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Teologia do processo X Teísmo Aberto
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Teologia do processo X Teísmo Aberto
Neste domingo faleceu o conhecido defensor do teísmo aberto Dr. Clark Pinnock. A notícia foi dada pelo colega dele, também teólogo relacional, Greg Boyd.
A morte de Pinnock foi comentada por um de seus ex-alunos, Dr. Russell Moore, deão da Escola de Teologia do Seminário Teológico Batista do Sul - uma das denominações mais conservadoras nos Estados Unidos. No início do artigo Moore diz que devemos agradecer a Deus por Pinnock ter influenciado positivamente, no início de sua carreira, vários pastores que hoje são conservadores. E então passa a relatar como Pinnock se desviou da doutrina da inerrância bíblica e passou a questionar praticamente todos os pontos centrais da fé cristã, os quais antes defendia ardorosamente.
Não pude deixar de ver a conexão clara que este ex-discípulo de Pinnock faz entre as posições finais de Pinnock quanto ao teísmo aberto e o seu abandono inicial e gradual da inerrância bíblica.
Transcrevo aqui partes do artigo de Moore em seu blog.
"Clark Pinnock conduziu-me à fé em Cristo. O Evangelho em que acreditei veio a mim através de pregadores que foram treinados por Clark Pinnock. Mais do que isto, a maior denominação evangélica nacional [os Batistas do Sul] nunca teria voltado atrás e adotado de novo a inerrância bíblica não fosse este homem, que mais tarde viria a rejeitar este conceito."
"Pinnock [quando era professor no Seminário Batista do Sul], preocupado que os Batistas do Sul, como outros Batistas antes deles, fossem para o deslize do liberalismo teológico, argumentou fortemente aos seus estudantes em prol da autenticidade completa das Sagradas Escrituras. Mais do que isto, ele apresentou uma narrativa abrangente da obra de Deus em Jesus Cristo de tal maneira a convencer muitos estudantes."
"Não consigo pensar em uma única pessoa que seja de importância crucial para o ressurgimento da influência conservadora na Convenção Batista do Sul que não esteja a dois passos da influência direta de Pinnock."
"Nos anos 1970, ele começou a questionar a sua compreensão prévia da inspiração bíblica... depois disto, começou a questionar a Grande Tradição da ortodoxia cristã, a cada ponto. Ele conduziu este movimento de vida curta em direção ao 'teísmo aberto,' questionando a crença da igreja histórica que Deus conhece todas as coisas, inclusive as futuras decisões livres de suas criaturas. Ele abandonou a sua crença que a fé consciente em Cristo é necessária para a salvação, e começou a ver o Espírito Santo em ação em outras religiões mundiais. Ele denunciou o conceito da punição eterna como cruel e contrário à natureza do Deus. Desvinculado da Sagrada Escritura e da tradição, Pinnock assumiu a vanguarda da inovação evangélica na doutrina, uma após a outra. Isto é lamentável."
Como vemos, neste artigo Russel Moore diz que devemos agradecer a Deus por ter usado Pinnock no início de sua vida acadêmica como instrumento na formação de tantos pastores que, como o próprio Russell, continuam acreditando hoje na inerrância da Bíblia e nas grandes doutrinas do Cristianismo histórico, e que são responsáveis por manter os Batistas do Sul na linha conservadora. Todavia, a marca que Pinnock vai deixar no campo teológico mundial será esta, de alguém que se afastou dos pontos centrais do Cristianismo evangélico e influenciou a muitos nesta mesma direção, inclusive aqui no Brasil.
Não pretendo discutir aqui o pedido do Russell. E nem a doutrina da perseverança final dos crentes.
Quero apenas mostrar aquilo que tantas vezes temos dito aqui: quando uma pessoa começa a questionar as doutrinas fundamentais da fé cristã é por que ela já rejeitou antes a autoridade e infalibilidade das Escrituras.
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Durante mais ou menos dois mil anos a igreja cristã, em todas as suas vertentes, confessou unanimemente crer em Deus-Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra. Essa sempre foi (e é) uma questão básica e inegociável para a igreja. Não havia dificuldade alguma em crer que há um único Deus, Pai, Filho e Espírito Santo e que esse Deus é todo poderoso e criador do céu e da terra. Trata-se, portanto, de uma questão básica para a igreja. Os pais da igreja confirmaram isso e sempre enfatizaram a presciência divina. Dessa forma, todos antigos escritores cristãos afirmaram esse ponto.
Porém, em meados dos anos 1980, um teólogo canadense chamado Clark Pinnock, começou a publicar alguns textos questionando a presciência divina também afirmando a autonomia da vontade em relação a Deus.
Mais recentemente, na metade do século XX, arminianos radicais, como o já citado Clark Pinnock, Richard Rice, Greg Boyd, John Sanders e David Basinger, reconheceram que se Deus prevê algo, então este forçosamente vai acontecer – em outras palavras, a presciência de Deus também é uma limitação do livre-arbítrio e, por isso, eles negaram que Deus conheça o futuro. Deus só conhece as possibilidades futuras. Nessa altura devemos fazer uma pergunta provocadora: quem criou o que Deus prevê? – se a resposta a esta pergunta for eco do ensino bíblico, só se pode concluir que Deus determinou aquilo que ele quer que aconteça, já que ele é o criador de todas as coisas. Mas, para tais autores, não havia como crer numa autonomia do ser humano mantendo a crença tradicional da onisciência divina. Dessa forma, esses escritores reinterpretaram os atributos de potência e onisciência em Deus. Segundo eles, Deus ao criar o ser humano, o criou livre dos seus atributos de poder e onisciência.
Assim, o chamado teísmo do livre-arbítrio (ou teísmo aberto) é um modelo novo, uma tentativa de encontrar uma posição mediana entre o teísmo clássico e a teologia do processo.
Teologia do processo
A Teologia do Processo (também conhecida como Teologia Neoclássica) é uma escola de pensamento influenciada pela filosofia do processo, de Alfred North Whitehead.
Postulados
1. Deus não é onipotente no sentido de ser coercivo.
2. A realidade não é feita de substâncias materiais, mas por eventos ordenados por uma série, que são experimentais na natureza.
3. O universo é caracterizado pelo processo e mudança, carregado pelos agentes do livre-arbítrio. Auto-determinação caracteriza tudo, e não apenas seres humanos. Deus não pode forçar nada a acontecer, apenas exercer seu livre-arbítrio, possibilitando novas possibilidades.
4. Deus contém o universo, mas não é idêntico a ele (panenteísmo).
Por Deus conter o universo, este está em mudança, Deus muda, é afetado por aquilo que acontece no universo.
5. Teísmo dipolar, a idéia de que um Deus perfeito não pode ser limitado por certas características.
Em relação a vida após a morte, há divergências se as pessoas experimentam uma experiência subjetiva, ou uma experiência objetiva.
As idéias originais da teologia do processo foram desenvolvidas por Charles Hartshorne e foram expandidas por John Cobb e David Ray Griffin. Posteriormente, influencia o teísmo aberto, adotado por teólogos como Gregory Boyd, Clark Pinnock e Ricardo Gondim. Devido ao fato de ter mais seguidores entres os arminianos, críticos calvinistas acusam-no de ser "descendente" do arminianismo, já que a teologia do processo foi rejeitada pela maioria dos evangélicos por impor limitações a Deus.
Posteriormente, a teologia do processo influenciou teólogos judeus como Samuel Alexander, e rabinos como Max Kaddushin, Milton Steinberg, Levi A. Olan, Harry Slominsky e, num grau menor, Abraham Joshua Heschel. Alguns rabinos que advogam de alguma forma esta teologia são William E. Kaufman, Harold Kushner, Anton Laytner, Gilbert S. Rosenthal, Lawrence Troster e Nahum Ward.
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Inscrição : 08/05/2010
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