Senador americano Lieberman enaltece Sábado como dia de descanso

Dois dias antes do décimo aniversário do maior ataque terrorista de sempre em solo americano, a 11 de setembro de 2001, os sequestros que levaram à morte de 2.977 inocentes, o senador Joseph Lieberman, democrata independente do estado de Connecticut, senta-se calmamente no seu escritório conversando com um visitante.



Esqueça a sua agenda de domingo com muitas entrevistas relacionadas ao seu trabalho como presidente do Comité do Senado de Segurança Interna, para as muitas televisões. Esqueça o briefing de informação secreta que ele estava prestes a receber sobre potenciais ameaças terroristas relacionadas com o aniversário do 11 de setembro. Esqueça as muitas exigências sobre o tempo e a atenção de um membro de um dos mais exclusivos “clubes” do mundo, como foi chamado o Senado dos Estados Unidos.



Em vez disso, uma fonte de calma para Lieberman é a aproximação, cerca de oito horas depois da nossa reunião, do dia de repouso semanal conhecido como o Sábado.


Um crente judeu ortodoxo, Lieberman, com exceção de questões envolvendo a preservação ou salvação de uma vida, não vota no Senado ao Sábado; quer ele vá para casa após o anoitecer de sexta-feira ou tenha que ficar no plenário do Senado durante o horário de Sábado, ele vai e vem a pé de sua casa no bairro de Georgetown, em Washington DC, geralmente acompanhado por oficiais da Polícia do Capitólio dos EUA, como guarda-costas.



Quando ele se tornou o primeiro judeu americano a candidatar-se a um cargo político nacional – na altura, foi ele foi o running-mate do então vice-presidente Al Gore, em 2000 – ele não fez campanha ao Sábado, algo que manteve ao longo da sua carreira política. O running-mate de Lieberman, um natural do Tennesse que em dado momento foi um estudante na Escola de Divindade da Universiade de Vanderbilt, foi "muito compreensivo" acerca do compromisso de Lieberman com o Sábado, disse o Senador. Na verdade, os Gore comemoraram o Sábado com Lieberman e a sua esposa, Hadassah, mais de uma vez após a campanha ter terminado.



Essa dedicação não é muitas vezes vista nos corredores do Congresso. O 63º capelão do Senado dos Estados Unidos, Barry C. Black, é um Adventista do Sétimo Dia, e na Câmara dos Deputados, os deputados Roscoe Bartlett e Sheila Jackson-Lee são membros da igreja. Mas entre muitos dos seus colegas, incluindo alguns dos seus irmãos judeus, Lieberman está praticamente sozinho na sua dedicação para manter santo o Dia do Senhor, como ordena a Escritura (Êxodo 20:8-11).


Uma mensagem para hoje


Lieberman, citando o famoso rabino Abraham Joshua Heschel, chama ao dia "um santuário no tempo". Ele disse que o Sábado "começou como um mandamento, mas é realmente uma dádiva".



Essa visão – do Sábado bíblico como uma dádiva de um Deus amoroso a toda a criação – preencheu a nossa conversa. Durante o verão Lieberman publicou “The Gift of Rest: Rediscovering the Beauty of the Sabbath “ (A Dádiva do Descanso: Redescobrindo a Beleza do Sábado), um volume que foi apoiado por figuras tão diversas como Cecil O. Samuelson, presidente da Brigham Young University, e o Arcebispo Timothy Dolan, líder do a Igreja Católica Romana, em Nova York.



A “Publishers Weekly”, líder entre as editoras de livros, declarou: "Esta composição profundamente sincera e bem legível, com certeza ajudará as pessoas a repensar o seu conceito de Sábado e irá estimulá-las ao descanso."



Lieberman disse que o seu rabino o "empurrou" para escrever o livro, curiosamente o sétimo volume que ele publica, observou o Senador com um sorriso. Ele disse que está familiarizado com a compreensão Adventista do Sétimo Dia do Sábado, e vê que haverá compreensão dos Adventistas pela sua posição. Ele discutiu assuntos do Sábado com o capelão Black, que é o primeiro adventista a servir como capelão do Senado.



Quando lhe perguntaram porque razão o Sábado é importante, ele respondeu: "Como não é importante? Esse dia lembra-me as oportunidades e responsabilidades que eu tenho nos outros seis dias". Acrescentou que o mandamento do sábado inclui a diretiva "seis dias trabalharás e farás toda a tua obra" (Êxodo 20:9). E, de facto, o livro de Lieberman inclui um capítulo sobre as atitudes em relação ao trabalho durante esses seis dias.



Lieberman acha que a observância do Sábado, embora isto não seja um ponto no seu livro, poderá ajudar alguns nos círculos políticos a baixar o tom de retórica visto no ambiente superaquecido de hoje.



O Sábado, disse ele, "encoraja a humildade", fazendo as pessoas desconetarem-se da rotina normal. "Se o mundo precisa de encontrá-lo, ele vai encontrá-lo", disse, acrescentando que "uma das coisas [sobre Sábado] é que você fica fora da esteira". E, ao tomar tempo para a família, uma adoração em comunidade, e a natureza", você ouve coisas que de outra maneira não ouviria".



Esta promoção do Sábado está muito longe das ações legislativas de outro, bem mais antigo, Senador do nordeste dos Estados Unidos, H. W. Blair, de New Hampshire. Foi Blair, em 1888 e em vários anos seguintes, quem introduziu uma "lei dominical nacional", apelando para que os americanos respeitem o primeiro dia da semana como um dia de descanso. As propostas de Blair morreram na comissão, mas as suas ações foram o suficiente para estimular os líderes da Igreja Adventista do Sétimo Dia para começarem a trabalhar acerca da liberdade religiosa, o que continua até hoje.



Voltando à questão da criação, Lieberman disse que não estava de todo preocupado com os políticos expressarem as suas crenças, como vários potenciais candidatos presidenciais republicanos para 2012 teem feito. No entanto, disse ele, as afirmações de fé devem parar em qualquer tentativa de violação da cláusula estabelecida pela Primeira Emenda à Constituição, que proíbe a criação de uma "religião do Estado".


Fonte: Adventist Review via Senador americano Lieberman enaltece Sábado como dia de descanso