Fórum Adventista
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.
Últimos assuntos
» Decreto dominical a caminho
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptyDom Fev 19, 2017 7:48 pm por Augusto

» Acordem adventistas...
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptyTer Fev 07, 2017 8:37 pm por Augusto

» O que Vestir Para Ir à Igreja?
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptyQui Dez 01, 2016 7:46 pm por Augusto

» Ir para o céu?
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptyQui Nov 17, 2016 7:40 pm por Augusto

» Chat do Forum
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptySáb Ago 27, 2016 10:51 pm por Edgardst

» TV Novo Tempo...
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptyQua Ago 24, 2016 8:40 pm por Augusto

» Lutas de MMA são usadas como estratégia por Igreja Evangélica para atrair mais fiéis
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptyDom Ago 21, 2016 10:12 am por Augusto

» Lew Wallace, autor do célebre livro «Ben-Hur», converteu-se quando o escrevia
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptySeg Ago 15, 2016 7:00 pm por Eduardo

» Ex-pastor evangélico é batizado no Pará
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptyQua Jul 27, 2016 10:00 am por Eduardo

» Citações de Ellen White sobre a Vida em Outros Planetas Não Caídos em Pecado
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptyTer Jul 26, 2016 9:29 pm por Eduardo

» Viagem ao Sobrenatural - Roger Morneau
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptyDom Jul 24, 2016 6:52 pm por Eduardo

» As aparições de Jesus após sua morte não poderiam ter sido alucinações?
[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI EmptySáb Jul 23, 2016 4:04 pm por Eduardo

SEU IP
IP

[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI

Ir para baixo

16012011

Mensagem 

[ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI Empty [ICAR em Crise] Carta de um intelectual jesuita ao Papa Bento XVI




Apresentação: http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/index.php/teologia/a-igreja-precisa-de-uma-reforma-urgente/


O jesuíta egípcio mais destacado nos âmbitos eclesial e intelectual, Henri Boulad, lança um SOS para a Igreja de hoje em uma carta dirigida a Bento XVI. A carta foi transmitida através da Nunciatura no Cairo. O texto circula em meios eclesiais de todo o mundo.



Volto ao motivo desta carta e tentarei ser o mais breve, claro e objetivo possível. Em primeiro lugar, algumas constatações (a lista não é exclusiva):



1. A prática religiosa está em constante declive. Um número cada vez mais reduzido de pessoas da terceira idade, que desaparecerão logo, são as que frequentam as igrejas da Europa e do Canadá. Não resta outro remédio senão fechar estas igrejas ou transformá-las em museus, mesquitas, clubes ou bibliotecas municipais, como já se está fazendo. O que me surpreende é que muitas delas estão sendo completamente reformadas e modernizadas mediante grandes gastos com a ideia de atrair os fiéis. Mas não será suficiente para frear o êxodo.

2. Seminários e noviciados se esvaziam no mesmo ritmo, e as vocações caem vertiginosamente. O futuro é sombrio e há quem se pergunte quem irá substituir os sacerdotes. Cada vez mais paróquias europeias estão a cargo de sacerdotes da Ásia ou da África.

3. Muitos sacerdotes abandonam o sacerdócio e os poucos que ainda o exercem – cuja idade média ultrapassa muitas vezes a da aposentadoria – têm que se encarregar de muitas paróquias, de modo expeditivo e administrativo. Muitos deles, tanto na Europa como no Terceiro Mundo, vivem em concubinato à vista de seus fiéis, que normalmente os aceitam, e de seu bispo, que não pode aceitá-lo, mas que tem em conta a escassez de sacerdotes.

4. A linguagem da Igreja é obsoleta, anacrônica, chata, repetitiva, moralizante, totalmente desadaptada à nossa época. Não se trata em absoluto de acomodar-se nem de fazer demagogia, pois a mensagem do Evangelho deve ser apresentada em toda a sua crueza e exigência. Seria preciso antes promover essa “nova evangelização”, a que nos convidava João Paulo II. Mas esta, ao contrário do que muitos pensam, não consiste em absoluto em repetir a antiga, que já não diz mais nada, mas em inovar, inventar uma nova linguagem que expresse a fé de modo apropriado e que tenha significado para o homem de hoje.

5. Isto não poderá ser feito senão mediante uma renovação em profundidade da teologia e da catequese, que deveriam ser repensadas e reformuladas totalmente. Um sacerdote e religioso alemão que encontrei recentemente me dizia que a palavra “mística” não é mencionada uma única vez no Novo Catecismo. Não podia acreditar nisso. Temos de constatar que a nossa fé é muito cerebral, abstrata, dogmática e se dirige muito pouco ao coração e ao corpo.

6. Em consequência, um grande número de cristãos se volta para as religiões da Ásia, as seitas, a nova era, as igrejas evangélicas, o ocultismo, etc. Não é de estranhar. Vão buscar em outros lugares o alimento que não encontram em casa, têm a impressão de que lhes damos pedras como se fossem pão. A fé cristã, que em outro tempo outorgava sentido à vida das pessoas, é para elas hoje um enigma, restos de um passado que acabou.

7. No plano moral e ético, os ditames do Magistério, repetidos à saciedade, sobre o matrimônio, a contracepção, o aborto, a eutanásia, a homossexualidade, o matrimônio dos sacerdotes, as segundas uniões, etc., já não dizem mais nada a ninguém e produzem apenas desleixo e indiferença. Todos estes problemas morais e pastorais merecem algo mais que declarações categóricas. Necessitam de um tratamento pastoral, sociológico, psicológico e humano… em uma linha mais evangélica.

8. A Igreja católica, que foi a grande educadora da Europa durante séculos, parece esquecer que a Europa chegou à sua maturidade. A nossa Europa adulta não quer ser tratada como menor de idade. O estilo paternalista de uma Igreja “Mater et Magistra” está definitivamente defasada e já não serve mais. Os cristãos aprenderam a pensar por si mesmos e não estão dispostos a engolir qualquer coisa.

9. Os países mais católicos de antes – a França, “primogênita da Igreja”, ou o Canadá francês ultra-católico – deram uma guinada de 180º e caíram no ateísmo, no anticlericalismo, no agnosticismo, na indiferença. No caso de outros países europeus, o processo está em marcha. Pode-se constatar que quanto mais dominado e protegido pela Igreja esteve um povo no passado, mais forte é a reação contra ela.

10. O diálogo com as outras igrejas e religiões está em preocupante retrocesso hoje. Os grandes progressos realizados há meio século estão sob suspeita neste momento.

Diante desta constatação quase demolidora, a reação da igreja é dupla:

– Tende a minimizar a gravidade da situação e a consolar-se constatando certo dinamismo em sua facção mais tradicional e nos países do Terceiro Mundo.

– Apela para a confiança no Senhor, que a sustentou durante 20 séculos e será capaz de ajudá-la a superar esta nova crise, como o fez nas precedentes. Por acaso, não tem promessas de vida eterna?

A isto respondo:

– Não é apoiando-se no passado nem recolhendo suas migalhas que se resolverão os problemas de hoje e de amanhã.

– A aparente vitalidade das Igrejas do Terceiro Mundo é equívoca. Segundo parece, estas novas Igrejas, mais cedo ou mais tarde, atravessarão as mesmas crises que a velha cristandade europeia conheceu.

– A Modernidade é irreversível, e é por ter esquecido isso que a Igreja já se encontra hoje em semelhante crise. O Vaticano II tentou recuperar quatro séculos de atraso, mas tem-se a impressão de que a Igreja está fechando lentamente as portas que se abriram então, e é tentada a voltar para Trento e o Vaticano I, mais que voltar-se para o Vaticano III. Recordemos a declaração de João Paulo II tantas vezes repetida: “Não há alternativa para o Vaticano II”.

– Até quando continuaremos jogando a política do avestruz e a esconder a cabeça na areia? Até quando evitaremos olhar as coisas de frente? Até quando seguiremos dando as costas, encrespando-nos contra toda crítica, em vez de ver ali uma oportunidade de renovação? Até quando continuaremos postergando ad calendas graecas uma reforma que se impõe e que foi abandonada durante muito tempo?

– Somente olhando decididamente para frente e não para trás a Igreja cumprirá sua missão de ser “luz do mundo, sal da terra e fermento na massa”. Entretanto, o que infelizmente constatamos hoje é que a Igreja está no final da fila da nossa época, depois de ter sido a locomotiva durante séculos.

– Repito o que dizia no começo desta carta: “São menos cinco” – fünf vor zwölf! A História não espera, sobretudo em nossa época, em que o ritmo se embala e se acelera.

– Qualquer operação comercial que constata um déficit ou disfunção se reconsidera imediatamente, reúne especialistas, procura recuperar-se, mobiliza todas as suas energias para superar a crise.

– Por que a Igreja não faz algo semelhante? Por que não mobiliza todas as suas forças vivas para um aggiornamento radical? Por quê?

– Por preguiça, desleixo, orgulho, falta de imaginação, de criativadade, omissão culpável, na esperança de que o Senhor as resolverá e que a Igreja conheceu outras crises no passado?

– Cristo, no Evangelho, nos alerta: “Os filhos das trevas são mais espertos que os filhos da luz…”.

Então, o que fazer? A Igreja tem hoje uma necessidade imperiosa e urgente de uma tripla reforma:

1. Uma reforma teológica e catequética para repensar a fé e reformulá-la de modo coerente para os nossos contemporâneos.

Uma fé que já não significa nada, que não dá sentido à existência, não é mais que um adorno, uma superestrutura inútil que cai por si mesma. É o caso atual.

2. Uma reforma pastoral para repensar de cabo a rabo as estruturas herdadas do passado.

3. Uma reforma espiritual para revitalizar a mística e repensar os sacramentos com vistas a dar-lhes uma dimensão existencial e articulá-los com a vida.

Teria muito a dizer sobre isto. A Igreja de hoje é muito formal, muito formalista. Tem-se a impressão de que a instituição asfixia o carisma e que o que em última instância conta é uma estabilidade puramente exterior, uma honestidade superficial, certa fachada. Não corremos o risco de que um dia Jesus nos trate de “sepulcros caiados”?

Para terminar, sugiro a convocação de um Sínodo geral em nível da Igreja universal, do qual participarão todos os cristãos – católicos e outros – para examinar com toda franqueza e clareza os pontos assinalados anteriormente e os que forem propostos. Este Sínodo, que duraria três anos, terminaria com uma Assembleia Geral – evitemos o termo “concílio” – que sintetizasse os resultados desta pesquisa e tirasse daí as conclusões.

Termino, Santo Padre, pedindo-lhe perdão pela minha franqueza e audácia e solicito a vossa paternal bênção. Permita-me também dizer-lhe que vivo estes dias em sua companhia, graças ao seu extraordinário livro Jesus de Nazaré, que é objeto da minha leitura espiritual e de meditação cotidiana.

Seu afetíssimo no Senhor,

Pe. Henri Boulad, SJ
Eduardo
Eduardo

Mensagens : 5997
Idade : 53
Inscrição : 08/05/2010

Ir para o topo Ir para baixo

Compartilhar este artigo em: reddit
- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos