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Física, filosofia e teologia a mais oito mil metros
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Física, filosofia e teologia a mais oito mil metros
Sempre que viajo de avião peço a Deus que me possibilite conversar com alguém e falar da minha esperança. É o tipo de oração que Ele nunca deixa de atender, se estivermos mesmo dispostos a aceitar o desafio. Mas, às vezes, ela é atendida de maneiras estranhas e surpreendentes. Aconteceu comigo no último fim de semana, quando ia para Lavras participar de um encontro de universitários na Faculdade Adventista de Minas Gerais (Fadminas). Meu voo saindo do Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, estava previsto para as 14h40. Mas, por motivos desconhecidos, atrasou quase duas horas. Além disso, encaixaram uma conexão não prevista em Juiz de Fora, MG. Claro que fiquei um pouco chateado, afinal, em lugar de chegar ao meu destino no fim da tarde e poder descansar e rever minhas palestras, chegaria a Lavras bem mais tarde. Mas o que aconteceu exatamente depois da conexão deixou claro, para mim, o motivo daquela mudança de planos humanos.
Em Juiz de Fora, depois de um atraso de mais 40 minutos durante os quais técnicos tentaram consertar o ar condicionado do avião (sofremos muito com o calor até ali; ironicamente, a temperatura externa àquela altura de oito mil metros estava em menos 18 ºC, segundo o piloto), voltei a entrar na aeronave e me sentei na última poltrona. O lugar ao meu lado estava vazio e logo foi ocupado por uma moça. Quando a comissária lhe entregou um papel dizendo que haviam conseguido um voo para Joinville, SC, resolvi puxar assunto. Perguntei: “Você é de Joinville?” Ela então me disse que não, mas que leciona no campus joinvilense da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Quando perguntei para que curso, fiquei sabendo que ela é doutora em física de partículas pela USP. Oba! O prato estava cheio para mim!
Conversamos sobre o LHC, a teoria das supercordas, a possibilidade de reformulação do modelo padrão (caso não seja encontrado o bóson de Higgs), etc. e etc. Uma conversa muito instrutiva e animada. Quando enveredamos pela física quântica, disse-lhe que me desagrada o fato de muitos oportunistas aproveitarem o relativo desconhecimento geral dessa área da física para misturá-la com argumentação mística desprovida de evidências científicas. Ela concordou comigo. Então comparei isso com o que ocorre na medicina. Embora aparentemente tragam resultados positivos (efeito placebo e/ou outra coisa), práticas como a homeopatia e a acupuntura (as tais terapias alternativas) parecem não ter base científica, sendo mais místicas do que qualquer outra coisa. Ela me olhou meio espantada e disse: “Eu acredito na homeopatia...” E eu comentei: “Isso é meio paradoxal para uma cientista.” “É, é um paradoxo”, ela concordou, ficando alguns instantes em silêncio, talvez pensando naquela contradição.
Respeitei o silêncio dela e depois emendei: “Isso também ocorre com outras áreas, quando a base conceitual ou filosofia que rege a cosmovisão da pessoa não é bem definida. Não que seja esse o seu caso, mas faz pensar, né?”
Lá pelas tantas, quando lhe disse que além de jornalista formado pela UFSC tenho um mestrado em teologia, ela se mostrou admirada (talvez pensasse que estudantes de teologia não se interessam por física de partículas). Falei-lhe também sobre o IAESC, internato adventista localizado próximo a Joinville e que provavelmente fornecerá alguns alunos para o campus dela.
Quando o avião aterrissou em Varginha, de onde eu ainda encararia uma viagem de carro de mais de uma hora até Lavras, despedi-me dela, anotei o título de sua tese para ler depois e dei-lhe um livro de presente (os quais sempre carrego na mochila).
Enquanto descia a escada do avião, pensei que aquela viagem havia sido perfeitamente planejada – por Deus.
Michelson Borges
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Neste fim de semana, estive no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (Iacs), em Taquara, RS, onde apresentei algumas palestras sobre criacionismo para os alunos e pessoas da comunidade em volta do internato. Foram momentos muito especiais, de reencontro com pessoas queridas (especialmente o meu “pai na fé”, o bibliotecário Vanderlei Ricken). Domingo bem cedo, fui para Porto Alegre tomar o avião que me deixaria em Campinas, SP. Quando cheguei ao meu lugar na aeronave, um homem de barba, vestindo uma camiseta vermelha, aparentando uns 40 anos, estava sentado numa das poltronas daquela fileira. Pedi licença, sentei-me ao lado dele, e, com o canto dos olhos, percebi que ele lia uma apostila sobre o filósofo Hegel. Ele também percebeu o livro que eu carregava: A Lógica do Consumo, de Martin Lindstrom (muito bom, por sinal). Iniciamos uma conversa sobre trivialidades que aos poucos foi migrando para a filosofia, depois que eu mencionei ter notado a apostila que ele tinha nas mãos. Descobri que meu companheiro de voo é mestrando em Filosofia. A conversa prometia ser boa. E foi.
Falamos sobre os pré-socráticos, sobre Sócrates e o livro Sócrates e Jesus, que eu li recentemente (meu amigo mostrou interesse na obra e prometi lhe enviar uma resenha); avançamos no tempo e chegamos ao período moderno; conversamos sobre Kant, Nietzsche, e, depois, sobre os pós-modernistas Foucalt e Derrida, entre outros. Foi uma conversa animada e muito instrutiva, mas eu queria muito enveredar pela teologia, sem ser “agressivo”. Orei a Deus em pensamento e pedi que Ele providenciasse um “gancho”. Foi quando meu interlocutor falou sobre sua pesquisa de mestrado. Após ouvi-lo atentamente, disse que também estava escrevendo minha dissertação na área de Teologia, no Centro Universitário Adventista de São Paulo. Ele mostrou interesse quando falei sobre o adventismo e o objeto da minha pesquisa, que também envolverá algumas correntes filosóficas.
Quando o avião já estava em procedimento de pouso (o tempo passou rápido), o filósofo me recomendou o livro Metodologia Filosófica, de Dominique Folscheid (que parece muito bom), trocamos nossos e-mails, com a promessa de prosseguir o diálogo, e nos despedimos (ele ia para Fortaleza, a fim de participar de um congresso).
Foram quase duas horas de um bom bate-papo filosófico-teológico, a mais de 10 mil metros de altura.
Fonte: Física de partículas a oito mil metros e
Filosofia e teologia a mais de 10 mil metros
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Inscrição : 08/05/2010
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