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A história da bactéria GFAJ-1 contaminou a Nasa e a revista Science
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26022011
A história da bactéria GFAJ-1 contaminou a Nasa e a revista Science
Legado incômodo ou tendência ideológica a ser sempre desmascarada?
DE OLHO NO CÉU
Legado incômodo
A história da bactéria GFAJ-1 contaminou a Nasa e a revista Science
Augusto Damineli
Edição Online - 16/02/2011
Embora o pico de popularidade deste assunto já tenha passado, o caso traz lições importantes sobre o relacionamento entre as instituições científicas e o grande público.
Em 2 de dezembro de 2010 a Nasa organizou uma conferência de imprensa para apresentar “uma descoberta astrobiológica que vai impactar a procura de vida fora da Terra”. Havia três dias, circulavam na internet especulações frenéticas de que a agência espacial americana teria descoberto algum tipo de vida em Reia, lua gelada de Saturno onde tinha encontrado recentemente uma finíssima atmosfera de oxigênio e dióxido de carbono. Cercado de sigilo, o anúncio oficial atraiu a atenção mundial, mas seu ponto central não se referiu ao satélite do planeta gasoso. O foco da notícia estava ligado à revista Science que acabara de colocar em seu site o paper (artigo científico) “Uma bactéria que cresce usando arsênio no lugar do fósforo”, assinado por Felisa Wolfe-Simon e outros colaboradores da Nasa. [NOTA DO BLOGGER: Papers (artigos científicos) são publicados porque foram aprovados por revisores científicos]
Na conferência de imprensa pouco foi discutido sobre o resultado em si do estudo, que nada tinha a ver com a possibilidade de vida fora da Terra – até porque a abundância cósmica do arsênio é mil vezes menor que a do fósforo. A bactéria GFAJ-1 não constitui um tipo diferente de vida, como alardeado no press release da Nasa. Ela é apenas um exemplar de extremófilo, da família das Halomonadaceae, que pode ser encontrada no Mono Lake, na Califórnia. Ao colocar a bactéria numa cultura em laboratório, os cientistas da Nasa foram reduzindo a concentração de fósforo em relação à do arsênio até níveis “bastante baixos”, sem especificar um valor para isso. A GFAJ-1 continuou a se reproduzir, embora mais lentamente, e morreu quando a concentração de arsênio e fósforo foi zerada.
A reação do público diante do estrondoso anúncio ficou dividida. Houve quem considerasse que qualquer avanço da ciência para entender os limites da vida valia a pena e quem se decepcionou com a falta de ligação inteligível entre o resultado divulgado e a astrobiologia. A reação mais forte, entretanto, veio da parte de pesquisadores da área de DNA e microbiologia. Alguns desses estudiosos haviam escrito em 2007 um report para a Academia de Ciências dos Estados Unidos sobre pesquisa de vida extraterrestre, incluindo a questão da biologia baseada em arsênio. As críticas desses cientistas, quase unânimes, apontavam descuidos primários no manuseio do DNA, feito por uma equipe da Nasa que, na verdade, é de geofísicos. A única coisa certa do trabalho é que se descobriu uma bactéria que pode viver em baixas concentrações de fósforo, o que é interessante, mas não é novidade. O paper na Science deveria informar qual o valor da concentração de fósforo, dado que no mar de Sargaços vivem diversos microrganismos em concentrações de fósforo 300 vezes menores que nas culturas de laboratório.
Bactéria encontrada no lago Mono - Science
“Esse paper nunca deveria ter sido publicado”, diz Shelley Copley, da Universidade do Colorado. “Ao que parece, o arsênio que eles estão vendo é uma contaminação do meio de cultura”, diz Rosie Redfield da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.
[NOTA DESTE BLOGGER: Daminelli deixou de fora (???) os links da cientista que criticou severamente antes de todos, e não mencionou que foi o primeiro artigo postado no blog da cientista que chamou a atenção de outros cientistas e leigos sobre a fragilidade da pesquisa. Os links estão aqui e aqui]
Segundo ela, a descontaminação poderia ter sido feita de modo simples: “Com um pequeno kit que custa US$ 2, em 10 minutos você obtém DNA puro. É como se eles quisessem tanto encontrar arsênio que não fizeram muito esforço para estarem certos de que não o teriam encontrado por erro”. Essa é uma lição de casa que um simples estudante de doutorado deve fazer: procurar dados não só que corroborem suas expectativas, mas também elaborar testes que teriam a capacidade de refutá-las. “Eu suspeito que a Nasa estava tão desesperada para uma reportagem positiva que nem pediu conselho sério a pesquisadores das áreas de DNA e microbiologia”, diz John-Roth, da Universidade da Califórnia em Davis. Se essas e diversas outras criticas estiverem corretas, o assunto deve ser resolvido em pouco tempo, quando outros laboratórios tiverem repetido o experimento.
...
Leia mais aqui: Pesquisa FAPESP Online
+++++
NOTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:
O que dizer então de outros papers que a Grande Mídia promove com estardalhaço como corroborando o fato, Fato, FATO da evolução e que, considerados cum grano salis, revelam a mesma insuficiência corroboradora no contexto de justificação teórica???
Daminelli, parabéns, mas nós precisamos de mais artigos assim. A ciência qua ciência agradece, afinal de contas a ciência é a busca pela verdade (mesmo que transitória) e os cientistas seguem as evidências aonde elas forem dar, e não o que a agenda ideológica do materialismo filosófico (que sequestrou o naturalismo metodológico e posa como se fosse ciência) quer que seja a resposta final sobre a questão da origem e evolução da vida.
DE OLHO NO CÉU
Legado incômodo
A história da bactéria GFAJ-1 contaminou a Nasa e a revista Science
Augusto Damineli
Edição Online - 16/02/2011
Embora o pico de popularidade deste assunto já tenha passado, o caso traz lições importantes sobre o relacionamento entre as instituições científicas e o grande público.
Em 2 de dezembro de 2010 a Nasa organizou uma conferência de imprensa para apresentar “uma descoberta astrobiológica que vai impactar a procura de vida fora da Terra”. Havia três dias, circulavam na internet especulações frenéticas de que a agência espacial americana teria descoberto algum tipo de vida em Reia, lua gelada de Saturno onde tinha encontrado recentemente uma finíssima atmosfera de oxigênio e dióxido de carbono. Cercado de sigilo, o anúncio oficial atraiu a atenção mundial, mas seu ponto central não se referiu ao satélite do planeta gasoso. O foco da notícia estava ligado à revista Science que acabara de colocar em seu site o paper (artigo científico) “Uma bactéria que cresce usando arsênio no lugar do fósforo”, assinado por Felisa Wolfe-Simon e outros colaboradores da Nasa. [NOTA DO BLOGGER: Papers (artigos científicos) são publicados porque foram aprovados por revisores científicos]
Na conferência de imprensa pouco foi discutido sobre o resultado em si do estudo, que nada tinha a ver com a possibilidade de vida fora da Terra – até porque a abundância cósmica do arsênio é mil vezes menor que a do fósforo. A bactéria GFAJ-1 não constitui um tipo diferente de vida, como alardeado no press release da Nasa. Ela é apenas um exemplar de extremófilo, da família das Halomonadaceae, que pode ser encontrada no Mono Lake, na Califórnia. Ao colocar a bactéria numa cultura em laboratório, os cientistas da Nasa foram reduzindo a concentração de fósforo em relação à do arsênio até níveis “bastante baixos”, sem especificar um valor para isso. A GFAJ-1 continuou a se reproduzir, embora mais lentamente, e morreu quando a concentração de arsênio e fósforo foi zerada.
A reação do público diante do estrondoso anúncio ficou dividida. Houve quem considerasse que qualquer avanço da ciência para entender os limites da vida valia a pena e quem se decepcionou com a falta de ligação inteligível entre o resultado divulgado e a astrobiologia. A reação mais forte, entretanto, veio da parte de pesquisadores da área de DNA e microbiologia. Alguns desses estudiosos haviam escrito em 2007 um report para a Academia de Ciências dos Estados Unidos sobre pesquisa de vida extraterrestre, incluindo a questão da biologia baseada em arsênio. As críticas desses cientistas, quase unânimes, apontavam descuidos primários no manuseio do DNA, feito por uma equipe da Nasa que, na verdade, é de geofísicos. A única coisa certa do trabalho é que se descobriu uma bactéria que pode viver em baixas concentrações de fósforo, o que é interessante, mas não é novidade. O paper na Science deveria informar qual o valor da concentração de fósforo, dado que no mar de Sargaços vivem diversos microrganismos em concentrações de fósforo 300 vezes menores que nas culturas de laboratório.
Bactéria encontrada no lago Mono - Science
“Esse paper nunca deveria ter sido publicado”, diz Shelley Copley, da Universidade do Colorado. “Ao que parece, o arsênio que eles estão vendo é uma contaminação do meio de cultura”, diz Rosie Redfield da Universidade da Colúmbia Britânica, no Canadá.
[NOTA DESTE BLOGGER: Daminelli deixou de fora (???) os links da cientista que criticou severamente antes de todos, e não mencionou que foi o primeiro artigo postado no blog da cientista que chamou a atenção de outros cientistas e leigos sobre a fragilidade da pesquisa. Os links estão aqui e aqui]
Segundo ela, a descontaminação poderia ter sido feita de modo simples: “Com um pequeno kit que custa US$ 2, em 10 minutos você obtém DNA puro. É como se eles quisessem tanto encontrar arsênio que não fizeram muito esforço para estarem certos de que não o teriam encontrado por erro”. Essa é uma lição de casa que um simples estudante de doutorado deve fazer: procurar dados não só que corroborem suas expectativas, mas também elaborar testes que teriam a capacidade de refutá-las. “Eu suspeito que a Nasa estava tão desesperada para uma reportagem positiva que nem pediu conselho sério a pesquisadores das áreas de DNA e microbiologia”, diz John-Roth, da Universidade da Califórnia em Davis. Se essas e diversas outras criticas estiverem corretas, o assunto deve ser resolvido em pouco tempo, quando outros laboratórios tiverem repetido o experimento.
...
Leia mais aqui: Pesquisa FAPESP Online
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NOTA CAUSTICANTE DESTE BLOGGER:
O que dizer então de outros papers que a Grande Mídia promove com estardalhaço como corroborando o fato, Fato, FATO da evolução e que, considerados cum grano salis, revelam a mesma insuficiência corroboradora no contexto de justificação teórica???
Daminelli, parabéns, mas nós precisamos de mais artigos assim. A ciência qua ciência agradece, afinal de contas a ciência é a busca pela verdade (mesmo que transitória) e os cientistas seguem as evidências aonde elas forem dar, e não o que a agenda ideológica do materialismo filosófico (que sequestrou o naturalismo metodológico e posa como se fosse ciência) quer que seja a resposta final sobre a questão da origem e evolução da vida.
Eduardo- Mensagens : 5997
Idade : 54
Inscrição : 08/05/2010
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