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Do Holocausto nazista à nova eugenia no século XXI
Por Andréa Guerra
GATTACA, Darwinismo, Eugenia, Galton, Hitler e o Futuro Space



Embora a produção da bomba atômica seja sempre lembrada como exemplo da ciência a serviço da destruição, há outro igualmente relevante: o desenvolvimento das teorias eugênicas e seu aproveitamento por movimentos raciais, culminando no Holocausto nazista na Segunda Guerra Mundial.

A maioria dos geneticistas do século XXI, quando a genética é assunto rotineiro na mídia, pouco ou nada sabe sobre a história da eugenia. Conhecê-la, porém, é fundamental em face de situações concretas da atualidade, como fertilização in vitro, diagnósticos pré-natal e pré-implantação, aborto terapêutico e clonagem reprodutiva. Em vista das preocupações sobre a emergência de uma nova eugenia, é importante rever o passado e aprender com os erros cometidos.

O movimento eugênico

Quando em The origin of species, de 1859, Darwin propôs que a seleção natural fosse o processo de sobrevivência a governar a maioria dos seres vivos, importantes pensadores passaram a destilar suas idéias num conceito novo – o darwinismo social.

Esse conceito, de que na luta pela sobrevivência muitos seres humanos eram não só menos valiosos, mas destinados a desaparecer, culminou em uma nova ideologia de melhoria da raça humana por meio da ciência. Por trás dessa ideologia estava sir Francis J. Galton, cujo nome é associado ao surgimento da genética humana e da eugenia.

Convencido de que era a natureza, não o ambiente, quem determinava as habilidades humanas, Galton dedicou sua carreira científica à melhoria da humanidade por meio de casamentos seletivos. No livro Inquiries into human faculty and its development, de 1883, criou um termo para designar essa nova ciência: eugenia (bem nascer).

No início do século XX, quando as teorias de Darwin eram amplamente aceitas na Inglaterra, havia grande preocupação quanto à “degeneração biológica” do país, pois o declínio na taxa de nascimentos era muito maior nas classes alta e média do que na classe baixa. Para muitos parecia lógico que a qualidade da população pudesse ser aprimorada por proibição de uniões indesejáveis e promoção da união de parceiros bem-nascidos. Foi necessário, apenas, que homens como Galton popularizassem a eugenia e justificassem suas conclusões com argumentos científicos aparentemente sólidos.

As propostas de Galton ficaram conhecidas como “eugenia positiva”. Nos EUA, porém, elas foram modificadas, na direção da chamada “eugenia negativa”, de eliminação das futuras gerações de “geneticamente incapazes” – enfermos, racialmente indesejados e economicamente empobrecidos –, por meio de proibição marital, esterilização compulsória, eutanásia passiva e, em última análise, extermínio.

Como salienta Edwin Black no livro A guerra contra os fracos, “os EUA estavam prontos para a eugenia antes que a eugenia estivesse pronta para os EUA”. O aumento no número de imigrantes no final do século XIX levou o grupo dominante no país, os protestantes cujos ancestrais eram oriundos do norte da Europa, a buscar motivos para exclusão. Encontraram terreno fértil na pseudociência da eugenia.

Os eugenistas usaram os últimos conhecimentos científicos para “provar” que a hereditariedade tinha papel-chave em gerar patologias sociais e doença. Os imigrantes tornaram-se alvos fáceis de defensores dessa nova “ciência”, que empregaram os achados do movimento eugênico para construir a imagem dos imigrantes como pessoas deformadas, doentes e depravadas, encontrando eco em seus contemporâneos nas ciências sociais e na biologia, entre os quais a eugenia propagou-se como algo considerado perfeitamente lógico.

O racismo dos primeiros eugenistas norte-americanos não era contra não-brancos, mas contra não-nórdicos, e as doutrinas de pureza e supremacia raciais eram elaboradas por figuras públicas cultas e respeitadas. Quando as teorias de Mendel chegaram aos EUA, esses pensadores influentes acrescentaram um verniz científico ao ódio racial e social.

O líder do movimento eugenista dos EUA foi Charles Davenport, que dirigia o laboratório de biologia do Brooklin Institute of Arts and Science, em Long Island, instalado em Cold Spring Harbor. Em 1903, obteve da Carnegie Institution o estabelecimento de uma Estação Biológica Experimental no local, onde a eugenia seria abordada como ciência genuína. Em seguida, juntou-se aos criadores de animais e especialistas em sementes da American Breeders Association, muitos deles convencidos de que o conhecimento mendeliano sobre gado e plantas era aplicável a seres humanos.

O próximo passo de Davenport foi identificar os que deveriam ser impedidos de se reproduzir. Em 1909 criou o Eugenics Record Office para registrar os antecedentes genéticos dos norte-americanos e pressionar por legislação que permitisse a prevenção obrigatória de linhagens indesejáveis. Para isso, o grupo concluiu que o melhor método seria a esterilização, e o estado de Indiana foi a primeira jurisdição do mundo a introduzir lei de esterilização coercitiva, logo seguido por vários outros estados. Desde o início, porém, o uso de câmaras de gás estava entre as estratégias discutidas para eliminação daqueles considerados indignos de viver.

Com o tempo, a eugenia passou a ser vista como ciência prestigiosa e conceito médico legítimo, disseminada por meio de livros didáticos e instituições de instrução eugenista. No primeiro Congresso Internacional de Eugenia, em 1912, líderes de delegações dos EUA e países europeus formaram o Comitê Internacional de Eugenia, que, posteriormente, deu origem à Federação Internacional de Organizações Eugenistas, cuja agenda política e científica era dominada pelos EUA, para onde eugenistas estrangeiros viajavam para períodos de treinamento em Cold Spring Harbor.

Na Alemanha, a eugenia norte-americana inspirou nacionalistas defensores da supremacia racial, entre os quais Hitler, que nunca se afastou das doutrinas eugenistas de identificação, segregação, esterilização, eutanásia e extermínio em massa dos indesejáveis, e legitimou seu ódio fanático pelos judeus envolvendo-o numa fachada médica e pseudocientífica.

Não houve apenas extermínio em massa de judeus e outros grupos étnicos. Em julho de 1933, foi decretada lei de esterilização compulsória de diversas categorias de “defeituosos” e, com o início da Segunda Guerra Mundial, os alemães considerados mentalmente deficientes passaram a ser mortos em câmaras de gás. Médicos nazistas realizavam experimentos em prisioneiros nos campos de concentração, e, em Auschwitz, Mengele dedicou-se ao estudo de gêmeos para investigar a contribuição genética ao desenvolvimento de características normais e patológicas – de 1.500 pares de gêmeos submetidos a suas experiências, menos de 200 sobreviveram.

A nova eugenia do século XXI


A revelação das atrocidades nazistas desacreditou a eugenia científica e eticamente, e fez com que a palavra desaparecesse abruptamente do uso. No entanto, a eugenia não desapareceu, mas se refugiou em muitos casos sob o rótulo “genética humana”. O laboratório de Cold Spring Harbor é dirigido hoje por um dos descobridores da estrutura de dupla hélice do DNA, o geneticista James Watson, que vem propagando idéias claramente eugênicas. Avanços científicos vêm sendo direcionados à identificação de “indesejáveis”, como a utilização de exames que detectam doenças genéticas por companhias de seguro e planos de saúde e o uso de bancos de DNA no controle de imigração.

À medida que diminui o número de filhos por casal, pressiona-se para que sejam cada vez mais perfeitos. Técnicas de diagnóstico pré-natal permitem detectar bebês com problemas genéticos, e embora a decisão sobre aborto terapêutico seja pessoal, difunde-se o conceito de que é cruel não levar em conta a qualidade de vida e que interrompê-la pode ser um ato de amor. Os pais também são levados a priorizar a qualidade de suas próprias vidas. Como saber, porém, o que faz com que a vida não mereça ser vivida ou não mereça ser cuidada?

Fertilização in vitro


Num futuro próximo, se a eugenia for além dos abortos terapêuticos para de fato projetar bebês que se beneficiem de todos os avanços da genética, provavelmente não fará sentido que a concepção ocorra da maneira tradicional, mas sim em clínicas de fertilização in vitro.

No final de sua vida, Galton escreveu um romance chamado Kantsaywhere, em que descrevia uma utopia eugênica. Após o exame de suas características genéticas, os habitantes de Kantsaywhere com material genético inferior eram destinados ao celibato em colônias de trabalho. Os que recebiam um “certificado de segunda classe” podiam se reproduzir “com reservas” e os bem qualificados eram encorajados a casar entre si. Em 1997, o filme Gattaca esboçava uma versão moderna de um paraíso eugênico em que a procriação ocorria por fertilização in vitro e só eram implantados embriões sem defeitos genéticos. Como salienta o geneticista Nicholas Gillham, Kantsaywhere e Gattaca são lugares semelhantes e as questões éticas levantadas são as mesmas – a diferença está em um século de avanços tecnológicos.




Andréa Trevas Maciel Guerra, médica geneticista, é professora titular do Departamento de Genética Médica da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

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Nasce a ciência dos bem nascidos...

"A Eugenia como ciência, “nasce” na Inglaterra pautada nos estudos das leis de hereditariedade humana, o que ocorreu a partir de meados do século XIX. O termo Eugenia, datado de 1883, foi utilizado para denominar o uso social do conhecimento da hereditariedade, a fim de por em prática o objetivo da “boa” prole e, apesar de ter sido cunhado, apenas, em 1883, as discussões sobre o melhoramento da espécie não eram novidades naquele tempo.

Por volta de 1869, Francis Galton, publica o primeiro livro sobre o assunto, “Herditary Genius”, obra que teve grande influência das teorias evolutivas de seu primo, Charles Darwin. Pode-se dizer que os primeiros ensaios de Galton se deram por volta de 1865, após ler “Origem das espécies”. Seus conhecimentos matemáticos somados à inspiração dos escritos de Darwin, o fizeram propor um padrão original da raça:

Me PROPONHO mostrar neste livro que as habilidades naturais do homem são derivadas de sua herança... Assim, como é fácil... obter através de seleção cuidadosa uma raça permanente de cachorros ou cavalos, talentosos com poderes peculiares de correr, ou de fazer qualquer outra coisa, poderíamos utilizar disto para produzir uma raça altamente talentosa de homens através de matrimônios judiciosos durante várias gerações sucessivas.”(grifos do autor; tradução livre, GALTON, 1892, p. 1)

Galton conclui, então, que a sociedade poderia fazer depressa o que a natureza fazia lentamente; em outros termos, poderia selecionar deliberadamente o homem em prol da evolução de sua espécie. Neste sentido, a Estatística desponta como importante elemento dentre os muitos mecanismos que o levariam a pensar a melhoria da raça.

Autor da teoria da Regressão Estatística, ele propunha, a partir deste tratamento, estimar um padrão original da raça. A regressão indicaria o caminho a ser perseguido, no sentido de depurar a raça com o suceder das gerações. Para tanto, deveriam ser introduzidas modificações no corpo e no intelecto dos indivíduos, no sentido de retorno ao padrão original racial (BIZZO, 1995).

Na primeira edição do “Herditary Genius”, datada de 1869, Galton traz como parte integrante de seu estudo a teoria pangenética de Darwin, dizendo que todas as características presentes no indivíduo sejam elas herdadas, adquiridas ou latentes, são transmitidas a seus descendentes. Partindo deste pressuposto, o exame físico e o estudo genealógico dos indivíduos poderiam constatar o que seria perpetuado. Na segunda edição de “Hereditary Genius”, em 1892, já eram evidentes as críticas em relação à teoria pangenética; no entanto, o livro foi reeditado com o mesmo conteúdo (BIZZO, 1995).

Galton nesta reedição de “Hereditary genius”, se desculpa por não ter tido oportunidade para rever o conteúdo e ainda diz que se o tivesse feito reveria o capítulo final, o qual se refere à “teoria provisória da pangênse”. (GALTON, 1892). É interessante ressaltar que este autor opta por adotar algumas idéias da teoria pangenética de Darwin, em detrimento da então em voga teoria Lamarckiana e mesmo assim não assume a pangênese por completo em função de algumas críticas a esta teoria. Mesmo Darwin, ao debruçar-se mais detidamente sobre a hereditariedade, começa a repensar a pangênese e passa, então, a atribuir valor as teorias do uso e desuso de Lamarck. Em carta a Galton, datada de 1875, Darwin escreve: “A cada ano chego a atribuir sempre maior importância a esse fator [modificações ‘por uso e desuso durante a vida do indivíduo’]” (MAYR, 1998, p.770).

Cabe ressaltar que no período, entre 1890 e 1925, no qual foram reeditadas e reimpressas algumas obras de Galton, várias foram as mudanças ocorridas no cerne das ciências biológicas (BIZZO, 1995). Mais do que isso, no próprio período que vai de 1850 a 1900, no qual Galton sistematiza suas primeiras impressões sobre a Eugenia, as discussões sobre a Hereditariedade se desencontravam.

A crença de que era o meio ambiente ou o “uso e desuso” que afetariam as qualidades hereditárias era quase universalmente aceita, até o final do século XIX e, por numerosos biólogos, também no século XX. A aceitação desta teoria começou a ser questionada por alguns cientistas, a partir de 1850, quando passaram a experimentar a teoria de Lamarck, para justificá-la. Neste sentido, Darwin, dentre outros passam a ocupar-se desse assunto.

Darwin não se vê contemplado pela teoria da herança dos caracteres adquiridos e toma a seleção natural como causa das variantes evolutivas, assim, nas primeiras edições de “A Origem das Espécies”, o autor considera ser de pouca relevância o efeito da influência externa na produção da variabilidade. Neste momento, ele não tem claras as noções distintivas entre genótipo e fenótipo. Entretanto, como dito, após ter completado o primeiro volume de “Varietion” (1961), volta a repensar a importância das leis do uso e desuso (MAYR, 1998).


Além de Darwin, Galton também propôs alguns ensaios sobre a Hereditarieade, sobretudo na década 1970, após lançada a primeira edição de seu “Hereditary Genius (1969)”. Apesar de não atingir grandes vultos, os ensaios de Galton chegam a alguns pontos que faz pensar similaridades à idéia de plasma germinal que somente em períodos posteriores Weismann desenvolveria. Cabe ressaltar que muitas das idéias originais de Galton sobre a hereditariedade não foram publicadas (MAYR 1998)

É isso!

Fonte:
André Luiz dos Santos Silva. "A perfeição expressa na carne: A educação física no projeto eugênico de Renato Kehl – 1917 a 1929". (Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, para obtenção do título de Mestre em Ciências do Movimento Humano. Orientadora: Prof ª. Dr ª Silvana Vilodre Goellner. Porto Alegre, 2008.


++++

David Klinghoffer

Discovery Institute fellow, author
Posted: July 2, 2010 04:31 PM

The Dark Side of Darwinism

Between 1934 and 1939, in the interests of evolutionary hygiene, the eugenic program in Nazi Germany forcibly sterilized about 400,000 people. The victims were men and women suffering from hereditary and mental illnesses along with the deaf, the blind, alcoholics and others judged unfit to reproduce. At the time, another government was also busy sterilizing citizens it deemed racially unhygienic. Measured for eugenic enthusiasm, this other state entity ran second to Germany worldwide. And what state was that?

Why, the United States, but in particular the state of California. In the first half of the 20th century, the U.S. sterilized 60,000 Americans, to which California contributed a very robust 20,000. One of the more haunting features of an excellent new cable documentary coming out this summer, What Hath Darwin Wrought?, is the setting where many of its interviews with scholars were conducted: the grounds of the old Stockton State Hospital in Stockton, California.
A leading center for coerced sterilization in that dark era, the hospital today looks quite picturesque as the backdrop to conversations with my Discovery Institute colleagues, political scientist John West and historian Richard Weikart (who teaches at the Cal State University campus of which the state hospital building is now a part). Along with philosopher and mathematician David Berlinski, another Discovery fellow, they do a remarkably lucid and informative job of sketching a side of 20th-century history -- the malign cultural and moral influence of Darwinian evolutionary thinking -- that tends to get overlooked.
Or willfully suppressed? Huffington Post regular Steven Newton, of the National Center for Science Education, scolded me here the other day for writing about such a sinister side to Darwin. Steve would do well to check out this documentary. It can be seen on FamilyNet Televison, which reaches 15 million households nationwide. For airdates and times, visit the website.
While barbarism has been going on for as long as there have been human beings, there was something different about the 20th century. The world had never seen anything quite like Hitler, Stalin, Mao, or Pol Pot. And it was not only a matter of the technology available to them. Treating people as vermin to be exterminated was a new thing under the sun. Eugenics programs in United States and later Germany were warm-up acts for the mass slaughters that were to come.
Hitler's ideas, Dr. Berlinski carefully notes, "came from many different sources but no honest account will omit Darwin." A reading of Mein Kampf makes that clear. Certainly, Berlinski says, the men who formulated Nazi ideology "weren't reading the Gospels."
Darwin elaborated a picture of how the world works, how creatures war with each other for survival thus selecting out the fittest specimens and advancing the species. In this portrait of animal life, man is no exception. Any animal that strives to preserve the weak, as man does, is committing racial suicide. "Thus the weak members of civilized societies propagate their kind," Darwin wrote in The Descent of Man, a policy "highly injurious to the race of man."
Hitler did nothing more than translate the competition of species into obsessively racial terms. John West reminds us that while it's true that Darwin himself was by all accounts a kind and gentle man, he was "better than his [own] principles." The outline of a campaign of extermination -- of whatever groups might be deemed unfit -- is right there in the notorious fifth chapter of theDescent. Darwin assured readers that human sympathy would prevent such a horror, but his own concept of morality was itself an evolutionary one. Moral ideas evolved along with the species. There is nothing transcendentally compelling about our "sympathy."
...
Read more here/Leia mais aqui: The Huffingtonpost
+++++
NOTA DESTE BLOGGER:
Ideias têm consequências e os seus proponentes e defensores devem arcar com o peso moral resultante disso. Os darwinistas precisam reconhecer isso: a eugenia e o nazismo e outras ideologias materialistas beberam da fonte de Darwin.



Darwinismo social, racismo e imperialismo


GATTACA, Darwinismo, Eugenia, Galton, Hitler e o Futuro Imperialismo[A seguir, apresento um trecho interessantíssimo do livro O Imperialismo, escrito pelo já falescido (2007) Dr. Héctor H. Bruit, que foi doutor pela USP, Livre Docente pela UNICAMP e pesquisador do Centro de Memória da UNICAMP. Li este livro como parte do material a ser estudado na disciplina de Organização do Espaço Mundial, do curso de Geografia - UEM. O trecho se refere a uma análise de um dos principais fatores que motivaram a expansão colonial dos países imperialistas (em especial, a partir do século XIX), o darwinismo social, que deu base para a repugnante ideia da superioridade racial]

(...) Também é necessário lembrar outras motivações que, parcialmente, constituem outras tantas explicações do processo de colonização mundial. Assim, foi notória a visão de que a colonização era uma missão civilizadora de uma raça superior, a branca. Esta convicção baseava-se na superioridade que o europeu e o americano viam em suas instituições políticas, na organização da sociedade, no desenvolvimento industrial. Ao mesmo tempo, esta imagem era estimulada por doutrinas marcadamente racistas, como a elaborada pelo filósofo inglês H. Spencer, conhecida por "darwinismo social". Segundo essa filosofia, a Teoria da Evolução de Darwin podia ser aplicada perfeitamente à evolução da sociedade. Assim como existia uma seleção natural entre as espécies, ela também existia na sociedade. A luta pela sobrevivência entre os animais correspondia à concorrência capitalista; a seleção natural não era nada além da livre troca dos produtos entre os homens; a sobrevivência do mais capaz, do mais forte era demonstrada pela forma criativa dos gigantes da indústria que engoliam os competidores mais fracos, em seu caminho para o enriquecimento. O sucesso dos negócios demonstrava habilidade superior de adaptação às mudanças; o fracasso indicava capacidade inferior. Por estas razões, a intervenção do Estado era prejudicial, já que interrompia o processo pelo qual a natureza impessoal premiava o forte e eliminava o fraco.


Em outras palavras, se a luta pela existência resultava na sobrevivência e predomínio dos animais e plantas mais capazes, como afirmara Darwin, uma luta semelhante se produzia entre as raças humanas e as nações com idênticos resultados. Esta dura concorrência em âmbito internacional, que justificava a conquista e destruição de sociedades inferiores, era feita em nome do progresso.



Um autor da época, Edmond Desmolins, escrevendo sobre o conflito com os boêres da região do Cabo, na África, formula a questão da seguinte forma:

"Quando uma raça se mostra superior a outra nas manifestações da vida nacional, de modo inevitável, termina por dominar a vida política e impor, de modo permanente, sua superioridade. Seja que esta superioridade se reafirme por meios pacíficos, seja pela força das armas, chega um momento em que fica estabelecida oficialmente. Afirmei que esta lei é a única que explica a história da raça humana e as revoluções dos impérios e que, além disso, esclarece e justifica a apropriação, pelos europeus, do territórios da Ásia, África e Oceania, e todo o processo de nosso desenvolvimento colonial".


Escrevendo sobre a vida e façanhas de Hubert Hervey, alto funcionário da British South African Chartered Co., o conde Grey acaba concluindo que o branco, e particularmente o inglês, é o único que sabe governar, o que lhe outorga direitos indiscutíveis para dominar as raças de cor evidentemente inferiores:

"Provavelmente todo mundo estará de acordo que um inglês tem direito a considerar que sua forma de entender o mundo e a vida é melhor que a de um hotentote ou um maori e ninguém se oporá, em princípio, a que a Inglaterra faça o possível para impor a estes selvagens os critérios e modos de pensar ingleses, posto que são melhores e mais elevados. Há alguma probabilidade, por remota que seja, de que num futuro previsível possa desaparecer o abismo que agora separa os brancos dos negros? Pode haver alguma dúvida de que o homem branco deve impor e imporá sua civilização superior sobre as raças de cor?..."


No entanto, como os darwinistas sociais estabeleceram, não só o branco é superior ao homem de cor, como tem o direito indiscutível de apoderar-se de tudo o que o negro, o índio e o amarelo não sabem usar convenientemente. Este princípio é usado em nome da humanidade e não se discutem os meios. A natureza foi injusta porque repartiu de forma desigual os recursos, deixando em mãos de povos inferiores riquezas que os povos mais capacitados não podem aproveitar. É justo que tal estado de coisas se prolongue indefinidamente? Esta é a pergunta que se formula um dos mais intransigentes defensores do imperialismo francês, Albert Sarrault, respondendo que, em nome da humanidade, esta injustiça não pode ser admitida. A desigualdade criada pela natureza deve ser eliminada em nome da humanidade, ainda que isto crie a desigualdade entre os homens.


Em um livro publicado em 1931, Grandeza y servidumbres coloniales, Sarrault expôs seus argumentos com fria e cega convicção. Vejamos alguns trechos:


"Em nome do direito de viver da humanidade, a colonização, agente da civilização, deverá tomar a seu encargo a valorização e a circulação das riquezas que possuidores fracos detenham sem benefício para eles próprios e para os demais. Age-se, assim, para o bem de todos. A Europa não abandonará, absolutamente, sua autoridade colonial. Apesar de alguns perigos e de algumas servidões que a Europa deve suportar e de algumas compulsões para abdicar que recebe, não deve desertar de sua linha colonial. Ela está no comando e no comando deve permanecer. Eu nego com todas minhas forças e repudio com toda a energia de meu coração todas as tendências que procuram, tanto para a Europa como para meu país, o despejo da tutela ocidental nas colônias".


Representantes da Igreja defenderam este princípio de "direito de colonização" que na realidade é um "direito à violência" contra o mais fraco [isso aconteceu porque aqueles foram cegados pela tradição, se esquecendo da Palavra de Deus, a Bíblia. Lembrando, por exemplo, os erros cometidos pelos jesuítas: Primeiro desconsideraram os indígenas como sendo gente (baseados em concepções erradas sobre o que vem a ser alma), apoiando sua tentativa de escravização junto aos outros colonizadores; depois, procuraram os catequizar por meios errados, à força e não pela paz que emana do evangelho em si, que diz que todos somos iguais perante Deus e somos livres para aceitar ou não o plano da Salvação em Cristo Jesus]. E isto não é surpreendente, pois a teologia [apóstata] espanhola do século XVI formulou toda uma teoria para justificar a conquista da América. Alguns dos princípios formulados por Francisco de Vitoria em Relecciones teológicas, particularmente o da "guerra justa", serão retomados por leigos e eclesiásticos da época do imperialismo moderno. Por exemplo, as seguintes palavras do reverendo padre Müller, transcritas por um católico defensor do imperialismo francês, J. Folliet, doutor em filosofia tomista:


"A humanidade não deve, nem pode aceitar mais que a incapacidade, a negligência, a preguiça dos povos selvagens deixem indefinidamente sem emprego as riquezas que Deus lhes confiou, com a missão de utilizá-las para o bem de todos. Se forem encontrados territórios mal-administrados por seus proprietários, é direito das sociedades — prejudicadas por esta administração defeituosa — tomar o lugar destes administradores incapazes e explorar, em
benefício de todos, os bens dos quais eles não sabem tirar partido".


Poder-se-ia pensar que estas idéias não passavam de simples curiosidades arqueológicas européias, mas, em um país tão novo como os Estados Unidos, a visão racista da colonização foi alimento nacional. Ali, a doutrina do Destino Manifesto, inspirada do darwinismo social, serviu para justificar todo o expansionismo do século XIX, primeiro contra os índios para conquistar as terras do Oeste, depois para construir um império econômico e político no ultramar.


A doutrina era uma espécie de sentimento com vistas a um objetivo final, com a proteção da Divina Providência [Deus não tinha nada que ver com isso, obviamente. a Bíblia, bem lida, sempre demonstrou isso. Saiba que Ellen White, precursora da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que viveu no século XIX e início do XX, nos Estados Unidos, não defendia o racismo e ensinava isso a todos que tinha acesso. Clique aqui, aqui e aqui para constatar]. Em 1885, o pastor Josiah Strong escreveu que os anglo-saxões estavam encarregados pela divindade de ser os guardiães da espécie humana e que Deus os havia preparado para a guerra final entre as raças [Strong era o pastor ou o lobo?]. Os anglo-saxões deviam estender-se sobre toda a superfície terrestre, começando pelo México, América Central e do Sul, sobre a África e sobre todo o mundo. (...)

[Páginas: 8-12]

Referência:

BRUIT, Héctor H. O imperialismo. Atual: São Paulo, 1999.

Resumo do livro: aqui.

Nota: Lembro que a ideia geral do criacionismo bíblico é a igualdade entre todos, independente de condição ou raça; já para o darwinismo, isso é indiferente, pois a "lei" da sobrevivência do mais forte é que determina a prevalência ou não de uma espécie ou subespécie. O Holocausto promovido por Hitler teve influência do darwinismo social, como muitos sabem, sendo que matou muito mais gente que a Igreja, no período das Cruzadas e Inquisição somadas, por exemplo (não estou defendendo a ICAR, pelo contrário, mas expondo apenas a realidade). De fato, a relação dialética na natureza vem ocorrendo, mas não foi sempre assim, pois a Bíblia diz que a Terra teve que ser amaldiçoada por causa do pecado do homem. Mas o homem, consciente disso e buscando voltar aos princípios da vida, deve procurar a harmonia com tudo e todos que o cercam, conforme orientações de Deus. Um dia essa dialética vai acabar, com a criação de novos céus e nova Terra, segundo a esperança na breve vinda de nosso Criador, Salvador e futuro Restaurador, Jesus. [ALM]

Leia também: A Bíblia não apoia a escravidão



Monteiro Lobato: até tu, Brutus?


GATTACA, Darwinismo, Eugenia, Galton, Hitler e o Futuro Monteiro-lobato

Quem já não leu, assistiu ou ouviu falar do “Sítio do Pica Pau Amarelo” e de seus inúmeros personagens: Dona Benta, Narizinho, Visconde de Sabugosa, Pedrinho, Tia Anastácia, Emília, Tio Barnabé, Marquês de Rabicó, Saci, Cuca, entre tantos outros?

Desde 1952 essas divertidíssimas histórias sofreram diversas adaptações para vários canais de televisão, das quais figura como mais conhecida aquela exibida pela Rede Globo, que popularizou o escritor Monteiro Lobato entre as crianças brasileiras. Além da ampla divulgação feita pela TV, a literatura infanto-juvenil de Lobato tornou-se quase que obrigatória em qualquer aula do currículo escolar do ensino fundamental. Todavia, o mesmo autor que escreveu “Reinações de Narizinho”, também concebeu à Literatura Brasileira o nauseabundo “O Presidente Negro”, livro no qual deixa explícito seus ideais de purificação racial, fundamentados nos idênticos ideais de Francis Galton, primo de Darwin, que idealizou a Eugenia, uma doutrina segregacionista que buscava o aprimoramento da “raça humana” por meio de cruzamentos indesejáveis e até mesmo por intermédio da esterilização dos “degradados social, espiritual, biológica e moralmente”, tais como os negros, os epiléticos, os deficientes físicos e mentais, as prostitutas e todos aqueles que viviam à margem da sociedade. A ideologia eugenista no Brasil teve impacto acentuado nos meios acadêmicos até os anos 30, culminando-se, por exemplo, na criação da Sociedade Eugênica de São Paulo, em 1918. Monteiro Lobato e muitos outros estudiosos deste período viam nesta pestilenta ideologia trazida da Europa um instrumento para "higienização" da sociedade, transformando o "inconsciente" processo de Seleção Natural numa arma para erradicar do convívio social "a raça degradada".

Selecionei, a seguir, alguns trechos deste referido livro de Monteiro Lobato, com os quais é possível ter-se uma noção de como este escritor aparentemente inofensivo e amado pelas crianças escancarou sua tara eugênica mediante a boca de suas várias personagens. Ei-los:

TRECHO 1:
"O choque das raças fora prevenido, o que valeu por nova
vitória da eugenia. A sociedade, livre de tarados, viu-se no momento do embate isenta dos perturbadores ao molde dos retóricos e fanáticos cujas palavras outrora impeliam as multidões aos piores crimes coletivos. A exasperação branca do primeiro momento breve desapareceu. O bom senso tomou pé e o ariano pôde filosofar com a necessária calma. A opinião corrente admitia não passar a vitória negra de um curioso incidente na vida americana. Oriunda de cisão sexual do grupo ariano, fora golpeada de morte no próprio dia das eleições pela adesão das sabinas ao Homo. O próximo pleito restabeleceria o ritmo quebrado e do incidente nada restaria no futuro além de um pouco mais de pitoresco na historia da America — qualquer coisa como na serie dos papas, o pontificado da papisa Joana."

TRECHO 2:
" —
O característico mais frisante dessa época, toda via, estava na organização do trabalho. Todos produziam. Muito cedo chegou o americano á conclusão de que os males do mundo vinham de três pesos mortos que sobrecarregavam a sociedade — o vadio, o doente e o pobre. Em vez de combater esses pesos mortos por meio do castigo, do remédio e da esmola, como se faz hoje, adotou solução muito mais inteligente: suprimi-los. A eugenia deu cabo do primeiro, a higiene do segundo e a eficiência do ultimo. Aliviada da carga inútil que tanto a embaraçava e afeava, pôde a America aproximar-se de um tipo de associação já existente na natureza, a colméia — mas a colméia da abelha que raciocina."

TRECHO 3:
"A ideia do expatriamento para o vale do Amazonas tinha um
ponto fraco: só podia ser voluntaria e o negro não se mostrava inclinado a trocar a cidadania americana por outra qualquer. O processo cientifico de embranquecê-los aproximava-os dos brancos na cor, embora não lhes alterasse o sangue nem o encarapinhamento dos cabelos. O desencarapinhamento constituía o ideal da raça negra, mas até ali a ciencia lutara em vão contra a fatalidade capilar. Se isso se desse, poderia o caso negro entrar por um caminho imprevisto, a perfeita camouflage do negro em branco, Tal saída, entretanto, era apenas um sonho dos imaginativos impenitentes. E como a repartição do país em duas zonas não fosse forma aceita pelos brancos, iam os Estados Unidos entrar no seu 88.° período presidencial com o mesmo problema que trezentos e trinta e nove anos antes preocupara o grande George Washington."

TRECHO 4:
"Até essa época a população negra representava um sexto da
população total do país. A predominância do branco era pois esmagadora e de molde a não arrastar o americano a ver no negro um perigo serio. Mas com o proibicionismo coincidiu o surto das ideias que a restrição da natalidade se impunha por mil e uma razões, resumíveis no velho truísmo: qualidade vale mais que quantidade. Deu-se então a ruptura da balança. Os brancos entraram a primar em qualidade, enquanto os negros persistiam em avultar em quantidade. Foi a maré montante do pigmento. Mais tarde, quando a eugenia venceu em toda a linha e se criou o Ministério da Seleção Artificial, o surto negro já era imenso."

TRECHO 5:
"Era Nova da raça humana datou da sua promulgação. A lei Owen, como
era chamado esse Código da Raça, promoveu a esterilização dos tarados, dos mal-formados mentais, de todos os indivíduos em suma capazes de prejudicar com má progênie o futuro da espécie. Só depois da aplicação de tais leis é que foi possível realizar o grandioso programa de seleção que já havia empolgado todos os espíritos. Os admiráveis processos hoje em emprego na criação dos belos cavalos puro-sangue passaram a reger a criação do homem na America."

TRECHO 6:
"De ha muito se havia eliminado as hipóteses de fraude, não só
porque a seleção elevara fortemente o nível moral do povo, como ainda porque a mecanização dos tramites entregava todo o processo eleitoral ás ondas hertzianas e á eletricidade, elementos estranhos á política e da mais perfeita incorruptibilidade."

Pois é. Nosso estimado autor de "Jeca Tatu" também foi um darwinista social. O seu livro "O Presidente Negro" deixa claro suas intenções no âmbito dessa ideologia social e biológica. Outros nomes da nossa literatura também cederam à novidade vinda da Europa, como o autor de "Os Sertões", Euclides da Cunha. Sim é verdade, que não se discute o valor literário de tais obras, porém, o seu "encanto poético" não deve ofuscar de nós as intenções maléficas de seus autores, as quais buscavam amputar do ser humano o sagrado direito de viver suas diferenças com dignidade e respeito.


Monteiro Lobato: Eugenia, ou a bela raça

GATTACA, Darwinismo, Eugenia, Galton, Hitler e o Futuro O+BRASIL+VISTO+VERTICALMENTE "A eugenia está presente nas reflexões filosóficas desde Platão. Podemos ler na República que os casamentos se farão entre os melhores indivíduos, a fim de manter a pureza da raça e que as crianças defeituosas serão sacrificadas: “— Estes prepostos hão de conduzir ao lar comum os filhos dos indivíduos de elite, confiando-os a nutrizes residentes à parte num bairro da cidade . Quanto aos filhos dos indivíduos inferiores, e mesmo os dos outros, que apresentarem alguma deformidade, escondê-los-ão em local proibido e secreto, como convém.“ (PLATÃO, 1965, v. 2, p. 22). Explica-se a eugenia em Platão pelas necessidades da guerra, pois o soldado tinha de ser perfeito.

Os procriadores serão escolhidos entre os melhores, os que estiverem na flor da idade, com o fito de se chegar, um dia, a se ter apenas cidadãos bons e belos: “[...] formar uniões ao acaso, ou cometer falta do mesmo gênero, seria impiedade numa cidade feliz e os chefes não a suportarão.” (PLATÃO, 1965, v. 2, p. 19). Os magistrados procurarão melhorar a raça e controlar as relações entre os indivíduos inferiores, mediante casamentos escolhidos, pois os maus casamentos dão origem a uma prole inferior.

Comum nos escritos dos utopistas depois de Platão, a eugenia foi sistematizada como disciplina de estudo pelo primo de Darwin, Francis Galton, que, em 1885, criou a cadeira Eugenia, no University College de Londres. A eugenia prevê a existência de indivíduos indiscutivelmente superiores e outros, inferiores, admitindo que se deviam propagar apenas os superiores. Os tipos indesejáveis seriam objeto de esterilização, sob controle do Estado. Muitos estados americanos, no início do século XX, criaram leis nesse sentido. A esterilização é a proposta do romance de Lobato, O Presidente Negro (1926), como mecanismo susceptível de exterminar os negros americanos.

As idéias eugênicas reaparecem em vários momentos da obra lobatiana, em especial no livro O Presidente Negro (1926) e na carta aberta “O voto secreto”, anexada ao livro América (1932). Neste último livro, o personagem Mr. Slang assevera: “Temos de chegar à Eugenia. Esta sim. Esta será o grande remédio, o depurativo curador das raças. Pela Eugenia teremos afinal o homem e a mulher perfeitos — perfeitos como os cavalos e éguas de puro sangue.” (v. 9, p. 208).

Embora com algumas exceções (“A violeta orgulhosa”, de Histórias Diversas, por exemplo), o negro na obra de Lobato é sempre representado em posição subalterna. Apesar da libertação dos escravos em 1888, Tia Nastácia é uma doméstica em tempo integral, o que pouco a distingue da escrava que fora quando moça, como aparece em Geografia de D. Benta (1982, p. 1079): “— Tia Nastácia conta que a mãe dela veio da África, dum lugar chamado Angola — lembrou Narizinho. — Também conta que foi escrava sua, quando moça, vovó.”

Em Reinações de Narizinho, podemos ver a comparação da negra com um animal de estimação: “Na casa ainda existem duas pessoas — Tia Nastácia, negra de estimação que carregou Lúcia em pequena, e Emília, uma boneca de pano bastante desajeitada de corpo”.

Em vários momentos da obra, a etnia negra é desqualificada, pelas intervenções de Emília, desqualificações que poderiam se converter num Leitmotif, tal sua recorrência. Citemos, ao acaso, o assombro de Tia Nastácia ao ouvir Peter Pan falar do mundo das fadas. Emília insinua-se, agressivamente:

— Cale a boca! — berrou Emília. — Você só entende de cebolas e alhos e vinagres e toicinhos. Está claro que não poderia nunca ter visto fada porque elas não aparecem para gente preta. Eu, se fosse Peter Pan, enganava Wendy dizendo que uma fada morre sempre que vê uma negra beiçuda... — Mais respeito com os velhos, Emília! — advertiu Dona Benta. — Não quero que trate Nastácia desse modo. Todos aqui sabem que ela é preta só por fora. (LOBATO, 1982, p. 591)

Como se observa, a emenda ficou pior que o soneto. Nesse mesmo trecho, o Visconde de Sabugosa, com a sua cientificice, põe-se a falar dos pigmentos que deixaram os negros retintos. E Emília, mais uma vez, retoma suas agressões, terminando por botar a língua a Tia Nastácia, no que representa bem o menino filho de senhor de escravos, que estabelece uma relação s ádica com os negros, como retrata Machado de Assis e Gilberto Freyre: “Quer dizer — observou Emília — que se os pigmentos de tia Nastácia fossem cor de burro quando foge, ela não seria negra e sim uma burra fugida...” (LOBATO, 1982, p. 591).

Assinalemos certo prazer sádico em Emília em sempre trazer sempre à baila a discussão sobre a cor da sociedade brasileira.

Em carta a Rangel, de 3/2/1908, Lobato escreve o seguinte trecho, censurado em edições ulteriores da correspondência, aqui computado em extenso, por tratar-se de documento de difícil acesso: “Que diferença de mundos! Na Grécia, a beleza; aqui, a disformidade. Aquiles lá; Quasímodo aqui. Esteticamente, que desastre foi o cristianismo com sua insistente cultura do feio!”. A seguir, o trecho censurado:

Estive uns dias no Rio. Que contra-Grécia é o Rio! O mulatismo dizem que traz dessoramento do caráter. Dizem que a mestiçagem liquefaz essa cristalização racial que é o caráter e dá uns produtos instáveis. Isso no moral — e no físico, que feiúra! Num desfile, à tarde, pela horrível rua Marechal Floriano, da gente que volta para os subúrbios, perpassam todas as degenerescências, todas as formas e má-formas humanas — todas, menos a normal. Os negros da África, caçados a tiros e razidos à força para a escravidão vingaram-se do português da maneira mais terrível — amulatando-o e liquefazendo-o, dando aquela coisa residual que vem dos subúrbios pela manhã e reflui para os subúrbios á tarde. E como vão apinhados como sardinhas e ha um desastre por dia, metade daquela gente não tem braço ou não tem uma perna, ou falta-lhes um dedo, ou mostram uma terrível cicatriz na cara. “Que foi?”. “Desastre da Central”. Como consertar essa gente? Como sermos gente, no concerto dos povos? Que problemas terríveis o pobre negro da África nos criou aqui, na sua inconsciente vingança! Talvez a salvação venha de S. Paulo e outras zonas que intensamente se injetam de sangue europeu. Os americanos salvaram-se da mestiçagem com a barreira do preconceito racial. Temos também aqui essa barreira do preconceito racial. Temos também aqui essa barreira, mas só em certas classes e certas zonas. No Rio não existe. Há tempos assisti em Taubaté a uma cena muito ilustrativa do que é essa defesa na América do Norte. Um americano desceu do trem e foi ao restaurante Pereira comer qualquer coisa. Sentou-se e pediu. Nisto entra um guarda-freio de boné na orelha, gaforinha e senta-se-lhe ao pé. O americano ergue-se de impulso, atira a cadeira e some-se no trem. O país equiparava-o ao guarda-freio, mas ele não aceitava o presente. Filosoficamente me parece horrível isto — mas certo do ponto de vista racial. (LOBATO, 1944, p. 133).

Como podemos notar, de acordo com essa carta, na ótica do autor, o sujeito das transformações esperadas para o novo Brasil seria o imigrante branco. É certo que essa carta é de 1908, data ainda próxima à escravidão, quando os negros estão em uma situação difícil. Convém não esquecer, porém, que desde a extinção oficial do tráfico, com a Bill Aberdeen, o governo imperial decretou a Lei de Terras, proscrição da propriedade pela simples ocupação, obrigando o posseiro à compra ou legitimação da posse. Essa lei teve efeitos perversos, pois previa o acesso à terra através da compra por preço elevado, visando destiná-las prioritariamente aos grandes proprietários (e assim recompensá-los pela extinção do tráfico) e negando o acesso à terra aos alforriados e futuros colonos. Quando foi proclamada a República, ao mesmo tempo que Rui Barbos a queima todos os documentos relativos à escravidão, os negros, os únicos que até então tinham trabalhado no país — são sumariamente impedidos de trabalhar e substituídos pelos imigrantes. Como afirma Carrion (2002): “Em sintonia com a Lei de Terras, foi elaborada uma legislação de colonização que subsidiava com recursos públicos a vinda de imigrantes europeus para substituir os escravos que não mais viriam.”

As mesmas idéias sobre a imigração reaparecem em carta de 1946, dessa vez com referência à Argentina: “Semear homens europeus de boa qualidade nas terras desertas da América é criar mundos. Com os músculos do imigrante entra também cérebro — e o r endimento de um cérebro importado é muitas vezes fabuloso.” (LOBATO, 1986a, p. 120). Ao falar em “contra-Grécia”67, nota-se o eurocentrismo de Lobato, cujo parâmetro é o mundo helênico clássico, em detrimento da miscigenação americana. É o lado “apolíneo” do pensamento de Lobato, que em termos de arte se expressou no artigo sobre a pintura de Anita Malfatti. Segundo Nelson Werneck Sodré, o eurocentrismo é uma das faces da ideologia do colonialismo, que utiliza a supremacia racial como justificativa para a dominação e exploração econômica.


Convém notar que a campanha pelo saneamento levada a cabo por Lobato traduziu-se no livro Problema Vital, que trazia, em sua primeira edição, a informação de que era patrocinado pela Sociedade Eugênica de São Paulo e pela Liga Pró-Saneamento do Brasil. Ess e tipo de agr emiação floresceu no início do século XX, principalmente nos Estados Unidos e na Alemanha, espalhando-se por toda a Europa e alcançando o Brasil. Os artigos jornalísticos de Lobato participam da eugenia em seu caráter positivo, ou seja, o esforço para melhorar geneticamente o ser humano, enquanto em O Presidente Negro verifica-se a eugenia negativa, isto é, a que visa à exterminação dos indesejáveis, controlando cientificamente os mecanismos de reprodução da raça.

O fragmento de carta acima é de 1908. Lobato, porém, continua com as mesmas idéias raciais no final de sua vida, conforme podemos ler numa carta de 1935, dirigida ao interventor da Bahia, Artur Neiva, onde Lobato fala de sua visita a Bahia, para divulgação do seu programa de petróleo. Referindo-se ao povo baiano, escreve:

Sua Bahia, meu caro Dr. Neiva, possivelmente enfeitiçou-me. [...] Como é caleidoscópica!
Mas que feio material humano formiga entre tanta pedra velha!A massa popular é possivelmente um resíduo, um detrito biológico. Já a elite que brota como flor desse esterco tem todas as finuras cortesãs das raças bem amadurecidas. [...] (LOBATO, 1986a, p. 191).

Essas idéias são repassadas também para as crianças. Em Histórias do Mundo para as Crianças (1982, p.1574) pode-se ler:

— Qual a principal dessas raças, vovó? — perguntou a menina.
— A ariana, evidentemente, embora eu seja um tanto suspeita para afirmar isso. Se eu fosse semita, é possível que tivesse uma opinião diversa. Em todo o caso os arianos foram os primeiros a domesticar o cavalo selvagem, o boi e o carneiro.
Conseguiram assim criar as bases da civilização pastoril.

É isso!

Fonte:
SUELI APARECIDA TOMAZINI BARROS CASSAL. "O BRASIL VISTO VERTICALMENTE: UMA CONSTELAÇÃO CHAMADA MONTEIRO LOBATO". (Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, como requisito parcial para obtenção do grau de doutora em letras. Orientadora: PROFª. DRª. ANA MARIA LISBOA DE MELLO. Porto Alegre, 30 de setembro de 2003.



Eduardo
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