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Por Roberto Vargas Jr.*

Este artigo tem um duplo objetivo. Primeiro, ele é um resumo do livro A relação entre Deus e o mal segundo Santo Agostinho, de Joel Gracioso[1]. Na realidade, é um resumo da introdução, que em si já é um resumo do livro. Seu conteúdo é fruto da tese de mestrado do autor, e esta versa sobre o livro VII das Confissões. Depois é também uma nota, bem mais pessoal, de acordo com certas conversas alhures, sobre a afirmação de que o mal é a ausência de bem como se o mal não fosse real.

1. O resumo do livro
É interessante como a filosofia de Agostinho segue sua própria experiência. Assim, seria apropriado conhecer um pouco de sua biografia para entender muito do que ele diz. Mesmo aqui, o melhor seria explorar mais sua vida. Mas, de forma a evitar um longo resumo, basta informar que sua jornada inclui as fases materialista (do epicurismo ao maniqueísmo, passando também pela astrologia), platônica (via Plotino) e, finalmente, cristã.

Filosofar, para Agostinho, é buscar a Felicidade. Ser feliz é conhecer a Verdade. Conhecer a Verdade é conhecer a Deus. Assim, a própria teoria do conhecimento agostiniana segue esta sua jornada autobiográfica, o materialismo correspondendo ao plano da exterioridade (sensibilidade, exterior), o platonismo atingindo a interioridade (inteligibilidade, interior) e o cristianismo transcendendo ao Absoluto pela Revelação (transcendência, superior). Em tudo a Providência é que possibilita que esta jornada chegue a termo. O caminho “é oferecido e direcionado por Deus e não pelo homem”. E é pela iluminação da Revelação que o homem pode transcender ao Absoluto, conhecendo a vida feliz!

Do mesmo modo, Agostinho resume sua vivência intelectual no livro VII das Confissões, percebendo nela o desenvolvimento de seus conceitos metafísicos, o que lhe permite traçar a relação entre Deus e o mal. Nos 8 capítulos iniciais mostra que “os princípios morais, lógicos e metafísicos do materialismo levam a conceber Deus como algo corpóreo e, por conseguinte, o mal como substância e fatalidade”. “Porém, isso não se sustenta de forma razoável aos olhos do hiponense”. É ainda o plano da exterioridade.

É só a partir do nono capítulo, com seu contato com o platonismo, que Agostinho passa a perceber uma metafísica satisfatória. Ainda haverá deficiências, porém, já interpretado com algumas noções cristãs, ele vê neste novo referencial moral, lógico e metafísico uma concepção de Deus “como o ser, o criador, e o mal por sua vez passa a ser pensado como privação (corrupção, não-ser) e pecado (enquanto causa deficiente)”. Supera-se aqui o plano da exterioridade materialista (inferior), num primeiro momento pela introspecção (interior), mas já em direção ao Absoluto (superior) pela metafísica platônica. Além disso, apresentando o pecado como perversão da vontade que deseja o inferior ao invés do superior, isso “ajudaria a responder o que é o mal e sua origem, mas não explicaria por que o praticamos nem como superá-lo”.

Do capítulo 17 ao 21, a iluminação pela Revelação, finalmente, apresenta Deus “como o Verbo encarnado, mediador entre Deus e os homens” e “leva a pensar o mal como pecado, porém enquanto efeito, como penalidade do primeiro pecado, realidade da qual o homem sozinho não consegue se libertar”. Interessante notar aqui que Agostinho repete sua epistemologia em sua metafísica e pensa Deus “como a pátria da bem-aventurança, a beata uita cujo caminho é oferecido por ele mesmo, o Cristo divino em todas as suas dimensões”.

2. O mal como ausência de bem
Há, comumente, uma grande rejeição à noção agostiniana de mal como ausência de bem. Esta rejeição se deve em grande medida a uma má compreensão do que isto signifique. Entende-se a afirmação como se esta significasse que o mal não existisse, como se não fosse real. Na verdade, bom seria definir mais rigorosamente o que se quer dizer com “existir” ou “ser real”. Porém, fiquemos com o sentido dado pelo senso comum. A concepção agostiniana de mal não significa que o mal não seja real, neste sentido.

O ponto é que a afirmação de que o mal é a ausência de bem tem um sentido ontológico. Dizer isso é dizer que o mal é corrupção. Que um ente qualquer é algo aquém de sua essência. Tentemos exemplificar. Tudo que é, é bom enquanto é (isto é, quanto ao ser). O próprio bem é ser (ou o ser é bem simplesmente por ser). Então o homem é bom enquanto ser. E não fosse o pecado (isto é, o mal), ele seria a imago Dei perfeita, um Adão recém-criado ou como Cristo em sua humanidade. Porém, embora a imago Dei permaneça, ela é algo aquém de sua perfeição criada. E a imperfeição, bem real, é um afastamento essencial desta imago Dei em relação ao que ela deveria ser. Metafisicamente (ou ontologicamente), é um afastamento deste ser (deste ente) de seu modo de ser (sua essência). É bom enquanto é. Mas é mau enquanto se afasta do que deveria ser.

Assim é o mal, segundo esta concepção. Ele é bem real e sentimos em tudo seus efeitos. Mas ele não tem uma existência em si mesmo, ontologicamente falando. Estritamente, nenhum ente, exceto Deus, tem existência em si mesmo. Mas o ponto aqui é que o mal, para que o percebamos, depende do ser do ente que se afasta do seu modo de ser, sendo o mal este próprio afastamento e, mais propriamente, um não-ser. O mal não é, e este é o sentido de mal como ausência de bem.

O mal é visto por Agostinho, ontologicamente, como privação e pecado. Neste ponto, pecado significa a corrupção da vontade (queda/depravação). Mas ainda é necessário passar ao mal moral. Este é o pecado como efeito (ou penalidade). A vontade depravada leva o homem a escolher (deixemos as sutilezas quanto ao livre-arbítrio à parte neste momento, mas não esqueçamos da controvérsia entre Agostinho e Pelágio) e a buscar o inferior e não o superior, a criação e não Deus, a injustiça e não a santidade (cf. Rm).
Por fim, vale dizer que esta concepção em nada é antibíblica, isto é, em nada contraria a afirmação do mal conforme a Palavra. Ou ainda, em outros termos, dizer que o mal não existe ontologicamente não significa aquilo que entendemos comumente, isto é, pelo senso comum, como “não existir” ou “não ser real” [2].

SOLI DEO GLORIA!
……………………………………………………
[1] GRACIOSO, Joel. A relação entre Deus e o mal segundo Santo Agostinho. São Paulo: Palavra e Prece, 2006.
[2] Como respondido a um amigo: “Sim, no sentido metafísico que Agostinho dá, tendo a aceitar esta afirmação de que o mal é ausência de bem. Porém, eu tendo também a acatar Dooyeweerd aqui, pelo menos em parte, e extrapolando Agostinho, ao falar de essência como ‘significado’”.

Nota: Texto gentilmente cedido pelo autor e disponível originalmente aqui
Fonte: Roberto Vargas Jr.
Uma das grandes questões que inquietava Agostinho antes de sua conversão foi sobre a origem do mal. Se Deus é bom porque permite o mal? Vimos que ele primeiro aceitou o pensamento dos maniqueus, que diziam que o mal era uma substância que existia independentemente de Deus. Esta idéia se aproxima da explicação gnóstica, que o mal não teve sua origem em Deus. O problema deste pensamento é que coloca a criação como má.

Com a sua conversão Agostinho começou a afirmar de forma categórica a soberania de Deus. Nada existe sem a permissão de Deus, inclusive o mal. Agostinho, usando um argumento do neoplatonismo, ensinava que o mal é “ausência do bem”, e não é uma substância em si. Vemos abaixo uma declaração de Agostinho sobre a origem do mal:

“Quando, então, se pergunta de onde vem o mal, deve-se primeiro indagar o que é o mal e este não é outra coisa senão corrupção, seja da medida, da forma ou da ordem que pertence a natureza. A natureza que, portanto, foi corrompida é tida como má, porquanto certamente é boa quando não é corrompida; mas, mesmo corrompida, é boa enquanto natureza e má enquanto corrompida”

Se Deus é soberano, porque então permitiu o mal? Sendo Deus soberano ele podia impedir a existência do mal. Agostinho dizia que havia um motivo para Deus permitir o mal. Ele dizia de forma bastante inteligente que “embora, pois, o mal não seja um bem à medida que ele é mal, por outro lado, é um bem o fato de existir tanto o mal como o bem”. A existência do mal fez com que o homem possuísse o livre arbítrio, se assim não fosse, o homem não poderia escolher.

Para Agostinho, a criação é boa, pois foi Deus quem a fez. Deus não criou, em sentido absoluto o mal. O mal entrou no mundo pela corrupção da natureza. O mal ocorre quando o homem usa de forma errada as boas coisas que Deus criou. Por isso que Agostinho dizia que a natureza é boa em si mesmo, mas é má a partir do momento que foi corrompida. Concluindo, Deus permitiu o mal, mas não foi ele que criou o mal.

Sendo a natureza boa, porque então ele se corrompeu? Se era boa, por que entrou o mal? Agostinho explica que a criação é boa mas não perfeita. Se fosse perfeita seria igual a Deus, e a criação está abaixo de Deus. E outra razão para entrada para o homem foi a liberdade de escolha que possuía o primeiro casal. A liberdade de escolha era boa, mas foi usada de forma errada. “O mal é, pois, empregar erroneamente o que é bom”. Em outra palavra ele também ensinava que “a única coisa má que realmente existe é o mal uso do livre arbítrio” ou então “o que é chamado mal é o bem corrompido”. Em suas explicações sobre a origem do mal, Agostinho demonstra como é possível usar a filosofia para se fazer boa teologia. Toda esta argumentação usada por Agostinho está calcada no pensamento neoplatônico.

Prof. Luís Carlos

Em seu livro Sobre o livre arbítrio (em latim: De libero arbitrio) Agostinho tenta provar de forma filosófica que Deus não é o criador do mal. Pois, para ele, tornava-se inconcebível o fato de que um ser tão bom, pudesse ter criado o mal.[11]
A concepção que Agostinho tem do mal, esta baseada na teoria platônica, assim o mal não é um ser, mas sim a ausência de um outro ser, o bem. O mal é aquilo que "sobraria" quando não existe mais a presença do bem. Deus seria a completa personificação deste bem, portanto não poderia ter criado o mal.
No diálogo com seu amigo Evódio, Agostinho tenta explicar-lhe que a origem do mal está no livre-arbítrio concedido por Deus. Deus em sua perfeição, quis criar um ser que pudesse ser autônomo e assim escolher o bem de forma voluntária. O homem, então, é o único ser que possuiria as faculdades da vontade, da liberdade e do conhecimento. Por esta forma ele é capaz de entender os sentidos existentes em si mesmo e na natureza. Ele é um ser capacitado a escolher entre algo bom (proveniente da vontade de Deus) e algo mau (a prevalência da vontade das paixões humanas).[12]
Entretanto, por ter em si mesmo a carga do pecado original de Adão e Eva, estaria constantemente tendenciado a escolher praticar uma ação que satisfizesse suas paixões (a ausência de Deus em sua vida). Deus, portanto, não é o autor do mal, mas é autor do livre-arbítrio, que concede aos homens a liberdade de exercer o mal, ou melhor, de não praticar o bem.
Eduardo
Eduardo

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