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Como era a humanidade de Cristo ?
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27012011
Como era a humanidade de Cristo ?
Debates a respeito da natureza humana animam prolixas discussões entre adventistas norteamericanos – a começar pelos teólogos, passando por ministérios independentes, até chegar às igrejas. No Brasil, alguns pastores e membros leigos se envolveram na controvérsia. De fato, a compreensão do assunto denominada perfeccionismo tem confundido muitos adventistas. Basicamente, o perfeccionismo advoga que Jesus veio ao mundo com uma natureza pecaminosa, embora jamais houvesse pecado. Assim como Ele venceu o pecado, nós, que também possuímos uma natureza pecaminosa, podemos seguir Seu exemplo e alcançar uma vida sem pecado.
A ideia, que remonta a pioneiros como A.T. Jones e E. J. Waggoner, recebeu forte contribuição de M. L. Andreasen. Andreasen, por muito tempo um teólogo expoente no adventismo, defendeu em seu clássico O ritual do santuário que a última geração antes da volta de Jesus viveria sem intercessor diante de Deus; ele acreditava que, para isso, a última geração se constituiria de crentes que atingissem tal perfeição cristã que fossem incapazes de pecar.
Em meio ao posicionamento controverso de Andreasen, muitas reações e endossos a seu pensamento surgiram entre estudiosos adventistas, gerando extrema polarização. Parte essencial do debate envolve a compreensão da natureza humana de Jesus; ao encarnar, o Salvador assumiu a natureza humana de Adão anterior (pré-lapsarianismo) ou posterior (pós-lapsarianismo) ao pecado? O raciocínio perfeccionista admite a última posição, enfatizando que, dessa forma, Ele se torna nosso exemplo para que, como Ele venceu, possamos vencer progressiva e absolutamente o pecado.
Tanto perfeccionista como seus opositores valem-se de textos de Ellen G. White para endossar seus conceitos. Isso levanta a questão: qual, de fato, era o posicionamento de Ellen G. White sobre a natureza de Jesus? Com o objetivo de esclarecer a questão, o teólogo adventista Woodrow W. Whidden escreveu Ellen White e a humanidade de Cristo: Cristo veio ao mundo com a natureza de Adão antes ou depois da Queda? . O maior mérito de Whidden consiste em apresentar declarações de White catalogadas pela data em que foram originalmente publicadas. A estrutura que ele oferece é de fácil compreensão e seus comentários sucintos são mais elucidativos do que impositivos.
Embora a posição do autor fique desde o início implícita, ele sugere uma atitude menos belicosa em face do debate corrente. Whidden chega a promover os termos identidade para identificar aspectos que sugerem similaridade entre a natureza de Jesus e a dos pecadores e singularidade, para ressaltar em que aspectos Sua natureza diferia da nossa (p.20).
Whidden cobre um tema secundário da discussão, a saber, a noção de pecado presente nos escritos de Ellen White. A respeito da depravação, o autor pondera: “Os pecadores não são livres para iniciar uma experiência salvífica com Cristo, mas o são para aceitar essa experiência ou rejeitá-la. Isso provavelmente sumariza o entendimento de Ellen White.” (p. 26).
Tendo o pecado trazido conseqüências físicas, morais e relacionais ao ser humano, Whidden analisa o quanto disso teria influído sobre a natureza humana de Jesus. “De fato, ‘fraqueza’, ‘natureza caída’ e ‘debilidade(s)’ (ou ‘debilitado’) eram, de longe, sua [de Ellen White] maneira preferida de descrever a identidade de Cristo com a humanidade.” (p.36). O professor Whidden faz, adiante, a distinção válida entre ser infectado pelo pecado (ou seja, possuir uma natureza pecaminosa) e ser afetado por ele (o que implica em limitações físicas, tais quais como sono, fome, cansaço, etc, e sentimentos negativos, como medo, angústia etc., p. 43).
Fica explícito que, no pensamento de Ellen G. White, Jesus só poderia ser afetado pelo pecado, uma vez que precisava ser alguém santo e impecável a fim de nos salvar (p. 39, 98). Ainda assim, algumas expressões de White devem ser entendidas no respectivo contexto, sob pena de serem mal compreendidas. Termos como “propensão”, “paixão”, “susceptibilidade”, “tendência” e “inclinação” dependem de como são qualificados em cada texto específico (p. 61). O mais importante é o equilíbrio nas declarações pontuais da pioneira adventista, que apresentam, nos eu conjunto, Jesus como incontaminado pelo pecado, ao mesmo tempo em que completamente identificado com as necessidades dos pecadores e capaz de lhes prover forças para vencer às tentações (p.101, 110).
A partir das diversas declarações de Ellen White reproduzidas no fim do livro, pode-se entender pelos menos alguns aspectos essenciais de sua compreensão cristológica: a) Jesus era verdadeiro homem e verdadeiro Deus; b) Ao encarnar, Ele assumiu as fraquezas humanas da humanidade, em termo de debilidades, limitações, mas nunca no que tange à natureza moral; c) justamente por assumir a fragilidade humana, Jesus estava em desvantagem com relação a Adão antes da Queda (embora ambos tivessem uma natureza espiritual, não-propensa ao pecado); d) sendo a constituição moral de Jesus superior à nossa, ele foi proporcionalmente tentado em maior grau; e) vencendo a tentação, Jesus partilha de Sua vitória com todos aqueles que O recebem pela fé, de maneira que triunfem sobre a tentação pelos méritos dEle; f) mesmo o nosso serviço abnegado e mais elevado será aceito por Deus somente mediante os méritos purificadores do Senhor Jesus administrados por Sua intercessão no Santuário Celeste; g) enquanto aguardamos o retorno de Jesus, permaneceremos com a natureza pecaminosa e suscetível à queda; apenas na glorificação seremos semelhantes a Jesus (1 Jo 3:1-2).
O trabalho exaustivo de Whidden oferece ao leitor, mesmo aquele que não possui treino teológico, uma via de acesso rápido à compreensão bíblica e do Espírito de Profecia sobre a pessoa e obra do Salvador Jesus. Embora gráficos comparativos pudessem ajudar na apresentação do material, destacando pontos importantes enfatizados por Ellen White, a ausência deles não desqualifica o trabalho do autor. Dificilmente, o leitor que chegue ao final de suas 200 páginas poderia, sinceramente, ter outra compreensão cristológica senão aquela endossada por Whidden.
A ideia, que remonta a pioneiros como A.T. Jones e E. J. Waggoner, recebeu forte contribuição de M. L. Andreasen. Andreasen, por muito tempo um teólogo expoente no adventismo, defendeu em seu clássico O ritual do santuário que a última geração antes da volta de Jesus viveria sem intercessor diante de Deus; ele acreditava que, para isso, a última geração se constituiria de crentes que atingissem tal perfeição cristã que fossem incapazes de pecar.
Em meio ao posicionamento controverso de Andreasen, muitas reações e endossos a seu pensamento surgiram entre estudiosos adventistas, gerando extrema polarização. Parte essencial do debate envolve a compreensão da natureza humana de Jesus; ao encarnar, o Salvador assumiu a natureza humana de Adão anterior (pré-lapsarianismo) ou posterior (pós-lapsarianismo) ao pecado? O raciocínio perfeccionista admite a última posição, enfatizando que, dessa forma, Ele se torna nosso exemplo para que, como Ele venceu, possamos vencer progressiva e absolutamente o pecado.
Tanto perfeccionista como seus opositores valem-se de textos de Ellen G. White para endossar seus conceitos. Isso levanta a questão: qual, de fato, era o posicionamento de Ellen G. White sobre a natureza de Jesus? Com o objetivo de esclarecer a questão, o teólogo adventista Woodrow W. Whidden escreveu Ellen White e a humanidade de Cristo: Cristo veio ao mundo com a natureza de Adão antes ou depois da Queda? . O maior mérito de Whidden consiste em apresentar declarações de White catalogadas pela data em que foram originalmente publicadas. A estrutura que ele oferece é de fácil compreensão e seus comentários sucintos são mais elucidativos do que impositivos.
Embora a posição do autor fique desde o início implícita, ele sugere uma atitude menos belicosa em face do debate corrente. Whidden chega a promover os termos identidade para identificar aspectos que sugerem similaridade entre a natureza de Jesus e a dos pecadores e singularidade, para ressaltar em que aspectos Sua natureza diferia da nossa (p.20).
Whidden cobre um tema secundário da discussão, a saber, a noção de pecado presente nos escritos de Ellen White. A respeito da depravação, o autor pondera: “Os pecadores não são livres para iniciar uma experiência salvífica com Cristo, mas o são para aceitar essa experiência ou rejeitá-la. Isso provavelmente sumariza o entendimento de Ellen White.” (p. 26).
Tendo o pecado trazido conseqüências físicas, morais e relacionais ao ser humano, Whidden analisa o quanto disso teria influído sobre a natureza humana de Jesus. “De fato, ‘fraqueza’, ‘natureza caída’ e ‘debilidade(s)’ (ou ‘debilitado’) eram, de longe, sua [de Ellen White] maneira preferida de descrever a identidade de Cristo com a humanidade.” (p.36). O professor Whidden faz, adiante, a distinção válida entre ser infectado pelo pecado (ou seja, possuir uma natureza pecaminosa) e ser afetado por ele (o que implica em limitações físicas, tais quais como sono, fome, cansaço, etc, e sentimentos negativos, como medo, angústia etc., p. 43).
Fica explícito que, no pensamento de Ellen G. White, Jesus só poderia ser afetado pelo pecado, uma vez que precisava ser alguém santo e impecável a fim de nos salvar (p. 39, 98). Ainda assim, algumas expressões de White devem ser entendidas no respectivo contexto, sob pena de serem mal compreendidas. Termos como “propensão”, “paixão”, “susceptibilidade”, “tendência” e “inclinação” dependem de como são qualificados em cada texto específico (p. 61). O mais importante é o equilíbrio nas declarações pontuais da pioneira adventista, que apresentam, nos eu conjunto, Jesus como incontaminado pelo pecado, ao mesmo tempo em que completamente identificado com as necessidades dos pecadores e capaz de lhes prover forças para vencer às tentações (p.101, 110).
A partir das diversas declarações de Ellen White reproduzidas no fim do livro, pode-se entender pelos menos alguns aspectos essenciais de sua compreensão cristológica: a) Jesus era verdadeiro homem e verdadeiro Deus; b) Ao encarnar, Ele assumiu as fraquezas humanas da humanidade, em termo de debilidades, limitações, mas nunca no que tange à natureza moral; c) justamente por assumir a fragilidade humana, Jesus estava em desvantagem com relação a Adão antes da Queda (embora ambos tivessem uma natureza espiritual, não-propensa ao pecado); d) sendo a constituição moral de Jesus superior à nossa, ele foi proporcionalmente tentado em maior grau; e) vencendo a tentação, Jesus partilha de Sua vitória com todos aqueles que O recebem pela fé, de maneira que triunfem sobre a tentação pelos méritos dEle; f) mesmo o nosso serviço abnegado e mais elevado será aceito por Deus somente mediante os méritos purificadores do Senhor Jesus administrados por Sua intercessão no Santuário Celeste; g) enquanto aguardamos o retorno de Jesus, permaneceremos com a natureza pecaminosa e suscetível à queda; apenas na glorificação seremos semelhantes a Jesus (1 Jo 3:1-2).
O trabalho exaustivo de Whidden oferece ao leitor, mesmo aquele que não possui treino teológico, uma via de acesso rápido à compreensão bíblica e do Espírito de Profecia sobre a pessoa e obra do Salvador Jesus. Embora gráficos comparativos pudessem ajudar na apresentação do material, destacando pontos importantes enfatizados por Ellen White, a ausência deles não desqualifica o trabalho do autor. Dificilmente, o leitor que chegue ao final de suas 200 páginas poderia, sinceramente, ter outra compreensão cristológica senão aquela endossada por Whidden.
Leia também: Perfeccionismo Histórico
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O risco de um cristianismo pós-moderno: o caso de Leonardo Boff
Postado por douglas reis às 20:54 0 comentários
VENCER POR CAUSA DELE
A controvérsia sobre que tipo de natureza humana Jesus assumiu em Sua encarnação assume um caráter prático, refletido na vivência cristã. Se aceitarmos que Ele possuía uma natureza humana como a nossa, se Ele foi essencialmente como nós, podemos ser como Ele, obtendo perfeição absoluta. Contra esta tendência, relacionada com os termos pós-lapsarianismo (conceito de que Jesus veio com a natureza pecaminosa) e perfeccionismo (afirmação de que podemos ser perfeitos nesta vida), o Pr. Amin Rodor ergue sua voz. No artigo Cristo e os cristãos (revista Parousia, revista do Seminário Adventista Latino-americano de Teologia - Sede Brasil - Sul; 2008, ano 7 - nº 1, p. 45-73) , Rodor trata da questão, baseando sua argumentação no ensino bíblico e nas declarações de E. G. White.
O tom do artigo, publicado na revista Parusia, é apologético, às vezes sendo incisivo e mesmo duro com aqueles que, por ignorância ou desonestidade, torcem a palavra de Deus, fazendo com que ela apóie suas conclusões precárias. Ainda assim, o texto de Rodor possui suficiente abrangência para clarear o que os perfeccionistas soem confundir.
De início, o professor Rodor estabelece que a “1) extensão de sua [de Jesus] identificação conosco foi determinada por quem Ele era, e 2) A extensão de sua identificação como foi também determinada por sua missão como Salvador da humanidade.” (p. 51).
De forma reincidente, o artigo trata Jesus como um conosco, não um de nós. Mais à frente, Rodor afirma: “Qualquer leitura responsável de Ellen White não deixaria passar despercebido o seu cuidado em tornar claro, além da dúvida razoável, que Cristo não participou da corrupção do homem, de suas paixões ou propensões malignas, do orgulho humano, inveja, rivalidade, egoísmo ou qualquer inclinação para o mal. Para ela, mesmo entre Cristo e os cristãos existe uma imensurável distância.” p. 60.
A despeito do que afirmaram pioneiros, como A. T. Jones e E. J. Waggoner, e eminentes denominacionais, entre os quais M. L. Andreasen, defensores do pós-lapsarianismo, Rodor esclarece que nosso compromisso maior se dá com a Revelação (p. 65). Neste sentido, o artigo aborda a famosa carta a Baker, um dos momentos em que E. G. White mais claramente elucida que não podemos rebaixar o Salvador ao nível comum da humanidade.
De fato, os autores e ministérios independentes que se apóiam em declarações de Jones e Waggoner, chegam a defender sua apostasia, além de procurar veicular a chancela de Ellen White a estes autores. Infelizmente, além da idolatria aos pioneiros apostatados, a falta de critério em analisar todas as declarações de White em conjunto pesa contra a integridade da proposta de tais advogados do pós-lapsarianismo.
Em vista disso, só podemos agradecer a Deus que nos enviou um Salvador perfeito, incomparável, como gosta de frisar Rodor. Seu artigo, além de documentar a concepção de Ellen White, em flagrante contraste com a daqueles que entendem que Jesus possuísse uma natureza pecaminosa, nos incentiva a perseguir a verdadeira compreensão – aquela que nasce do entendimento de nossa pecaminosidade e da certeza de que mediante Jesus, o segundo Adão, podemos vencer, não como Ele venceu, mas porque Ele venceu.
O tom do artigo, publicado na revista Parusia, é apologético, às vezes sendo incisivo e mesmo duro com aqueles que, por ignorância ou desonestidade, torcem a palavra de Deus, fazendo com que ela apóie suas conclusões precárias. Ainda assim, o texto de Rodor possui suficiente abrangência para clarear o que os perfeccionistas soem confundir.
De início, o professor Rodor estabelece que a “1) extensão de sua [de Jesus] identificação conosco foi determinada por quem Ele era, e 2) A extensão de sua identificação como foi também determinada por sua missão como Salvador da humanidade.” (p. 51).
De forma reincidente, o artigo trata Jesus como um conosco, não um de nós. Mais à frente, Rodor afirma: “Qualquer leitura responsável de Ellen White não deixaria passar despercebido o seu cuidado em tornar claro, além da dúvida razoável, que Cristo não participou da corrupção do homem, de suas paixões ou propensões malignas, do orgulho humano, inveja, rivalidade, egoísmo ou qualquer inclinação para o mal. Para ela, mesmo entre Cristo e os cristãos existe uma imensurável distância.” p. 60.
A despeito do que afirmaram pioneiros, como A. T. Jones e E. J. Waggoner, e eminentes denominacionais, entre os quais M. L. Andreasen, defensores do pós-lapsarianismo, Rodor esclarece que nosso compromisso maior se dá com a Revelação (p. 65). Neste sentido, o artigo aborda a famosa carta a Baker, um dos momentos em que E. G. White mais claramente elucida que não podemos rebaixar o Salvador ao nível comum da humanidade.
De fato, os autores e ministérios independentes que se apóiam em declarações de Jones e Waggoner, chegam a defender sua apostasia, além de procurar veicular a chancela de Ellen White a estes autores. Infelizmente, além da idolatria aos pioneiros apostatados, a falta de critério em analisar todas as declarações de White em conjunto pesa contra a integridade da proposta de tais advogados do pós-lapsarianismo.
Em vista disso, só podemos agradecer a Deus que nos enviou um Salvador perfeito, incomparável, como gosta de frisar Rodor. Seu artigo, além de documentar a concepção de Ellen White, em flagrante contraste com a daqueles que entendem que Jesus possuísse uma natureza pecaminosa, nos incentiva a perseguir a verdadeira compreensão – aquela que nasce do entendimento de nossa pecaminosidade e da certeza de que mediante Jesus, o segundo Adão, podemos vencer, não como Ele venceu, mas porque Ele venceu.
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Inscrição : 08/05/2010
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