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Ateu: A Minha Moralidade É Tão Perfeita Que Todos Deveriam Ter Uma Igual





“Só São de Confiança Aqueles Que Concordam Comigo”


O ateu evolucionista Ludwig Krippahl fez um post em jeito de refutação ao artigo que o Júlio Severo tinha traduzido (reproduzido por mim aqui).

Após ler o que o Ludwig escreveu, podemos colocar as suas respostas em 4 grupos:

1. Só as fontes que estão de acordo com o Ludwig são “independentes” e fiáveis2. Descontextualização do sentido original
3. Conceber conceitos morais absolutos sem mostrar fundamento que os tornam absolutos
4. Assumir o que tem que se provar.

Só as fontes que estão de acordo com o Ludwig são “independentes” e fiáveis.

No artigo original estão citados estudos feitos por grupos de pediatras pertencentes à ACP (American College of Pediatricians). Para além disto, o Ludwig diz ainda que o “estudo” é “um inquérito organizado pela University of Notre Dame, uma universidade católica da Congregação da Santa Cruz , e financiado pela Lilly Endowment, uma fundação privada de apoio a iniciativas religiosas“. Disto o Ludwig infere que este estudo “é pouco independente“.


Aparentemente para o Ludwig, o facto de haver católicos e outros cristãos a promover o castigo corporal entre as idades compreendidas entre 0s 2 e os 6 anos é o suficiente para desqualificar as conclusões científicas dos pesquisadores.

Dada essa situação, o Ludwig procurou “fontes” que estejam de acordo com a ética que ele construiu para si mesmo. E encontrou: Guidance for Effective Discipline. Esta, sim, já é uma organização que agrada ao Ludwig.

O Ludwig não apontou nenhum erro no estudo promovido pela ACP , mas desqualificou-o ideologicamente por não estar de acordo com o que ele acredita. Assim é mais fácil, pelos vistos.

Isto é análogo a alguém dizer que o Figo, e não o Eusébio, foi o melhor jogador português de sempre pelo simples facto de ele ter sido lançado para o futebol pelas escolas do Sporting, enquanto que outros ao mesmo nível não foram. Desqualifico todos os outros jogadores, não devido a insuficiências técnicas ou falta de talento, mas sim porque o Figo, e só ele, está de acordo com o critério que eu arbitrariamente construí.

O mesmo de passa com a recolha de dados ideologicamente selectiva do ateu Ludwig. Ele não disse quais foram os erros feitos pelos pesquisadores da ACP, mas decidiu que os seus estudos não são válidos dentro da visão da mundo que o Ludwig subscreve. O que podemos retirar da resposta do Ludwig é que ele não tem nada a apontar aos métodos usados para se chegar às estatísticas enumeradas pelos pediatras da ACP. Simplesmente, o que ele não gosta são das conclusões tão pró-teísmo.

O próprio Daily Mail, fonte longe de ser amiga da verdade Bíblica, expôs o artigo donde surgiu a tradução do Júlio Severo. Será que o Daily Mail é “independente” o suficiente para o Ludwig? Não sabemos. O que sabemos é o seguinte:

O estudo, conduzido sob o patrocínio do Estudo dos Perfis da Vida Americana (EPVA) {http://pals.nd.edu/} e feito pela Dra. Marjorie Gunnoe, professora de psicologia na Faculdade Calvin em Grand Rapids, Michigan, revelou que há falta de evidências provando que uma surra prejudica as crianças, e que o uso sensato da surra como consequência normal para a má conduta é benéfico para as crianças.

Descontextualização do sentido original.

No seu artigo o Ludwig diz:


Ensinar crianças à pancada é uma asneira pior.
Mas quem é que disse que se deve “ensinar crianças à pancada”? O Ludwig pelos vistos não leu o artigo original que diz:

O Conselho Americano de Pediatria (CAP) declara que uma surra disciplinar aplicada pelos pais pode ser eficaz quando utilizada de forma apropriada. “É claro que os pais não deveriam se apoiar exclusivamente na surra disciplinar para controlar a conduta de seus filhos”, diz a declaração de posição da organização.
O texto claramente diz que o uso de punição corporal faz parte do grupo de métodos para se disciplinar as crianças (dos 2 aos 6 anos), e não é o que o Ludwig chama de “ensinar crianças à pancada”.


Porque é que o Ludwig não citou as palavras exactas ou contextualizadas do estudo da Drª Marjorie Gunnoe, professora de psicologia na Faculdade Calvin em Grand Rapids, Michigan?
Conceber conceitos morais absolutos sem mostrar fundamento que os tornam absolutos.

O Ludwig afirma:


Se a ensinarmos com empatia e diálogo a criança desenvolve valores éticos.
O Ludwig não diz quais são os “valores éticos” que ele tem em mente, mas, a levar pelo que o ponto 1) mostra, devem ser “valores éticos” que estão de acordo com o seu ateísmo. O problema claro está é que o que o Ludwig classifica de “valores éticos” é tão válido como quem os classifica de valores não-éticos. Isto deve-se ao facto do ateísmo negar a existência de Deus e desde logo abrir a porta ao relativismo moral.


Se Deus não existe, todos os “valores éticos” tem o mesmo valor. Porquê? Porque não há um Ponto de Referência Absoluto para a moralidade. Há pessoas que amam o seu próximo, e há pessoas que comem o seu próximo. Dentro da religião ateísta ambos os comportamentos são eticamente válidos visto que não há forma absoluta para se classificar um de “mau” e outro de “bom”.

Se ensinamos as crianças com paciência, amor e diálogo elas tornam-se autónomas, capazes de perceber por si a diferença entre o bem e o mal.
Mas quem é que classifica o que é o “bem” e o “mal”? O ateu? O cristão? Nenhum? Não foi oferecido nenhum fundamento para a distinção (em termos absolutos) do bem e do mal.


Portanto, o Ludwig não só não mostra fundamento absoluto para o que ele chama de “ético”, como assume que o que ele arbitrariamente qualifica de “ético” (ou o “bem”) se aplica a outras pessoas, incluindo pessoas que não partilham da sua religião.
Assumir o que tem que se provar.

O Ludwig diz ainda que


Quem pensa por si corre o risco de ficar ateu.
O Ludwig não mostra a relação entre “pensar por si” e “ficar ateu“. O Ludwig não diz o que é “pensar por si“, mas deve ser algo do tipo: “pensar da forma que os ateus pensam“. Eu sei que isto deve ser assim porque para o Ludwig a forma “certa” de pensar produz ateus, portanto, se alguém se tornou ateu, é porque “pensou por si”.


Se, por outro lado, alguém abandonou a religião ateísta, e começou a pensar em coisas “ridículas” como a Lei da Biogénese (na natureza a vida só pode provir de vida, o que levanta a questão sobre quem – ou Quem – criou a primeira forma de vida), ou na Primeira Lei da Termodinâmica (na natureza a matéria/energia não pode ser destruída, o que leva-nos a inferir que a matéria teve uma Origem que vai para além da natureza, isto é, “Sobrenatural”) então sofreu uma lavagem cerebral.

Isto é assim porque os ateus dizem que é assim, portanto deve estar certo.
Conclusão:

O texto do Ludwig leva-me a crer que o mesmo foi mais para consumo interno do que para um verdadeiro esclarecimento dos benefícios ou supostos malefícios do castigo corporal. As evidências científicas, por outro lado, “falam por si”:


A professora Gunnoe entrevistou 2.600 adolescentes, fazendo-lhes perguntas sobre surras. Ela constatou que quando as respostas dos participantes foram comparadas com sua conduta, tais como sucesso académico, optimismo sobre o futuro, conduta anti-social, violência, ataques de depressão, aqueles que haviam sido fisicamente disciplinados entre as idades de dois e seis tiveram o melhor desempenho em todas as medidas positivas.
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