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Albert Camus
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23012010
Albert Camus
Camus descreve uma vida sem Deus
Quando lia o depressivo romance A Queda, do argelino Albert Camus, me deparei com o seguinte trecho, que consiste numa das falas (o livro é um monólogo) de seu personagem: "Se eu lhe disser que não tinha religião alguma, você compreenderá ainda melhor o que havia de extraordinário nessa convicção. ... Sentia-me bem à vontade em tudo, é bem verdade, mas, ao mesmo tempo, nada me satisfazia. Cada alegria fazia com que desejasse outra. Ia de festa em festa. Chegava a dançar noites inteiras, cada vez mais louco com os seres e com a vida. Às vezes, já bastante tarde, nessas noites em que a dança, o álcool leve, meu modo desenfreado, o violento abandono de todos me lançavam a um arrebatamento ao mesmo tempo lasso e pleno, parecia-me no extremo da exaustão e no espaço de um segundo, compreender, enfim, o segredo dos seres e do mundo. Mas o cansaço despararecia no dia seguinte e com ele o segredo; e eu me lançava outra vez com todo ímpeto. Assim corria eu, sempre pleno, jamais saciado, sem saber onde parar, até o dia, ou melhor, até a noite em que a música parou e as luzes se aparagaram. A festa em que eu fora feliz..." (p. 25).
Nobel de Literatura (1957), Camus filiou-se ao Partido Comunista francês em 1930. Ao lado de Jean-Paul Sartre, foi um dos principais representantes do existencialismo. Segundo Alister McGrath, em seu livro The Twilight of Atheism, "para Camus, a ideia da morte de Deus é melhor expressa em termos de Seu silêncio mais do que de Sua ausência" (p. 158). É preciso entender que Camus viveu no período da Segunda Guerra Mundial, e deve residir nisso seu desencanto com Deus (que deveria, na verdade, ser o desencanto com o ser humano sem Deus). Em A Queda, Camus revela o homem moderno que abandona seus valores e mergulha num vazio existencial. O trecho que reproduzi acima, para mim, é quase um desabafo do autor e um verdadeiro raio x daqueles que andam pela vida "jamais saciados", precisando sempre de doses de alegria ilusória, não se dando conta de seu vazio - até que as luzes se apagam e a festa termina.[MB]
Quando lia o depressivo romance A Queda, do argelino Albert Camus, me deparei com o seguinte trecho, que consiste numa das falas (o livro é um monólogo) de seu personagem: "Se eu lhe disser que não tinha religião alguma, você compreenderá ainda melhor o que havia de extraordinário nessa convicção. ... Sentia-me bem à vontade em tudo, é bem verdade, mas, ao mesmo tempo, nada me satisfazia. Cada alegria fazia com que desejasse outra. Ia de festa em festa. Chegava a dançar noites inteiras, cada vez mais louco com os seres e com a vida. Às vezes, já bastante tarde, nessas noites em que a dança, o álcool leve, meu modo desenfreado, o violento abandono de todos me lançavam a um arrebatamento ao mesmo tempo lasso e pleno, parecia-me no extremo da exaustão e no espaço de um segundo, compreender, enfim, o segredo dos seres e do mundo. Mas o cansaço despararecia no dia seguinte e com ele o segredo; e eu me lançava outra vez com todo ímpeto. Assim corria eu, sempre pleno, jamais saciado, sem saber onde parar, até o dia, ou melhor, até a noite em que a música parou e as luzes se aparagaram. A festa em que eu fora feliz..." (p. 25).
Nobel de Literatura (1957), Camus filiou-se ao Partido Comunista francês em 1930. Ao lado de Jean-Paul Sartre, foi um dos principais representantes do existencialismo. Segundo Alister McGrath, em seu livro The Twilight of Atheism, "para Camus, a ideia da morte de Deus é melhor expressa em termos de Seu silêncio mais do que de Sua ausência" (p. 158). É preciso entender que Camus viveu no período da Segunda Guerra Mundial, e deve residir nisso seu desencanto com Deus (que deveria, na verdade, ser o desencanto com o ser humano sem Deus). Em A Queda, Camus revela o homem moderno que abandona seus valores e mergulha num vazio existencial. O trecho que reproduzi acima, para mim, é quase um desabafo do autor e um verdadeiro raio x daqueles que andam pela vida "jamais saciados", precisando sempre de doses de alegria ilusória, não se dando conta de seu vazio - até que as luzes se apagam e a festa termina.[MB]
Última edição por Ronaldo em Ter Jan 26, 2010 11:58 am, editado 1 vez(es)
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Albert Camus :: Comentários
O ateu que quase se converteu
Depois de ler minha postagem "Camus descreve uma vida sem Deus", um amigo ex-ateu me deu a dica: No início da década de 1950, Albert Camus visitou a Igreja Americana de Paris para ouvir o famoso organista Marcel Dupré. Naquele dia, acabaria ouvindo também o sermão do norte-americano Howard Mumma, um reverendo metodista que estava em Paris a convite daquela igreja. Intrigado pela filosofia e teologia de Mumma, Camus o convidou para almoçar, iniciando um inusitado relacionamento que seria permeado de conversas sobre teologia e existencialismo, com grande ênfase na questão da teodiceia. Mumma ainda voltaria a Paris e se encontraria com Albert Camus em diversas ocasiões. Em uma de suas passagens pela cidade, teve a oportunidade de visitar Jean-Paul Sartre e debater com o filósofo alguns conceitos e ideias. Agora, décadas mais tarde, Howard Mumma recupera os diálogos que manteve com esses dois escritores existencialistas, apresentando ao leitor um texto profundo, filosófico e extremamente agradável, em Albert Camus e o Teólogo.
Nota: Essa é uma faceta pouco conhecida de Camus, que os ateus não gostam de abordar.[MB]
Depois de ler minha postagem "Camus descreve uma vida sem Deus", um amigo ex-ateu me deu a dica: No início da década de 1950, Albert Camus visitou a Igreja Americana de Paris para ouvir o famoso organista Marcel Dupré. Naquele dia, acabaria ouvindo também o sermão do norte-americano Howard Mumma, um reverendo metodista que estava em Paris a convite daquela igreja. Intrigado pela filosofia e teologia de Mumma, Camus o convidou para almoçar, iniciando um inusitado relacionamento que seria permeado de conversas sobre teologia e existencialismo, com grande ênfase na questão da teodiceia. Mumma ainda voltaria a Paris e se encontraria com Albert Camus em diversas ocasiões. Em uma de suas passagens pela cidade, teve a oportunidade de visitar Jean-Paul Sartre e debater com o filósofo alguns conceitos e ideias. Agora, décadas mais tarde, Howard Mumma recupera os diálogos que manteve com esses dois escritores existencialistas, apresentando ao leitor um texto profundo, filosófico e extremamente agradável, em Albert Camus e o Teólogo.
Nota: Essa é uma faceta pouco conhecida de Camus, que os ateus não gostam de abordar.[MB]
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