os demais apóstolos sofreram milhares de ameaças de morte e foram expulsos da terra da Judéia. Porém, com o poder de Cristo, que havia-lhes dito: Ide e fazei discípulos de todas as nações em meu nome , dirigiram seus passos para todas as nações para ensinar a mensagem.

Com base nesta citação de Eusébio bem como a aparente "fórmula batismal" de Atos e as epístoloas, alguns comentadores tem sugerido que a frase tripartite do versículo 19 é uma interpolação litúrgica ou expansão das palavras originais de nosso Mestre, que ordenou o batismo "em Meu nome" ao contrário de no "nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". Hagner explica:

O nome triplo (no máximo somente um trinitarismo nascente) no qual o batismo seria efetuado, de outra forma, parece claro que é uma expansão litúrgica do evangelista conforme a prática de seus dias (assim Hubbart; cf Didymus 7.1). Há uma boa possibilidade que em sua forma original, como testemunhado pela forma ante-nicena de Eusébio, o texto era lido "fazer discípulos em meu nome" (veja Conybeare). Esta leitura menor preserva o ritmo simétrico da passagem, ao passo que a fórmula triádica se encaixa inadequadamente na estrutura assim como alguém poderia esperar se ela fosse uma interpolação.1

Mas mesmo Hagner não nega que a designação tripartite é original ao evangelho de Mateus, só que Mateus deve ter expandido por sua conta as palavras de Yeshua:

Em contraste com o batismo de João, este batismo traz uma pessoa para uma existência que é fundamentalmente determinada por, por exemplo, Pai, Filho e Espírito Santo (εἰς τὸ ἐμόν ὄνομα, "em meu nome", em 18:20).2

Nós devemos ter cuidado para não sermos persuadidos por enganosa pseudo-erudição freqüentemente encontrada em nossos dias. Por exemplo, Willis 3 extrai uma citação do comentário de R. V. G. Tasker sobre Mateus4 fazendo-o parecer como se o autor desta exposição concordasse que a frase tripartite não é original no evangelho de Mateus. Willis escreve:

O comentário do Novo Testamente de Tyndale, I, 275:
É freqüentemente afirmado que as palavras no nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo não são as ipsissima verba [exatas palavras] de Jesus, mas...uma adição litúrgica posterior.



Mas esta é uma citação enganosa porque ela representa a descrição de o que outros acreditam, não o que o autor mesmo mantém. Aqui está a verdadeira citação em seu contexto:

É freqüentemente afirmado que as palavras no nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo não são as ipsissima verba [exatas palavras] de Jesus, mas tanto as palavras do evangelista colocadas em Sua boca, ou uma adição litúrgica posterior. É argumentado que nos lábios de Jesus elas são um anacronismo; que a Igreja antiga não as usou de fato como uma fórmula batismal até o segundo século; e que Eusébio de Cesaréia ao citar esta passagem freqüentemente omite ou varia estas palavras. De outra forma, as palavras são encontradas em todos manuscritos existentes; e é difícil ver por que o evangelista as teria inserido se na época que ele estava escrevendo elas não formavam nenhuma parte da liturgia da Igreja. É também difícil de supor que, se Eusébio tivesse realmente conhecido um manuscrito que omitisse estas palavras, algum traço da influência destes manuscritos não teria sobrevivido na tradição textual. Além disto, pode muito bem ser que a verdadeira explicação do porquê a igreja antiga não administrou imediatamente o batismo no nome triplo é que as palavras de xxviii.19 não foram destinadas originalmente por nosso Senhor como fórmula batismal. Ele não estava dando instruções sobre as exatas palavras a serem usadas no serviço do batismo, mas, como já foi sugerido, estava indicando que a pessoa batizada seria pelo batismo passada para a possessão do Pai, do Filho e do Espírito Santo.5

Willis também cita do Dicionário da Bíblia de Hastings com a intenção de fornecer provas que eruditos geralmente consideram que a frase tripartite de Mateus 28:19 é uma adição católica tardia. Contudo, se alguém consultar o próprio artigo6, descobrirá que a citação dada é extraída de uma lista de quatro hipóteses gerais oferecidas por eruditos a respeito da frase tripartite, uma hipótese que o autor do artigo (Alfred Plummer) rejeita! Willis também oferece a seguinte citação da ISBE, erroneamente dita ser do artigo sobre "Batismo" quando é, de fato, extraída do artigo sobre "Sacramentos":

Mateus 28:19 em particular somente canoniza uma situação eclesiástica posterior, que seu universalismo é contrário aos fatos da história da igreja primitiva, e sua fórmula Trinitária (é) estranha à boca de Jesus.7

Aqui está a citação em seu contexto completo:

(1) A respeito do Batismo tem sido argumentado que como Mc 16:15 ocorre em uma passagem (16:9-20) que a crítica textual tem mostrado ser formada de nenhuma parte do evangelho original, Mt 28:19, por si só, é um fundamento muito frágil para dar suporte à crença que a ordenança descansa em uma prescrição de Jesus, mais especificamente como suas declarações são inconsistentes com os resultados da crítica histórica. Estes resultados, é afirmado, provam que todas as narrativas dos Quarenta Dias são lendas, que Mt 28:19 em particular somente canoniza uma situação eclesiástica posterior, que seu universalismo é contrário aos fatos da história da igreja primitiva, e sua fórmula Trinitária "estranha à boca de Jesus" (veja Harnack, História do Dogma, I, 79, e as referências ali fornecidas). É evidente, contudo, que algumas destas objeções descansam em pressuposições anti-supernaturais que realmente solicitam à pergunta em questão e outras, conclusões para as quais as premissas reais estão faltando. Contra todos eles nós temos que estabelecer o positivo e forte fato que dos primeiros dias do Cristianismo, o Batismo aparece como o rito de iniciação à comunidade da igreja (Atos 2:38,41, et passim), e que até Paulo, com toda sua liberdade de pensamento e interpretação espiritual do evangelho, nunca questionou sua necessidade (compare Rm 6:3 ff; 1 Co 12:13; Ef 4:5). Em qualquer outra suposição, onde ele não é decretado pelo próprio Senhor, é difícil de conceber como dentro do pequeno espaço de anos entre a morte de Jesus e as primeiras referências dos apóstolos ao tema, a ordenança não somente se originaria mas também estabeleceria de forma tão absoluta para cristãos judeus e gentílicos igualmente.8 (ênfase minha)

A falha de Willis em adulterar fontes para fazê-las dizer precisamente o posto daqulo que os autores pretendiam dizer não deixa de ser repreensível 9, mas infelizmente isto representa a desinformação (muito) freqüentemente encontrada na internet.10

Isto não é para negar o fato de que alguns eruditos modernos consideram que a frase tripartite de Mateus 28:19 é uma "interpolação tardia". Por exemplo, Bultmann escreve:

O que batiza nomes sobre o que está sendo batizado o nome do "Senhor Jesus Cristo", depois expandido para o nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (primeiro atestado em Did. 7:1,3, Justino Apol. 61:3, 11, 13; também encontrado em Mt 28:19, mas esta é talvez um caso de interpolação tardia).11



Outros o tem seguido em sugerir que a frase tripartite foi adicionada às palavras explícitas (ipsissima verba) de Yeshua. Mas nós deveríamos ser cautelosos em não confundir o ponto de vista que a frase tripartite é uma "interpolação posterior" com a idéia de que a frase não é original no Evangelho de Mateus mas adicionada em séculos posteriores. Alguns daqueles que consideram a possibilidade de uma "interpolação posterior" querem dizer que o próprio Mateus interpolou as palavras de Yeshua, e que a frase tripartite é original ao Evangelho. Da mesma forma, o que fez muitos suspeitarem da frase tripartite em Mateus 28:19 é que eles estão considerando-a uma "fórmula batismal", ou seja, palavras litúrgicas prescritas requeridas a serem ditas no batismo. Quando nosso texto é considerado uma fórmula batismal, ela se opõe às consistentemente usadas fórmulas encontradas em Atos e nas Epístolas, onde alguém é batizado "em (o) nome de Yeshua" ou "em (o) Yeshua Messhiah" ou algum equivalente próximo (por exemplo, Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5; cf. Rm 6:3). Mas não há razão clara para presumir que Mateus está nos dando uma "fórmula batismal". Note os destaques de Carson:

Muitos negam a autenticidade desta fórmula Trinitária, contudo, não com base em reconstruções duvidosas do desenvolvimento da doutrina, mas com base no fato que a única evidência que nós temos dos batismos cristãos indicam uma consistente fórmula batismal monádica no nome de Jesus (Atos 2:38; 8:16; 10:48; 19:5; similarmente, passagens como Rm 6:3). Se Jesus deu a fórmula Trinitária, por que ela foi diminuída? Não é mais fácil acreditar que a fórmula Trinitária foi um desenvolvimento relativamente tardio? Mas certas reflexões nos dão uma pausa.
1. É possível, apesar de historicamente improvavel, que a fórmula Trinitária completa foi usada por pagãos convertidos, e "no nome de Jesus" para Judeus e prosélitos. Mas isto é duvidoso, não menos por que Paulo, o apóstolo dos gentios, nunca usa uma fórmula Trinitária para batismo.
2. Idéias trinitárias são encontradas nos relatos de ressurreição de ambos Lucas e João mesmo que estes evangelistas não relatam sobre a fórmula batismal Trinitária. A fé a ser proclamada era em certo sentido Trinitária desde o início. "Esta conclusão não deveria vir como uma grande surpresa: as tendências Trinitárias da igreja primitiva são bem facilmente explicadas se elas forem traçadas até o próprio Jesus; mas a importância do ponto para nosso estudo é que isto significa que a referência de Mateus à Trindade no capítulo 28 não é um elefante branco completamente fora do contexto" (D. Wenham, "Ressurrection", p. 53).
3. O termo "fórmula" está nos enganando. Não há evidência que temos Jesus ipsissima verba aqui e ainda menos que a igreja considerou o comando de Jesus como uma fórmula batismal, uma fórmula litúrgica cuja ignorância era uma brecha na lei canônica. O problema tem sido freqüentemente tratado em termos anacronísticos. E. Riggenbach (Der Trinitarische Taufbefehl Matt. 28:19 [Gutersloh: C. Bertelsmann, 1901]) aponta que tão antigo quanto o Didaquê, batismo em nome de Jesus e batismo no nome da Trindade coexistiam lado a lado: a igreja não estava ligada a "fórmulas" precisas e não sentia embarasso pela variedade delas, precisamente porque a instrução de Jesus, que não pode ter sido nestas palavras precisas, não foi considerada uma fórmula fixa.12



Não é incomum escutar a noção que a frase tripartite em Mateus 28:19 é suspeita com base na crítica textual, mas quando alguém consulta os próprios dados, tais clamores são totalmente infundados. Todo manuscrito bíblico Grego existente que contém este verso de Mateus possui a frase tripartite. Alguém poderia esperar que se, de fato, o original de Mateus (quer alguém presuma um original grego ou hebraico, ou ambos) não incluia a frase tripartite, que pelo menos alguma testemunha antiga deste original poderia ter sobrevivido. Mas nenhuma simples testemunha, antiga ou nova, dá evidência que 28:19 algum dia existiu sem a frase tripartite. Quando nós olhamos para as versões a mesma situação é obtida. A Peshitta Siríaca (em todas as suas testemunhas existentes), a Vulgata, a Cóptica, as versões Eslovacas - todas possuem a frase tripartite. A conclusão de Plummer é então garantida:

É incrível que uma interpolação deste caráter pode ter sido feita no texto de Mateus sem deixar um traço de sua inautenticidade em um simples manuscrito ou versão. A evidência de sua genuinidade é esmagadora. 14



Alguns, como George Howard,15 busca usar o texto de Mateus da Shem Tov (Even Bohan) para sugerir que o texto original de Mateus não contém a frase tripartite. Mateus 28:19 é lido da seguinte forma no Mateus de Shem Tov:

לכו אתם ושמרו [ולמדו] אותם לקיים כל הדברים אשר ציויתי אתכם עד עולם , “Vocês vão e guardem [ensinem] eles a estabelecer todas as palavras que eu ordenei a vocês para sempre.”



Howard sugere a possibilidade que esta finalização menor do Evangelho de Mateus poderia refletir um texto que Eusébio também tinha. No curso do artigo, Howard refere ao bem conhecido artigo de F. C. Conybeare (“The Eusebian Form of the Text Matth. 28, 19” ZNW 2 [1901], 275–88) que pretende dar evidência para uma adição posterior da frase tripartite16. Ele também referencia um logion atribuido a Yeshua em um texto medieval mulçumano17 que alguns pensam ser paralelo ao final curto de Mateus. David Flusser também achou que este poderia ser o caso18. Contudo, um número de eruditos respondeu bem negativamente a estes clamores, oferecendo evidência substancial do contrário19. Dado às grandes discrepâncias textuais entre o Mateus de Shem Tov e todos os outros manuscristos conhecidos do Evangelho, e enquanto nós podemos aplaudir os esforços de Howard para mostrar possíveis "leituras antigas" embutidas no texto da Shem Tov, parece dificilmente garantido usar esta fonte do século 14 para questões de crítica textual a menos que as leituras variantes que ele oferece mostre alguma evidência corrobativa de outros manuscritos. Adicionalmente, os outros dois Mateus Hebraicos (du Tillet and Münster) contém a frase tripartite em Mateus 28:19.
Isto nos traz para a única evidência freqüentemete citada por aqueles que contendem que a frase tripartite em Mateus 28:19 é uma adição tarida motivada por preocupações trinitárias da Igreja Cristã posterior: as citações ou alusões a este texto nos escritos de Eusébio. Como notado acima, Eusébio cita ou alude a Mateus 28:19 com as palavras "fazer discípulos de todas as nações em Meu nome". Isto é encontrado um número de vezes em sua História Eclesiástica20, mas há mais do que necessário para dizer. Primeiro, Eusébio conhecia a frase tripartite em Mateus 28:19. Em sua Carta para a Igreja de Cesaréia nós lemos sua confissão de fé na luz do Concílio de Nicéia:

Nós acreditamos em Um Deus, o Pai Todo-Poderoso, o Criador de todas as coisas visíveis e invisíveis. E em Um Senhor Jesus Cristo, a Palavra de Deus, Deus de Deus, Luz de Luz, Vida de Vida, Filho Unigênito, unigênito de toda criatura, antes de todas as eras, gerado do Pai, pelo qual também todas as coisas foram feitas; quem para nossa salvação foi feito carne, e viveu entre homens, e sofreu, e se levantou novamente no terceiro dia, e subiu ao Pai, e virá novamente em glória para julgar os vivos e os mortos, e nós cremos também no Único Espírito Santo; acreditando que cada um d'Estes serem e existirem, o Pai verdadeiramente Pai, e o Filho verdadeiramente Filho e o Espírito Santo verdadeiramente Espírito Santo, e também nosso Senhor, enviando Seus discípulos para a pregação, dizendo, Vá, ensinem todas as nações, batizando-os em o Nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. A respeito de quem nós confiantemente afirmamos que mantemos assim, e pensamos assim, e assim tivemos mantido anteriormente, e nós mantemos esta fé até a morte, anatematizando cada heresia ímpia. Que sempre pensamos isto de nosso coração e alma, do tempo que nós nos recordamos, e agora pensamos e dizemos em verdade, perante Deus Todo-Poderoso e nosso Senhor Jesus Cristo nós testemunhamos, sendo capazes através de provas de mostrar e convencer vocês, que, mesmo em tempos passados, esta foi nossa crença e pregação.21 (ênfase minha)



Segundo, quando Eusébio citava ou aludia a Mateus 28:19 sem referência à frase tripartite era em contextos onde seu objetivo primário era mostrar a necessidade de fazer discípulos em geral, citando apenas a parte de Mateus 28:19 que se enquadra neste propósito imediato. Que ele inclui a frase tripartite no contexto de uma confissão mostra que ele estava ciente de sua presença no texto de Mateus.
Terceiro, por que as citações de Eusébio que deixam de lado a frase tripartite são considerados de peso maior que outros Pais da Igreja que citaram ou aludiram o texto com a frase? Nós podemos notar as palavras de Justino (c. 100-165) em 1 Apol. 61.3:

eles então executavam o banho na água, no nome do Pai do universo e do nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo.



Apesar de este não ser uma citação do texto de Mateus, ele certamente incorpora os mesmos três nomes no contexto do batismo. Contudo, Inácio (c. 35-107) claramente cita nosso texto em sua Espístola aos de Filadélfia, ix:

Pois aquelas coisas que foram anunciadas pelos profetas, dizendo "Até Ele vir para quem lhe está reservado, e Ele será a esperança dos gentíos", (Gen 49:10) foram cumpridas no Evangelho, [nosso Senhor dizendo,] "Ide e ensinai todas as nações, batizando-os no nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". (Mateus 28:19) Tudo então são juntamente bons, a lei, os profetas, os apóstolos, a inteira companhia [dos outros] que tem acreditado através deles: somente se nós amarmos uns aos outros.



Ireneu(c. 130–200) cita da mesma forma Mateus 28:19 com a frase tripartite em seu Contra Heresias:

E de novo, dando aos discípulos o poder de regeneração em Deus, Ele disse a eles, "Ide e ensinais todas as nações, batizando-as no nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo". (seção xvii)



Notem também Tertuliano (c. 160–225):

Conseqüentemente, depois que um destes se perdeu, Ele comandou os outros onze, em sua partida para o Pai, para "ir e ensinar todas as nações, que deveriam ser batizadas no Pai, e no Filho e no Espírito Santo" (A prescrição contra os hereges, xx)



Nós devemos também adicionar o fato que a Didaquê contém a frase tripartite:

1 Quanto ao batismo, faça assim: depois de ditas todas essas coisas, batize em água corrente, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. 2 Se você não tiver água corrente, batize em outra água. Se não puder batizar com água fria, faça com água quente. 3 Na falta de uma ou outra, derrame água três vezes sobre a cabeça, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. (Didache 7:1–3)



Um número de eruditos da Didaquê não acreditam que ela cita Mateus neste ponto, mas que ambos Mateus e a Didaquê se baseiam em uma tradição comum22. Além disto, enquanto a data da Didaquê é debatida, a maioria dos eruditos a colocariam entre 90 e 120 CE com alguns sugerindo até mesmo uma data mais antiga. Ela então existe como uma antiga testemunha para a frase tripartite em conecção com o batismo, assim como temos ela em Mateus 28:19.
Dados estas informações, parece estranho que as referências a nosso texto por Eusébio, deixando de fora a frase tripartite, recebem mais atenção, especialmente desde que Eusébio viveu c. 260-340 CE, bem depois das testemunhas do texto de Mateus 28:19 pelos Pais da Igreja mais antigos notados acima. Mesmo em sua História Eclesiástica baseada em fontes anteriores, não há nada diretamente para substanciar a noção que ele teve em posse de uma cópia mais antiga do Evangelho de Mateus que deixou de fora a frase tripartite. Além disto, o fato que o estilo de citação de fontes de Eusébio tem sido caracterizado como freqüentemente "inexato" deveria nos alertar ao dar muito peso a suas alusões ou citações de Mateus 28:19.
Nós podemos também investigar o trabalho de comentadores do Evangelho de Mateus. A maioria dos comentadores modernos mantém que a frase tripartite de Mateus 28:19 é espúria ao próprio Evangelho e foi adicionada nos séculos posteriores? Não é incomum ouvir que tai é o caso, mas alguém dificilmente se dispõe a prová-lo. Além das citações dadas acima de Tasker, Hagner, Carson e Plummer, note os seguintes excertos de outros bem conhecidos comentários sobre Mateus:

O batismo Cristão em Atos é também 'no nome de', mas é sempre 'no nome de Jesus' ou algum equivalente. Em Paulo, batismo é 'em Cristo [Jesus]'. O 'Pai, Filho e Espírito Santo' de Mateus é bem distinto. É o uso de Mateus que predominou na prática batismal cristã posterior. E isto parece ter um efeito de distorcer sobre o entendimento das palavras de Mateus. Nós não podemos saber se as igrejas seguidoras de Mateus usaram as palavras como uma fórmula em batismo ou não. Mas dadas as variações na linguagem do NT, claramente não havia consenso sobre uma fórmula batismal. E eu acho que é improvável que Mateus está refletindo a linguagem da prática batismal. Em qualquer caso, nossa primeira tarefa deve ser entender a linguagem no presente contexto de Mateus e não em algum contexto putativo na prática batismal. Um largo número de eruditos tem pronunciado que a linguagem de Mateus é um corpo estranho em Mateus, mas este julgamento parece ser derivado ultimamente da leitura em relação ao (posterior) contexto batismal e não em relação ao Evangelho. Minha preocupação é buscar o entendimento da linguagem de Mateus no contexto de Mateus. 23


Jesus continua a falar de batizar estes novos discípulos "no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo". Esta expressão tem causado uma controvérsia sem fim entre exegetas. Há dois problemas separados, a instituição do batismo como um rito de iniciação para discípulos, e o uso da fórmula Trinitária. Sobre a primeira questão é apontado que Jesus não se engajou no batismo como João Batista, por exemplo, engajou. Através de seu ministério ele não chamou seus seguidores para batizar aqueles que queriam se tornar fiéis. Disto é argumentado que batismo era um rito estabelecido pela igreja, e o comando para continuá-lo é visto como sendo colocado como palvras de Jesus. Mas contra isto está o fato que o batismo era parte da vida da igreja bem no seu início. No dia de Pentecostes Pedro pregou para o povo em Jerusalém, e quando eles perguntaram, "O que devemos fazer, irmãos?" ele respondeu sem consultar e sem hesitar, "Arrependam-se e sejam batizados" (Atos 2:37-38). Nós não temos conhecimento de um tempo onde a igreja não possuía batismo ou incerteza de batismo. É difícil explicar isto fora de ser um comando de Jesus.
As palavras se referindo à Trindade são uma outra questão, mas nós devemos ter em mente que a fé mencionada no verso 18 "naturalmente resulta no conceito da Trindade" (Johnson). Nós devemos ter em mente também que na igreja primitiva há referências ao batismo no nome de Jesus (ex., Atos 8:16; 19:5). Bonnard nota esta dificuldade, mas imediatamente adiciona, "ninguém pode duvidar que a fórmula trinitária já estava no princípio em Paulo" (p. 416; similarmente Allen destaca, "a concepção do Pai, Filho e Espírito Santo é claramente tão antiga quando a própria Sociedade Cristã"). Tais passagens, contudo, não dão a fórmula usada no batismo, mas pode ser uma forma encurtada de diferenciar os batismos cristãos de outros batismos no mundo antigo.24


εἰς τὸ ὄνομα κ.τ.λ pode significar 'no nome do Pai e no nome do Filho e no nome do Espírito Santo' (cf. Justino, 1 Apol. 61). A dificuldade com isto, contudo, é que alguém poderia esperar τὰ ὁνόματα. A alternativa é supor que o único nome divino - o nome revelado de poder (Êx 3.13–15; Pv 8.10; Jub. 36.7) - tem sido compartilhado pelo Pai com Jesus e o Espírito, e há textos antigos que falam do Pai dando seu nome a Jesus (Jo 17.11; Fp 2.9; Evangelho da Verdade 38.5–15). Mas não temos conhecimento de textos comparáveis a respeito do Espírito.
Nós vemos nenhum trinitarismo desenvolvido no primeiro Evangelho. Mas certamente intérpretes posteriores acharam na formulação batismal uma igualdade implícita entre Pai, Filho e Espírito Santo; por exemplo Basílio o Grande, Hom. Spir. 10.24; 17.4325


Pai,...Filho,...Espírito Santo. Se nós abordarmos este verso com uma ortodoxia pós-Nicena completamente desenvolvida em nossas mentes, nós seremos tão solidário a nossas fontes quanto são aqueles que acham neste verso uma alta sofisticação e um bem tardio estágio de formulação doutrinal inserida no texto. Pois todos nós sabemos, tal dito poderia estar no agora perdido final de Marcos. Mesmo se afastando da especulação, o conceito de Deus como Pai, Filho e Espírito Santo é claramente tão velho quanto a Comunidade Messiânica como é conhecida por nós no Novo Testamento. Cf., por exemplo, 1Cr 12:4–6; 2Cr 13:14; 1Pd 1:2; 1Jo 3:23–24. Em Marcos nós temos "Pai" e "Filho" tão claramente antitético que - permitindo crenças judaicas sobre "o Espírito" - ele claramente abriu o caminho para a crença trinitária. A antítese Pai-Filho é encontrada em Mt 26:27 e é muito comum em João. Mas o que também é comum em João é a ênfase no Paracleto, claramente representado como sendo nem o Pai nem o Filho.
Parece claro do material primário em Atos que o batismo era feito "no nome de" e também "para o nome de" Jesus como Senhor e Messiah. O erro de muitos escritores sobre o Novo Testamento está em tratar este enunciado como uma fórmula litúrgica (que se tornou assim mais tarde), e não como uma descrição de qual batismo feito. O evangelista, quem n´so devemos pelo menos permitir ser familiar com os costumes batismais da primordial Comunidade Messiânica, pode bem ter adicionado ao batismo deles seu próprio sumário de qual batismo foi feito.
É bom também lembrar que a Didaquê também tem este sumário do batismo (Didaque vii) e sua referência à "água corrente" reflete uma antiga preocupação essênica26.



A estes pode ser também adicionados os comentários de Rudolf Schnackenburg (The Gospel of Matthew), H. A. W. Meyer (Commentary on the New Testament, Willoughby Allen (original Matthew in the ICC), J. P. Lange (Critical, Doctrinal and Homiletical Commentary on the New Testament), Adam Clarke (The New Testament of our Lord and Savior Jesus Christ), J. B. Lightfoot (A Commentary on the New Testament
from the Talmud and Hebraica), A. B. Bruce (Expositor’s Greek Testament), Henry Alford (The Greek Testament), todos dos quais afirmam a frase tripartite como original ao Evangelho de Mateus. Nós podemos adicionar a estes comentadores os destaques em vários trabalhos por outros eruditos: Eckhard Schnabel (Early Christian Mission), N. T. Wright (The Resurrection of the Son of God), Jacob Van Bruggen (Jesus the Son of God), Kurt Niederwimmer (The Didache [Hermeneia]), James D. G. Dunn (Christology in the Making), Simon Gathercole (The Pre-existent Son), e a lista poderia continuar.
A questão, então, é como a frase tripartite poderia ser suspeita de ser espúria em primeiro lugar? Desde que não há um único fragmento de manuscrito como evidência para sugerir qualquer variante a respeito da frase, nem nenhuma das versões mais antigas a excluem; desde que um número de antigos Pais da Igreja citam o verso com a frase tripartite; e desde que Eusébio, que cita uma versão menor, também cita a versão maior com a frase, nós não temos razão real de questionar sua autenticidade. Parece que aqueles que questionam sua autenticidade o fazem com base em que (1) ela representa uma fórmula batismal trinitária que se desenvolveu posteriormente, no século 2 ou mais, e (2) a consistente fórmula batismal em Atos emprega o nome de Yeshua apenas. Mas nós temos mostrado que não há necessidade de ver uma "fórmula batismal" em Mateus 28:19, nem algum tipo de "trinitarismo" desenvolvido, não obstanto que alguns tentaram ler estes desenvolvimentos tardios do texto.
Mas este não é o coração da questão. Avaliação de se um texto dado é autêntico ou não deveria ser feito com base nas evidências de manuscritos existentes, não com base em pressuposições teológicas ou tendências de alguém. Aqueles que se acham em oposição às doutrinas trinitárias formuladas posteriormente pela Igreja Cristã poderiam facilmente suspeitar de Mateus 28:19 de dizer algo que ele realmente não diz. Ler o texto com óculos anti-trinitários impede a objetividade. Como notado acima, não há razão para pensar que a frase tripartite de Mateus flui de um trinitarismo desenvolvido. A justaposição de títulos tais como "Pai" ou "Deus" com "Filho" ou "Yeshua/Messiah" e "Espírito" ou "Espírito Santo" é comum nas Escrituras Apostólicas. Nós podemos notar o seguinte por meio de exemplos:

1Co 12:4 Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. 5 E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. 6 E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos.
2Co 13:14 A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com todos vós.
Ef 4:4 Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação; 5 um só Senhor, uma só fé, um só batismo; 6 um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos e em todos.
2Ts 2:13 Mas nós devemos sempre dar graças a Deus por vós, irmãos, amados do Senhor, porque Deus vos escolheu desde o princípio para a santificação do espírito e a fé na verdade, 14 e para isso vos chamou pelo nosso evangelho, para alcançardes a glória de nosso Senhor Jesus Cristo.
1Pd 1:2 eleitos segundo a presciência de Deus Pai, na santificação do Espírito, para a obediência e aspersão do sangue de Jesus Cristo: Graça e paz vos sejam multiplicadas.



Além do mais, parece bastante provável que os textos paulinos citados acima foram todos escrito em um tempo bem contemporâneo com (ou talvez até mais cedo que) a escrita dos Evangelhos. Sendo este o caso, nós não deveríamos estar preocupados demais em achar "Pai", "Filho", e "Espírito Santo" no texto de Mateus, ainda que para fazer isto é requerido algum tipo de explicação. Certamente as formulações filosóficas e ontológicas trinitárias apareceram séculos depois da escrita do Evangelho de Mateus, mas a confissão da relação do Pai e do Filho foi ensinada pelo próprio Yeshua, ao mesmo tempo que o presente e ativo trabalho do Espírito, certamente foi um antigo fenômeno entre os discípulos de nosso Mestre. Então, para Mateus gravar as palavras de Yeshua que comissionou Seus discípulos a batizar crentes gentios "no nome do Pai, Filho e Espírito Santo", deve no mínimo significa rque tais crentes gentios deveriam confessar sua nova relação com o Deus de Israel, obtida pela vinda de Seu Filho como Messiah, e feito real ou poderoso pelo trabalho interior do Espírito. Se nós podemos ler as palavras de Mateus sem impô-las os debates cristológicos dos séculos posteriores, nós podemos aceitá-los como valorosos sem ter que achar alguma suposta razão textual para descartá-los

Notas

1. Donald A. Hagner, Mateus 14–28, vol 33b no The Word Bible Commentary (Word, 1995), pág. 887–88.
2. Ibid., pág. 888.
3. Veja http://www.apostolic.net/biblicalstudie ... willis.htm, acessado 12/25/06.
4. R. V. G. Tasker, The Gospel According to St. Matthew in Tasker, ed., Tyndale New Testament Commentaries (Eerdmans,1961)
5. Ibid., pág. 275.
6. James Hastings, ed., A Dictionary of the Bible 4 vols (Scribners, 1905), 1.241–42.
7. Ibid.
8. J. C. Lambert, “Sacraments” em James Orr, ed., The International Standard Bible Encyclopedia (1915).
9. Uma quantidade de outros enganos similares são parte da página de internet de Willis sobre Mateus 28:19, mas os poucos listados deveriam dar ao leitor uma pausa suficiente de confiar em qualquer coisa que este autor apresenta.
10. Alguém precisa apenas procurar pela internet sobre “Mateus 28:19” para ver a forma na qual desinformação irresponsável e enganos maliciosos se multiplicam em leitores insuspeitos. Tal estado de acontecimentos deveriam fortalecer nossa resolução de aceitar conclusões apenas quando nós verificarmos as fontes.
11. Rudolph Bultmann, Theology of the New Testament 2 vols (Scribners, 1951), 1.133–34.
12. D. A. Carson, “Matthew” em Frank Gaebelein, ed., The Expositor’s Bible Commentary 12 vols. (Zondervan, 1990), 8.598.
13. Que tal é o caso pode ser visto pelo fato que Bart Ehrman em seu The Orthodox Corruption of Scripture (Oxford,1993) não menciona nada sobre a corrupção textual de Mateus 28:19 pela razão óbvia que nenhuma variante textual existem nos manuscritos gregos relacionados com a frase tripartite. Como é o propósito neste trabalho de mostrar que os debates cristológicos de séculos posteriores introduziram variantes teologicamente induzidas no texto, se algumas destas variações existiram para Mateus 28:19, ele sem dúvidas teria as incluido.
14. Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel According to S. Matthew (James Family Reprint, n.d.), pág.432.
15. George Howard, “A Note on the Short Ending of Matthew.” HTR 81 (1988) 117–20. Também note seu destaque deste efeito no Evangelho Hebraico de Mateus (Mercer, 1995), pág. 192–194.
16. Este artigo, contudo, foi amplamente refutado por E. Riggenbach (Der Trinitarische Taufbefehl Matt. 28:19 [Gutersloh: C. Bertelsmann, 1901]) que mostrou que a Didaquê usava tanto a pequena quanto a tripartite fórmula litúrgica (cf. 7.1, 3; 9.3; 10.2).
17. Shlomo Pines, The Jewish Christians of the Early Centuries of Christianity according to a New Source, Proceedings of the Israel Academy of Sciences and Humanities 2/13 (Jerusalem: Central Press, 1966).
18. David Flusser, “The Conclusion of Matthew in a New Jewish-Christian Source,” ASTI 5(1967), 110–20.
19. Veja Howard, Hebrew Gospel of Matthew, Op. cit., pág. 193, n. 37.
20. ex., Hist. Ec. III.5.ii; X.16.viii. Davies e Allison (Matthew in The International Critical Commentary, 3 vols [ T&T Clark, 1997], 3.684, n. 41) indica que as alusões ou citações de Eusébio de Mateus 28:19 desta forma acontecem 16 vezes. Contudo, B. J. Hubbard (The Matthean Redaction of a Primitive Apostolic Commissioning, SBLDS 19, [Missoula, 1974], pág. 151–75) mostra o hábito de Eusébio de “citar o NT de forma inexata e combinando ou pelo menos agrupando passagens de grande proximidade que se relacionam de alguma forma umas com as outras.”
21. Documento E na História Eclesiástica de Eusébio Pamphilus (Baker Book House, 1955), Apêndice sobre o Concílio de Nicéia, p. 43ff.
22. Veja Kurt Niederwimmer, The Didache in Hermeneia (Fortress, 1998), págs. 126-27, e pág. 126, n. 11; Willy Rordorf, “Baptism According to the Didache” em Jonathan A. Draper, ed., The Didache in Modern Research (Brill, 1996), págs. 217–18.
23. John Nolland, Matthew in Marshall and Hagner, eds., The New International Greek Testament Commentary (Eerdmans, 2005), pág. 1268.
24. Leon Morris, Matthew in The Pillar New Testament Commentary (Eerdmans, 1992), ad loc, Matthew 28:19.
25. W. D. Davies and D. C. Allison, Matthew 3 vols em The International Critical Commentary (T&T Clark, 1997), 3.685–86.
26. W. F. Albright e C. S. Mann, Matthew in Albright and Freedman, eds. The Anchor Bible (Doubleday, 1971), págs. 362–63.



Mateus 28:19 - Uma Investigação crítica-textual


Mateus 28:19 – falso ou autêntico?


É verdade que as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19) não foram escritas por Mateus, mas foram acrescentadas pela Igreja Católica?

Mateus 28:19 é um dos textos bíblicos mais frequentemente utilizados para defender a doutrina da Trindade. Mas alguns grupos cristãos que não creem nessa doutrina afirmam que as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” não estavam no texto original. Examinaremos os principais argumentos utilizados em defesa dessa teoria.[1]

1. Manuscritos do Novo Testamento – Aqueles que dizem que Mateus 28:19 foi modificado argumentam que, de acordo com o texto original, o batismo deveria ser realizado “em Meu [de Jesus] nome”. Ao examinarmos essa teoria, precisamos nos lembrar de que o Novo Testamento foi escrito originalmente no idioma grego, mas nenhum manuscrito redigido pelos próprios autores bíblicos chegou até nossa época. Porém, são conhecidos mais de cinco mil manuscritos antigos que contêm o Novo Testamento em seu idioma original. Assim, podemos ter certeza de que, ao longo de dois mil anos, Deus preservou Sua Palavra.[2]

De acordo com os estudiosos, a expressão “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” aparece em todos os manuscritos antigos do evangelho de Mateus. Por outro lado, não existe nenhum manuscrito em que apareçam as palavras “em Meu [de Jesus] nome” ou qualquer outra expressão.[3]

Esse fato é confirmado pelas mais importantes obras sobre o assunto: a edição do Novo Testamento grego e a obra oficial que possui comentários sobre esses manuscritos.[4] Outra importante obra, International Standard Bible Encyclopedia, declara que “as credenciais textuais [de Mt 28:19] são suficientemente sólidas”,[5] ou seja, não há dúvidas sobre o texto original de Mateus 28:19.


As palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” aparecem também em todas as traduções antigas do evangelho de Mateus ou do Novo Testamento completo, tais como a Peshitta Siríaca, a Vulgata latina, a Copta e as versões eslovacas. É interessante observar que os cristãos sírios e coptas (que possuíam sua própria tradução do Novo Testamento) não estavam ligados à Igreja Católica Romana, mas aceitavam essa passagem bíblica como autêntica. Após analisar esses fatos, um estudioso afirmou: “É incrível que uma interpolação desse caráter tenha sido feita no texto de Mateus sem deixar qualquer traço de sua inautenticidade em um simples manuscrito ou versão [tradução]. A evidência de sua genuinidade é esmagadora.”[6]

À vezes é dito que o evangelho de Mateus foi escrito originalmente em hebraico ou aramaico. As pessoas que afirmam que Mateus 28:19 foi modificado alegam que, no evangelho escrito nesses idiomas, Jesus ordenava que o batismo deveria ser efetuado “em Meu nome”. Mas essa teoria deve ser rejeitada por várias razões: (1) até hoje não foi encontrado nenhum fragmento hebraico ou aramaico desse evangelho; (2) “o grego de Mateus não apresenta qualquer indício de ter sido traduzido do aramaico”; e (3) existem muitas evidências de que Mateus utilizou o evangelho de Marcos, escrito em grego, para escrever seu próprio evangelho.[7]

Alguns mencionam uma versão de Mateus em hebraico traduzida por George Howard, que contém as palavras “em Meu [de Jesus] nome” em Mateus 28:19. Argumenta-se que esse texto apresenta o texto exato do evangelho em seu idioma original. No entanto, o texto traduzido por Howard é do século 14 e, portanto, muito tardio para ser utilizado como evidência das palavras originais do evangelho. Além disso, essa versão pertencia a um judeu que a utilizou em livros que atacavam a fé cristã. Portanto, esse suposto evangelho em hebraico é muito tardio, de segunda mão e pertencia a um crítico do cristianismo.[8]

Apesar disso, outros dois textos em hebraico de Mateus (Du Tillet e Münster), que são aproximadamente da mesma época que o de Howard, contêm a expressão “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Mesmo que admitíssemos que esse evangelho tivesse sido escrito originalmente em hebraico ou aramaico, não há evidência de que as palavras de Mateus 28:19 fossem diferentes do texto que conhecemos.

2. Antigos escritores cristãos – Outra maneira de saber quais eram as palavras exatas que apareciam nos textos originais do Novo Testamento é ver como eram citados pelos autores cristãos que viveram pouco tempo depois dos apóstolos. Aqueles que afirmam que o texto original de Mateus 28:19 foi modificado dizem que esses autores citavam a passagem sem as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.

Os documentos históricos, no entanto, mostram que todas as vezes em que os antigos escritores cristãos se referiam a Mateus 28:19, eles citavam as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Os exemplos incluem a Didaquê, um manual doutrinário para candidatos ao batismo, produzido entre 70 e 100 d.C.; Inácio de Antioquia (50-110 d.C.); Justino Mártir (100-165 d.C.); Taciano, o Sírio (120-180 d.C.); Irineu de Lyon (130-200 d.C.); Tertuliano de Cartago (150-220 d.C.); Hipólito de Roma (170-235 d.C.); Orígenes (185-253 d.C.); Cipriano (morreu em 258 d.C.); Dionísio de Alexandria (morreu em 265 d.C.); Vitorino de Pettau (morreu em 303 d.C.) e os autores do Tratado Contra o Herege Novaciano e do Tratado Sobre o Rebatismo.[9]

Outro argumento comum contra a autenticidade de Mateus 28:19 se baseia nos escritos de Eusébio de Cesareia (265-339 d.C.), historiador cristão que viveu na época do imperador Constantino. Várias vezes ele citou Mateus 28:19 com as palavras “em Meu [de Jesus] nome”. Os estudiosos observam, entretanto, que Eusébio tinha o hábito de citar a Bíblia de forma bastante imprecisa.[10] Por isso, suas citações não são utilizadas para se determinar as palavras exatas do Novo Testamento.

Em realidade, Eusébio citava Mateus 28:19 de três maneiras diferentes: (1) “Ide e fazei discípulos de todas as nações”; (2) “Ide e fazei discípulos de todas as nações em Meu nome”; e (3) “Ide e fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. É importante observar que Eusébio jamais citou o texto como se esse ordenasse o batismo “em Meu nome”, mas fazer discípulos em Meu nome.

Alguns afirmam que, antes do Concílio de Niceia (325 d.C.), Tertuliano citava o texto da primeira e segunda formas e, depois do Concílio, citava da terceira forma. Esse argumento possui várias falhas: (1) ao contrário do que geralmente é dito, o Concílio de Niceia não discutiu a Trindade, mas a relação de Cristo com Deus, o Pai; (2) Mateus 28:19 não era um texto utilizado nas discussões sobre a Trindade e a natureza de Cristo na época de Eusébio; e (3) Eusébio utilizou cada uma das três formas antes e depois do Concílio de Niceia.

Além disso, ao mencionar o texto de Mateus 28:18-20, Eusébio combinava-o com Mateus 10:8; 24:14; Marcos 16:17; Lucas 24:47 e João 20:22. Portanto, ele não citava as palavras de Mateus 28:19 de forma isolada, mas mesclava todas essas passagens. As palavras “em Meu nome” derivam de Marcos 16:17 e Lucas 24:47.[11]

3. A Bíblia de Jerusalém Aqueles que defendem que o texto original de Mateus 28:19 foi modificado costumam citar uma nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém a respeito dessa passagem. A nota afirma: “É possível que em sua forma precisa, essa fórmula reflita influência do uso litúrgico posteriormente fixado na comunidade primitiva. Sabe-se que o livro dos Atos fala em batizar ‘no nome de Jesus’ (cf. At 1,5+, 2,38+). Mais tarde deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade.”[12] De acordo com os defensores da teoria que estamos analisando, essa citação afirma que o evangelho de Mateus originalmente não continha as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”.

Para que essa nota de rodapé seja entendida corretamente, precisamos nos lembrar de que as introduções e notas da Bíblia de Jerusalém foram escritas por estudiosos católicos e protestantes que interpretam as Escrituras por meio do método histórico-crítico. Esse método afirma (1) que os autores da Bíblia não produziram um livro completamente harmônico, mas repleto de contradições históricas e teológicas; (2) que a Bíblia não é a Palavra de Deus, mas apenas contém a Palavra de Deus (ensinos corretos) mesclada à palavra dos seres humanos (falsos ensinos resultantes da sociedade primitiva); (3) que, antes de serem escritos, os textos bíblicos circulavam de forma oral, e muito de sua exatidão foi perdida; (4) que a Bíblia foi escrita não apenas por profetas, mas pelas comunidades em que eles viviam; (5) que essas comunidades selecionaram, escreveram, corrigiram e acrescentaram textos aos escritos originais dos profetas e apóstolos; e (6) que o leitor da Bíblia não deve aceitar como correta a declaração de um texto bíblico até que ele seja confirmado pela ciência ou pela história. Não podemos aceitar esse método, pois cremos que a Bíblia é a Palavra escrita de Deus e não contém falsos ensinos humanos (Mt 5:17-18; Mc 7:13; Jo 10:35; 2Tm 3:16; 2Pe 1:20-21).[13]

Segundo os adeptos desse método, os evangelhos muitas vezes não apresentam as palavras autênticas de Jesus, mas as adaptam conforme a necessidade e as crenças (corretas ou incorretas) dos cristãos que escreveram cada evangelho. Muitas narrações e milagres foram inventados ou distorcidos com o objetivo de ensinar lições morais a seus leitores. Para esses estudiosos, o evangelho de Mateus terminou de ser escrito depois da morte desse apóstolo. Mateus já havia escrito as partes essenciais do evangelho, mas o texto foi ampliado pelos líderes da igreja local fundada por ele. E, nesse processo, diversas histórias e ensinos falsos acabaram por entrar no evangelho.

A compreensão dos adeptos do método histórico-crítico a respeito de Mateus 28:19 é apresentada, por exemplo, pelo Anchor Bible Dictionary. Esses estudiosos admitem que o evangelho original de Mateus ensina “o batismo no nome da Trindade (28:19), ordenado pelo ressurreto Filho do homem”[14] e “a menção da Trindade na fórmula batismal”.[15] Porém, eles argumentam que essa “não é uma declaração autêntica de Jesus nem mesmo uma elaboração de uma declaração de Jesus sobre o batismo”.[16] Em outras palavras, o evangelho de Mateus afirma que Jesus pronunciou essas palavras, mas, em realidade, isso jamais aconteceu.

Os defensores da teoria argumentam, ainda de acordo com o Anchor Bible Dictionary, que “Mateus 28:19 representa a convicção do evangelista de que sua igreja [comunidade local] praticava o batismo de acordo com a vontade de Jesus e reflete a fórmula batismal ali utilizada”.[17] Ou seja, a igreja local onde foi escrito esse evangelho batizava “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Na tentativa de justificar essa prática, o evangelho afirma, de maneira enganosa, que essa havia sido uma ordem dada por Jesus.

Christopher Stead argumenta que Mateus não estava “relatando palavras autênticas de Jesus; o que, sem dúvida, a passagem deixa claro é que a fórmula triádica [a expressão “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”] era, nesses termos, aceita e usada numa influente comunidade cristã algum tempo antes de 100 d.C. (já que, ainda que o Evangelho [de Mateus] fosse datado de um pouco mais tarde, dificilmente o escritor poderia estar introduzindo uma novidade)”.[18] A ideia defendida é a mesma que aparece no Anchor Bible Dictionary.

Aqueles que afirmam que o texto de Mateus 28:19 foi modificado citam vários outros livros, principalmente enciclopédias, que apresentam a mesma teoria que a Bíblia de Jerusalém, o Anchor Bible Dictionary e Christopher Stead. Mas não podemos aceitar o que é dito por essas fontes, pois se baseiam no método histórico-crítico para analisar esse versículo. Além disso, ao contrário do que fizemos no início deste artigo, nenhuma dessas fontes cita qualquer autor antigo para apoiar suas conclusões. Em outras palavras, são meras suposições sem qualquer fundamento histórico.

À luz desses fatos, a nota de rodapé da Bíblia de Jerusalém a respeito de Mateus 28:19 pode ser facilmente compreendida. Citamos novamente o texto em discussão e acrescentamos comentários entre colchetes: “É possível [no método histórico-crítico há poucas certezas e muitas suposições] que em sua forma precisa, essa fórmula [que está no evangelho de Mateus; em momento algum a nota nega esse fato] reflita influência do uso litúrgico [da cerimônia do batismo] posteriormente fixado [a expressão surgiu não quando Jesus a proferiu, mas muito tempo depois] na comunidade primitiva [a igreja local de Mateus]. Sabe-se que o livro dos Atos [escrito antes da destruição do templo, em 70 d.C.] fala em batizar ‘no nome de Jesus’ (At 1,5+, 2,38+). Mais tarde [na igreja de Mateus, no fim do primeiro século] deve ter-se estabelecido a associação do batizado às três pessoas da Trindade.”

De acordo com os adeptos do método histórico-crítico, não é porque Jesus assim havia ordenado que a comunidade de Mateus batizava “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo”. Ao contrário: o evangelho falsamente atribui a Jesus essas palavras porque aquela comunidade já as utilizava. Portanto, de acordo com esses estudiosos, não foi o ensino de Jesus que determinou a prática dos cristãos, mas a prática dos cristãos que determinou o suposto ensino de Jesus.

Não podemos concordar com a nota da Bíblia de Jerusalém sobre Mateus 28:19, pois ela argumenta que Jesus não pronunciou as palavras registradas nesse versículo. Mas a citação não afirma que as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” não estavam no texto original do evangelho. Aqueles que defendem a teoria que analisamos distorcem a declaração da Bíblia de Jerusalém.

Conclusão

As evidências mostram, de maneira unânime, que as palavras “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (1) aparecem em todos os manuscritos gregos do evangelho de Mateus e, portanto, estavam no texto original; (2) sempre foram citadas exatamente dessa maneira pelos antigos escritores cristãos; e (3) não têm sua presença no evangelho de Mateus negada pela Bíblia de Jerusalém ou por fontes semelhantes. Portanto, a teoria de que o texto original de Mateus 28:19 foi modificado pela Igreja Católica não possui qualquer fundamento.

Aqueles que, contra todas as provas, insistem em rejeitar a autenticidade de Mateus 28:19, deveriam considerar as advertências de Deus contra o desprezo a qualquer parte das Escrituras (Mt 5:17, 18; Mc 7:9-13; Ap 22:19). A respeito daqueles que confiam em Sua Palavra, o Senhor declara: “A este Eu estimo: ao humilde e contrito de espírito, que treme diante da Minha Palavra” (Is 66:2, NVI).

(Matheus Cardoso é editor associado da revista Conexão JA e editor assistente de livros na Casa Publicadora Brasileira)

Referências:

[1] Para mais informações sobre a autenticidade de Mateus 28:19, veja as seguintes pesquisas acadêmicas disponíveis na internet: Vander Ferraz Krauss, “A Fórmula Batismal de Acordo com Mateus 28:19” (monografia, Seminário Adventista Latino-Americano de Teologia, Instituto Adventista de Ensino do Nordeste, 2004); Tim Hegg, “Mateus 28:19: Uma investigação crítica-textual [sic]”; Mark Clarke, “Textual Evidence and the Great Comission”.

[2] Para estudo sobre a história e confiabilidade dos manuscritos do Novo Testamento, ver Wilson Paroschi, Crítica Textual do Novo Testamento (São Paulo: Editora Vida, 1998); Bruce M. Metzger e Bart Ehrman, The Text of the New Testament: Its Transmission, Corruption, and Restoration (Nova York: Oxford University Press, 2005).

[3] Ver, por exemplo, Benjamin J. Hubbard, The Matthean Redaction of a Primitive Apostolic Commissioning: An Exegesis of Matthew 28:16-20, Society of Biblical Literature Dissertation Series, v. 19 (Missoula, MT: Scholars’ Press, 1974); J. Schaberg, The Father, the Son and the Holy Spirit: The Triadic Phrase in Matthew 28:19b, Society of Biblical Literature Dissertation Series, v. 61 (Chicago: Scholars’ Press, 1982); Donald A. Hagner, Matthew 14-28, Word Biblical Commentary, v. 33b (Nashville, TN: Thomas Nelson, 1995), p. 880-881.

[4] Erwin Nestle e Kurt Aland, eds., Greek-English New Testament (Stuttgart: Deutsche Bibelgessellschaft, 1994), p. 87; Bruce M. Metzger, A Textual Commentary on the Greek New Testament (Nova York: United Bible Societies, 1994).

[5] G. W. Bromiley, “Baptism”, em International Standard Bible Encyclopedia, ed. Geoffrey W. Bromiley (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1979), v. 1, p. 411.

[6] Alfred Plummer, An Exegetical Commentary on the Gospel of Matthew (James Family Reprint, s/d), p. 432.

[7] Hagner, Matthew 14-28, p. xiv.

[8] George Howard, Hebrew Gospel of Matthew (Macon, GA: Mercer University Press, 1995).

[9] Didaquê 7.1-3; Inácio, Aos Filadelfos 9, em The Ante-Nicene Fathers: Translations of the Writings of the Fathers down to A. D. 325 (daqui em diante, ANF), ed. Alexander Roberts e James Donaldson (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1967), v. 1, p. 85; Justino Mártir, Primeira Apologia 61, em ANF, v. 1, p. 183; Taciano, o Sírio, Diatessaron 55; Irineu, Contra Heresias 3.17.1, em ANF, v. 1, p. 444; Tertuliano, Prescrições Contra os Hereges 20, em ANF, p. 3, p. 252; idem, Contra Práxeas 26, em ibid., p. 623; idem, Sobre o Batismo 6, 8, em ibid., p. 672, 676; Hipólito, A Tradição Apostólica 21; Contra a Heresia de um Certo Noeto 14, em ANF, p. 5, p. 228; Orígenes, Comentário de Romanos 5.8; Cipriano, Epístolas 24.2, em ANF, p. 5, p. 302; 62.18, em ibid., p. 363; 72.5, em ibid., p. 380; idem, Tratados, 12.2.26, em ibid., p. 526; idem, Sétimo Concílio de Cartago, em ibid., p. 567, 568, 569; Dionísio de Alexandria, Primeira Carta a Sisto, Bispo de Roma 2; Vitorino de Pettau, Comentário Sobre o Apocalipse do Bendito João, 1.15 em ANF, v. 7, p. 345; Tratado Contra o Herege Novaciano 3, em ANF, p. 5, p. 658; Tratado Sobre o Rebatismo 7, em ANF, p. 5, p. 671. Todas essas referências estão disponíveis no site da Christian Classics Ethereal Library.

[10] Hubbard, The Matthean Redaction of a Primitive Apostolic Commissioning, p. 151-175.

[11] G. R. Beasley-Murray, Baptism in the New Testament (Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1988), p. 82.

[12] Bíblia de Jerusalém (São Paulo: Paulus, 2002), p. 1.758.

[13] O uso do método histórico-crítico pela Bíblia de Jerusalém pode ser visto, por exemplo, nas introduções ao Pentateuco (p. 21-31), a Provérbios (p. 1.020-1.021), a Isaías (p. 1.237-1.239), a Daniel (p. 1.244-1.246) e aos quatro evangelhos (p. 1.690-1.694). Para uma introdução ao método histórico-crítico, ver Augustus Nicodemus Lopes, A Bíblia e Seus Intérpretes: uma breve história da interpretação (São Paulo: Cultura Cristã, 2004), p. 183-195, 241-244. Uma análise crítica desse método pode ser encontrada em Gerhard F. Hasel, Teologia do Antigo e Novo Testamento: questões básicas no debate atual (São Paulo: Academia Cristã, 2007).

[14] Lars Hartman, “Baptism”, em The Anchor Bible Dictionary, ed. David Noel Freedman (New York: Doubleday, 1992), v. 1, p. 584.

[15] Ibid., p. 590.

[16] Ibid., p. 585.

[17] Ibid., p. 590.

[18] Christopher Stead, A Filosofia na Antiguidade Cristã (São Paulo: Paulus, 1999), p. 142.
Eduardo
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