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Hopkins falou sobre sua transformação de ateu renitente a crente modesto

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Hopkins falou sobre sua transformação de ateu renitente a crente modesto Empty Hopkins falou sobre sua transformação de ateu renitente a crente modesto




Anthony Hopkins, ator americano conhecido pelo seu desempenho como o assassino canibal Hannibal Lecter, esteve no programa de Piers Morgan, da CNN, para falar sobre sua carreira e sobre o dia em que decidiu acreditar em Deus.



Em um determinado momento do programa a apresentadora perguntou, “Você acredita em Deus?” E Hopkins respondeu: “Sim, eu creio. Eu creio”. O ator explicou que cerca de 35 anos atrás, ele sentiu a necessidade de Deus, enquanto estava passando por uma crise e orava a Ele mesmo que nessa época se considerasse ateu.

Hopkins disse que naquela época vivia em Nova York, e tinha um problema com a bebida que era tão grande que quase se sentia como se estivesse possuído. “Era como estar possuído por um demônio, um vício, e eu não conseguia parar. E milhões de pessoas ao redor desse jeito. Eu não conseguia parar”.

Desesperado, ele pediu ajuda a uma mulher que disse a ele que apenas confiasse em Deus. “E eu disse, bem, por que não? E foi um salto quântico a partir daquele momento.”
O último papel interpretado por Anthony Hopkins foi uma padre exorcista no filme “O Rito”. Na entrevista ele revelou que estava nervoso sobre aceitar o papel que mais uma vez descreveu-o como um “esquisito”. Ele disse: “Eu olhei o roteiro e eu pensei que eu não queria fazer outro estranho, porque eu não sou. – não estava completamente convencido”.
"Todos nós sentimos um certo facínio pelo tema", diz Anthony Hopkins sobre "O Ritual"

O decano galês, vencedor do Oscar por "O Silêncio dos Inocentes" e indicado outras três vezes - todas nos anos 90 - conversou com o UOL Cinema sobre voltar a fazer um papel em um filme tão assustador quanto o de seu clássico Hannibal Lecter. Um veterano exorcista em Roma, Padre Lucas treina Michael no ofício do exorcismo, um trabalho que o aproxima de forças poderosas.
Na conversa com o UOL Cinema, Hopkins falou sobre seus demônios, sua transformação de ateu renitente a crente modesto e de sua paixão pelo trabalho.
UOL Cinema: O senhor crê no diabo?
Anthony Hopkins: Huum...tudo o que sei é que pouco sei. Gostei do roteiro e li muito para construir o personagem.
UOL Cinema: Livros que tratam do tema do exorcismo?
Anthony Hopkins: Não. "A Origem das Espécies", de Darwin, muito C.S.Lewis, algum Graham Greene, e outros clássicos, com o puro objetivo de ocupar minha mente e me fazer parecer inteligente, tanto filmando quando conversando com você. C.S. Lewis, por exemplo, disse uma vez que você está em risco quando passa a não acreditar no mal. Não posso dizer que acredito na versão antropomórfica do demônio, mas, de novo, só digo que pouco sei. As pessoas se confundem e acham que podem sair por aí falando com profundidade de tópicos profundos apenas porque fizeram um filme relacionado ao tal tema...
UOL Cinema: O senhor não...
Anthony Hopkins: É que eles parecem que estão dando conselho para a Casa Branca, como governar o mundo. Quem disse que você pode falar sobre isso, meu filho? Einstein disse que não acreditava em Deus, mas certamente na maravilha matemática, na inteligência que criou o Cosmos. Eu fui ateu em um momento da minha vida...
UOL Cinema: Mas não é mais?
Anthony Hopkins: Hoje acredito que há algo muito maior do que eu guiando minha vida. Que minha vida não é gerida apenas por mim mesmo. Qual o sentido de estarmos aqui, agora? A questão eterna, que ninguém responde. Fui criado por um ateu, meu pai era socialista.
UOL Cinema: E o que aconteceu para você mudar tanto?
Anthony Hopkins: Não quero entrar em detalhes da minha vida pessoal, mas entrei em uma crise e um belo dia, um belo momento, voltei-me para algo muito maior do que eu, do que meu ego, do que minhas certezas, que minhas tendências auto-destrutivas. Veja bem, todos nós flertamos com o caos, com coisas terríveis como o alcoolismo. Adoramos uma história de fantasmas, não é? Mas ali ou nos jogamos no inferno ou construímos uma ponte para algo melhor. Foi o que fiz. Vi por cima do abismo e parei. Mudei meu estilo de vida, confrontei a realidade e me senti livre. Tremendamente livre. Lembro que um momento crucial foi quando meu pai estava muito mal, no hospital, nossa lá se vão 30 anos...
UOL Cinema: E o que aconteceu?
Anthony Hopkins: Ele estava já bem fraco, sentado em uma cadeira, sofrendo muito, com dores, e me disse, sério: “Não sei por que meu bom Deus decidiu que eu teria de passar por isso”. Pensei, imediatamente, que aquilo era algo importante. Ele foi ateu a vida toda. De madrugada ele morreu e pensei que eu também não tinha mais tantas certezas assim sobre minha vida.
UOL Cinema: Quando o senhor fala em flertar com o mal, é assim que vê suas interpretações de personagens como o Hannibal e agora um sacerdote exorcista? Libertando os sentimentos negativos que tem dentro do senhor?
Anthony Hopkins: Não. Não trabalho deste modo. De modo algum. Só se eles me pagassem e muito bem para isso (risos). Não, sério, não brinco com estas coisas. É um filme, um jogo, é absurdo, nada para se levar tão à sério assim. Quando digo que todos flertamos com o mal é porque todos nós sentimos um certo fascínio pelo tema. Apenas isso.
UOL Cinema: Mas o senhor diria que este tipo de personagem o atrai?
Anthony Hopkins: Mas é justamente o contrário! (risos). Eles é que se atraem por mim. E se são bem escritos, eu os faço. Mas jamais os tratando como heróis. Hannibal não é um herói. O padre em "O Ritual" começa a ser dominado por algo estranho quando começa a se mostrar vaidoso na frente do noviço que chega em Roma em busca de respostas. Talvez ele tenha sido pego pela vaidade.
UOL Cinema: Quando pensamos em exorcismo, e em clássicos do cinema sobre o tema, como "O Exorcista", a reação natural é falar em cinema de horror, em ficção. Mas aqui o tratamento é mais realista, não?
Anthony Hopkins: Quando li o roteiro pela primeira vez, pensei: não quero fazer mais um personagem assustador. Mas vi que não era isso, que era baseado em uma história real, conversei com alguns dos padres exorcistas, vi como era o trabalho deles, vi que eles também tinham dúvidas, perguntei se eu poderia adicionar isso, a dúvida de quem tem fé. Então, meu personagem diz que todos os dias ele perde a fé, e volta a encontrá-la. Os padres que eu conheci não tinham certeza absoluta. Quando você tem certeza absoluta, vira um Torquemada, começa uma Inquisição, não é este o caso aqui.
UOL Cinema: O senhor, honestamente, não precisava mais fazer filmes, não é? Porque ainda continua tão ativo em Hollywood aos 73 anos?
Anthony Hopkins: Porque eu seria um tolo de recusar as ofertas que recebo. E porque o trabalho me mantém afastado das ruas e dos bares. Ainda sou forte e saudável, se não trabalhasse, enlouqueceria.

http://cinema.uol.com.br/ultnot/2011/02/13/todos-nos-sentimos-um-certo-facinio-pelo-tema-diz-anthony-hopkins-sobre-o-ritual.jhtm
Eduardo
Eduardo

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