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O fogo eterno do inferno existe ?
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31012009
O fogo eterno do inferno existe ?
10 RAZÕES POR QUE NÃO HAVERÁ UM FOGO DO INFERNO ETERNAMENTE QUEIMANDO
1 - Porque a vida eterna é um dom de Deus (Rom. 6:23). Os ímpios não a possuem, ao contrário, “não verão a vida” (João 3:36); “todo assassino não tem a vida eterna permanente em si” (1 João 3:15).
Obs.: Paulo fala em Romanos 2:7 que os que obterão vida eterna são os que buscam a imortalidade, e não se vai em busca do que já se possui (“incorruptibilidade” em outras versões é “imortalidade”).
2 - Porque o tormento eterno iria perpetuar e imortalizar o pecado, sofrimento, dor e contradiz a revelação divina de que tais coisas não mais existirão sob as novas condições após a volta de Cristo (Apo. 2:14).
3 - Porque o universo teria para sempre um ponto negro, com bilhões de criaturas vivendo eternamente em torturas infinitas, tendo suas existências preservadas assim pelo próprio Deus em quem “vivemos, e nos movemos, e existimos” (Atos 17:28).
Obs.: A Bíblia informa que após Deus perseguir “com trevas” e consumir “de todo” os Seus inimigos, “não se levantará por duas vezes a angústia” (Naum 1:9).
4 - Porque a noção de um fogo inapagável, a arder eternamente, não condiz com o atributo de amor e justiça vistos como características do caráter divino, e postula o conceito de uma ira que nunca é consumada.
5 - Porque as Escrituras ensinam que a obra expiatória de Cristo é “aniquilar . . . o pecado” (Heb. 9:26), primeiro do indivíduo, e, por fim, de todo o universo. O resultado pleno do sacrifício de Cristo se verá não só num povo redimido, mas nesta Terra renovada (Efés. 1:14).
6 - Porque a Bíblia indica que somente os salvos terão corpos incorruptíveis (Fil. 3:20, 21 e 1 Cor. 15:35-55).
Obs.: Os crentes na tese do inferno eterno têm uma imensa dificuldade em explicar como os ímpios que ressuscitam poderiam ser lançados no fogo que jamais consome seus corpos que não são incorruptíveis.
7 - Porque Paulo claramente fala em “destruição” e “banimento” eterno dos pecadores, e não se pode conceber um ato de destruição que não se completa, como se fosse um processo eterno (2a. Tess. 1:7-10).
Obs.: Paulo indica que os “fogos da vingança” estão ainda no futuro e se manifestarão com o Advento de Cristo, com o que as noções de um inferno já em operação perdem inteiramente o sentido.
8 - Porque o mesmo fogo que causa a “destruição dos homens ímpios” opera a transformação do planeta, dando lugar a “novos céus e uma Nova Terra, nos quais habita a justiça” (2a. Ped. 3:6-13).
9 - Porque a descrição do castigo dos ímpios em Apo. 20:14, onde o lago de fogo é chamado de “segunda morte”, confirma as muitas declarações ao longo de toda a Escritura, tanto do Velho quanto do Novo Testamento que tratam da extinção final dos pecadores.
Obs.: Alguns dos textos que claramente tratam disso são: Salmo 37:9, 10, 20; 68:2; 92:7; Eze. 28:14-28; Sof. 1:14-18; Mal. 4:1-3; Mat. 10:28b; 2a. Tes. 1:7-10; 2a. Ped. 3:6-10; Apo. 21:8.
10 - Porque à descrição da operação do lago de fogo nada se segue, senão o detalhamento de serem lançados nele todos os seres condenados, daí ocorrendo a descrição dos “novos céus e uma Nova Terra . . . e o mar já não existe [nem o lago de fogo]” – Apo. 21:1.
Obs.: Tenha-se em lembrança que na Bíblia original não há divisão de capítulos e versículos, portanto na seqüência natural da descrição da “destruição dos homens ímpios” não há qualquer informação de que o “lago de fogo” salte de sobre a superfície da Terra, onde clarissimamente ocorre (ver Apo. 20:7-10) para prosseguir queimando em outro local do universo.
O Temor ao Inferno
Publicado em agosto 31, 2010 por Seventh Day
Um dos ensinos do cristianismo popular que tem causado mais perturbações e temores, e, por outro lado, tem induzido muitos a se declararem ateus, é aquele segundo o qual os réprobos, os ímpios sofrerão os tormentos do inferno de fogo, que arderá através de todos os séculos da eternidade, queimando-os e produzindo-lhes sofrimentos angustiosos, sem esperança alguma de término.
O conceito de inferno desperta sentimentos díspares nos seres humanos. Para uns, trata-se de uma realidade indiscutível e tremenda, que os mantém de contínuo aterrorizados. Para outros, é uma mera expressão alegórica que simboliza alguma classe de castigo moral que Deus infligirá aos pecadores. Para os livres pensadores, é só uma invenção pueril e supersticiosa que os clérigos utilizam para manter o domínio das consciências.
Quando eu era criança, a idéia do inferno de fogo que ia queimar indefinidamente os maus, provocava-me pânico e até desespero. O único consolo era pensar que ainda faltava muito tempo para tal acontecimento, pois aos cinco ou seis anos a vida parecia um poente muito extenso que o separava das chamas devoradoras do inferno.
Grande número de pessoas de perguntam a si mesmas se possui o mais elementar sentido de justiça este proceder de um Deus que submete a tal tipo de suplício interminável seres humanos que, por mais perversos e degenerados que sejam, não vivem mais de setenta ou oitenta anos. E por oitenta anos de maldade, deve sofrer o homem ou mulher o mais doloroso dos tormentos conhecidos, a saber, o de se queimar vivo, e continuar se queimando sem se consumir, nem perder a consciência, não por uma hora, nem por um dia, nem por um ano ou século, nem por um milhão de séculos, mas por todos os milhões de séculos da eternidade.
Queremos deixar de lado, sobre este assunto, toda idéia que seja ditada pela teologia popular ou pela fantasia, e investigar o que Deus ensinou a este respeito na Sua Palavra, porque nesta matéria só a revelação divina pode declarar-nos a verdade. Existe o inferno, ou não existe? Pode ser que cheguemos a uma comprovação surpreendente e aparentemente revolucionária, porém de qualquer maneira convém fazer uma investigação imparcial e aceitar a verdade, tal como a estabelece a Sagrada Escritura, pois essa verdade nos trará paz, consolo e segurança.
Digamos desde já que a doutrina do inferno eterno não encontra apoio na Bíblia. Esta doutrina tem causado possivelmente mais dano ao cristianismo, que todos os ataques de que este tenha sido objeto através de todos os tempos. Não somente é rechaçada pelo sentido comum como ilógica, absurda e obviamente injusta, mas é irreconciliável com o conceito e a descrição que fazem as Escrituras da divindade. De fato, ali nos é apresentado um Deus justo, e ao mesmo tempo clemente, misericordioso e cheio de amor. Tanto é assim que o apóstolo João declara que “Aquele que não ama não conhece a deus, pois Deus é amor” (I João 4:8).
A noção de inferno, pelo contrário, tal como é ensinada, ordinariamente, incita as pessoas com tendências religiosas a buscarem reconciliarem-se com Deus, movidas pelo medo. A este respeito, cabe assinalar que alguns sistemas de teologia cristã, tem cometido o equívoco de lançar mão do sentimento de terror que infunde no espírito apenas a menção do inferno, utilizando-o como motivação básica de sua pregação.
Sem dúvida, no verdadeiro cristianismo o móvel fundamental é o amor e não o temor. Tanto é assim que a inspirada Palavra divina afirma que “o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rom 5:5), e que “o perfeito amor lança fora o medo” (1 João 4:18). S.Paulo diz: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (2 Cor 5:14).
Quando o Senhor Jesus formulou a breve oração magistral que devia servir de modelo e pautar a forma de se dirigir ao Criador, iniciou-a com as palavras: “Pai nosso que estás nos Céus”, destacando assim o traço preponderante de carinho que governa as relações da Divindade com Suas criaturas. O mesmo é advertido nas palavras do profeta Oséias, que procura refletir assim os ternos sentimentos do Senhor para com os homens: “Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor” (Oséias 11:4). Sobreo Ser Supremo lê-se que é “grande em misericórdia e fidelidade” (Exod 34:6).
Em consonância com este princípio, quando no segundo mandamento do decálogo a Lei de deus ordena: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na Terra, nem nas águas debaixo da Terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto”, dá como razão deste mandamento o seguinte fato: “Porque Eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que Me amam e guardam os Meus mandamentos” (Exod 20:4-6). Observe-se que ao passo que a justiça de Deus alcança com suas consequências, na lei régia, até a quarta geração, a misericórdia abarca milhares de gerações, de maneira a ultrapassar mil vezes o castigo.
Lamentavelmente, a este falso ensino de um inferno de fogo eterno tiveram que chegar por força, os teólogos que afirmam que a alma é imortal, ou seja que não pode morrer, e que continua vivendo perpetuamente depois da morte do corpo. Nos estudos anteriores tivemos ocasião de demonstrar documentadamente, baseando-nos na infalível e única autoridade na matéria, as Santas Escrituras, que a alma é perfeitamente mortal, e que a imortalidade só poderá ser condicional. “A alma que pecar – declara o profeta Ezequiel – essa morrerá”( Ezeq 18:4). “Temei antes aquele que pode fazer perecer…tanto a alma como o corpo” (Mat 10:28), disse o próprio Senhor Jesus. “A sua alma morrerá” (Jó 36:14 – Trad Matos Soares), lemos em outra passagem.
Estas afirmações inspiradas referentes ao homem, acham-se em perfeita consonância com o que Deus mesmo advertiu a Adão ao dizer-lhe: “Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás: porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gên 2:17). Desde o momento em que, segundo as próprias palavras da Divindade, Adão seria passível de morte, se violasse a lei divina, não podia ser imortal. Por outro lado, lê-se em Gênesis que depois que o homem pecou, o Criador disse: “Para que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente: o Senhor Deus…o lançou fora do Jardim do Éden (Gên 3:22-23). Esta declaração confirma a natureza mortal do homem.
Já vimos também, oportunamente, que os mortos permanecem em absoluta inconsciência (João 11:11, Ecles 9:5-6, Salmo 146:4) até o dia da ressurreição e do juízo retribuitivo de Deus. Abordemos agora este problema: Qual será a sorte dos humanos nesse momento solene?
Há somente duas possibilidades. A primeira consiste na obtenção da vida eterna e imortalidade concedida por Deus, para habitar no Seu sempiterno reino de paz. Esta é uma dádiva, um dom imerecido que o Criador outorga a Suas criaturas com a única condição de aceitarem a Cristo pela fé como salvador pessoal, pois esta é a única maneira pela qual podemos reconciliar-nos com Deus e dEle obtermos o poder que transforma a conduta e habilita o homem a viver conforme os preceitos celestiais. “O dom gratuito de Deus é a vida eterna” (Rom 6:23). “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
A segunda e única alternativa fora deste destino de felicidade perdurável, consiste na morte, pois lemos: “O salário do pecado é a morte”. Essa morte é a cessação total e definitiva da vida, a aniquilação completa da personalidade e é denominada por S.João, no apocalipse “a segunda morte” (Apoc 20:14).
Existe uma quantidade impressionante de passagens bíblicas que corroboram este fato fundamental da destruição definitiva e completa dos ímpios, melhor dizendo daqueles que não tenham aceitado a Jesus em sua vida, mas que se acham apegados ao pecado. Embora correndo o risco de excesso nestas considerações, e só com o ânimo de assentar de maneira precisa e irretorquível a verdade de que se trata de uma morte real e definitiva, da anulação total dos que tenham repelido a misericordiosa provisão divina, detalhamos em continuação uma série de vinte passagens bíblicas, que por certo poderiam multiplicar-se, e, utilizando distintos vocábulos, nos apresentam extraordinária reiteração desta verdade. Ao lado da referência bíblica correspondente, transcrevemos apenas a expressão chave.
Salmo 68:2 “Perecem os íniquos”.
Apocalipse 20:9 “Desceu fogo do céu e os consumiu“.
Isaías 1:28 “Serão juntamente destruídos“.
Naum 1:10 “Serão inteiramente consumidos como palha seca”.
Hebreus 10:27 “Fogo vingador prestes a consumir os adversários”
Romanos 2:12 “Perecerão“
Salmo 59:13 “Consome-os … para que jamais existam“
Salmo 145:20 “Os ímpios serão exterminados“
Mateus 3:12 “Queimará a palha”
Isaías 1:31 “O forte se tornará em estopa“
Salmo 104:35 “Desaparecem da Terra os pecadores e já não subsistam os perversos”
Salmo 92:7 “Serão destruídos para sempre“
Salmo 92:9 “Os teus inimigos perecerão“
Salmo 37:28 “A descendência dos ímpios será exterminada“
Salmo 37:22 “Serão exterminados aqueles a quem amaldiçoa”
Salmo 37:38 “Quanto aos transgressores serão a uma destruídos“
Salmo 94:23 “Pela malícia deles próprios os destruirá; o Senhor nosso Deus os exterminará”
Apocalipse 21:8 “A parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte“
Malaquias 4:1 “Pois eis que vem o dia, e arde como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem perversidade, serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raíz nem ramo“.
Romanos 6:23 “O salário do pecado é a morte“
Ezequiel 28:19 “Jamais subsistirás“
Qualquer comentário adicional a estes textos é supérfluo, ante à clareza contundente com que os mesmos reafirmam a destruição completa dos ímpios.
Que é o Inferno?
Porém, acaso não fala a Bíblia do inferno? – apresentar-se-á a objetar aquele que tenha lido o Livro dos livros. E respondemos: sim, existe um inferno, porém muito diferente daquele que nos tem sido apresentado desde nossa infância.
Analisemos, pois, o inferno em suas diferentes características: sua natureza e destino original; seu propósito e resultados; sua duração; o tempo em que realizará sua obra.
Apalavra “inferno”, que se utiliza no Antigo Testamento, foi traduzida do vocábulo hebraico SHEOL, que significa literalmente “sepulcro”, “sepultura”, “cova”, “abismo”, “fossa”. Este vocábulo hebraico foi traduzido em dezenas de passagens do Antigo Testamento como “sepulcro”, e umas poucas vezes como “inferno”. Porém nestes casos, assim como nos anteriores, não significa senão sepulcro, ou sepultura.
No Novo Testamento, “inferno” corresponde a dois vocábulos gregos. O primeiro HADES, que significa literalmente “sepulcro” ou “morte”. O segundo é GEENA, nome dado primariamente ao vale de Hinon, ao sul de Jerusalém, onde se deitavam os resíduos, os cadáveres dos animais e, também, dos malfeitores, que eram queimados nesse lugar.
Deixando de lado todas as passagens em que a palavra corresponde ao original SHEOL ou HADES, casos em que não há outro sentido que não morte ou sepulcro, analisemos os lugares em que no original se emprega o vocábulo grego GEENA. Neles, a palavra “inferno” designa um luga respecial em que, os que tenham rejeitado a misericórdia de deus serão destruídos pelo fogo. Assim por exemplo, no Sermão da Montanha, Jesus adverte sobre as funestas consequências de abrigar ira e rancor no coração, com estas palavras: “Todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: tolo, estará sujeito ao inferno de fogo” (Mt 5:22). Aqui se esclaresce que o inferno será à base de fogo, e terá por propósito castigar o pecador.
O mesmo se observa nesta outra passagem: “Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o, e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos, do que, tendo dois, seres lançado para dentro do lago de fogo” (Mat 18:9). Confirmando estas passagens, em Apocalipse 20:15 lemos que “se alguém não foi achado inscrito no Livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo”. Aqui se dá um nome distinto ao castigo final dos perdidos, denominado “lago de fogo”, que em S.Mateus, o Senhor chama “inferno de fogo”.
É de interesse, sem dúvida, recordar que esse inferno jamais foi feito para os seres humanos.Seu propósito original foi destruir os seres celestiais que se rebelaram contra o governo de deus e provocaram toda tragédia deste mundo: o diabo e seus anjos ou demônios. Assim declara o Evangelho ao relatar as palavras que o Mestre dirá no dia do ajuste final aos que não permitiram que o Evangelho os livrasse do pecado: “Então o Rei [celestial] dirá também aos que estiverem a sua esquerda: apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25:41).
Não existe um lugar definido do universo onde, neste momento, estejam ardendo os pecadores. O inferno da Bíblia, é o lago de fogo e enxofre que terminará com a rebelião e o pecado, será constituído em nosso próprio planeta, cujos elementos serão abrasados e se fundirão, no final dos tempos, quando chegar a hora em que Deus executar a sentença. Assim estabelece a Segunda Epístola de S. Pedro, ao dizer: “Ora, os céus que agora existem, e a Terra, pela mesma palavra tem sido entesourados para fogo, estando reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios” (2 Pedro 3:7). Note-se que a Terra e os céus atmosféricos que a rodeiam, estão reservados para o dia do juízo, em que serão destruídos pelo fogo, juntamente com os homens ímpios. Este conceito se acha mais esclarescido nas passagens seguintes do mesmo capítulo: “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do dia de deus, por causa do qual os céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se derreterão” (2 Pedro :10-12). Insiste o apóstolo em que toda esta obra destrutiva se fará “no dia do juízo”, no “dia do Senhor”, no “dia de Deus”.
Não poderiam, pois, os pecadores estar ardendo, nestes momentos, nas torturantes chamas de um inferno atual – fruto da fantasia e dogmas populares – quando a mesma Escritura estabelece inconsciência total e absoluta dos mortos ( João 11:11, Ecles 9:5-6, Salmo 146:4), até o dia da ressurreição, em que receberão o galardão conforme as suas obras (João 5:28-29).
Há um Inferno Eterno?
Que duração tem o castigo do inferno? Por quanto tempo continuará ardendo a Terra e sendo queimados os pecadores?
Esse inferno dura tão só enquanto realiza sua obra triste, porém necessária de purificar a Terra pelo fogo e destruir Satanás, origem de todo engano, pecado e dor, a seus anjos sequazes, e aos seres humanos que não atendendo aos chamados da misericórdia de Deus, preferiram apegar-se ao pecado, rechaçando o plano da gratuita salvação que o Criador lhes oferecia por meio de Cristo Jesus.
A série de diferentes vocábulos acima mencionados, que as Escrituras usam, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, para se referir ao castigo dos homens que não se tenham preparado para o futuro reino imortal, convencem com força de evidência indiscutível da destruição completa de tais pessoas, e anulam de maneira irrefutável a crença num inferno perpétuo. Dificilmente poderíamos achar, no vocabulário humano, gama mais variada e completa de palavras, para reiterar o pensamento de uma morte real e destruição definitiva.
Sem dúvida, alguns sinceros estudiosos da Bíblia descobriram umas poucas passagens, que parecerão contradizer essa multidão de textos, ensinando o castigo eterno. Essas declarações são de três tipos, e vamos analisá-las detalhadamente, em tópicos correspondentes.
A) Fogo Inextínguível; Fogo que Nunca se Apaga
(S.Mateus 3:12; S,Lucas 3:17; S.Marcos 9:44)
Estes versículos falam do fogo que devorará os ímpios, e usam uma mera figura literária, uma hipérbole, que não se pode entender literalmente, mas é necessário interpretá-la em função de todo o conjunto de declarações bíblicas que tratam do mesmo assunto.
Esse “fogo que nunca se apaga”, apagar-se-á sem dúvida quando tenha cumprido sua obra de consumir e destruir a Satanás e seus anjos, a todos os ímpios e à Terra inteira, com todos seus elementos. Vamos demonstrar que isso é assim e que se trata de mera figura. S. Pedro declara em sua segunda Epístola, com respeito ao fim dos maus: “Ora, os céus [atmosféricos] que agora existem, e a Terra, pela mesma palavra têm sido entesourados para fogo, reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios…Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2 Pedro 3:7-12).
É esseo fogo a que aludem os versículos dos Evangelhos, que mencionam o “fogo que nunca se apaga”. É o fogo que consome a Terra e seus ímpios moradores. Porém esse fogo “que nunca se apaga”, segundo o Novo Testamento, apagar-se-á completamente, pois S. João, na sua última e gloriosa visão profética do Apocalipse nos diz: “Vi novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a Nova Jerusalém” (Apoc 21:1-2). E assim continua descrevendo a morada dos remidos, com todas as suas formosuras e maravilhas. Assim pois, a terra que estava ardendo, S.João a viu afinal transformada num precioso vergel. O “fogo que nunca se apaga” enquanto tenha o que queimar, se extinguirá.
B) “Fogo Eterno; Castigo Eterno”
(S. Mateus 18:8; S. Mateus 25:46)
Já vimos que esse “fogo eterno” que se incendeia para abrasar a Terra, por ocasião do juízo retribuitivo de deus, termina, pois essa mesma terra S. João a viu formosa e renovada.
A palavra “eterno” e a expressão “para sempre” não denotam em todos os casos – na Bíblia – duração ilimitada. Por exemplo, o livro de Êxodo, quando fala do sistema de servidão entre os hebreus, diz que o servo que aos sete anos preferia ficar voluntariamente com seu amo, não aproveitando a liberdade gratuita, seria servo “para sempre” (êxod 21:2-6). Porém, em levítico 25:39-41 se conclui que toda servidão cessa automaticamente no ano do jubileu; de maneira que “para sempre” não implicava perpetuidade.
O profeta Jonas se refere ao tempo em que esteve no ventre do peixe, com estas palavras: “Desci à terra cujos ferrolhos se correram sobre mim para sempre“. Porém na linha seguinte diz: “contudo fizeste subir da sepultura a minha vida, ó Senhor, meu Deus!” (Jonas 2:6-7). De maneira que outra vez a expressão “parasempre” denota tempo muito limitado.
Em S.Judas lemos o seguinte sobre o castigo dos anjos caídos: “E os anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia” (Judas 6). Quer dizer que as “algemas eternas” duram só até o “juízo do grande dia”.
De igual maneira o mesmo S.Judas assinala no versículo seguinte, que as corrompidas cidades de Sodoma e Gomorra “são postas para figura do fogo eterno, sofrendo punição” (Judas 7). Aqui se alude ao fogo que Deus fez descer do céu e que consumiu estas cidades, e não ao fogo do juízo vindouro, pois Jesus, ao falar do castigo definitivo de Sodoma e Gomorra, fala no futuro (Mat 10:15). Mas o interessante é que o fogo que consumiu Sodoma e Gomorra e que a Bíblia chama “eterno”, faz tempo que deixou de arder. Outra vez se observa que a palavra “eterno” não denota, nestes casos duração ilimitada.
Que são pois “fogo eterno” e “tormento eterno”? São um fogo ou tormento de consequências eternas, pois extinguirão completamente a pessoa, não deixando “nem raiz nem rama”. Exemplo desta acepção do vocábulo “eterno” o temos nos seguintes casos:
II Tessalonicenses 1:9 “Estes sofrerão penalidade de eterna destruição”
Hebreus 6:2 ”Juízo Eterno” (aqui a palavra juízo não se refere a castigo, mas ao estudo prévio do caso, pois a palavra original é Kríma, e procede do verbo Krino, que significa “discernir, examinar”.
Nem o juízo nem o exame nem a perdição são algo iterativo, que continua a se realizar através de toda a eternidade. Por conseguinte, é óbvio que, tanto a perdição como o exame do caso dos seres humanos que se faz no juízo investigativo, são eternos em suas consequências. Assim, também, é o fogo destruidor dos ímpios.
Deus não envia esse fogo sobre a Terra, para alegrar-Se no sofrimento. Para Ele, a tarefa de castigar é um mal necessário, mas contrário a Sua natureza. Por isso o Senhor qualifica de “estranha” essa obra: O profeta Isaías afirma: “Porque o Senhor Se levantará como no Monte Perazim, e se irará, como no vale de Gibeão, para realizar a Sua obra, a Sua obra estranha, e para executar o Seu ato inaudito” (Isaías 28:21). Como o cirurgião que se vê na imperiosa necessidade de amputar um membro pela raiz, para salvar a vida, realiza estranha obra, lamentando ter que fazê-lo, o divino Cirurgião terá que efetuar a desagradável obra de apagar da existência, no dia da sentença final, todo o que não tenha se preparado para a nova ordem mundial de perfeição e paz, e que ademais poderia ser um germe de dissolução.
Por esta razão o Senhor faz este rôgo amoroso, agora que está ao alcance dos filhos de Adão o prevenir-se da destruição eterna, e tomar as providências necessárias: “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, porque morreríeis, ó casa de Israel? Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto convertei-vos e viveis” (Ezeq 18:31-32). Estas palavras são ditadas pelo terno amor que Deus dedica a cada um de nós, seres feitos a Sua imagem e semelhança. Mesmo quando enfrentamos as debilidades da carne, e nos vemos submetidos aos efeitos do pecado, que é a violação da lei divina, se aceitarmos o convite de Deus, submetendo-se à influência de Seu poder em nossos corações, seremos transformados e convertidos; receberemos um coração novo, e estaremos assim preparados para morar no reino eterno de justiça, paz e felicidade, onde tudo será alegria e perfeição. Eis aí o destino glorioso que Deus tem reservado para cada um de nós, se tão somente decidirmos submeter-nos ao maravilhoso plano divino que transforma e marca novos rumos à vida.
Quando Deus finalizar a estranha obra de purificar do pecado a Terra, quando nosso planeta deixar de ser o lago de fogo em que se converterá por breve lapso de tempo, cristalizar-se-á a magnífica e grandiosa visão profética que Deus mostrou ao apóstolo amado, as glórias inefáveis do Éden restaurado: Vi novo céu e nova Terra” – Exclama S. João – “… Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da parte de deus ataviada como a noiva adornada para o seu esposo. Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles … E a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Apoc 21:1-4). Queira Deus que todos nós que lemos estas linhas, desfrutemos do inefável gozo eterno desse mundo radiante do futuro.
Extraído do livro Paz na Angústia de Fernando Chaij ( CPB – 1967).
A Diabólica Doutrina do Inferno
Publicado em setembro 30, 2009 por Seventh Day
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Não se assuste com o título do presente artigo, mas, leia o material antes de julgá-lo. Gostaria de repartir com você a posição bíblica (que é bem equilibrada) sobre o castigo dos maus, de maneira que qualquer mente racional/espiritual possa crer naquilo que realmente é a Verdade.
Algumas informações importantes antes do estudo de um assunto tão “melindroso”:
1) A palavra “inferno” que aparece em nossas Bíblias não existe no original grego ou hebraico (e aramaico) – línguas originais. Esse termo é “latim” (significa “lugar inferior”) e, sendo que a Bíblia não foi escrita originalmente em latim, não deveria ter sido adicionada por alguns tradutores (em outras versões não existe a palavra “inferno”, mas, se preserva as originais: hades, tártaros, sheol, Geena).
2) Morte é morte mesmo. Enquanto não aceitar que a ÚNICA esperança para o cristão que hoje descansa é a RESSURREIÇÃO (1 Tessalonicenses 4:18), deixar de acreditar num “tormento eterno” será impossível. É importante que estude a doutrina bíblica sobre o estado do ser humano na morte (Gênesis 2:7, 3:19; Eclesiastes 3:19-21; 9:5, 6 3 10; Salmo 13:3; Daniel 12:2; Lucas 14:14; 1 Tessalonicenses 4:13-18) e compreenda que os mortos voltarão a ter consciência somente quando Jesus voltar (Lucas 14:14), transformá-los e ressuscitá-los (1 Coríntios 15:51-55). Por isso, não estão desfrutando de alguma recompensa (Salmo 115:17) ou punição (2 Pedro 2:4 afirma que até mesmo os demônios estão reservados para um juízo futuro).
3) A doutrina de um “inferno eterno” veio “sob encomenda” da igreja medieval, que usava a pressão psicológica para conseguir indulgências, obediência e apoio para a inquisição (matar os “hereges”). Antes, os gregos dividiam o “hades” em duas partes: uma onde ficavam as “almas” dos bons e outra em que ficavam as “almas” dos maus. Perceba que a origem do ensino é pagã e medieval.
4) Quando Cristo usa em Marcos 9:43-48 o termo “inferno”, no original é “Geena” e se refere não a um inferno existente, mas, ao lago de fogo que EXISTIRÁ depois do milênio (Apocalipse 20).
5) A justiça eterna de Deus não exige uma eternidade de sofrimento, como afirmam alguns teólogos preocupados mais em filosofar do que em estudar a Bíblia. O amor de Deus e a justiça dEle estão de mãos dadas. Por isso, a justiça eterna de Deus precisa ser vista como fazendo parte do Seu amor eterno. Assim, chegaremos à conclusão de que, por ser eternamente justo, o Senhor permitirá que os maus sejam castigados e depois destruídos definitivamente.
Após essas breves considerações, vamos ao estudo.
Quando existirá o lago de fogo
As Escrituras não ensinam que há um inferno de fogo, mas sim que haverá.
Um dia, Deus lançará o diabo e seus seguidores em um lago de fogo (Apocalipse 20:10), que só existirá após o período dos mil anos, como mencionei a princípio. Isso é muito claro nas Escrituras, que ensinam ser o juízo um evento futuro (Atos 17:31).
Portanto, os que não foram dignos da Salvação não se encontram hoje “em sofrimento”, mas, num sono profundo (Jeremias 51:57) até o dia em que serão penalizados (João 5:28, 29).
Todos queimarão como palha?
Não. O sofrimento de alguns pecadores durará um período de vários dias e noites (e até mais), porque cada um será recompensado “segundo as suas obras” (Mateus 16:27).
A Bíblia ensina que o castigo varia em “grau e intensidade”, especialmente nos versos a seguir:
“Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido com pano de saco e cinza. E, contudo, vos digo: no Dia do Juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidom do que para vós outras.” Mateus 11:21-22.
“Aquele servo, porém, que conheceu a vontade de seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites. Aquele, porém, que não soube a vontade do seu senhor e fez coisas dignas de reprovação levará poucos açoites. Mas àquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e àquele a quem muito se confia, muito mais lhe pedirão.” Lucas 12:47-48
Se o grau de castigo fosse o mesmo para todos (aniquilação instantânea ou tormento eterno), por que Jesus afirmou que no dia do julgamento haveria menos rigor para as cidades de Tiro e Sidom e que alguns receberão muitos açoites enquanto que outros ganharão poucos açoites?
Veja o que a escritora Ellen White disse a respeito, com base na Palavra de Deus:
“Uma distinção, porém, se faz entre as duas classes que ressuscitam. “Todos os que estão nos sepulcros ouvirão a Sua voz. E os que fizeram o bem, sairão para a ressurreição da vida; e os que fizeram o mal para a ressurreição da condenação.” João 5:28 e 29. Os que foram “tidos por dignos” da ressurreição da vida, são “bem-aventurados e santos”. “Sobre estes não tem poder a segunda morte.” Apoc. 20:6. Os que, porém, não alcançaram o perdão, mediante o arrependimento e a fé, devem receber a pena da transgressão: “o salário do pecado”. Sofrem castigo, que varia em duração e intensidade, “segundo suas obras”, mas que finalmente termina com a segunda morte. Visto ser impossível para Deus, de modo coerente com a Sua justiça e misericórdia salvar o pecador em seus pecados, Ele o despoja da existência, que perdeu por suas transgressões, e da qual se mostrou indigno. Diz um escritor inspirado: “Ainda um pouco, e o ímpio não existirá; olharás para o seu lugar e não aparecerá.” E outro declara: “E serão como se nunca tivessem sido.” Sal. 37:10; Obad. 16. Cobertos de infâmia, mergulham, sem esperança, no olvido eterno” – O Grande Conflito, págs. 544, 545.
Sendo assim, o diabo ficará no fogo mais tempo do que os outros, pois seus pecados foram em maior proporção (além de ele ser o originador do mesmo – João 8:44 – e tentador dos seres humanos).
Entretanto, a Bíblia não diz que ele e os demais serão atormentados pela eternidade. Depois do castigo proporcional às obras de cada um, Deus destruirá definitivamente o mal e os que se apegaram a ele:
“… os ímpios serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o SENHOR dos Exércitos [veja: diz o SENHOR e não os adventistas...], de sorte que não lhes deixará nem raiz nem ramo… Pisareis os perversos, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que prepararei, diz o SENHOR dos Exércitos.” Malaquias 4:1-3
“Os ímpios, no entanto, perecerão, e os inimigos do SENHOR serão como o viço das pastagens; serão aniquilados e se desfarão em fumaça.” Salmo 37:20.
“E o Deus da paz, em breve, esmagará debaixo dos vossos pés a Satanás. A graça de nosso Senhor Jesus seja convosco.” Romanos 16:20.
A fim de compreender o assunto do “inferno” (na verdade, lago de fogo) biblicamente, não devemos ignorar esses textos.
Isso deveria ser claro para todos nós cristãos, pois, se o diabo e os demais forem “mantidos com vida” para serem “castigados” por um tempo sem fim, seria o mesmo que Deus dar a vida eterna ao diabo, aos demônios e aos que não aceitaram a Cristo. Isso é uma heresia, pois somente os justos comerão da árvore da vida para serem imortais! (Apocalipse 22:2). Leia 1 João 3:15 e comprove que ímpios não têm vida eterna!
O fogo será eterno nas conseqüências (a pessoa nunca mais será ressuscitada) e não na duração (Mateus 25:46).
Entendendo o termo “para sempre”
“As palavras que se traduzem por “eterno” e “todo o sempre” não significam necessariamente que nunca terão fim. No Novo Testamento, vem do grego aion, ou do adjetivo aionios. É impossível forçar este radicas grego significar sempre um período que não tem fim.
“A palavra aionios, traduzida como “eterno”, “para sempre”, significa literalmente ‘perdurando por um século’”. – “Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia”, vol. V, pág. 512.
“Comentando o texto de Filemom 15, o erudito evangélico H. G. Moule afirmou: O adjetivo aionios (eterno, para sempre) tende a marcar a duração enquanto a natureza da matéria o permite. E, no uso geral, tem íntima relação com as coisas espirituais. ‘Para sempre’ nesse verso significa permanência de restauração tanto natural como espiritual. Ligado, porém, a Deus, [o termo] significa eterno, para sempre. Também ligado à vida que provém de Deus, significa uma vida de duração sem fim.” – Arnaldo B. Christianini. “Sutilizas do erro”. 2a Edição, pág. 270.
“No grego, a duração de aionios deve sempre se determinar em relação com a natureza da pessoa ou coisa a qual se aplica. Por exemplo, no caso de Tibério César, o adjetivo aionios descreve um período de 23 anos, desde sua ascensão ao trono até sua morte”. – “Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia”, vol. V, pág. 513.
Percebeu? Na Bíblia, o termo “para sempre” pode significar “um tempo sem fim” ou “um tempo específico”. Depende da natureza do objeto (Pessoa) que está ligado à palavra. Se for Deus, o termo “eterno” é eterno mesmo. Se estiver ligado a um ser humano mortal, que não comerá da árvore da vida, significa um tempo de longa ou curta duração (dependendo do grau de castigo que mereça). JAMAIS o termo dá a ideia de que um pecador pode sobreviver eternamente num castigo sem fim.
É importante entendermos a expressão na língua original bíblica e não como é explicada em nossa língua portuguesa (que é de outra cultura, a ocidental).
Uma perversão do caráter de Deus
No início do artigo expliquei que a justiça e amor eternos de Deus estão de mãos dadas. Creio que isso ficou claro de modo que podemos entender que o juízo de Deus é uma manifestação do amor dEle pelas criaturas e pela Verdade.
Uma das atividades do diabo na história é “desvirtuar” o caráter amoroso da Divindade. Nos dias do povo de Israel satanás arrumava meios de apresentar a Deus como carrasco. Os judeus, nos dias de Cristo, não escaparam dessa artimanha do inimigo (Jesus veio também para revelar o caráter do Pai, que era mal compreendido – ver João 14:9, 10 e João 9:1, 2); hoje, os cristãos se encontram mergulhados numa “doutrina” que mostra um Deus que, para satisfazer Sua justiça, precisa de maneira tirana atormentar criaturas que pecaram por alguns anos na mesma proporção que o diabo, o pai do pecado.
Ellen White escreveu de forma inspirada:
“Depois da queda, Satanás ordenou a seus anjos que fizessem um esforço especial a fim de inculcar a crença da imortalidade inerente do homem; e, tendo induzido o povo a receber este erro, deveriam levá-lo a concluir que o pecador viveria em estado de eterna miséria. Agora o príncipe das trevas, operando por meio de seus agentes, representa a Deus como um tirano vingativo, declarando que Ele mergulha no inferno todos os que não Lhe agradam, e faz com que sempre sintam a Sua ira …” – “A fé pela qual eu vivo” (Meditação Matinal de 1959), pág. 208. CD ROM “Obras de Ellen G. White” – Casa Publicadora Brasileira.
Realmente, a ideia da punição eterna a uma criatura nasceu na mente de satanás.
White continua:
“Quão repugnante a todo sentimento de amor e misericórdia, e mesmo ao nosso senso de justiça, é a doutrina de que os ímpios mortos são atormentados com fogo e enxofre num inferno eternamente a arder; que pelos pecados de uma breve vida terrestre sofrerão tortura enquanto Deus existir! Contudo esta doutrina tem sido largamente ensinada, e ainda se acha incorporada em muitos credos da cristandade.” – “O Grande Conflito”, pág. 535.
Se você que é pai e mãe não faria isso a um filho, imagine Deus! (Isaías 49:15)
“Sobre o erro fundamental da imortalidade inerente, repousa a doutrina da consciência na morte, doutrina que, semelhantemente à do tormento eterno, se opõe aos ensinos das Escrituras, aos ditames da razão, e a nossos sentimentos de humanidade. Segundo a crença popular, os remidos no Céu estão a par de tudo que ocorre na Terra, e especialmente da vida dos amigos que deixaram após si. Mas como poderia ser fonte de felicidade para os mortos o saberem das dificuldades dos vivos, testemunhar os pecados cometidos por seus próprios amados, e vê-los suportar todas as tristezas, desapontamentos e angústias da vida? Quanto da bem-aventurança celeste seria fruída pelos que estivessem contemplando seus amigos na Terra? E quão revoltante não é a crença de que, logo que o fôlego deixa o corpo, a alma do impenitente é entregue às chamas do inferno! Em quão profundas angústias deverão mergulhar os que vêem seus amigos passarem à sepultura sem se acharem preparados, para entrar numa eternidade de miséria e pecado! Muitos têm sido arrastados à insanidade por este inquietante pensamento.” – Ibidem, pág. 545.
A doutrina do “tormento eterno” faz mal até para a saúde:
“Satanás é o causador da doença; e o médico está batalhando contra sua obra e poder. A enfermidade da mente reina por toda parte, e noventa por cento das doenças que atacam o ser humano têm aí seu fundamento. Talvez algum vivo distúrbio doméstico esteja, como gangrena, roendo até à própria alma, e enfraquecendo as forças vitais. O remorso pelo pecado aflige por vezes a constituição, e desequilibra a mente. Há, também, doutrinas errôneas, como a de um inferno eternamente a arder e o tormento perpétuo dos ímpios, as quais por darem uma visão exagerada e distorcida do caráter de Deus, têm produzido os mesmos resultados sobre espíritos sensíveis. Os infiéis têm aproveitado ao máximo esses casos infelizes, atribuindo a loucura à religião; isto, porém, é grosseira difamação, a qual deverão enfrentar finalmente. A religião de Cristo, bem longe de causar loucura, é um de seus mais eficazes remédios.” – Conselhos Sobre Saúde, pág. 324.
Conclusão
Longe de dizer que os maus serão aniquilados instantaneamente (se o fossem, não receberiam um castigo merecido – não acha?) ou que sofrerão pela eternidade, a Bíblia ensina que:
1) Cada pessoa será punida proporcionalmente, segundo as obras (Apocalipse 22:12). Uns serão mais castigados. Outros, menos (Lucas 12:47, 48);
2) Depois do castigo, a pessoa será finalmente aniquilada (Malaquias 4:1-3).
Como sempre, a Palavra de Deus é equilibrada em tudo o que ensina!
Estude esse assunto com oração. Você verá que o Deus da justiça (Gênesis 18:25) também é amor (1 João 4:8, 16) e que jamais Ele poderia secar as lágrimas de nosso rosto se soubéssemos que em algum lugar se encontra em tormentos queridos que tanto amamos. Apocalipse 21:4 não poderia se cumprir.
Um abraço carinhoso,
Leandro Quadros.
“Porque não tenho prazer na morte de ninguém [e muito menos no tormento!], diz o SENHOR Deus. Portanto, convertei-vos e vivei.” Ezequiel 18:32.
O "Inferno" em Ezequiel 32:21
“Os mais poderosos dos valentes lhe falarão desde o meio do inferno, juntamente com os que a socorrem: Desceram e estão lá os incircuncisos, traspassados à espada.”
Esse texto é assim traduzido pela Almeida, Revista e Corrigida. Mas, é na Almeida, Revista e Atualizada que a tradução está correta, pois, o termo latim “inferno” não faz parte do original:
“Os mais poderosos dos valentes, juntamente com os que o socorrem, lhe gritarão do além: Desceram e lá jazem eles, os incircuncisos, traspassados à espada.” Ezequiel 32:21
Em vista do que vimos anteriormente (no post referente ao Salmo 9:17), especialmente em Eclesiastes 9:5-6 e 10, não podemos de forma alguma crer que no “além” (mundo dos mortos) há consciência. Sendo que o termo sheol é especialmente aplicado nas Escrituras num sentido figurado para descrever a morada dos mortos, a conclusão a que podemos chegar é que este “clamor” por parte dos ímpios ao Egito é simbólico. “A linguagem essencialmente figurativa e alegórica desta lamentação exclui a idéia de que o profeta nutrisse a crença de que os mortos não estivessem realmente mortos, mas que vivessem como sombra no sheol… E do mesmo modo que uma parábola, uma alegoria como esta não serve de fundamento para uma doutrina teológica” (APOLINÁRIO, Pedro. Explicação De Textos Difíceis da Bíblia. 4a edição corrigida, p.p. 134 e 135).
É comum na Bíblia os autores usarem o recurso da personificação para “dar vida” a seres ou objetos não conscientes, com o objetivo de gravar melhor na mente das pessoas o ensino espiritual que querem transmitir. Leia Juízes 9:7-21 e verá que árvores são personificadas.
Se dissermos como base em Ezequiel 32:21 que os mortos “falam”, então temos que fazer o mesmo em relação a Juízes 9 e chegarmos à conclusão horrorosa de que as árvores podem falar…
Fonte: Na Mira da Verdade
O "Inferno" em Provérbios 15:24
“Para o sábio há o caminho da vida que o leva para cima, a fim de evitar o inferno [sheol, no hebraico], embaixo.”
Certa vez, um oponente distorceu o sentido do texto citado a fim de apoiar sua tese imortalista. Antes de atentar para o texto, é importante destacar a ideia que deixei implícita na explicação do Salmo 9:17: quando um termo original possui várias traduções, é importante analisarmos outras versões bíblicas que traduzem o mesmo verso.
Vejamos o texto em outras versões a fim de que seu sentido torne-se mais claro:
“A pessoa sábia não desce pelo caminho da morte, mas sobe pela estrada da vida.” - Nova Tradução Na Linguagem de Hoje – NTLH.
“O caminho da vida conduz para cima quem é sensato, para que ele não desça à sepultura” – Nova Versão Internacional – NVI.
Perceba que Provérbios 15:24, em conexão com o termo hebraico sheol, está afirmando que o sábio escolhe o bom caminho e não o mau, que conduz à morte prematura. “A forma de viver do sábio o conduz para cima. Poderá ser uma ascensão difícel, porém, tem suas recompensas” (Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 3. p. 1014).
A pessoa justa não desce para o caminho da morte mais cedo (há exceções) por que não faz escolhas erradas. Ao invés disso, obedece a Deus e, conseqüentemente, vive bem. Provérbios 23:14 tem também este sentido, em especial: o de que a educação poderá salvar a vida da criança da morte antecipada em decorrência da desobediência, proporcionando-lhe longevidade.
Portanto, mais um texto bíblico que NADA tem a ver com a doutrina medieval do tormento eterno…
Fonte: Na Mira da Verdade
O "Inferno" no Salmo 9:17
Infelizmente, os tradutores colocaram a palavra “inferno” na Bíblia ao invés de preservar os termos originais ou traduzi-los da forma correta. A palavra inferno é latim (inferi) e significa inferior, que vai para baixo. O termo foi distorcido pela filosofia greco-romana e não faz parte do pensamento bíblico judaico.
Se a Bíblia original não foi escrita em latim, por que colocar um termo desses que gera mais confusão do que esclarecimento? Não questiono o lindo e sério trabalho dos tradutores, e sim a precisão deles. Queiramos ou não, somos influenciados por nossos pressupostos e isso, com certeza, interferiu na tradução dos termos hebraicos e gregos para “inferno”.
Mais, deixando isso de lado, vamos entender o Salmo 9:17. Veja como ele é apresentado na versão Almeida, Revista e Atualizada:
“Os perversos serão lançados no inferno, e todas as nações que se esquecem de Deus.” Salmos 9:17.
A palavra hebraica no texto é “sheol” e se refere ao “mundo dos mortos”, “sepultura”, etc. Mas, JAMAIS ela é empregada na Bíblia com o sentido de lago de fogo (outros termos sim, mas, referindo-se ao fogo que castigará e consumirá os pecadores não arrependidos DEPOIS do milênio – ver Apocalipse 20).
Isso nos ajuda a entender o porquê de outras versões traduzirem o termo “sheol” de outras maneiras:
“Eles acabarão no mundo dos mortos; para lá irão todos os que rejeitam a Deus”. Salmo 9:17 (BLH – Bíblia Na Linguagem de Hoje)
“Os ímpios serão trasladados ao sheol, todas as nações que se olvidam de Deus”. Salmo 9:17 (RVA – Versão Reina Valera, Espanhola.)
“Os mais volverão ao sepulcro; todos os gentios que se olvidam de Deus” Salmos 9:17, (SEV – Las 1569 Sagradas Escrituras).
A Nova Versão Internacional (NVI) assim traduz o termo:
“Voltem os ímpios ao pó, todas as nações que se esquecem de Deus!”
Desta forma, o Salmo 9:17, assim como outros versos, deve ser traduzido por “sepultura” (forma literal), “mundo dos mortos” (forma figurada), “pó”, etc., pois tanto num lugar quanto noutro os mortos estão inconscientes (Eclesiastes 9:5, 6, 10; Salmo 6:5) e ambas as expressões equivalem-se.
Todos, bons e maus, vão para sepulcro depois da morte. Entretanto, a diferença está no fato de que os ímpios ficarão neste lugar (sepultura), em estado de inconsciência “para todo o sempre”, após o seu castigo (que varia em intensidade e duração – ver Lucas 12:47, 48), enquanto que os justos serão ressuscitados para a vida eterna (ver 1 Coríntios 15:23, 51-54; 1 Tessalonicenses 4:13-16).
Fonte: Na Mira da Verdade
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O fogo eterno do inferno existe ? :: Comentários
“Eterno”, “para sempre”, “eternamente”, são termos que se acham na Bíblia e que podem transmitir uma noção que não corresponde exatamente a como os percebemos em nosso idioma.
Os lingüistas discutem o sentido das palavras hebraicas e gregas que se traduzem por “eterno” e “eternamente” nas Escrituras (olam, em hebraico; aion, aionios, no grego). Isso pode parecer meio complicado para um leigo, mas uma maneira de entender a questão mais facilmente é comparando várias traduções.
Por exemplo, há traduções bíblicas que trazem no Salmo 23:6: “E habitarei na casa do Senhor por longos dias”. Outras Bíblias dizem, “habitarei na casa do Senhor para sempre”. O texto original é o mesmo, mas um tradutor verteu o termo hebraico olam por “longos dias” e outro por “para sempre”, o que não significa exatamente a mesma coisa, obviamente.
Isso se reflete em versões estrangeiras.
Francês, a versão de Louis Segond diz “jusqu’à la fin de mes jours” [até o fim de meus dias].
Espanhol das Sociedades Bíblicas en América Latina aparece “por largos días”.
Italiana Nuova Riveduta temos "per lunghi giorni", enquanto em inglês a New International Version verte como “forever” [para sempre], bem como a King James e Revised Standard Version.
“Para sempre” e “eterno, eternamente” no hebraico e grego
Na lei mosaica havia um arranjo pelo qual um escravo iria servir ao seu amo “para sempre” [olam] (Êx 21:1-6), mas esse “para sempre” é relativo ao tempo de vida do indivíduo, o que poderia significar “por breve período” ou “por longos dias”, dependendo da longevidade do mesmo.
O termo olam tem um caráter relativo ao tempo de duração daquilo a que se refere.
No Novo Testamento não é diferente. Paulo se refere a Onésimo, o escravo convertido, que devia voltar a servir “a fim de que o possuísseis para sempre [aionios]” (Filemon 15 e 16). Mas esse “para sempre” significava até o fim da vida do escravo!
E o que dizer do “fogo eterno” que queimou Sodoma e Gomorra, mas não está queimando até hoje? Comparando-se diferentes traduções bíblicas percebe-se que o texto de Judas 7 foi alterado ilegitimamente por tradutores na Versão Almeida Revista e Atualizada em português. No original grego consta pyròs aioniou [fogo eterno], caso genitivo, que qualifica o termo “punição”. Então, não resta dúvida que a melhor tradução é “sofrendo a punição do fogo eterno”.
Novamente, recorrendo às mesmas Bíblias acima citadas, temos:
Francês: “. . . subissant la peine d’un feu éternel”
Italiano: "portando la pena di un fuoco eterno"
Espanhol: “. . . sufriendo el castigo del fuego eterno”
Inglês: “. . . vengeance of eternal fire” [King James]; “. . . the punishment of eternal fire” [NIV]; “. . .punishment of eternal fire” [RSV]; “. . . punishment of eternal fire” [Today’s English Version].
Infelizmente o trabalho de tradutores também envolve às vezes interpretação segundo suas convicções pessoais, o que não devia acontecer, pois o tradutor devia ser “neutro”, mas acontece.
Dois versículos que lançam muita luz
Lendo atentamente os versos abaixo percebe-se algo que talvez nunca haja chamado a atenção de muitos leitores da Bíblia e que ilustra bem a relatividade de sentidos das palavras hebraicas traduzidas por “eternamente”, “para sempre”. Profetizando acerca de Jerusalém, declara o profeta Isaías:
"O palácio será abandonado; a cidade populosa ficará deserta; Ofel e a torre da guarda servirão de cavernas para sempre, . . . até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto: então o deserto se tornará em pomar e o pomar será tido por bosque". -- Is 32:14 e 15.
Notem-se as expressões “para sempre” e “até que” em contexto imediato. Como algo pode ser estipulado “para sempre . . . até que” aconteça um certo fato? Isso no português não faria sentido, mas no hebraico sim.
Outra passagem muito significativa encontra-se pouco adiante. Ao falar dos edomitas que Deus havia destinado “para a destruição”, o profeta Isaías se vale de linguagem hiperbólica semelhante:
"Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela". -- Is 34:9 e 10.
Ora, é sabido que os edomitas desapareceram há muitos séculos. Poder-se-ia dizer que existem ainda piche ardente e fumaça subindo na terra de Edom? Logicamente que não.
É digno de nota que o apóstolo João, no Apocalipse, vale-se dessa mesma linguagem para descrever a sorte final dos ímpios. O mesmo João, lembremo-nos, também valeu-se de figuras do Velho Testamento, como ao tratar da mulher ímpia (a igreja corrompida ao final da história) como Jezabel, e ao falar de Babilônia, ou descrever a besta de Apocalipse 13 como sendo composta com os elementos dos animais de Daniel 7 (leão, leopardo, urso. . . )--ver vs. 2.
Assim, está aí a raiz da linguagem um tanto enigmática que confunde tanta gente boa. O fogo é eterno (como o que destruiu Sodoma e Gomorra), e queimará de dia e de noite com sua fumaça subindo “para sempre”, como também se deu na terra de Edom séculos atrás!
Um bom conceito de Justiça seria DAR O QUE SE MERECE!
Seria justo condenar alguém ao fogo por 200 bilhões de anos tendo este alguém vivido apenas 25 anos? Não seria esta pena um tanto desproporcional?
Seria pois mais razoável concordar com o que o texto sagrado apresenta, cada um pagará segundo suas obras.
Como se originou a crença no “inferno”?
http://www.centrowhite.org.br/textos.pdf/01/71.pdf
Um dos ensinos do cristianismo popular que tem causado mais perturbações e temores, e, por outro lado, tem induzido muitos a se declararem ateus, é aquele segundo o qual os réprobos, os ímpios sofrerão os tormentos do inferno de fogo, que arderá através de todos os séculos da eternidade, queimando-os e produzindo-lhes sofrimentos angustiosos, sem esperança alguma de término.
O conceito de inferno desperta sentimentos díspares nos seres humanos. Para uns, trata-se de uma realidade indiscutível e tremenda, que os mantém de contínuo aterrorizados. Para outros, é uma mera expressão alegórica que simboliza alguma classe de castigo moral que Deus infligirá aos pecadores. Para os livres pensadores, é só uma invenção pueril e supersticiosa que os clérigos utilizam para manter o domínio das consciências.
Quando eu era criança, a idéia do inferno de fogo que ia queimar indefinidamente os maus, provocava-me pânico e até desespero. O único consolo era pensar que ainda faltava muito tempo para tal acontecimento, pois aos cinco ou seis anos a vida parecia um poente muito extenso que o separava das chamas devoradoras do inferno.
Grande número de pessoas de perguntam a si mesmas se possui o mais elementar sentido de justiça este proceder de um Deus que submete a tal tipo de suplício interminável seres humanos que, por mais perversos e degenerados que sejam, não vivem mais de setenta ou oitenta anos. E por oitenta anos de maldade, deve sofrer o homem ou mulher o mais doloroso dos tormentos conhecidos, a saber, o de se queimar vivo, e continuar se queimando sem se consumir, nem perder a consciência, não por uma hora, nem por um dia, nem por um ano ou século, nem por um milhão de séculos, mas por todos os milhões de séculos da eternidade.
Queremos deixar de lado, sobre este assunto, toda idéia que seja ditada pela teologia popular ou pela fantasia, e investigar o que Deus ensinou a este respeito na Sua Palavra, porque nesta matéria só a revelação divina pode declarar-nos a verdade. Existe o inferno, ou não existe? Pode ser que cheguemos a uma comprovação surpreendente e aparentemente revolucionária, porém de qualquer maneira convém fazer uma investigação imparcial e aceitar a verdade, tal como a estabelece a Sagrada Escritura, pois essa verdade nos trará paz, consolo e segurança.
Digamos desde já que a doutrina do inferno eterno não encontra apoio na Bíblia. Esta doutrina tem causado possivelmente mais dano ao cristianismo, que todos os ataques de que este tenha sido objeto através de todos os tempos. Não somente é rechaçada pelo sentido comum como ilógica, absurda e obviamente injusta, mas é irreconciliável com o conceito e a descrição que fazem as Escrituras da divindade. De fato, ali nos é apresentado um Deus justo, e ao mesmo tempo clemente, misericordioso e cheio de amor. Tanto é assim que o apóstolo João declara que “Aquele que não ama não conhece a deus, pois Deus é amor” (I João 4:8).
A noção de inferno, pelo contrário, tal como é ensinada, ordinariamente, incita as pessoas com tendências religiosas a buscarem reconciliarem-se com Deus, movidas pelo medo. A este respeito, cabe assinalar que alguns sistemas de teologia cristã, tem cometido o equívoco de lançar mão do sentimento de terror que infunde no espírito apenas a menção do inferno, utilizando-o como motivação básica de sua pregação.
Sem dúvida, no verdadeiro cristianismo o móvel fundamental é o amor e não o temor. Tanto é assim que a inspirada Palavra divina afirma que “o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rom 5:5), e que “o perfeito amor lança fora o medo” (1 João 4:18). S.Paulo diz: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (2 Cor 5:14).
Quando o Senhor Jesus formulou a breve oração magistral que devia servir de modelo e pautar a forma de se dirigir ao Criador, iniciou-a com as palavras: “Pai nosso que estás nos Céus”, destacando assim o traço preponderante de carinho que governa as relações da Divindade com Suas criaturas. O mesmo é advertido nas palavras do profeta Oséias, que procura refletir assim os ternos sentimentos do Senhor para com os homens: “Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor” (Oséias 11:4). Sobreo Ser Supremo lê-se que é “grande em misericórdia e fidelidade” (Exod 34:6).
Em consonância com este princípio, quando no segundo mandamento do decálogo a Lei de deus ordena: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na Terra, nem nas águas debaixo da Terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto”, dá como razão deste mandamento o seguinte fato: “Porque Eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que Me amam e guardam os Meus mandamentos” (Exod 20:4-6). Observe-se que ao passo que a justiça de Deus alcança com suas consequências, na lei régia, até a quarta geração, a misericórdia abarca milhares de gerações, de maneira a ultrapassar mil vezes o castigo.
Lamentavelmente, a este falso ensino de um inferno de fogo eterno tiveram que chegar por força, os teólogos que afirmam que a alma é imortal, ou seja que não pode morrer, e que continua vivendo perpetuamente depois da morte do corpo. Nos estudos anteriores tivemos ocasião de demonstrar documentadamente, baseando-nos na infalível e única autoridade na matéria, as Santas Escrituras, que a alma é perfeitamente mortal, e que a imortalidade só poderá ser condicional. “A alma que pecar – declara o profeta Ezequiel – essa morrerá”( Ezeq 18:4). “Temei antes aquele que pode fazer perecer…tanto a alma como o corpo” (Mat 10:28), disse o próprio Senhor Jesus. “A sua alma morrerá” (Jó 36:14 – Trad Matos Soares), lemos em outra passagem.
Estas afirmações inspiradas referentes ao homem, acham-se em perfeita consonância com o que Deus mesmo advertiu a Adão ao dizer-lhe: “Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás: porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gên 2:17). Desde o momento em que, segundo as próprias palavras da Divindade, Adão seria passível de morte, se violasse a lei divina, não podia ser imortal. Por outro lado, lê-se em Gênesis que depois que o homem pecou, o Criador disse: “Para que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente: o Senhor Deus…o lançou fora do Jardim do Éden (Gên 3:22-23). Esta declaração confirma a natureza mortal do homem.
Já vimos também, oportunamente, que os mortos permanecem em absoluta inconsciência (João 11:11, Ecles 9:5-6, Salmo 146:4) até o dia da ressurreição e do juízo retribuitivo de Deus. Abordemos agora este problema: Qual será a sorte dos humanos nesse momento solene?
Há somente duas possibilidades. A primeira consiste na obtenção da vida eterna e imortalidade concedida por Deus, para habitar no Seu sempiterno reino de paz. Esta é uma dádiva, um dom imerecido que o Criador outorga a Suas criaturas com a única condição de aceitarem a Cristo pela fé como salvador pessoal, pois esta é a única maneira pela qual podemos reconciliar-nos com Deus e dEle obtermos o poder que transforma a conduta e habilita o homem a viver conforme os preceitos celestiais. “O dom gratuito de Deus é a vida eterna” (Rom 6:23). “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
A segunda e única alternativa fora deste destino de felicidade perdurável, consiste na morte, pois lemos: “O salário do pecado é a morte”. Essa morte é a cessação total e definitiva da vida, a aniquilação completa da personalidade e é denominada por S.João, no apocalipse “a segunda morte” (Apoc 20:14).
Existe uma quantidade impressionante de passagens bíblicas que corroboram este fato fundamental da destruição definitiva e completa dos ímpios, melhor dizendo daqueles que não tenham aceitado a Jesus em sua vida, mas que se acham apegados ao pecado. Embora correndo o risco de excesso nestas considerações, e só com o ânimo de assentar de maneira precisa e irretorquível a verdade de que se trata de uma morte real e definitiva, da anulação total dos que tenham repelido a misericordiosa provisão divina, detalhamos em continuação uma série de vinte passagens bíblicas, que por certo poderiam multiplicar-se, e, utilizando distintos vocábulos, nos apresentam extraordinária reiteração desta verdade. Ao lado da referência bíblica correspondente, transcrevemos apenas a expressão chave.
Salmo 68:2 “Perecem os íniquos”.
Apocalipse 20:9 “Desceu fogo do céu e os consumiu“.
Isaías 1:28 “Serão juntamente destruídos“.
Naum 1:10 “Serão inteiramente consumidos como palha seca”.
Hebreus 10:27 “Fogo vingador prestes a consumir os adversários”
Romanos 2:12 “Perecerão“
Salmo 59:13 “Consome-os … para que jamais existam“
Salmo 145:20 “Os ímpios serão exterminados“
Mateus 3:12 “Queimará a palha”
Isaías 1:31 “O forte se tornará em estopa“
Salmo 104:35 “Desaparecem da Terra os pecadores e já não subsistam os perversos”
Salmo 92:7 “Serão destruídos para sempre“
Salmo 92:9 “Os teus inimigos perecerão“
Salmo 37:28 “A descendência dos ímpios será exterminada“
Salmo 37:22 “Serão exterminados aqueles a quem amaldiçoa”
Salmo 37:38 “Quanto aos transgressores serão a uma destruídos“
Salmo 94:23 “Pela malícia deles próprios os destruirá; o Senhor nosso Deus os exterminará”
Apocalipse 21:8 “A parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte“
Malaquias 4:1 “Pois eis que vem o dia, e arde como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem perversidade, serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raíz nem ramo“.
Romanos 6:23 “O salário do pecado é a morte“
Ezequiel 28:19 “Jamais subsistirás“
Qualquer comentário adicional a estes textos é supérfluo, ante à clareza contundente com que os mesmos reafirmam a destruição completa dos ímpios.
Que é o Inferno?
Porém, acaso não fala a Bíblia do inferno? – apresentar-se-á a objetar aquele que tenha lido o Livro dos livros. E respondemos: sim, existe um inferno, porém muito diferente daquele que nos tem sido apresentado desde nossa infância.
Analisemos, pois, o inferno em suas diferentes características: sua natureza e destino original; seu propósito e resultados; sua duração; o tempo em que realizará sua obra.
A palavra “inferno”, que se utiliza no Antigo Testamento, foi traduzida do vocábulo hebraico SHEOL, que significa literalmente “sepulcro”, “sepultura”, “cova”, “abismo”, “fossa”. Este vocábulo hebraico foi traduzido em dezenas de passagens do Antigo Testamento como “sepulcro”, e umas poucas vezes como “inferno”. Porém nestes casos, assim como nos anteriores, não significa senão sepulcro, ou sepultura.
No Novo Testamento, “inferno” corresponde a dois vocábulos gregos. O primeiro HADES, que significa literalmente “sepulcro” ou “morte”. O segundo é GEENA, nome dado primariamente ao vale de Hinon, ao sul de Jerusalém, onde se deitavam os resíduos, os cadáveres dos animais e, também, dos malfeitores, que eram queimados nesse lugar.
Deixando de lado todas as passagens em que a palavra corresponde ao original SHEOL ou HADES, casos em que não há outro sentido que não morte ou sepulcro, analisemos os lugares em que no original se emprega o vocábulo grego GEENA. Neles, a palavra “inferno” designa um luga respecial em que, os que tenham rejeitado a misericórdia de deus serão destruídos pelo fogo. Assim por exemplo, no Sermão da Montanha, Jesus adverte sobre as funestas consequências de abrigar ira e rancor no coração, com estas palavras: “Todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: tolo, estará sujeito ao inferno de fogo” (Mt 5:22). Aqui se esclaresce que o inferno será à base de fogo, e terá por propósito castigar o pecador.
O mesmo se observa nesta outra passagem: “Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o, e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos, do que, tendo dois, seres lançado para dentro do lago de fogo” (Mat 18:9). Confirmando estas passagens, em Apocalipse 20:15 lemos que “se alguém não foi achado inscrito no Livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo”. Aqui se dá um nome distinto ao castigo final dos perdidos, denominado “lago de fogo”, que em S.Mateus, o Senhor chama “inferno de fogo”.
É de interesse, sem dúvida, recordar que esse inferno jamais foi feito para os seres humanos.Seu propósito original foi destruir os seres celestiais que se rebelaram contra o governo de deus e provocaram toda tragédia deste mundo: o diabo e seus anjos ou demônios. Assim declara o Evangelho ao relatar as palavras que o Mestre dirá no dia do ajuste final aos que não permitiram que o Evangelho os livrasse do pecado: “Então o Rei [celestial] dirá também aos que estiverem a sua esquerda: apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25:41).
Não existe um lugar definido do universo onde, neste momento, estejam ardendo os pecadores. O inferno da Bíblia, é o lago de fogo e enxofre que terminará com a rebelião e o pecado, será constituído em nosso próprio planeta, cujos elementos serão abrasados e se fundirão, no final dos tempos, quando chegar a hora em que Deus executar a sentença. Assim estabelece a Segunda Epístola de S. Pedro, ao dizer: “Ora, os céus que agora existem, e a Terra, pela mesma palavra tem sido entesourados para fogo, estando reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios” (2 Pedro 3:7). Note-se que a Terra e os céus atmosféricos que a rodeiam, estão reservados para o dia do juízo, em que serão destruídos pelo fogo, juntamente com os homens ímpios. Este conceito se acha mais esclarescido nas passagens seguintes do mesmo capítulo: “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do dia de deus, por causa do qual os céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se derreterão” (2 Pedro :10-12). Insiste o apóstolo em que toda esta obra destrutiva se fará “no dia do juízo”, no “dia do Senhor”, no “dia de Deus”.
Não poderiam, pois, os pecadores estar ardendo, nestes momentos, nas torturantes chamas de um inferno atual – fruto da fantasia e dogmas populares – quando a mesma Escritura estabelece inconsciência total e absoluta dos mortos ( João 11:11, Ecles 9:5-6, Salmo 146:4), até o dia da ressurreição, em que receberão o galardão conforme as suas obras (João 5:28-29).
Há um Inferno Eterno?
Que duração tem o castigo do inferno? Por quanto tempo continuará ardendo a Terra e sendo queimados os pecadores?
Esse inferno dura tão só enquanto realiza sua obra triste, porém necessária de purificar a Terra pelo fogo e destruir Satanás, origem de todo engano, pecado e dor, a seus anjos sequazes, e aos seres humanos que não atendendo aos chamados da misericórdia de Deus, preferiram apegar-se ao pecado, rechaçando o plano da gratuita salvação que o Criador lhes oferecia por meio de Cristo Jesus.
A série de diferentes vocábulos acima mencionados, que as Escrituras usam, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, para se referir ao castigo dos homens que não se tenham preparado para o futuro reino imortal, convencem com força de evidência indiscutível da destruição completa de tais pessoas, e anulam de maneira irrefutável a crença num inferno perpétuo. Dificilmente poderíamos achar, no vocabulário humano, gama mais variada e completa de palavras, para reiterar o pensamento de uma morte real e destruição definitiva.
Sem dúvida, alguns sinceros estudiosos da Bíblia descobriram umas poucas passagens, que parecerão contradizer essa multidão de textos, ensinando o castigo eterno. Essas declarações são de três tipos, e vamos analisá-las detalhadamente, em tópicos correspondentes.
A) Fogo Inextínguível; Fogo que Nunca se Apaga
(S.Mateus 3:12; S,Lucas 3:17; S.Marcos 9:44)
Estes versículos falam do fogo que devorará os ímpios, e usam uma mera figura literária, uma hipérbole, que não se pode entender literalmente, mas é necessário interpretá-la em função de todo o conjunto de declarações bíblicas que tratam do mesmo assunto.
Esse “fogo que nunca se apaga”, apagar-se-á sem dúvida quando tenha cumprido sua obra de consumir e destruir a Satanás e seus anjos, a todos os ímpios e à Terra inteira, com todos seus elementos. Vamos demonstrar que isso é assim e que se trata de mera figura. S. Pedro declara em sua segunda Epístola, com respeito ao fim dos maus: “Ora, os céus [atmosféricos] que agora existem, e a Terra, pela mesma palavra têm sido entesourados para fogo, reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios…Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2 Pedro 3:7-12).
É esse o fogo a que aludem os versículos dos Evangelhos, que mencionam o “fogo que nunca se apaga”. É o fogo que consome a Terra e seus ímpios moradores. Porém esse fogo “que nunca se apaga”, segundo o Novo Testamento, apagar-se-á completamente, pois S. João, na sua última e gloriosa visão profética do Apocalipse nos diz: “Vi novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a Nova Jerusalém” (Apoc 21:1-2). E assim continua descrevendo a morada dos remidos, com todas as suas formosuras e maravilhas. Assim pois, a terra que estava ardendo, S.João a viu afinal transformada num precioso vergel. O “fogo que nunca se apaga” enquanto tenha o que queimar, se extinguirá.
B) “Fogo Eterno; Castigo Eterno”
(S. Mateus 18:8; S. Mateus 25:46)
Já vimos que esse “fogo eterno” que se incendeia para abrasar a Terra, por ocasião do juízo retribuitivo de deus, termina, pois essa mesma terra S. João a viu formosa e renovada.
A palavra “eterno” e a expressão “para sempre” não denotam em todos os casos – na Bíblia – duração ilimitada. Por exemplo, o livro de Êxodo, quando fala do sistema de servidão entre os hebreus, diz que o servo que aos sete anos preferia ficar voluntariamente com seu amo, não aproveitando a liberdade gratuita, seria servo “para sempre” (êxod 21:2-6). Porém, em levítico 25:39-41 se conclui que toda servidão cessa automaticamente no ano do jubileu; de maneira que “para sempre” não implicava perpetuidade.
O profeta Jonas se refere ao tempo em que esteve no ventre do peixe, com estas palavras: “Desci à terra cujos ferrolhos se correram sobre mim para sempre“. Porém na linha seguinte diz: “contudo fizeste subir da sepultura a minha vida, ó Senhor, meu Deus!” (Jonas 2:6-7). De maneira que outra vez a expressão “parasempre” denota tempo muito limitado.
Em S.Judas lemos o seguinte sobre o castigo dos anjos caídos: “E os anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia” (Judas 6). Quer dizer que as “algemas eternas” duram só até o “juízo do grande dia”.
De igual maneira o mesmo S.Judas assinala no versículo seguinte, que as corrompidas cidades de Sodoma e Gomorra “são postas para figura do fogo eterno, sofrendo punição” (Judas 7). Aqui se alude ao fogo que Deus fez descer do céu e que consumiu estas cidades, e não ao fogo do juízo vindouro, pois Jesus, ao falar do castigo definitivo de Sodoma e Gomorra, fala no futuro (Mat 10:15). Mas o interessante é que o fogo que consumiu Sodoma e Gomorra e que a Bíblia chama “eterno”, faz tempo que deixou de arder. Outra vez se observa que a palavra “eterno” não denota, nestes casos duração ilimitada.
Que são pois “fogo eterno” e “tormento eterno”? São um fogo ou tormento de consequências eternas, pois extinguirão completamente a pessoa, não deixando “nem raiz nem rama”. Exemplo desta acepção do vocábulo “eterno” o temos nos seguintes casos:
II Tessalonicenses 1:9 “Estes sofrerão penalidade de eterna destruição”
Hebreus 6:2 ”Juízo Eterno” (aqui a palavra juízo não se refere a castigo, mas ao estudo prévio do caso, pois a palavra original é Kríma, e procede do verbo Krino, que significa “discernir, examinar”.
Nem o juízo nem o exame nem a perdição são algo iterativo, que continua a se realizar através de toda a eternidade. Por conseguinte, é óbvio que, tanto a perdição como o exame do caso dos seres humanos que se faz no juízo investigativo, são eternos em suas consequências. Assim, também, é o fogo destruidor dos ímpios.
Deus não envia esse fogo sobre a Terra, para alegrar-Se no sofrimento. Para Ele, a tarefa de castigar é um mal necessário, mas contrário a Sua natureza. Por isso o Senhor qualifica de “estranha” essa obra: O profeta Isaías afirma: “Porque o Senhor Se levantará como no Monte Perazim, e se irará, como no vale de Gibeão, para realizar a Sua obra, a Sua obra estranha, e para executar o Seu ato inaudito” (Isaías 28:21). Como o cirurgião que se vê na imperiosa necessidade de amputar um membro pela raiz, para salvar a vida, realiza estranha obra, lamentando ter que fazê-lo, o divino Cirurgião terá que efetuar a desagradável obra de apagar da existência, no dia da sentença final, todo o que não tenha se preparado para a nova ordem mundial de perfeição e paz, e que ademais poderia ser um germe de dissolução.
Por esta razão o Senhor faz este rôgo amoroso, agora que está ao alcance dos filhos de Adão o prevenir-se da destruição eterna, e tomar as providências necessárias: “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, porque morreríeis, ó casa de Israel? Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto convertei-vos e viveis” (Ezeq 18:31-32). Estas palavras são ditadas pelo terno amor que Deus dedica a cada um de nós, seres feitos a Sua imagem e semelhança. Mesmo quando enfrentamos as debilidades da carne, e nos vemos submetidos aos efeitos do pecado, que é a violação da lei divina, se aceitarmos o convite de Deus, submetendo-se à influência de Seu poder em nossos corações, seremos transformados e convertidos; receberemos um coração novo, e estaremos assim preparados para morar no reino eterno de justiça, paz e felicidade, onde tudo será alegria e perfeição. Eis aí o destino glorioso que Deus tem reservado para cada um de nós, se tão somente decidirmos submeter-nos ao maravilhoso plano divino que transforma e marca novos rumos à vida.
Quando Deus finalizar a estranha obra de purificar do pecado a Terra, quando nosso planeta deixar de ser o lago de fogo em que se converterá por breve lapso de tempo, cristalizar-se-á a magnífica e grandiosa visão profética que Deus mostrou ao apóstolo amado, as glórias inefáveis do Éden restaurado: Vi novo céu e nova Terra” – Exclama S. João – “… Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da parte de deus ataviada como a noiva adornada para o seu esposo. Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles … E a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Apoc 21:1-4). Queira Deus que todos nós que lemos estas linhas, desfrutemos do inefável gozo eterno desse mundo radiante do futuro.
Extraído do livro Paz na Angústia de Fernando Chaij ( CPB – 1967).
Fonte: Sétimo Dia
Os lingüistas discutem o sentido das palavras hebraicas e gregas que se traduzem por “eterno” e “eternamente” nas Escrituras (olam, em hebraico; aion, aionios, no grego). Isso pode parecer meio complicado para um leigo, mas uma maneira de entender a questão mais facilmente é comparando várias traduções.
Por exemplo, há traduções bíblicas que trazem no Salmo 23:6: “E habitarei na casa do Senhor por longos dias”. Outras Bíblias dizem, “habitarei na casa do Senhor para sempre”. O texto original é o mesmo, mas um tradutor verteu o termo hebraico olam por “longos dias” e outro por “para sempre”, o que não significa exatamente a mesma coisa, obviamente.
Isso se reflete em versões estrangeiras.
Francês, a versão de Louis Segond diz “jusqu’à la fin de mes jours” [até o fim de meus dias].
Espanhol das Sociedades Bíblicas en América Latina aparece “por largos días”.
Italiana Nuova Riveduta temos "per lunghi giorni", enquanto em inglês a New International Version verte como “forever” [para sempre], bem como a King James e Revised Standard Version.
“Para sempre” e “eterno, eternamente” no hebraico e grego
Na lei mosaica havia um arranjo pelo qual um escravo iria servir ao seu amo “para sempre” [olam] (Êx 21:1-6), mas esse “para sempre” é relativo ao tempo de vida do indivíduo, o que poderia significar “por breve período” ou “por longos dias”, dependendo da longevidade do mesmo.
O termo olam tem um caráter relativo ao tempo de duração daquilo a que se refere.
No Novo Testamento não é diferente. Paulo se refere a Onésimo, o escravo convertido, que devia voltar a servir “a fim de que o possuísseis para sempre [aionios]” (Filemon 15 e 16). Mas esse “para sempre” significava até o fim da vida do escravo!
E o que dizer do “fogo eterno” que queimou Sodoma e Gomorra, mas não está queimando até hoje? Comparando-se diferentes traduções bíblicas percebe-se que o texto de Judas 7 foi alterado ilegitimamente por tradutores na Versão Almeida Revista e Atualizada em português. No original grego consta pyròs aioniou [fogo eterno], caso genitivo, que qualifica o termo “punição”. Então, não resta dúvida que a melhor tradução é “sofrendo a punição do fogo eterno”.
Novamente, recorrendo às mesmas Bíblias acima citadas, temos:
Francês: “. . . subissant la peine d’un feu éternel”
Italiano: "portando la pena di un fuoco eterno"
Espanhol: “. . . sufriendo el castigo del fuego eterno”
Inglês: “. . . vengeance of eternal fire” [King James]; “. . . the punishment of eternal fire” [NIV]; “. . .punishment of eternal fire” [RSV]; “. . . punishment of eternal fire” [Today’s English Version].
Infelizmente o trabalho de tradutores também envolve às vezes interpretação segundo suas convicções pessoais, o que não devia acontecer, pois o tradutor devia ser “neutro”, mas acontece.
Dois versículos que lançam muita luz
Lendo atentamente os versos abaixo percebe-se algo que talvez nunca haja chamado a atenção de muitos leitores da Bíblia e que ilustra bem a relatividade de sentidos das palavras hebraicas traduzidas por “eternamente”, “para sempre”. Profetizando acerca de Jerusalém, declara o profeta Isaías:
"O palácio será abandonado; a cidade populosa ficará deserta; Ofel e a torre da guarda servirão de cavernas para sempre, . . . até que se derrame sobre nós o Espírito lá do alto: então o deserto se tornará em pomar e o pomar será tido por bosque". -- Is 32:14 e 15.
Notem-se as expressões “para sempre” e “até que” em contexto imediato. Como algo pode ser estipulado “para sempre . . . até que” aconteça um certo fato? Isso no português não faria sentido, mas no hebraico sim.
Outra passagem muito significativa encontra-se pouco adiante. Ao falar dos edomitas que Deus havia destinado “para a destruição”, o profeta Isaías se vale de linguagem hiperbólica semelhante:
"Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente. Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela". -- Is 34:9 e 10.
Ora, é sabido que os edomitas desapareceram há muitos séculos. Poder-se-ia dizer que existem ainda piche ardente e fumaça subindo na terra de Edom? Logicamente que não.
É digno de nota que o apóstolo João, no Apocalipse, vale-se dessa mesma linguagem para descrever a sorte final dos ímpios. O mesmo João, lembremo-nos, também valeu-se de figuras do Velho Testamento, como ao tratar da mulher ímpia (a igreja corrompida ao final da história) como Jezabel, e ao falar de Babilônia, ou descrever a besta de Apocalipse 13 como sendo composta com os elementos dos animais de Daniel 7 (leão, leopardo, urso. . . )--ver vs. 2.
Assim, está aí a raiz da linguagem um tanto enigmática que confunde tanta gente boa. O fogo é eterno (como o que destruiu Sodoma e Gomorra), e queimará de dia e de noite com sua fumaça subindo “para sempre”, como também se deu na terra de Edom séculos atrás!
Um bom conceito de Justiça seria DAR O QUE SE MERECE!
Seria justo condenar alguém ao fogo por 200 bilhões de anos tendo este alguém vivido apenas 25 anos? Não seria esta pena um tanto desproporcional?
Seria pois mais razoável concordar com o que o texto sagrado apresenta, cada um pagará segundo suas obras.
Como se originou a crença no “inferno”?
http://www.centrowhite.org.br/textos.pdf/01/71.pdf
Um dos ensinos do cristianismo popular que tem causado mais perturbações e temores, e, por outro lado, tem induzido muitos a se declararem ateus, é aquele segundo o qual os réprobos, os ímpios sofrerão os tormentos do inferno de fogo, que arderá através de todos os séculos da eternidade, queimando-os e produzindo-lhes sofrimentos angustiosos, sem esperança alguma de término.
O conceito de inferno desperta sentimentos díspares nos seres humanos. Para uns, trata-se de uma realidade indiscutível e tremenda, que os mantém de contínuo aterrorizados. Para outros, é uma mera expressão alegórica que simboliza alguma classe de castigo moral que Deus infligirá aos pecadores. Para os livres pensadores, é só uma invenção pueril e supersticiosa que os clérigos utilizam para manter o domínio das consciências.
Quando eu era criança, a idéia do inferno de fogo que ia queimar indefinidamente os maus, provocava-me pânico e até desespero. O único consolo era pensar que ainda faltava muito tempo para tal acontecimento, pois aos cinco ou seis anos a vida parecia um poente muito extenso que o separava das chamas devoradoras do inferno.
Grande número de pessoas de perguntam a si mesmas se possui o mais elementar sentido de justiça este proceder de um Deus que submete a tal tipo de suplício interminável seres humanos que, por mais perversos e degenerados que sejam, não vivem mais de setenta ou oitenta anos. E por oitenta anos de maldade, deve sofrer o homem ou mulher o mais doloroso dos tormentos conhecidos, a saber, o de se queimar vivo, e continuar se queimando sem se consumir, nem perder a consciência, não por uma hora, nem por um dia, nem por um ano ou século, nem por um milhão de séculos, mas por todos os milhões de séculos da eternidade.
Queremos deixar de lado, sobre este assunto, toda idéia que seja ditada pela teologia popular ou pela fantasia, e investigar o que Deus ensinou a este respeito na Sua Palavra, porque nesta matéria só a revelação divina pode declarar-nos a verdade. Existe o inferno, ou não existe? Pode ser que cheguemos a uma comprovação surpreendente e aparentemente revolucionária, porém de qualquer maneira convém fazer uma investigação imparcial e aceitar a verdade, tal como a estabelece a Sagrada Escritura, pois essa verdade nos trará paz, consolo e segurança.
Digamos desde já que a doutrina do inferno eterno não encontra apoio na Bíblia. Esta doutrina tem causado possivelmente mais dano ao cristianismo, que todos os ataques de que este tenha sido objeto através de todos os tempos. Não somente é rechaçada pelo sentido comum como ilógica, absurda e obviamente injusta, mas é irreconciliável com o conceito e a descrição que fazem as Escrituras da divindade. De fato, ali nos é apresentado um Deus justo, e ao mesmo tempo clemente, misericordioso e cheio de amor. Tanto é assim que o apóstolo João declara que “Aquele que não ama não conhece a deus, pois Deus é amor” (I João 4:8).
A noção de inferno, pelo contrário, tal como é ensinada, ordinariamente, incita as pessoas com tendências religiosas a buscarem reconciliarem-se com Deus, movidas pelo medo. A este respeito, cabe assinalar que alguns sistemas de teologia cristã, tem cometido o equívoco de lançar mão do sentimento de terror que infunde no espírito apenas a menção do inferno, utilizando-o como motivação básica de sua pregação.
Sem dúvida, no verdadeiro cristianismo o móvel fundamental é o amor e não o temor. Tanto é assim que a inspirada Palavra divina afirma que “o amor de Deus é derramado em nossos corações pelo Espírito Santo” (Rom 5:5), e que “o perfeito amor lança fora o medo” (1 João 4:18). S.Paulo diz: “Pois o amor de Cristo nos constrange” (2 Cor 5:14).
Quando o Senhor Jesus formulou a breve oração magistral que devia servir de modelo e pautar a forma de se dirigir ao Criador, iniciou-a com as palavras: “Pai nosso que estás nos Céus”, destacando assim o traço preponderante de carinho que governa as relações da Divindade com Suas criaturas. O mesmo é advertido nas palavras do profeta Oséias, que procura refletir assim os ternos sentimentos do Senhor para com os homens: “Atraí-os com cordas humanas, com laços de amor” (Oséias 11:4). Sobreo Ser Supremo lê-se que é “grande em misericórdia e fidelidade” (Exod 34:6).
Em consonância com este princípio, quando no segundo mandamento do decálogo a Lei de deus ordena: “Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem em baixo na Terra, nem nas águas debaixo da Terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto”, dá como razão deste mandamento o seguinte fato: “Porque Eu sou o Senhor teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que Me aborrecem, e faço misericórdia até mil gerações daqueles que Me amam e guardam os Meus mandamentos” (Exod 20:4-6). Observe-se que ao passo que a justiça de Deus alcança com suas consequências, na lei régia, até a quarta geração, a misericórdia abarca milhares de gerações, de maneira a ultrapassar mil vezes o castigo.
Lamentavelmente, a este falso ensino de um inferno de fogo eterno tiveram que chegar por força, os teólogos que afirmam que a alma é imortal, ou seja que não pode morrer, e que continua vivendo perpetuamente depois da morte do corpo. Nos estudos anteriores tivemos ocasião de demonstrar documentadamente, baseando-nos na infalível e única autoridade na matéria, as Santas Escrituras, que a alma é perfeitamente mortal, e que a imortalidade só poderá ser condicional. “A alma que pecar – declara o profeta Ezequiel – essa morrerá”( Ezeq 18:4). “Temei antes aquele que pode fazer perecer…tanto a alma como o corpo” (Mat 10:28), disse o próprio Senhor Jesus. “A sua alma morrerá” (Jó 36:14 – Trad Matos Soares), lemos em outra passagem.
Estas afirmações inspiradas referentes ao homem, acham-se em perfeita consonância com o que Deus mesmo advertiu a Adão ao dizer-lhe: “Da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás: porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gên 2:17). Desde o momento em que, segundo as próprias palavras da Divindade, Adão seria passível de morte, se violasse a lei divina, não podia ser imortal. Por outro lado, lê-se em Gênesis que depois que o homem pecou, o Criador disse: “Para que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma e viva eternamente: o Senhor Deus…o lançou fora do Jardim do Éden (Gên 3:22-23). Esta declaração confirma a natureza mortal do homem.
Já vimos também, oportunamente, que os mortos permanecem em absoluta inconsciência (João 11:11, Ecles 9:5-6, Salmo 146:4) até o dia da ressurreição e do juízo retribuitivo de Deus. Abordemos agora este problema: Qual será a sorte dos humanos nesse momento solene?
Há somente duas possibilidades. A primeira consiste na obtenção da vida eterna e imortalidade concedida por Deus, para habitar no Seu sempiterno reino de paz. Esta é uma dádiva, um dom imerecido que o Criador outorga a Suas criaturas com a única condição de aceitarem a Cristo pela fé como salvador pessoal, pois esta é a única maneira pela qual podemos reconciliar-nos com Deus e dEle obtermos o poder que transforma a conduta e habilita o homem a viver conforme os preceitos celestiais. “O dom gratuito de Deus é a vida eterna” (Rom 6:23). “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo o que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).
A segunda e única alternativa fora deste destino de felicidade perdurável, consiste na morte, pois lemos: “O salário do pecado é a morte”. Essa morte é a cessação total e definitiva da vida, a aniquilação completa da personalidade e é denominada por S.João, no apocalipse “a segunda morte” (Apoc 20:14).
Existe uma quantidade impressionante de passagens bíblicas que corroboram este fato fundamental da destruição definitiva e completa dos ímpios, melhor dizendo daqueles que não tenham aceitado a Jesus em sua vida, mas que se acham apegados ao pecado. Embora correndo o risco de excesso nestas considerações, e só com o ânimo de assentar de maneira precisa e irretorquível a verdade de que se trata de uma morte real e definitiva, da anulação total dos que tenham repelido a misericordiosa provisão divina, detalhamos em continuação uma série de vinte passagens bíblicas, que por certo poderiam multiplicar-se, e, utilizando distintos vocábulos, nos apresentam extraordinária reiteração desta verdade. Ao lado da referência bíblica correspondente, transcrevemos apenas a expressão chave.
Salmo 68:2 “Perecem os íniquos”.
Apocalipse 20:9 “Desceu fogo do céu e os consumiu“.
Isaías 1:28 “Serão juntamente destruídos“.
Naum 1:10 “Serão inteiramente consumidos como palha seca”.
Hebreus 10:27 “Fogo vingador prestes a consumir os adversários”
Romanos 2:12 “Perecerão“
Salmo 59:13 “Consome-os … para que jamais existam“
Salmo 145:20 “Os ímpios serão exterminados“
Mateus 3:12 “Queimará a palha”
Isaías 1:31 “O forte se tornará em estopa“
Salmo 104:35 “Desaparecem da Terra os pecadores e já não subsistam os perversos”
Salmo 92:7 “Serão destruídos para sempre“
Salmo 92:9 “Os teus inimigos perecerão“
Salmo 37:28 “A descendência dos ímpios será exterminada“
Salmo 37:22 “Serão exterminados aqueles a quem amaldiçoa”
Salmo 37:38 “Quanto aos transgressores serão a uma destruídos“
Salmo 94:23 “Pela malícia deles próprios os destruirá; o Senhor nosso Deus os exterminará”
Apocalipse 21:8 “A parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte“
Malaquias 4:1 “Pois eis que vem o dia, e arde como fornalha; todos os soberbos, e todos os que cometem perversidade, serão como o restolho; o dia que vem os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que não lhes deixará nem raíz nem ramo“.
Romanos 6:23 “O salário do pecado é a morte“
Ezequiel 28:19 “Jamais subsistirás“
Qualquer comentário adicional a estes textos é supérfluo, ante à clareza contundente com que os mesmos reafirmam a destruição completa dos ímpios.
Que é o Inferno?
Porém, acaso não fala a Bíblia do inferno? – apresentar-se-á a objetar aquele que tenha lido o Livro dos livros. E respondemos: sim, existe um inferno, porém muito diferente daquele que nos tem sido apresentado desde nossa infância.
Analisemos, pois, o inferno em suas diferentes características: sua natureza e destino original; seu propósito e resultados; sua duração; o tempo em que realizará sua obra.
A palavra “inferno”, que se utiliza no Antigo Testamento, foi traduzida do vocábulo hebraico SHEOL, que significa literalmente “sepulcro”, “sepultura”, “cova”, “abismo”, “fossa”. Este vocábulo hebraico foi traduzido em dezenas de passagens do Antigo Testamento como “sepulcro”, e umas poucas vezes como “inferno”. Porém nestes casos, assim como nos anteriores, não significa senão sepulcro, ou sepultura.
No Novo Testamento, “inferno” corresponde a dois vocábulos gregos. O primeiro HADES, que significa literalmente “sepulcro” ou “morte”. O segundo é GEENA, nome dado primariamente ao vale de Hinon, ao sul de Jerusalém, onde se deitavam os resíduos, os cadáveres dos animais e, também, dos malfeitores, que eram queimados nesse lugar.
Deixando de lado todas as passagens em que a palavra corresponde ao original SHEOL ou HADES, casos em que não há outro sentido que não morte ou sepulcro, analisemos os lugares em que no original se emprega o vocábulo grego GEENA. Neles, a palavra “inferno” designa um luga respecial em que, os que tenham rejeitado a misericórdia de deus serão destruídos pelo fogo. Assim por exemplo, no Sermão da Montanha, Jesus adverte sobre as funestas consequências de abrigar ira e rancor no coração, com estas palavras: “Todo aquele que se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: tolo, estará sujeito ao inferno de fogo” (Mt 5:22). Aqui se esclaresce que o inferno será à base de fogo, e terá por propósito castigar o pecador.
O mesmo se observa nesta outra passagem: “Se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o, e lança-o fora de ti; melhor é entrares na vida com um só dos teus olhos, do que, tendo dois, seres lançado para dentro do lago de fogo” (Mat 18:9). Confirmando estas passagens, em Apocalipse 20:15 lemos que “se alguém não foi achado inscrito no Livro da vida, esse foi lançado para dentro do lago de fogo”. Aqui se dá um nome distinto ao castigo final dos perdidos, denominado “lago de fogo”, que em S.Mateus, o Senhor chama “inferno de fogo”.
É de interesse, sem dúvida, recordar que esse inferno jamais foi feito para os seres humanos.Seu propósito original foi destruir os seres celestiais que se rebelaram contra o governo de deus e provocaram toda tragédia deste mundo: o diabo e seus anjos ou demônios. Assim declara o Evangelho ao relatar as palavras que o Mestre dirá no dia do ajuste final aos que não permitiram que o Evangelho os livrasse do pecado: “Então o Rei [celestial] dirá também aos que estiverem a sua esquerda: apartai-vos de Mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (Mt 25:41).
Não existe um lugar definido do universo onde, neste momento, estejam ardendo os pecadores. O inferno da Bíblia, é o lago de fogo e enxofre que terminará com a rebelião e o pecado, será constituído em nosso próprio planeta, cujos elementos serão abrasados e se fundirão, no final dos tempos, quando chegar a hora em que Deus executar a sentença. Assim estabelece a Segunda Epístola de S. Pedro, ao dizer: “Ora, os céus que agora existem, e a Terra, pela mesma palavra tem sido entesourados para fogo, estando reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios” (2 Pedro 3:7). Note-se que a Terra e os céus atmosféricos que a rodeiam, estão reservados para o dia do juízo, em que serão destruídos pelo fogo, juntamente com os homens ímpios. Este conceito se acha mais esclarescido nas passagens seguintes do mesmo capítulo: “Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas. Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do dia de deus, por causa do qual os céus incendiados serão desfeitos e os elementos abrasados se derreterão” (2 Pedro :10-12). Insiste o apóstolo em que toda esta obra destrutiva se fará “no dia do juízo”, no “dia do Senhor”, no “dia de Deus”.
Não poderiam, pois, os pecadores estar ardendo, nestes momentos, nas torturantes chamas de um inferno atual – fruto da fantasia e dogmas populares – quando a mesma Escritura estabelece inconsciência total e absoluta dos mortos ( João 11:11, Ecles 9:5-6, Salmo 146:4), até o dia da ressurreição, em que receberão o galardão conforme as suas obras (João 5:28-29).
Há um Inferno Eterno?
Que duração tem o castigo do inferno? Por quanto tempo continuará ardendo a Terra e sendo queimados os pecadores?
Esse inferno dura tão só enquanto realiza sua obra triste, porém necessária de purificar a Terra pelo fogo e destruir Satanás, origem de todo engano, pecado e dor, a seus anjos sequazes, e aos seres humanos que não atendendo aos chamados da misericórdia de Deus, preferiram apegar-se ao pecado, rechaçando o plano da gratuita salvação que o Criador lhes oferecia por meio de Cristo Jesus.
A série de diferentes vocábulos acima mencionados, que as Escrituras usam, tanto no Antigo como no Novo Testamentos, para se referir ao castigo dos homens que não se tenham preparado para o futuro reino imortal, convencem com força de evidência indiscutível da destruição completa de tais pessoas, e anulam de maneira irrefutável a crença num inferno perpétuo. Dificilmente poderíamos achar, no vocabulário humano, gama mais variada e completa de palavras, para reiterar o pensamento de uma morte real e destruição definitiva.
Sem dúvida, alguns sinceros estudiosos da Bíblia descobriram umas poucas passagens, que parecerão contradizer essa multidão de textos, ensinando o castigo eterno. Essas declarações são de três tipos, e vamos analisá-las detalhadamente, em tópicos correspondentes.
A) Fogo Inextínguível; Fogo que Nunca se Apaga
(S.Mateus 3:12; S,Lucas 3:17; S.Marcos 9:44)
Estes versículos falam do fogo que devorará os ímpios, e usam uma mera figura literária, uma hipérbole, que não se pode entender literalmente, mas é necessário interpretá-la em função de todo o conjunto de declarações bíblicas que tratam do mesmo assunto.
Esse “fogo que nunca se apaga”, apagar-se-á sem dúvida quando tenha cumprido sua obra de consumir e destruir a Satanás e seus anjos, a todos os ímpios e à Terra inteira, com todos seus elementos. Vamos demonstrar que isso é assim e que se trata de mera figura. S. Pedro declara em sua segunda Epístola, com respeito ao fim dos maus: “Ora, os céus [atmosféricos] que agora existem, e a Terra, pela mesma palavra têm sido entesourados para fogo, reservados para o dia do juízo e destruição dos homens ímpios…Virá, entretanto, como ladrão, o dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas” (2 Pedro 3:7-12).
É esse o fogo a que aludem os versículos dos Evangelhos, que mencionam o “fogo que nunca se apaga”. É o fogo que consome a Terra e seus ímpios moradores. Porém esse fogo “que nunca se apaga”, segundo o Novo Testamento, apagar-se-á completamente, pois S. João, na sua última e gloriosa visão profética do Apocalipse nos diz: “Vi novo céu e nova Terra, pois o primeiro céu e a primeira Terra passaram, e o mar já não existe. Vi também a cidade santa, a Nova Jerusalém” (Apoc 21:1-2). E assim continua descrevendo a morada dos remidos, com todas as suas formosuras e maravilhas. Assim pois, a terra que estava ardendo, S.João a viu afinal transformada num precioso vergel. O “fogo que nunca se apaga” enquanto tenha o que queimar, se extinguirá.
B) “Fogo Eterno; Castigo Eterno”
(S. Mateus 18:8; S. Mateus 25:46)
Já vimos que esse “fogo eterno” que se incendeia para abrasar a Terra, por ocasião do juízo retribuitivo de deus, termina, pois essa mesma terra S. João a viu formosa e renovada.
A palavra “eterno” e a expressão “para sempre” não denotam em todos os casos – na Bíblia – duração ilimitada. Por exemplo, o livro de Êxodo, quando fala do sistema de servidão entre os hebreus, diz que o servo que aos sete anos preferia ficar voluntariamente com seu amo, não aproveitando a liberdade gratuita, seria servo “para sempre” (êxod 21:2-6). Porém, em levítico 25:39-41 se conclui que toda servidão cessa automaticamente no ano do jubileu; de maneira que “para sempre” não implicava perpetuidade.
O profeta Jonas se refere ao tempo em que esteve no ventre do peixe, com estas palavras: “Desci à terra cujos ferrolhos se correram sobre mim para sempre“. Porém na linha seguinte diz: “contudo fizeste subir da sepultura a minha vida, ó Senhor, meu Deus!” (Jonas 2:6-7). De maneira que outra vez a expressão “parasempre” denota tempo muito limitado.
Em S.Judas lemos o seguinte sobre o castigo dos anjos caídos: “E os anjos, os que não guardaram o seu estado original, mas abandonaram o seu próprio domicílio, ele tem guardado sob trevas, em algemas eternas, para o juízo do grande dia” (Judas 6). Quer dizer que as “algemas eternas” duram só até o “juízo do grande dia”.
De igual maneira o mesmo S.Judas assinala no versículo seguinte, que as corrompidas cidades de Sodoma e Gomorra “são postas para figura do fogo eterno, sofrendo punição” (Judas 7). Aqui se alude ao fogo que Deus fez descer do céu e que consumiu estas cidades, e não ao fogo do juízo vindouro, pois Jesus, ao falar do castigo definitivo de Sodoma e Gomorra, fala no futuro (Mat 10:15). Mas o interessante é que o fogo que consumiu Sodoma e Gomorra e que a Bíblia chama “eterno”, faz tempo que deixou de arder. Outra vez se observa que a palavra “eterno” não denota, nestes casos duração ilimitada.
Que são pois “fogo eterno” e “tormento eterno”? São um fogo ou tormento de consequências eternas, pois extinguirão completamente a pessoa, não deixando “nem raiz nem rama”. Exemplo desta acepção do vocábulo “eterno” o temos nos seguintes casos:
II Tessalonicenses 1:9 “Estes sofrerão penalidade de eterna destruição”
Hebreus 6:2 ”Juízo Eterno” (aqui a palavra juízo não se refere a castigo, mas ao estudo prévio do caso, pois a palavra original é Kríma, e procede do verbo Krino, que significa “discernir, examinar”.
Nem o juízo nem o exame nem a perdição são algo iterativo, que continua a se realizar através de toda a eternidade. Por conseguinte, é óbvio que, tanto a perdição como o exame do caso dos seres humanos que se faz no juízo investigativo, são eternos em suas consequências. Assim, também, é o fogo destruidor dos ímpios.
Deus não envia esse fogo sobre a Terra, para alegrar-Se no sofrimento. Para Ele, a tarefa de castigar é um mal necessário, mas contrário a Sua natureza. Por isso o Senhor qualifica de “estranha” essa obra: O profeta Isaías afirma: “Porque o Senhor Se levantará como no Monte Perazim, e se irará, como no vale de Gibeão, para realizar a Sua obra, a Sua obra estranha, e para executar o Seu ato inaudito” (Isaías 28:21). Como o cirurgião que se vê na imperiosa necessidade de amputar um membro pela raiz, para salvar a vida, realiza estranha obra, lamentando ter que fazê-lo, o divino Cirurgião terá que efetuar a desagradável obra de apagar da existência, no dia da sentença final, todo o que não tenha se preparado para a nova ordem mundial de perfeição e paz, e que ademais poderia ser um germe de dissolução.
Por esta razão o Senhor faz este rôgo amoroso, agora que está ao alcance dos filhos de Adão o prevenir-se da destruição eterna, e tomar as providências necessárias: “Lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes, e criai em vós coração novo e espírito novo; pois, porque morreríeis, ó casa de Israel? Porque não tenho prazer na morte de ninguém, diz o Senhor Deus. Portanto convertei-vos e viveis” (Ezeq 18:31-32). Estas palavras são ditadas pelo terno amor que Deus dedica a cada um de nós, seres feitos a Sua imagem e semelhança. Mesmo quando enfrentamos as debilidades da carne, e nos vemos submetidos aos efeitos do pecado, que é a violação da lei divina, se aceitarmos o convite de Deus, submetendo-se à influência de Seu poder em nossos corações, seremos transformados e convertidos; receberemos um coração novo, e estaremos assim preparados para morar no reino eterno de justiça, paz e felicidade, onde tudo será alegria e perfeição. Eis aí o destino glorioso que Deus tem reservado para cada um de nós, se tão somente decidirmos submeter-nos ao maravilhoso plano divino que transforma e marca novos rumos à vida.
Quando Deus finalizar a estranha obra de purificar do pecado a Terra, quando nosso planeta deixar de ser o lago de fogo em que se converterá por breve lapso de tempo, cristalizar-se-á a magnífica e grandiosa visão profética que Deus mostrou ao apóstolo amado, as glórias inefáveis do Éden restaurado: Vi novo céu e nova Terra” – Exclama S. João – “… Vi também a cidade santa, a nova Jerusalém, que descia do Céu, da parte de deus ataviada como a noiva adornada para o seu esposo. Então ouvi grande voz vinda do trono, dizendo: Eis o tabernáculo de Deus com os homens. Deus habitará com eles … E a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram” (Apoc 21:1-4). Queira Deus que todos nós que lemos estas linhas, desfrutemos do inefável gozo eterno desse mundo radiante do futuro.
Extraído do livro Paz na Angústia de Fernando Chaij ( CPB – 1967).
Fonte: Sétimo Dia
É importante vermos o que há na história sobre o assunto, visto que uma análise textual também se faz a nível de história.
1) Flávio Josefo nos diz que os essênios adotaram dos gregos não apenas a noção de que "almas são imortais em punição infindável" e afirma que tal crença deriva de "fábulas" gregas e está construída "sobre a suposição", ele chama tal crença de "uma inevitável isca para quem uma vez teve gosto por sua filosofia [grega]". (Josefo War of the Jews 2, 9, 11, citado de Jesephus Complete Works, trad. William Whiston (Grand Rapids, 1974), 478.
É significativo que Josefo atribui a crença na imortalidade da alma e punição infindável, não aos ensinos do Antigo Testamento, mas a "fábulas gregas".
2) Nos rolos do mar morto, que são geralmente associados com a comunidade essenia, falam claramente do aniquilamento total dos pecadores. (André Dupont Sommer, ed. The Essene Writings from Qumrn, (Nova Iorque, 1962).
3) O documento de Damasco, um importante Rolo do Mar morto, descreve o fim dos impios como os antedeluvianos que pereceram nas águas. (CD 2, 6, 20) [referencia 12 - 135-140].
4) Em outro rolo, o Manual de Disciplina descreve a punição dos ímpios como uma punição infindável que resulta em destruição total com nenhum deles sobrevivendo ou escapando. (1QS 4:11-14).
Nos tempos do novo testamento as pessoas empregavam termos tais como [infinito], [sem fim] ou [eterno] com um significado diferente do atual. Para nós, punição [infindável] significa [sem fim], e não até que os ímpios sejam destruídos.
O reconhecimento desse fato é essencial para interprear mais tarde as declarações bíblicas, pois no Novo Testamento [punição eterna - Mt 25:46] e [destruição eterna - 2Ts 1:9] significa "até que sejam destruídos".
Não podemos ler as palavras bíblicas presumindo que reflitam uma crença uniforme no tormento eterno mantida pelos judeus naquela ocasião.
Para nossas modernas mentes críticas, o pensamento parece contraditório, mas não para o povo dos tempos bíblicos. Para interpretar corretamente um texto é vital estabelecer como ele foi entendido por seus leitores originais.
Depois postarei algo mais sobre [aionios].
CONSIDERANDO Mt 25:42-46
(1) Qual a preocupação de Cristo nesta assunto? O que Ele deseja mostrar?
[mostrar que há 2 caminhos, dois destinos]
A natureza dos destinos não é discutida.
(2) Seria muito estranho se o que é lançado no fogo fosse também indestrutível. A fumaça é evidência de que o fogo já realizou sua obra. "John Stott, Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue (Londres, 1988), 316."
(3) O lago de fogo eterno [aionios] que os ímpios são lançados é chamado de segunda morte – Ap 20:14; 21:8.
(5) O único grupo que sofrerá uma transformação no corpo de mortal para imortal são os salvos. (1Co 15:53-54). Onde na Bíblia há referência que os ímpios recebem corpos que não podem ser consumidos pelo fogo?
ANÁLISE GRAMATICAL
[ Os tradicionalistas entendem: O castigo é eterno no sentido de eterno castigar. ]
SERÁ ESSA A CORRETA INTERPRETAÇÃO?
CORRETA ANÁLISE GRAMATICAL
Quando o adjetivo AIONIOS com sentido de eterno é empregado no grego com substantivos de AÇÃO faz referência ao resultado da ação, não ao processo.
ASSIM, AMBOS OS DESTINOS PODEM SER COMPARADOS SEM PROBLEMA.
[ exemplo para melhor compreensão ]
Ninguém supõe que estamos sendo salvos (processo). Já fomos salvos de uma vez por todas por Cristo não é?
VIDA não é substantivo de ação, mas de CONDIÇÃO.
[ 2Ts 1:9 - “Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição...” ]
Não pode haver um processo de destruição incompleto, inconcluso, que não termine nunca. O fogo é eterno pois os resultados são permanentes.
Tentando resumir a ópera:
1o.) Quais as palavras hebraicas e gregas que foram impropriamente traduzidas por inferno?
Apenas duas: Geena e Tártaro.
Os romanos absorveram boa parte das crenças dos gregos.
Plutão, o Deus romano dos lugares inferiores, é assemelhado ao Deus grego Hades.
Consequentemente o "inferus" (lugar inferior, no sentido de estar situado por baixo)romano equivaleria ao Hades grego (lugar dos mortos também entendido como estando por baixo, no sub-solo), e poderia ser adaptado para o Hades (equivalente ao Sheol) hebreu numa tradução dos escritos hebreus em grego para o latim, como na Vulgata por exemplo.
Justamente por não ter uma palavra equivalente nos idiomas modernos, o "inferus" foi transliterado para a maioria deles, originando assim a palavra inferno que traduziria apropriadamente o Hades para os idiomas de origem latina, pelo motivo supracitado.
2o.) Que significam estas palavras na língua original?
- O Hades, conforme usado pelos hebreus equivaleria ao Sheol, que por sua vez definiria qualquer lugar onde um corpo morto viesse a se decompor (visse a corrupção) retornando a ser pó, notadamente o sub-solo, onde os corpos deveriam ser obrigatoriamente enterrados.
- A Geena não tem um significado grego.
A palavra Geena na verdade seria um neologismo grego criado a partir da transliteração da expressão hebraica "Geh Hinnom" que se refere ao Vale do Hinom, onde alegadamente se situaria o depósito de lixo de Jerusalém.
- O Tártaro para os gregos seria a condição rebaixada dos Titãs depois de serem vencidos pelos deuses olimpicos.
Na referência ao Tártaro feita por Pedro lemos que os anjos desobedientes foram "tartarizados" para esperar um futuro julgamento final em completa escuridão, talvez se referindo a eles estarem destituidos da luz que emanaria do Deus dos hebreus.
3o.) Analisando as dificuldades em bem traduzi-las.
Não existem nos idiomas modernos palavras que traduzam apropriadamente nenhum dos vocábulos analisados neste tópico.
- O Hades, conforme relacionado ao Sheol hebraico, se refere ao lugar em que todos os corpos mortos sem exceção viriam a se decompor retornando a ser pó, de modo que não existe nos idiomas modernos uma palavra que traduza esta condição.
O Hades (Sheol) não poderia ser traduzido por sepultura primeiro porque existe palavras gregas apropriadas (táfos e mnema) para designar a sepultura ou o túmulo e seu uso nas escrituras dos hebreus têm um sentido difrente do Hades.
A opção seria usar o equivalente latino ao Hades, o inferno, desde que destituido de toda a significação que a teologia moderna atribuiu a esta palavra.
- Geena seria um nome próprio de lugar, e nomes de lugares em geral não se traduzem, quando muito se translitera como os hebreus fizeram.
Como a Geena não tem nada a ver com o Hades, a palavra latina "inferno" não serviria para designá-la apropriadamente.
- Pela descrição de Pedro vemos que o Tártaro não se refere a um lugar onde seres humanos pudessem estar vivos ou mortos.
Não sendo um lugar designado aos seres humanos ele não poderia ser confundido com o Hades (Sheol).
O mais indicado talvez fosse que estas palvras fossem tranliteradas, como é comum acontecer às palavras que não possuem um equivalente no idioma para o qual se deseja verter.
Errata
'
Perdão!
Eu escrevi que a GEENA seria um neologismo grego.
Pode ser que fosse.
Mas não que tenha sido criado pelos escritores dos evangelhos.
Cerca de trezentos anos antes, os tradutores da Septuaginta já teriam transliterado a expressão "Geh Hinnom" para Geena, em caracteres gregos (Josué 18:16).
Minha intenção ao suscitar este tópico seria a de acrescentar alguns comentários que achei pertinentes em relação às palavras gregas que teriam sido inadvertidamente, e talvez equivocadamente, traduzidas por "Inferno".
Não seria este o caso da palavra 'abyssos", pelo menos não nas traduções que eu tenho a pretensão de conhecer.
Mas acho sua curiosidade legítima em função da correlação que alguns intérpretes fazem entre o abismo e o Hades.
Segue então o resultado de uma pesquisa feita sobre o sentido da palavra "abismo".
De acordo com Liddell e Scott no seu Léxico Grego-Inglês, a palavra grega "abyssos' teria o significado de "insondável ou ilimitado".
Já Parkhurst parece concordar com a versão Septuaginta que usa a palavra grega 'abyssos' para traduzir o hebraico 'tehohm' que por sua vez teria o sentido de algo profundo ou de profundeza mesmo.
Então Parkhurst sugere a tradução de abyssos como se referindo a "algo muito ou extremamente profundo".
Nem os tradutores da Septuaginta, nem os escritores do Novo Testamento, em momento algum relacionam o hebraico 'Sheol' com o termo grego abyssos.
De modo que qualquer tentativa de correlação de significado entre estes termos (Sheol, Hades e Abismo) careceria de fundamentação linguistica que a justificasse.
Hastings ao comentar a ocorrência da palavra 'abyssos' na carta aos Romanos cap. 10, versos 6 e 7, sugere que Paulo, ao contrastar a acessibilidade da justiça por meio da fé com a inacessibilidade do céu e do abismo para o ser humano, sugere a "amplidão dos domínios [de Deus], como de um que tentaríamos explorar em vão.”
Finalmente o Dicionário Bíblico de Strong dá os seguintes significados para a palavra 'Abyssos':
12 αβυσσος abussos
1) sem fundo
2) ilimitado
3) o abismo
3a) a cova, a fossa
3b) a profundidad imensurável
3c) de Orco, um golfo muito profundo ou uma fenda nas partes mais profundas da terra usado como o receptáculo comum dos mortos e especialmente como a habitação dos demônios
Acho importante ressaltar aqui que a correlação que Strong faz entre o Abismo e o latim 'Orcus' não parece gozar de nenhuma sustentação linguistica, já que o uso do termo Orco, como significando o lugar dos mostos, seria historicamente em muito posterior ao tempo das escrituras do Novo Testamento.
1) Flávio Josefo nos diz que os essênios adotaram dos gregos não apenas a noção de que "almas são imortais em punição infindável" e afirma que tal crença deriva de "fábulas" gregas e está construída "sobre a suposição", ele chama tal crença de "uma inevitável isca para quem uma vez teve gosto por sua filosofia [grega]". (Josefo War of the Jews 2, 9, 11, citado de Jesephus Complete Works, trad. William Whiston (Grand Rapids, 1974), 478.
É significativo que Josefo atribui a crença na imortalidade da alma e punição infindável, não aos ensinos do Antigo Testamento, mas a "fábulas gregas".
2) Nos rolos do mar morto, que são geralmente associados com a comunidade essenia, falam claramente do aniquilamento total dos pecadores. (André Dupont Sommer, ed. The Essene Writings from Qumrn, (Nova Iorque, 1962).
3) O documento de Damasco, um importante Rolo do Mar morto, descreve o fim dos impios como os antedeluvianos que pereceram nas águas. (CD 2, 6, 20) [referencia 12 - 135-140].
4) Em outro rolo, o Manual de Disciplina descreve a punição dos ímpios como uma punição infindável que resulta em destruição total com nenhum deles sobrevivendo ou escapando. (1QS 4:11-14).
Nos tempos do novo testamento as pessoas empregavam termos tais como [infinito], [sem fim] ou [eterno] com um significado diferente do atual. Para nós, punição [infindável] significa [sem fim], e não até que os ímpios sejam destruídos.
O reconhecimento desse fato é essencial para interprear mais tarde as declarações bíblicas, pois no Novo Testamento [punição eterna - Mt 25:46] e [destruição eterna - 2Ts 1:9] significa "até que sejam destruídos".
Não podemos ler as palavras bíblicas presumindo que reflitam uma crença uniforme no tormento eterno mantida pelos judeus naquela ocasião.
Para nossas modernas mentes críticas, o pensamento parece contraditório, mas não para o povo dos tempos bíblicos. Para interpretar corretamente um texto é vital estabelecer como ele foi entendido por seus leitores originais.
Depois postarei algo mais sobre [aionios].
CONSIDERANDO Mt 25:42-46
(1) Qual a preocupação de Cristo nesta assunto? O que Ele deseja mostrar?
[mostrar que há 2 caminhos, dois destinos]
A natureza dos destinos não é discutida.
(2) Seria muito estranho se o que é lançado no fogo fosse também indestrutível. A fumaça é evidência de que o fogo já realizou sua obra. "John Stott, Essentials: A Liberal-Evangelical Dialogue (Londres, 1988), 316."
(3) O lago de fogo eterno [aionios] que os ímpios são lançados é chamado de segunda morte – Ap 20:14; 21:8.
(5) O único grupo que sofrerá uma transformação no corpo de mortal para imortal são os salvos. (1Co 15:53-54). Onde na Bíblia há referência que os ímpios recebem corpos que não podem ser consumidos pelo fogo?
ANÁLISE GRAMATICAL
[ Os tradicionalistas entendem: O castigo é eterno no sentido de eterno castigar. ]
SERÁ ESSA A CORRETA INTERPRETAÇÃO?
CORRETA ANÁLISE GRAMATICAL
Quando o adjetivo AIONIOS com sentido de eterno é empregado no grego com substantivos de AÇÃO faz referência ao resultado da ação, não ao processo.
ASSIM, AMBOS OS DESTINOS PODEM SER COMPARADOS SEM PROBLEMA.
[ exemplo para melhor compreensão ]
Ninguém supõe que estamos sendo salvos (processo). Já fomos salvos de uma vez por todas por Cristo não é?
VIDA não é substantivo de ação, mas de CONDIÇÃO.
[ 2Ts 1:9 - “Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição...” ]
Não pode haver um processo de destruição incompleto, inconcluso, que não termine nunca. O fogo é eterno pois os resultados são permanentes.
Tentando resumir a ópera:
1o.) Quais as palavras hebraicas e gregas que foram impropriamente traduzidas por inferno?
Apenas duas: Geena e Tártaro.
Os romanos absorveram boa parte das crenças dos gregos.
Plutão, o Deus romano dos lugares inferiores, é assemelhado ao Deus grego Hades.
Consequentemente o "inferus" (lugar inferior, no sentido de estar situado por baixo)romano equivaleria ao Hades grego (lugar dos mortos também entendido como estando por baixo, no sub-solo), e poderia ser adaptado para o Hades (equivalente ao Sheol) hebreu numa tradução dos escritos hebreus em grego para o latim, como na Vulgata por exemplo.
Justamente por não ter uma palavra equivalente nos idiomas modernos, o "inferus" foi transliterado para a maioria deles, originando assim a palavra inferno que traduziria apropriadamente o Hades para os idiomas de origem latina, pelo motivo supracitado.
2o.) Que significam estas palavras na língua original?
- O Hades, conforme usado pelos hebreus equivaleria ao Sheol, que por sua vez definiria qualquer lugar onde um corpo morto viesse a se decompor (visse a corrupção) retornando a ser pó, notadamente o sub-solo, onde os corpos deveriam ser obrigatoriamente enterrados.
- A Geena não tem um significado grego.
A palavra Geena na verdade seria um neologismo grego criado a partir da transliteração da expressão hebraica "Geh Hinnom" que se refere ao Vale do Hinom, onde alegadamente se situaria o depósito de lixo de Jerusalém.
- O Tártaro para os gregos seria a condição rebaixada dos Titãs depois de serem vencidos pelos deuses olimpicos.
Na referência ao Tártaro feita por Pedro lemos que os anjos desobedientes foram "tartarizados" para esperar um futuro julgamento final em completa escuridão, talvez se referindo a eles estarem destituidos da luz que emanaria do Deus dos hebreus.
3o.) Analisando as dificuldades em bem traduzi-las.
Não existem nos idiomas modernos palavras que traduzam apropriadamente nenhum dos vocábulos analisados neste tópico.
- O Hades, conforme relacionado ao Sheol hebraico, se refere ao lugar em que todos os corpos mortos sem exceção viriam a se decompor retornando a ser pó, de modo que não existe nos idiomas modernos uma palavra que traduza esta condição.
O Hades (Sheol) não poderia ser traduzido por sepultura primeiro porque existe palavras gregas apropriadas (táfos e mnema) para designar a sepultura ou o túmulo e seu uso nas escrituras dos hebreus têm um sentido difrente do Hades.
A opção seria usar o equivalente latino ao Hades, o inferno, desde que destituido de toda a significação que a teologia moderna atribuiu a esta palavra.
- Geena seria um nome próprio de lugar, e nomes de lugares em geral não se traduzem, quando muito se translitera como os hebreus fizeram.
Como a Geena não tem nada a ver com o Hades, a palavra latina "inferno" não serviria para designá-la apropriadamente.
- Pela descrição de Pedro vemos que o Tártaro não se refere a um lugar onde seres humanos pudessem estar vivos ou mortos.
Não sendo um lugar designado aos seres humanos ele não poderia ser confundido com o Hades (Sheol).
O mais indicado talvez fosse que estas palvras fossem tranliteradas, como é comum acontecer às palavras que não possuem um equivalente no idioma para o qual se deseja verter.
Errata
'
Perdão!
Eu escrevi que a GEENA seria um neologismo grego.
Pode ser que fosse.
Mas não que tenha sido criado pelos escritores dos evangelhos.
Cerca de trezentos anos antes, os tradutores da Septuaginta já teriam transliterado a expressão "Geh Hinnom" para Geena, em caracteres gregos (Josué 18:16).
Minha intenção ao suscitar este tópico seria a de acrescentar alguns comentários que achei pertinentes em relação às palavras gregas que teriam sido inadvertidamente, e talvez equivocadamente, traduzidas por "Inferno".
Não seria este o caso da palavra 'abyssos", pelo menos não nas traduções que eu tenho a pretensão de conhecer.
Mas acho sua curiosidade legítima em função da correlação que alguns intérpretes fazem entre o abismo e o Hades.
Segue então o resultado de uma pesquisa feita sobre o sentido da palavra "abismo".
De acordo com Liddell e Scott no seu Léxico Grego-Inglês, a palavra grega "abyssos' teria o significado de "insondável ou ilimitado".
Já Parkhurst parece concordar com a versão Septuaginta que usa a palavra grega 'abyssos' para traduzir o hebraico 'tehohm' que por sua vez teria o sentido de algo profundo ou de profundeza mesmo.
Então Parkhurst sugere a tradução de abyssos como se referindo a "algo muito ou extremamente profundo".
Nem os tradutores da Septuaginta, nem os escritores do Novo Testamento, em momento algum relacionam o hebraico 'Sheol' com o termo grego abyssos.
De modo que qualquer tentativa de correlação de significado entre estes termos (Sheol, Hades e Abismo) careceria de fundamentação linguistica que a justificasse.
Hastings ao comentar a ocorrência da palavra 'abyssos' na carta aos Romanos cap. 10, versos 6 e 7, sugere que Paulo, ao contrastar a acessibilidade da justiça por meio da fé com a inacessibilidade do céu e do abismo para o ser humano, sugere a "amplidão dos domínios [de Deus], como de um que tentaríamos explorar em vão.”
Finalmente o Dicionário Bíblico de Strong dá os seguintes significados para a palavra 'Abyssos':
12 αβυσσος abussos
1) sem fundo
2) ilimitado
3) o abismo
3a) a cova, a fossa
3b) a profundidad imensurável
3c) de Orco, um golfo muito profundo ou uma fenda nas partes mais profundas da terra usado como o receptáculo comum dos mortos e especialmente como a habitação dos demônios
Acho importante ressaltar aqui que a correlação que Strong faz entre o Abismo e o latim 'Orcus' não parece gozar de nenhuma sustentação linguistica, já que o uso do termo Orco, como significando o lugar dos mostos, seria historicamente em muito posterior ao tempo das escrituras do Novo Testamento.
Examinando o Sentido de Termos Bíblicos Especiais
(Sheol, Hades, Tártaro)
Para entendermos melhor sobre o assunto do inferno e castigo eterno, temos de analisar alguns pontos:
1o.) Quais as palavras hebraicas e gregas que foram impropriamente traduzidas por inferno;
2o.) Que significam estas palavras na língua original;
3o.) Analisar as dificuldades em bem traduzi-las.
A doutrina de um inferno para tormento eterno é de origem pagã, foi aceita pela igreja dominante, nos séculos escuros da Idade Média, para intimidar os pagãos a aceitar as crenças católicas.
Vamos fazer uma análise das palavras traduzidas por inferno. Partes deste estudo foi tirado do livro de Pedro Apolinário, Explicação de Textos Difíceis da Bíblia, págs. 135 a 142:
Análise das palavras erradamente traduzidas por inferno:
Sheol - Este vocábulo aparece 62 vezes no Velho Testamento.
Sheol, o lugar para onde iam os mortos, por isso é sinônimo de sepultura, ou lugar de silêncio dos mortos.
Sheol nunca teve em hebraico a idéia de lugar de suplício para os mortos.
É difícil traduzir alguns desses termos bíblicos porque nenhuma palavra em português dá a exata idéia do significado original. O melhor é mantê-la transliterada como fazem muitas traduções. A tradução brasileira não a traduz nenhuma vez.
Experimente traduzir sheol por inferno nestas duas passagens: Gênesis 42:37,38 e Jonas 2:1-2.
Gênesis 42:37,38
37 "Mas Rúben falou a seu pai, dizendo: Mata os meus dois filhos, se eu to não tornar a trazer; entrega-o em minha mão, e to tornarei a trazer.
38 Ele porém disse: Não descerá meu filho convosco; porquanto o seu irmão é morto, e só ele ficou. Se lhe suceder algum desastre pelo caminho em que fordes, fareis descer minhas cãs com tristeza ao Seol."
Jonas 2:1-2.
1 "E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, lá das entranhas do peixe;
2 e disse: Na minha angústia clamei ao senhor, e ele me respondeu; do ventre do Seol gritei, e tu ouviste a minha voz."
Hades - É usada apenas 10 vezes no Novo Testamento: Mateus 11:23; 16:18; Lucas 16:23; Atos 2: 27,31; Apocalipse 1:18; 6:8; 20:13,14 (I Cor. 15:55). Sobre o emprego desta palavra em I Cor. 15:55, Edílson Valiante numa Monografia sobre a palavra hades, pág. 27 (1978), declarou:
“Nós concluímos que também em I Cor. 15:55, onde a palavra sepultura é uma tradução de hades, e descreve que sobre o tal os justos serão finalmente vitoriosos na ressurreição. Incidentalmente, I Cor. 15:55 é uma citação do Velho Testamento (Oséias 13:14), onde encontramos a palavra Sheol aplicada”. – F. Nichol. Answers to Objections, pág. 366.
A palavra hades no Novo Testamento corresponde exatamente á palavra Sheol do Velho Testamento. No Salmo 16:10 Davi disse: “Pois não deixarás a minha alma no Sheol...”.
Pedro usando esta passagem profética do Velho Testamento afirmou em Atos 2:27: “Porque não deixará a minha alma no hades...”.
Outra prova da sua exata correspondência se encontra na tradução da Septuaginta, pois das 62 vezes que Sheol é usada no Velho Testamento, 61 vezes foi traduzida por hades.
Origem da palavra hades:
Provém do prefixo a – alfa grego com a idéia de negação, privação e do verbo idein = ver, significando então: o que não é visto, lugar de onde não se vê, por isso é sinônimo de sepultura, habitação dos mortos.
Os gregos dividiam o hades em duas partes, (posteriormente falavam até em quatro): o Elysium–a habitação dos vitoriosos, e o Tártarus – a habitação dos ímpios.
Esta idéia de divisões e subdivisões do hades é totalmente pagã sem nenhum apoio bíblico.
Geena - Palavra hebraica transliterada para o grego Geena, que se encontra nas seguintes 12 passagens: Mateus 5: 22, 29, 30; 10:28; 18:9; 23:15, 33; Marcos 9:43, 45, 47; Lucas 12:2; Tiago 3:6.
Geena vem do vocábulo hebraico Ge Hinom ou Gé Ben Hinom – Vale de Hinom ou Vale do filho de Hinom. Nesse vale havia uma elevação denominada Tofete, onde ímpios queimavam seus próprios filhos. Este vale se situava a sudoeste de Jerusalém; neste local, antes da conquista de Canaã pelos filhos de Israel, cananitas ofereciam sacrifícios humanos ao deus Moloque. Terminados os sacrifícios humanos, este local ficou reservado para depósito do lixo proveniente da cidade de Jerusalém. Juntamente com o lixo vinham cadáveres de mendigos encontrados mortos na rua ou de criminosos e ladrões mortos quando cometiam delito. Esses corpos, ás vezes, eram atirados onde não havia fogo, aparecendo os vermes que lhes devoravam as entranhas num espetáculo dantesco e aterrador. É a este quadro que Isaías se refere no capítulo 66 verso 24.
Por estas circunstâncias, esse vale se tornou desprezível e amaldiçoado pelos judeus e símbolo de terror, da abominação e do asco e mencionado por Jesus com estas características. Ser atirado no geena após a morte era sinônimo e desprezo ao morto, abandonado pelos familiares, não merecendo ao menos uma cova rasa, estando condenado á destruição eterna do fogo.
O vale de Hinom era um crematório das sujidades da cidade de Jerusalém. O fogo ardia constantemente nesse lugar e com o objetivo de avivar as chamas e tornar mais eficaz a sua força lançavam ali enxofre. Devido a essas circunstâncias, Jesus com muita propriedade usou esse vale para ilustrar o que seria no fim do mundo a destruição dos ímpios, sendo queimados na geena universal.
Tártaro -- A palavra grega “Tártaro” ocorre somente uma vez no Novo Testamento. Encontra-se em II Pedro 2:4 e diz o seguinte:
II Pedro 2:4
4 “Porque se Deus não poupou a anjos quando pecaram, mas lançou-os no inferno, e os entregou aos abismos da escuridão, reservando-os para o juízo;”
“Ora, se Deus não poupou a anjos quando pecaram, antes precipitando-os no inferno (tártaro no original) os entregou a abismos de trevas, reservando-os para o juízo”.
A palavra tártaro, usada por Pedro se assemelha muito à palavra “Tartarus”, usada na etimologia grega, com nome de um escuro abismo ou prisão; porém, a palavra tártaro, parece referir-se melhor a um ato do que a um julgar. A queda dos anjos que pecaram foi do posto de honra e dignidade à desonra e condenação; portanto, a idéia parece ser: Deus não poupou aos anjos que pecaram, mas os rebaixou e os entregou a cadeias de trevas. Não existe nenhuma idéia de fogo ou tormento nesta palavra; ela simplesmente declara que esses anjos estão reservados para julgamento futuro.
Os problemas relacionados com a palavra ‘inferno’ se desfazem como bolhas de sabão, quando conhecemos bem o significado etimológico dos termos sheol, hades, Geena e tártaro, que jamais poderiam ser traduzidos pela nossa palavra ‘inferno’ por ter uma conotação totalmente diferente do que é expresso por aqueles vocábulos.
A palavra ‘inferno’ foi usada pelos tradutores por influências pagãs e por preconceitos enraizados na mente de muitos, mas totalmente estranhos ao texto sagrado.
De acordo com a Bíblia todos os que morrem, quer sejam bons, quer sejam maus, descem à sepultura, ao lugar de esquecimento e ali esperam até o dia da ressurreição, quando então receberão a recompensa. (Apocalipse 22:14).
Apocalipse 22:14
14 “Bem-aventurados aqueles que lavam as suas vestes [no sangue do Cordeiro] para que tenham direito à arvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas.”
As palavras sheol em hebraico e hades em grego eram usadas para sepultura, não trazendo nenhum sentido de sofrimento e castigo eterno.
Geena apenas figuradamente foi usada por Jesus como um símbolo das chamas destruidoras dos últimos dias por causa do envolvimento da palavra nos acontecimentos anteriormente descritos.
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