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27042011

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Biólogo de Harvard quer alterar teoria da evolução  Empty Biólogo de Harvard quer alterar teoria da evolução




Biólogo de Harvard quer alterar teoria da evolução  Edward_Wilson


Biólogo de Harvard quer alterar teoria da evolução



Em uma tarde recente, o ilustre biólogo de Harvard, Edward O. Wilson, estava em casa falando ao telefone sobre os golpes que vêm recebendo da comunidade científica e parafraseando Arthur Schopenhauer para explicar a indignação de seus colegas. “Todas as novas ideias passam por três fases”, dizia Wilson, com um certo tom de menino travesso. “Elas primeiro são ridicularizadas ou ignoradas. Depois, são tratadas com indignação. Finalmente, elas são encaradas como óbvias desde o princípio. Wilson tem 81 anos, idade em que poderia ser perdoado por se isolar numa fazenda e escrever livros populares sobre ciência. No ano passado ele tentou escrever ficção, publicando um livro sobre formigas – sua especialidade científica – e até conseguiu emplacar um conto no The New Yorker. Mas ele também tem defendido uma ideia científica perturbadora, que, segundo o próprio Wilson, está na fase dois da progressão de Schopenhauer: a indignação.

O que Wilson está tentando fazer no fim de uma influente carreira é nada menos que derrubar um elemento central da teoria da evolução: a origem do altruísmo. Sua posição está provocando críticas ferozes de outros cientistas. No mês passado, a revista Nature publicou cinco cartas de renomados cientistas dizendo que Wilson não entendeu a teoria da evolução e não sabe do que está falando. Uma dessas cartas continha as assinaturas de 137 cientistas, incluindo dois colegas de Wilson em Harvard.

O novo argumento de Wilson equivale a um ataque frontal às ideias aceitas há anos sobre um dos grandes mistérios da evolução: por que uma criatura ajudaria outra às próprias custas? A seleção natural significa que os mais aptos passam seus genes para a próxima geração, e cada organismo parece ter um incentivo enorme para sobreviver e se reproduzir. No entanto, estranhamente, o autossacrifício existe no mundo natural, mesmo quando ele parece colocar organismos individuais em uma desvantagem evolutiva: o esquilo que emite um som agudo para alertar outros esquilos sobre a presença de um predador está se colocando em risco. Como poderiam persistir, ao longo dos tempos, genes que levam a tais comportamentos? É uma questão que atormentava até mesmo Charles Darwin, que considerava o altruísmo um sério desafio à sua teoria da evolução.

O enigma do altruísmo é mais do que uma simples curiosidade técnica para os teóricos da evolução. Equivale a uma investigação de alto risco sobre a natureza do bem. Ao identificar os mecanismos através dos quais o altruísmo e outros comportamentos sociais avançados evoluíram em todos os tipos de seres vivos – como formigas, vespas, cupins e ratos-toupeira – estamos aumentando a nossa compreensão da raça humana e os processos evolutivos que nos ajudaram a desenvolver a capacidade de colaboração, lealdade, e até mesmo moralidade. Talvez seja esta a razão pela qual o debate um tanto esotérico entre Wilson e seus críticos tenha se tornado tão aquecido.

A explicação para o altruísmo se fundamenta na “teoria da seleção por parentesco”. De acordo com essa teoria, um organismo que busca passar seus genes para as gerações futuras pode fazê-lo indiretamente, ajudando um parente a sobreviver e procriar. Irmãos, por exemplo, compartilham aproximadamente metade de seus genes. E assim, pela lógica desapaixonada da evolução, ajudando um irmão a reproduzir é quase tão bom quanto reproduzir por si próprio. Assim, atuando de forma altruísta com alguém com quem você compartilha material genético não constitui autossacrifício: é apenas uma maneira diferente de promover seus próprios interesses. Wilson foi um dos pais da teoria da seleção por parentesco, mas agora, 40 anos depois, ele está implorando a seus colegas para que a desconsiderem. “A seleção por parentesco está errada”, declara Wilson. “É isso. Está errada.”

Na década de 1970, Wilson transformou a teoria da seleção por parentesco na base do seu trabalho na área da sociobiologia, um campo em que foi pioneiro e que cimentou o seu status como um dos gênios da ciência moderna. Mas ao longo das décadas, Wilson se deparou com evidências que o fizeram duvidar da relação entre parentesco genético e altruísmo. Os investigadores estavam encontrando espécies de insetos que compartilhavam um monte de material genético entre si, mas que não se comportavam de forma altruísta, e outras espécies que tinham muito pouco material genético em comum, mas que agiam de maneira altruísta. “Nada do que foi observado se encaixava na teoria da seleção por parentesco”, disse Wilson. “Eu sabia que algo estava errado.”

Em 2004, Wilson sugeriu uma teoria alternativa, defendendo que a origem do altruísmo e do trabalho em equipe não tem nada a ver com o grau de parentesco entre indivíduos. A chave, disse Wilson, está no próprio grupo. Em determinadas circunstâncias, os grupos de indivíduos que colaboram podem competir com grupos que não colaboram, garantindo assim que seus genes – incluindo os que predispõem à cooperação – sejam passados para as gerações futuras. Esta seleção por grupo, Wilson insiste, é o que forma a base evolucionária para uma variedade de comportamentos sociais avançados como o altruísmo e o trabalho em equipe.

Wilson não está argumentando que os membros de certas espécies não se sacrificam em benefício de seus parentes. Eles o fazem. Mas ele acredita que parentesco não é essencial para o desenvolvimento de avançados comportamentos sociais como o altruísmo. Para ele, a razão de tais comportamentos é que eles são vantajosos em nível do grupo. O fato de que organismos socialmente avançados acabam favorecendo seus parentes é um subproduto da participação em um determinado grupo, não a causa, diz Wilson.

(Opinião e Notícia)

Nota: Essa história me fez lembrar Antony Flew, considerado o maior filósofo ateu do século 20 e que se converteu ao teísmo, no fim da vida. Por negar ideias tão caras aos ateus empedernidos, Flew foi acusado de senilidade e de sofrer manipulação, num típico e rasteiro argumento do tipo ad hominem – não consegue atacar as ideias, ataque a pessoa. Edward O. Wilson está quase passando por isso (por enquanto, ainda não o chamaram de senil...). Um cientista não pode perceber e divulgar as inconsistências de sua pesquisa/teoria? Nota dez para Wilson por sua coragem. Seus colegas darwinistas é que, insatisfeitos por perder o maior defensor de uma ideia que lhes agrada, estão agitados. Schopenhauer e Thomas Kuhn neles! Que abram a mente para as revoluções científicas. Embora reconheça a coragem e a honestidade de Wilson, continuo achando que o darwinismo não fornece resposta satisfatória para a origem do altruísmo e da moralidade. Wilson e seus pares continuam querendo salvar a teoria das evidências.[MB]

Edward O. Wilson, um evolucionista honesto, seguiu as evidências aonde elas foram dar: minha teoria evolucionária está errada


Quarta-feira, Abril 27, 2011


DARWIN QUE SE CUIDE


Biólogo de Harvard quer alterar a teoria da evolução (de novo)


Edward O. Wilson está tentando derrubar um elemento central do processo evolutivo: a origem do altruísmo


26/04/2011


Em uma tarde recente, o ilustre biólogo de Harvard, Edward O. Wilson, estava em casa falando ao telefone sobre os golpes que vêm recebendo da comunidade científica e parafraseando Arthur Schopenhauer para explicar a indignação de seus colegas. “Todas as novas ideias passam por três fases”, dizia Wilson, com um certo tom de menino travesso. “Elas primeiro são ridicularizadas ou ignoradas. Depois, são tratadas com indignação. Finalmente, elas se tornam óbvias desde o princípio.


Wilson tem 81 anos, idade em que poderia ser perdoado por se isolar numa fazenda e escrever livros populares sobre ciência. No ano passado ele tentou escrever ficção, publicando um livro sobre formigas — sua especialidade científica — e até conseguiu emplacar um conto no The New Yorker. Mas ele também tem defendido uma ideia científica perturbadora, que, segundo o próprio Wilson, está na fase dois da progressão de Schopenhauer: a indignação.




Biólogo de Harvard quer alterar teoria da evolução  Edward+O.+Wilson+-+small


Wilson está realizando um ataque frontal às explicações sobre a origem do altruísmo


O que Wilson está tentando fazer no final de uma influente carreira é nada menos que derrubar um elemento central da teoria da evolução: a origem do altruísmo. Sua posição está provocando críticas ferozes de outros cientistas. No mês passado, a revista Nature publicou cinco cartas de renomados cientistas dizendo que Wilson não entendeu a teoria da evolução e não sabe do que está falando. Uma dessas cartas continha as assinaturas de 137 cientistas, incluindo dois colegas de Wilson em Harvard.


O novo argumento de Wilson equivale a um ataque frontal às ideias aceitas há anos sobre um dos grandes mistérios da evolução: por que uma criatura ajudaria outra às próprias custas? A seleção natural significa que os mais aptos passam seus genes para a próxima geração, e cada organismo parece ter um incentivo enorme para sobreviver e se reproduzir. No entanto, estranhamente, o autossacrifício existe no mundo natural, mesmo quando ele parece colocar organismos individuais em uma desvantagem evolutiva: o esquilo que emite um som agudo para alertar outros esquilos sobre a presença de um predador está se colocando em risco. Como poderiam persistir, ao longo dos tempos, genes que levam a tais comportamentos? É uma questão que atormentava até mesmo Charles Darwin, que considerava o altruísmo um sério desafio à sua teoria da evolução.


A natureza do bem


O enigma do altruísmo é mais do que uma simples curiosidade técnica para os teóricos da evolução. Equivale a uma investigação de alto risco sobre a natureza do bem. Ao identificar os mecanismos através dos quais o altruísmo e outros comportamentos sociais avançados evoluíram em todos os tipos de seres vivos — como formigas, vespas, cupins e ratos-toupeira – estamos aumentando a nossa compreensão da raça humana e os processos evolutivos que nos ajudaram a desenvolver a capacidade de colaboração, lealdade, e até mesmo moralidade. Talvez seja esta a razão pela qual o debate um tanto esotérico entre Wilson e seus críticos tenha se tornado tão aquecido.


Seleção por parentesco


A explicação para o altruísmo se fundamenta na “teoria da seleção por parentesco”. De acordo com essa teoria, um organismo que busca passar seus genes para as gerações futuras pode fazê-lo indiretamente, ajudando um parente a sobreviver e procriar. Irmãos, por exemplo, compartilham aproximadamente metade de seus genes. E assim, pela lógica desapaixonada da evolução, ajudando um irmão a reproduzir é quase tão bom quanto reproduzir por si próprio. Assim, atuando de forma altruísta com alguém com quem você compartilha material genético não constitui autossacrifício: é apenas uma maneira diferente de promover seus próprios interesses. Wilson foi um dos pais da teoria da seleção por parentesco, mas agora, 40 anos depois, ele está implorando seus colegas para que a desconsiderem.


“A seleção por parentesco está errada”, declara Wilson. “É isso. Está errada”.


Na década de ’70, Wilson transformou a teoria da seleção por parentesco na base do seu trabalho na área da sociobiologia, um campo em que foi pioneiro e que cimentou o seu status como um dos gênios da ciência moderna. Mas ao longo das décadas, Wilson se deparou com evidências que o fizeram duvidar da relação entre parentesco genético e altruísmo. Os investigadores estavam encontrando espécies de insetos, que compartilhavam um monte de material genético entre si, mas que não se comportavam de forma altruísta, e outras espécies que tinham muito pouco material genético em comum mas que agiam de maneira altruísta. “Nada do que foi observado se encaixava na teoria da seleção por parentesco”, disse Wilson. “Eu sabia que algo estava errado”.


Em 2004, Wilson sugeriu uma teoria alternativa, defendendo que a origem do altruísmo e do trabalho em equipe não tem nada a ver com o grau de parentesco entre indivíduos. A chave, disse Wilson, está no próprio grupo. Em determinadas circunstâncias, os grupos de indivíduos que colaboram podem competir com grupos que não colaboram, garantindo assim que seus genes — incluindo os que predispõem à cooperação – sejam passados para as gerações futuras. Esta seleção por grupo, Wilson insiste, é o que forma a base evolucionária para uma variedade de comportamentos sociais avançados como o altruísmo e o trabalho em equipe.


Wilson não está argumentando que os membros de certas espécies não se sacrificam em benefício de seus parentes. Eles o fazem. Mas ele acredita que parentesco não é essencial para o desenvolvimento de avançados comportamentos sociais como o altruísmo. Para ele, a razão de tais comportamentos é que eles são vantajosos a nível do grupo.


O fato de que organismos socialmente avançados acabam favorecendo seus parentes é um subproduto da participação em um determinado grupo, não a causa, diz Wilson.


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Fonte: Opinião e Notícia

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Muito corajoso e honesto este cientista evolucionista: seguiu as evidências aonde elas foram dar - o contexto de justificação teórica não corroborou a teoria de Wilson.


A teoria geral da evolução de Darwin (macroevolução) é corroborada no contexto de justificação teórica???
Eduardo
Eduardo

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