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VERSO PARA MEMORIZAR: “Completem a minha alegria, tendo o mesmo modo de pensar, o mesmo amor, um só espírito e uma só atitude” (Fp 2:2, NVI).

Sábado à tardeAno Bíblico: Mt 11-13

Leituras da semana: Gl 2:1-14; 1Co 1:10-13; Gn 17:1-21; Jo 8:31-36; Cl 3:11

O reformador protestante João Calvino acreditava que desunião e divisão eram as principais estratégias do diabo contra a igreja, e advertiu que os cristãos deviam evitar dissensões como se essas fossem uma peste.

Mas a unidade deve ser preservada à custa da verdade? Imagine se Martinho Lutero, o pai da Reforma Protestante, quando foi levado a julgamento no Concílio de Worms, tivesse decidido renunciar a suas convicções sobre a salvação pela fé somente em nome da unidade!

“Houvesse o reformador cedido num único ponto, e Satanás e suas hostes teriam ganho a vitória. Mas sua persistente firmeza foi o meio para a emancipação da igreja e o início de uma era nova e melhor” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 166).


Em Gálatas 2:1-14, encontramos o apóstolo fazendo tudo que estava ao seu alcance para manter a unidade do círculo apostólico, diante das tentativas de alguns cristãos de destruí-la. Mas, apesar da importância que Paulo dava à unidade, ele se recusou a permitir que ela fosse alcançada de uma maneira que prejudicasse a verdade do evangelho. Embora haja espaço para a diversidade na unidade, o evangelho nunca deve ser comprometido no processo.

A importância da unidade

1. De acordo com 1 Coríntios 1:10-13, é importante manter a unidade na igreja?


Tendo refutado todas as alegações de que seu evangelho não havia sido dado por Deus, Paulo dirigiu sua atenção para outra acusação feita contra ele (Gl 2:1, 2). Os falsos mestres da Galácia declaravam que o evangelho de Paulo não estava em harmonia com o que Pedro e os outros apóstolos ensinavam. Eles diziam que Paulo era um traidor.


Em resposta a essa acusação, Paulo narrou a viagem que fez a Jerusalém, cerca de catorze anos depois de sua conversão. Embora não tenhamos certeza de quando essa viagem aconteceu, nenhuma viagem na antiguidade era um empreendimento fácil. Se ele viajou por terra de Antioquia para Jerusalém, a viagem de 480 quilômetros teria levado pelo menos três semanas e teria envolvido todos os tipos de dificuldades e perigos. No entanto, apesar dessas dificuldades, Paulo empreendeu a viagem, não porque os apóstolos o tivessem chamado, mas porque havia sido chamado pelo Espírito. E enquanto ele esteve ali, apresentou seu evangelho aos apóstolos.


Por que ele fez isso? Certamente não foi porque tivesse dúvidas sobre o que estava ensinando. Certamente ele não precisava de nenhum tipo de reafirmação da parte deles. Afinal, ele já havia proclamado o evangelho durante catorze anos. E embora não precisasse da permissão nem da aprovação deles, Paulo valorizava em grande medida o apoio e encorajamento dos outros apóstolos.


Portanto, a acusação de que sua mensagem era diferente foi um ataque não apenas a Paulo, mas também à unidade dos apóstolos e à própria igreja. Manter a unidade apostólica era fundamental, porque uma divisão entre a missão de Paulo aos gentios e a igreja matriz, em Jerusalém, teria trazido consequências desastrosas. Sem harmonia entre os cristãos gentios e judeus, “Cristo estaria dividido, e seria frustrada toda a energia que Paulo havia dedicado, e esperava dedicar, para a evangelização do mundo pagão” (F. F. Bruce, The Epistle to the Galatians [A Epístola aos Gálatas], Grand Rapids, Michigan: William B. Eerdmans Publishing Company, 1982, p. 111).



Quais são as questões que ameaçam a unidade da Igreja hoje? Mais importante ainda: como lidamos com elas? Há assuntos mais importantes do que a própria unidade?

Circuncisão e os falsos irmãos


2. Por que a circuncisão foi um ponto tão importante na controvérsia entre Paulo e alguns judeus cristãos? Por que não é tão difícil entender como alguns poderiam ter acreditado que até mesmo os gentios necessitavam passar por isso? Gn 17:1-22; Gl 2:3-5; 5:2, 6; At 15:1, 5



Acircuncisão era o sinal da relação de aliança que Deus havia estabelecido com Abraão, o pai da nação judaica. Embora a circuncisão fosse destinada apenas aos descendentes masculinos de Abraão, todas as pessoas eram convidadas para a relação de aliança com Deus. O sinal da circuncisão foi dado a Abraão em Gênesis 17. Isso ocorreu após a desastrosa tentativa de Abraão de ajudar Deus a cumprir Sua promessa de lhe dar um filho, ao gerar um filho com a escrava egípcia de sua esposa.


A circuncisão era um sinal apropriado da aliança, um lembrete de que os planos mais bem elaborados pelos seres humanos nunca podem realizar o que Deus prometeu. A circuncisão exterior devia ser um símbolo da circuncisão do coração (Dt 10:16; 30:6; Jr 4:4; Rm 2:29). Ela representa o despojamento da confiança própria e, em lugar disso, a constante dependência de Deus.


Na época de Paulo, no entanto, a circuncisão se havia tornado um importante sinal da identidade nacional e religiosa, tendo perdido o significado para o qual havia sido originalmente planejada. Cerca de cento e cinquenta anos antes do nascimento de Jesus, alguns patriotas excessivamente zelosos não só forçaram todos os judeus não circuncidados na Palestina a ser circuncidados, mas também exigiram isso de todos os homens que viviam nas nações vizinhas incluídas em sua jurisdição. Alguns até acreditavam que a circuncisão era o passaporte para a salvação. Isso pode ser visto em sátiras antigas que confiantemente declaram coisas como: “Os homens circuncidados não descem ao Geena [inferno]” (C. E. B. Cranfield, A Critical and Exegetical Commentary on the Epistle to the Romans
[Um Comentário Crítico e Exegético sobre a Epístola aos Romanos], Edinburgh: T. & T. Clark Ltda., 1975, p. 172).


Seria um erro supor que Paulo era contrário à circuncisão em si. O que Paulo contestava era a insistência para que os gentios se submetessem à circuncisão. Os falsos mestres diziam: “Se vocês não forem circuncidados conforme o costume ensinado por Moisés, não poderão ser salvos” (At 15:1, NVI). Portanto, a questão não era realmente sobre a circuncisão, mas sobre a salvação. Ou a salvação é pela fé em Cristo apenas, ou é algo obtido pela obediência humana.

Hoje a circuncisão não é o problema da igreja. Mas, o que enfrentamos que se parece com essa questão?

Unidade na diversidade





3. Leia Gálatas 2:1-10. Paulo disse: Os falsos irmãos “infiltraram-se em nosso meio para espionar a liberdade que temos em Cristo Jesus e nos reduzir à escravidão” (Gl 2:4, NVI). Do que os cristãos são livres? Como podemos experimentar essa liberdade? Jo 8:31-36; Rm 6:6, 7; 8:2, 3; Gl 3:23-25; 4:7, 8; Hb 2:14, 15


Aliberdade, como condição da experiência cristã, é um conceito importante para Paulo. Ele usou essa palavra mais frequentemente do que qualquer outro autor do Novo Testamento, e, no livro de Gálatas, as palavras livre e liberdade ocorrem várias vezes. Liberdade, no entanto, para os cristãos significa ser livre em Cristo. É a oportunidade de ter uma vida de livre devoção a Deus. Envolve a liberdade da escravidão dos desejos de nossa natureza pecaminosa (Rm 6), liberdade da condenação da lei (Rm 8:1, 2) e liberdade do poder da morte (1Co 15:55).



4. Os apóstolos reconheceram que a Paulo “havia sido confiada a pregação do evangelho aos incircuncisos, assim como a Pedro, aos circuncisos” (Gl 2:7, NVI). O que isso sugere sobre a natureza da unidade e diversidade dentro da igreja?


Os apóstolos reconheceram que Deus havia chamado Paulo para pregar o evangelho aos gentios, assim como havia chamado Pedro para pregar aos judeus. Em ambos os casos, o evangelho era o mesmo, mas a forma de ser apresentado dependia do povo ao qual os apóstolos estavam tentando alcançar. Implícito nesse verso “está o importante reconhecimento de que uma e a mesma fórmula deve ser ouvida de diversas maneira e ter diferente força nos variados contextos sociais e culturais... É justamente essa unidade que é a base da unidade cristã, precisamente como a unidade na diversidade” (James D. G. Dunn, The Epistle to the Galatians [A Epístola aos Gálatas], Peabody, Massachusetts: Hendrickson Publishers, Inc., 1993, p. 106).



Até que ponto devemos estar abertos a métodos de evangelismo e testemunho que nos tirem da nossa “zona de conforto”? Existem formas de evangelismo que o incomodam? Quais são elas? Por que o incomodam? Você precisa ter a mente mais aberta para essas coisas?

Confronto em Antioquia




Algum tempo após a conferência de Paulo em Jerusalém, Pedro fez uma visita a Antioquia da Síria, o local da primeira igreja gentílica e a base das atividades missionárias de Paulo descritas em Atos. Enquanto esteve ali, Pedro comeu livremente com os cristãos gentios, mas quando chegou um grupo de cristãos judeus da parte de Tiago, Pedro, com medo do que poderiam pensar, mudou totalmente seu comportamento.



5. Por que Pedro devia ter sido coerente? Qual é a influência da cultura arraigada e da tradição em nossa vida? Compare Gl 2:11-13 e At 10:28



Alguns têm erroneamente suposto que Pedro e os outros judeus que estavam com ele tinham deixado de seguir as leis do Antigo Testamento sobre alimentos puros e impuros. No entanto, esse não parece ter sido o caso. Se Pedro e todos os cristãos judeus tivessem abandonado as leis alimentares judaicas, certamente haveria acontecido um grande tumulto na igreja. Se isso houvesse ocorrido, com certeza haveria algum registro a esse respeito, mas não há. É mais provável que a questão fosse sobre compartilhar a mesa com os gentios. Visto que muitos judeus viam os gentios como imundos, era prática entre alguns deles evitar o contato social com os gentios, tanto quanto possível.


Pedro havia lutado com esse assunto, e somente uma visão de Deus o ajudou a ver claramente a questão. Pedro disse a Cornélio, o centurião romano, depois que entrou em sua casa: “Vocês sabem muito bem que é contra a nossa lei um judeu associar-se a um gentio ou mesmo visitá-lo. Mas Deus me mostrou que eu não deveria chamar impuro ou imundo a homem nenhum” (At 10:28, NVI). Embora tivesse consciência, ele estava com tanto medo de ofender seus compatriotas que voltou aos seus velhos caminhos. Aparentemente, essa foi a força de atração da cultura e da tradição sobre a vida de Pedro.


Paulo, porém, chamou as ações de Pedro o que eram exatamente: a palavra grega que ele usou em Gálatas 2:13 é hipocrisia. Mesmo Barnabé, disse ele, se deixou “levar pela dissimulação deles”. Foram palavras fortes de um homem de Deus para outro.



Por que é tão fácil ser hipócrita? (Seria porque temos a tendência de fechar os olhos para nossas próprias faltas, enquanto ansiosamente procuramos defeitos nos outros?) Que tipo de hipocrisia você encontra em sua própria vida? Mais importante, como você pode reconhecê-la e então extirpá-la?

A preocupação de Paulo





Asituação em Antioquia certamente estava tensa: Paulo e Pedro, dois líderes da igreja, estavam em conflito aberto. E Paulo não se conteve quando pediu a Pedro que explicasse seu comportamento.



6. Por que Paulo confrontou Pedro publicamente? Gl 2:11-14




Como Paulo percebeu, o problema não foi a decisão de Pedro de comer com os visitantes de Jerusalém. Antigas tradições sobre hospitalidade certamente exigiam o mesmo.


A questão era “a verdade do evangelho”. Ou seja, não era apenas uma questão de envolvimento social ou de comer juntos. Na realidade, as ações de Pedro afetavam toda a mensagem do evangelho.



7. Qual foi a razão pela qual Paulo reagiu de maneira tão forte? Gl 3:28; Cl 3:11



Durante o encontro de Paulo com Pedro e os outros apóstolos em Jerusalém, eles haviam chegado à conclusão de que os gentios podiam desfrutar todas as bênçãos em Cristo, sem ter que primeiramente se submeter à circuncisão. A atitude de Pedro nessa ocasião colocava em perigo esse acordo. Onde antes os cristãos judeus e gentios se haviam unido em um ambiente de livre comunhão, agora a comunidade estava dividida, e isso trazia a perspectiva de uma igreja dividida no futuro.


Do ponto de vista de Paulo, o comportamento de Pedro sugeria que os cristãos gentios fossem fiéis de segunda categoria, na melhor das hipóteses, e que ele acreditava que as ações de Pedro colocariam forte pressão sobre os gentios para que se sujeitassem, se quisessem experimentar plena comunhão. Assim, Paulo disse: “Você é judeu, mas vive como gentio e não como judeu. Portanto, como pode obrigar gentios a viverem como judeus?” (Gl 2:14, NVI). A frase “viverem como os judeus” pode ser traduzida de forma mais literal como “judaizar”. Esta palavra era uma expressão comum que significava “adotar o modo de vida judaico”. Era aplicada aos gentios que frequentavam a sinagoga e participavam de outros costumes judaicos. Essa foi também a razão pela qual os adversários de Paulo na Galácia, a quem ele chamava de falsos irmãos, foram muitas vezes chamados de “judaizantes”.



Como se as atitudes de Pedro não fossem ruins o bastante, Barnabé, alguém que deveria ter bom senso, também foi envolvido nesse tipo de comportamento. Que exemplo claro do poder da “pressão social”! Como podemos nos proteger para não sermos influenciados no caminho errado por aqueles que nos rodeiam?

Estudo adicional




Sobre a questão da unidade e diversidade na igreja, leia de Ellen G. White, O Outro Poder, Conselhos aos Escritores e Editores, p. 45, 47: “Investigação da Nova Luz”; Mensagens Escolhidas, v. 1, p. 75: “Explicação de Antigas Declarações” [exemplo de como lidar com críticas]; Obreiros Evangélicos, p. 117-119: “Tato”; e 1888 Materials, v. 3, p. 1092, 1093: “Manuscript Release 898”.


“Mesmo os melhores homens, se deixados a si mesmos, cometerão erros graves. Quanto mais responsabilidades forem colocadas sobre o agente humano, quanto mais alta for sua posição para ditar e controlar, mais prejuízo causará ao perverter mentes e corações, se não seguir cuidadosamente o caminho do Senhor. Em Antioquia, Pedro falhou nos princípios da integridade. Paulo teve que enfrentar face a face sua influência subversiva. Isso está registrado para que outros sejam beneficiados, e para que a lição sirva de advertência solene para os homens em altas posições, para que não falhem na sua integridade, mas mantenham com firmeza os princípios” (Comentários de Ellen G. White, em SDA Bible Commentary, v. 6, p. 1.108).



Perguntas para reflexão
1. Poucas pessoas gostam de confronto, mas às vezes é necessário. Em que circunstâncias uma igreja deve condenar o erro e disciplinar os que se recusam a aceitar a correção?
2. À medida que a Igreja Adventista do Sétimo Dia cresce em todo o mundo, ela se torna cada vez mais diversificada. Que passos a igreja pode dar para garantir que a unidade não se perca no meio de tanta diversidade? Como podemos aprender a aceitar e até mesmo apreciar a diversidade de culturas e tradições entre nós, enquanto mantemos a unidade?
3. Ao partilhar o evangelho em uma cultura diferente, quais são os elementos essenciais que não devem mudar, e quais podem ser mudados? Como podemos distinguir entre o que deve permanecer e o que podemos, se necessário, renunciar?



Resumo: A insistência de alguns cristãos judeus em que os gentios deviam ser circuncidados para se tornar verdadeiros seguidores de Cristo apresentou uma grave ameaça para a unidade da igreja primitiva. Em vez de deixar essa questão dividir a igreja em dois movimentos diferentes, os apóstolos trabalharam juntos, apesar dos conflitos entre si, para garantir que o corpo de Cristo permanecesse unido e fiel à verdade do evangelho.
Eduardo
Eduardo

Mensagens : 5997
Idade : 54
Inscrição : 08/05/2010

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