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A superioridade da promessa
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13012012
A superioridade da promessa
VERSO PARA MEMORIZAR: “Porque, se a herança provém de lei, já não decorre de promessa; mas foi pela promessa que Deus a concedeu gratuitamente a Abraão” (Gl 3:18).
Leituras da semana: Gl 3:15-20; Gn 9:11-17; Mt 5:17-20; Êx 16:22-26; Gn 15:1-6
Uma vez alguém perguntou a um político: “Você cumpriu todas as promessas que fez durante a campanha?” Ele respondeu: “Sim... Bem, pelo menos todas as promessas que eu pretendia cumprir”.
Quem já não se encontrou, em uma ocasião ou outra, em uma das extremidades de uma promessa quebrada? Quem já não quebrou uma promessa? Quem nunca recebeu uma promessa que veio a ser quebrada?
Às vezes, as pessoas fazem uma promessa com a plena intenção de cumpri-la, mas, depois, não cumprem; outros fazem uma promessa já sabendo que tudo que prometeram é mentira, desde o momento em que os sons deixam sua boca ou quando seus dedos escrevem as palavras.
Felizmente, para nós, as promessas de Deus são de natureza completamente diferente. A Palavra de Deus é certa e imutável. “O que Eu disse, isso Eu farei acontecer; o que planejei, isso farei, diz o Senhor” (Is 46:11, NVI).
Na lição desta semana, Paulo dirige nossa atenção para a relação entre a promessa de Deus a Abraão e a lei dada a Israel 430 anos depois. Como a relação entre as duas deve ser entendida, e que implicações isso tem para a pregação do evangelho?
Lei e fé (Gl 3:15-18)
Mesmo que seus adversários admitissem que a vida de Abraão foi caracterizada principalmente pela fé, Paulo sabia que eles ainda questionariam por que Deus deu a lei a Israel cerca de quatro séculos depois de Abraão. A promulgação da lei não anulou algum acordo anterior?
1. Qual é o objetivo da analogia de Paulo entre o testamento de uma pessoa e a aliança de Deus com Abraão? Gl 3:15-18
Uma aliança e um testamento geralmente são diferentes. Uma aliança é tipicamente um acordo mútuo entre duas ou mais pessoas, muitas vezes chamada de “contrato” ou “tratado”; em contrapartida, o testamento é a declaração de uma única pessoa. A tradução grega do Antigo Testamento, a Septuaginta, nunca traduz a aliança de Deus com Abraão com a palavra grega usada para os acordos mútuos ou contratos (syntheke). Em vez disso, ela usa a palavra para testamento ou vontade final (diatheke). Por quê? Provavelmente porque os tradutores reconheciam que a aliança de Deus com Abraão não era um tratado entre dois indivíduos, no qual são feitas promessas mutuamente obrigatórias. Ao contrário, a aliança de Deus não era baseada em nenhuma outra coisa, a não ser Sua própria vontade. Nenhuma corrente de “se”, “e” ou “mas” foi atada. Abraão devia simplesmente confiar na Palavra de Deus.
Paulo menciona esse duplo sentido de “testamento” e “aliança”, para destacar as características específicas da aliança de Deus com Abraão. Assim como acontece com um testamento humano, a promessa de Deus diz respeito a um beneficiário específico: Abraão e seus descendentes (Gn 12:1-5, Gl 3:16); ela também envolve uma herança (Gn 13:15; 17:8; Rm 4:13; Gl 3:29). O mais importante para Paulo é a natureza imutável da promessa de Deus. Da mesma forma que o testamento de uma pessoa não pode ser alterado, uma vez que tenha entrado em vigor, a promulgação da lei através de Moisés não pode simplesmente anular a aliança anterior de Deus com Abraão. A aliança de Deus é uma promessa (Gl 3:16), e de maneira nenhuma Deus quebra Suas promessas (Is 46:11; Hb 6:18).
Substitua a palavra aliança por promessa nas passagens a seguir. Qual é a natureza da “aliança” em cada uma delas? Compreender a aliança de Deus como uma promessa pode tornar mais claro o significado da passagem? Como nos ajudam a entender melhor o que é uma aliança? (Gn 9:11-17; 15:18; 17:1-21). O que isso nos ensina, também, sobre o caráter de Deus? Podemos confiar no Senhor?
Fé e lei (Rm 3:31)
Paulo argumentou energicamente em defesa da supremacia da fé no relacionamento da pessoa com Deus. Ele afirmou repetidamente que nem a circuncisão nem quaisquer outras “obras da lei” são pré-requisitos para a salvação, “pois, por obras da lei, ninguém será justificado” (Gl 2:16). Além disso, a marca que caracteriza o cristão não são as obras da lei, mas a fé (Gl 3:7). Essa negação repetida das obras da lei levanta a questão: “Será que a lei não tem absolutamente nenhum valor, então? Será que Deus anulou a lei?”
2. Por ser a salvação pela fé, e não pelas obras da lei, Paulo quis dizer que a fé anula a lei? Compare Rm 3:31 com Rm 7:7, 12; 8:3, 4; Mt 5:17-20
O raciocínio de Paulo em Romanos 3 se assemelha à sua argumentação sobre fé e lei em Gálatas. Sentindo que seus comentários poderiam levar alguns a concluir que ele estava exaltando a fé em detrimento da lei, Paulo faz a pergunta retórica: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei”. A palavra traduzida como “anulamos” em Romanos 3:31 é katargeo. Paulo usa a palavra com frequência; ela pode ser traduzida como “anular” (Rm 3:3), “abolir” (Ef 2:15), “desfazer” (Rm 6:6, RC), ou mesmo destruir (1Co 6:13). Claramente, se Paulo quisesse apoiar a ideia de que a lei foi de alguma forma abolida na cruz, como algumas pessoas hoje afirmam que ele ensinou, essa teria sido a oportunidade. Mas Paulo não apenas negou essa opinião com um enfático não; na verdade, ele afirmou que seu evangelho “estabelece” a lei!
“Ao exigir e prover o sacrifício expiatório, o plano da justificação pela fé revela o respeito de Deus por Sua lei. Se a justificação pela fé anulasse a lei, não teria havido necessidade da morte expiatória de Cristo para libertar o pecador de seus pecados e, assim, restaurá-lo à paz com Deus.
“Além disso, em si mesma, a fé genuína envolve uma disposição sem reservas para cumprir a vontade de Deus em uma vida de obediência à Sua lei... A fé verdadeira, com base no pleno amor pelo Salvador, só pode conduzir à obediência” (SDA Bible Commentary, v. 6, p. 510).
Que implicações haveriam se Paulo, na verdade, quisesse dizer que a fé anula a necessidade de guardar a lei? Por exemplo, o adultério, o roubo, ou até mesmo o assassinato deixariam de ser pecado? Pense na tristeza, dor e sofrimento dos quais você poderia se preservar se simplesmente obedecesse à lei de Deus. Que sofrimentos você ou outras pessoas têm experimentado, inteiramente como resultado da desobediência à lei de Deus?
O propósito da lei
3. Em Gálatas 3:19-29 Paulo faz várias referências à “lei”. Nesta seção de Gálatas, que lei Paulo menciona principalmente?
Acreditando que a expressão até que, no verso 19, indica que essa lei foi apenas temporária, alguns têm pensado que a passagem deve se referir à lei cerimonial, porque o propósito dessa lei foi cumprido na cruz e, assim, ela chegou ao fim. Embora essa ideia faça sentido em si mesma, não parece ter sido esse o pensamento de Paulo em Gálatas. Tanto a lei cerimonial quanto a lei moral foram “adicionadas” no Sinai por causa da transgressão. Mas veremos, considerando a pergunta a seguir, que Paulo pensou principalmente na lei moral.
4. Por que Paulo disse que a lei foi acrescentada? A que ela foi acrescentada, e por quê? Compare Gl 3:19 com Rm 5:13, 20
Paulo não disse que a lei foi acrescentada à aliança de Deus com Abraão, como se fosse uma espécie de suplemento a um testamento que alterasse as provisões originais. A lei já havia existido por muito tempo antes do Sinai (veja a lição de amanhã). Paulo quis dizer, ao contrário, que a lei foi dada a Israel para um propósito totalmente diferente. Ela devia dirigir o povo de volta para Deus e à graça que Ele oferece a todos os que vão a Ele pela fé. A lei revela nossa condição pecaminosa e nossa necessidade da graça de Deus. A lei não foi destinada a ser uma espécie de programa para “conseguir” a salvação. Ao contrário, ela foi dada, diz Paulo, “para que a transgressão fosse ressaltada” (Rm 5:20, NVI), ou seja, para nos mostrar mais claramente o pecado em nossa vida (Rm 7:13).
Enquanto as leis cerimoniais apontavam para o Messias e enfatizavam a santidade e a necessidade de um Salvador, é a lei moral, com suas proibições, que revela o pecado, que nos mostra que o pecado não é apenas uma parte da nossa condição natural, mas, de fato, é a violação da lei de Deus (Rm 3:20; 5:13, 20; 7:7, 8, 13). É por isso que Paulo diz: “Onde não há lei, não há transgressão” (Rm 4:15, NVI). “A lei funciona como uma lupa. Esse dispositivo não aumenta realmente o número de marcas de sujeira que mancham uma roupa, mas faz com que elas se destaquem de maneira mais clara e revela muito mais delas do que a pessoa é capaz de ver a olho nu” (William Hendriksen, New Testament Commentary, Exposition on Galatians [Comentário sobre o Novo Testamento, Exposição sobre Gálatas], Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1968, p. 141).
A duração da lei de Deus
5. A declaração de Paulo sobre a lei ser adicionada no Monte Sinai significa que ela não existia antes? Se já existia, qual era a diferença entre os períodos anterior e posterior ao Sinai? Gn 9:5, 6; 18:19; 26:5; 39:7-10; Êx 16:22-26
Deus não precisou revelar Sua lei a Abraão com trovões, relâmpagos e pena de morte (Êx 19:10-23). Por que, então, Deus deu a lei aos israelitas dessa maneira? Foi porque durante seu cativeiro no Egito, os israelitas haviam perdido de vista a grandeza de Deus e Seus elevados padrões morais. Como resultado, eles precisavam ser conscientizados da extensão da própria pecaminosidade e da santidade da lei de Deus. Com certeza, a revelação no Sinai fez justamente isso.
6. O que Paulo quis dizer quando afirmou que a lei foi adicionada “até que viesse o descendente a quem se fez a promessa”? Gl 3:16-19
Muitos têm entendido que esse texto queria dizer que a lei dada no Monte Sinai era temporária. Ela foi introduzida 430 anos depois de Abraão e, então, foi anulada quando Cristo veio. Essa interpretação, porém, contradiz o que Paulo diz sobre a lei em Romanos, bem como em outras passagens da Bíblia, como Mateus 5:17-19.
O erro que os leitores muitas vezes cometem, com relação a essa passagem, é o de supor que a expressão “até que” sempre implica uma duração limitada de tempo. Esse não é o caso. Descrevendo a pessoa que teme ao Senhor, o Salmo 112:8 diz: “O seu coração, bem firmado, não teme, até ver cumprido, nos seus adversários, o seu desejo”. Isso significa que quando ele triunfar ficará com medo? Em Apocalipse 2:25, Jesus disse: “Tão-somente apeguem-se com firmeza ao que vocês têm, até que Eu venha” (NVI). Teria Jesus declarado que, depois que Ele vier, já não precisaremos ser fiéis?
O papel da lei não acabou com a vinda de Cristo. Ela continuará a apontar o pecado, enquanto a lei existir. O que Paulo disse foi que a vinda de Cristo marcou um momento decisivo na história humana. Cristo pôde fazer o que a lei jamais poderia fazer: prover o verdadeiro remédio para o pecado, ou seja, justificar os pecadores e, pelo Seu Espírito, cumprir Sua lei neles (Rm 8:3, 4).
Alguma vez você já teve estes pensamentos: “Se apenas o Senhor fizesse isso por mim, ou aquilo, ou aquilo outro, eu nunca mais duvidaria nem questionaria o Senhor?” Pense, entretanto, sobre o que aconteceu no Sinai, e a respeito da grande manifestação do poder de Deus, vista pelos israelitas, e, mesmo assim, eles se rebelaram. O que isso diz sobre o que é a verdadeira fé? Como obter e manter essa fé? (Cl 2:6).
A superioridade da promessa
“Ele estava na congregação, no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos antepassados, e recebeu palavras vivas, para transmiti-las a nós” (At 7:38, NVI).
Em Gálatas 3:19, 20, Paulo continua sua linha de pensamento sobre o fato de que a lei não anula a aliança da graça. Isso é importante porque, se a teologia de seus oponentes estivesse correta, a lei faria exatamente isso. Como pecadores, imagine qual seria a nossa situação, se, para nos salvarmos, tivéssemos que confiar em nossa observância da lei, e não na graça de Deus. No fim, estaríamos sem esperança!
Embora os detalhes dos comentários de Paulo em Gálatas 3:19, 20 sejam difíceis, seu raciocínio básico é claro: a lei é subordinada à promessa, porque ela foi dada por intermédio de anjos e de Moisés. A conexão de anjos com a entrega da lei não é mencionada em Êxodo, mas é encontrada em vários outros lugares nas Escrituras (Dt 33:2; At 7:38, 53; Hb 2:2). Paulo usou a palavra mediador em 1 Timóteo 2:5 em referência a Cristo, mas seus comentários neste contexto sugerem fortemente que ele tem em mente Deuteronômio 5:5, onde Moisés diz: “Naquela ocasião eu fiquei entre o Senhor e você para declarar-lhe a Palavra do Senhor” (NVI).
Majestosa como tenha sido a promulgação da lei no Sinai, com incontáveis anjos presentes, e importante como Moisés tenha sido na função de legislador, a proclamação da lei foi indireta. Em forte contraste com isso, a promessa de Deus foi feita diretamente a Abraão (e, portanto, a todos os crentes), pois não havia necessidade de um mediador. No fim, por mais importante que seja a lei, ela não é substituto para a promessa da salvação pela graça através da fé. Ao contrário, a lei nos ajuda a entender melhor o quanto essa promessa é realmente maravilhosa.
7. Qual era a natureza dos encontros diretos de Abraão com Deus? Qual era o benefício dessa proximidade com Deus? Gn 15:1-6; 18:1-33; 22:1-18
Pense em outros encontros que as pessoas da Bíblia tiveram com Deus: Adão e Eva no Éden (Gn 3); a escada de Jacó (Gn 28); Paulo no caminho de Damasco (At 9). Talvez você não tenha experimentado algo tão dramático, mas, de que forma Deus tem Se revelado a você? Alguma coisa na sua vida pessoal pode estar impedindo que você tenha o tipo de intimidade e proximidade com Deus que Abraão experimentou? Que medidas você pode tomar para mudar?
Estudo adicional
Em seu cativeiro, o povo havia perdido em grande medida o conhecimento de Deus e dos princípios da aliança abraâmica. Ao libertá-los do Egito, Deus procurou revelar a eles Seu poder e misericórdia, para que fossem levados a amá-Lo e confiar nEle. Para que percebessem seu completo desamparo e sua necessidade da ajuda divina, Ele os levou ao Mar Vermelho, onde, perseguidos pelos egípcios, a fuga parecia impossível. Então, Ele operou o livramento deles. Assim, eles se encheram de amor e gratidão para com Deus e de confiança no Seu poder para ajudá-los. Ele os havia ligado a Si, na qualidade de seu libertador do cativeiro temporal.
“Mas havia uma verdade ainda maior a ser gravada na mente deles. Vivendo no meio da idolatria e corrupção, eles não tinham uma concepção verdadeira da santidade de Deus, da excessiva maldade de seu próprio coração, de sua total incapacidade de, por si mesmos, prestar obediência à lei de Deus, e de sua necessidade de um Salvador. Eles precisavam ser ensinados em tudo isso” (Ellen G. White,
Patriarcas e Profetas, p. 371).
“A lei de Deus, proclamada em terrível majestade do Sinai, é a declaração de condenação ao pecador. A função da lei é condenar, mas não há nela nenhum poder para perdoar ou redimir (Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, v. 6, p. 1.094).
Perguntas para reflexão
1. Pense na ideia de promessas, especialmente as que foram quebradas. Como você se sentiu quando uma pessoa quebrou uma promessa feita a você? Que diferença fez se a pessoa pretendia cumprir a promessa e, depois, ou não conseguiu ou mudou de ideia, ou se você percebeu que a pessoa nunca quis cumpri-la? O que aconteceu com seu nível de confiança depois que a promessa foi quebrada, não importando o motivo? É importante saber que você pode confiar nas promessas de Deus? Ou, como você pode aprender a confiar nas promessas de Deus em primeiro lugar? 2. De que maneiras estamos em perigo de ser corrompidos pelo nosso ambiente, a ponto de perdermos de vista as importantes verdades que Deus nos deu? Como descobrir quais são essas influências corruptoras? Como podemos neutralizá-las?
Resumo: A proclamação da lei no Sinai não invalidou a promessa que Deus fez a Abraão, nem a lei alterou as provisões da promessa. A lei foi dada para que as pessoas fossem conscientizadas da verdadeira extensão da sua pecaminosidade e reconhecessem sua necessidade da promessa de Deus a Abraão e seus descendentes.
Leituras da semana: Gl 3:15-20; Gn 9:11-17; Mt 5:17-20; Êx 16:22-26; Gn 15:1-6
Uma vez alguém perguntou a um político: “Você cumpriu todas as promessas que fez durante a campanha?” Ele respondeu: “Sim... Bem, pelo menos todas as promessas que eu pretendia cumprir”.
Quem já não se encontrou, em uma ocasião ou outra, em uma das extremidades de uma promessa quebrada? Quem já não quebrou uma promessa? Quem nunca recebeu uma promessa que veio a ser quebrada?
Às vezes, as pessoas fazem uma promessa com a plena intenção de cumpri-la, mas, depois, não cumprem; outros fazem uma promessa já sabendo que tudo que prometeram é mentira, desde o momento em que os sons deixam sua boca ou quando seus dedos escrevem as palavras.
Felizmente, para nós, as promessas de Deus são de natureza completamente diferente. A Palavra de Deus é certa e imutável. “O que Eu disse, isso Eu farei acontecer; o que planejei, isso farei, diz o Senhor” (Is 46:11, NVI).
Na lição desta semana, Paulo dirige nossa atenção para a relação entre a promessa de Deus a Abraão e a lei dada a Israel 430 anos depois. Como a relação entre as duas deve ser entendida, e que implicações isso tem para a pregação do evangelho?
Domingo | Ano Bíblico: Jo 4–6 |
Lei e fé (Gl 3:15-18)
Mesmo que seus adversários admitissem que a vida de Abraão foi caracterizada principalmente pela fé, Paulo sabia que eles ainda questionariam por que Deus deu a lei a Israel cerca de quatro séculos depois de Abraão. A promulgação da lei não anulou algum acordo anterior?
1. Qual é o objetivo da analogia de Paulo entre o testamento de uma pessoa e a aliança de Deus com Abraão? Gl 3:15-18
Uma aliança e um testamento geralmente são diferentes. Uma aliança é tipicamente um acordo mútuo entre duas ou mais pessoas, muitas vezes chamada de “contrato” ou “tratado”; em contrapartida, o testamento é a declaração de uma única pessoa. A tradução grega do Antigo Testamento, a Septuaginta, nunca traduz a aliança de Deus com Abraão com a palavra grega usada para os acordos mútuos ou contratos (syntheke). Em vez disso, ela usa a palavra para testamento ou vontade final (diatheke). Por quê? Provavelmente porque os tradutores reconheciam que a aliança de Deus com Abraão não era um tratado entre dois indivíduos, no qual são feitas promessas mutuamente obrigatórias. Ao contrário, a aliança de Deus não era baseada em nenhuma outra coisa, a não ser Sua própria vontade. Nenhuma corrente de “se”, “e” ou “mas” foi atada. Abraão devia simplesmente confiar na Palavra de Deus.
Paulo menciona esse duplo sentido de “testamento” e “aliança”, para destacar as características específicas da aliança de Deus com Abraão. Assim como acontece com um testamento humano, a promessa de Deus diz respeito a um beneficiário específico: Abraão e seus descendentes (Gn 12:1-5, Gl 3:16); ela também envolve uma herança (Gn 13:15; 17:8; Rm 4:13; Gl 3:29). O mais importante para Paulo é a natureza imutável da promessa de Deus. Da mesma forma que o testamento de uma pessoa não pode ser alterado, uma vez que tenha entrado em vigor, a promulgação da lei através de Moisés não pode simplesmente anular a aliança anterior de Deus com Abraão. A aliança de Deus é uma promessa (Gl 3:16), e de maneira nenhuma Deus quebra Suas promessas (Is 46:11; Hb 6:18).
Substitua a palavra aliança por promessa nas passagens a seguir. Qual é a natureza da “aliança” em cada uma delas? Compreender a aliança de Deus como uma promessa pode tornar mais claro o significado da passagem? Como nos ajudam a entender melhor o que é uma aliança? (Gn 9:11-17; 15:18; 17:1-21). O que isso nos ensina, também, sobre o caráter de Deus? Podemos confiar no Senhor?
Segunda | Ano Bíblico: Jo 7–9 |
Fé e lei (Rm 3:31)
Paulo argumentou energicamente em defesa da supremacia da fé no relacionamento da pessoa com Deus. Ele afirmou repetidamente que nem a circuncisão nem quaisquer outras “obras da lei” são pré-requisitos para a salvação, “pois, por obras da lei, ninguém será justificado” (Gl 2:16). Além disso, a marca que caracteriza o cristão não são as obras da lei, mas a fé (Gl 3:7). Essa negação repetida das obras da lei levanta a questão: “Será que a lei não tem absolutamente nenhum valor, então? Será que Deus anulou a lei?”
2. Por ser a salvação pela fé, e não pelas obras da lei, Paulo quis dizer que a fé anula a lei? Compare Rm 3:31 com Rm 7:7, 12; 8:3, 4; Mt 5:17-20
O raciocínio de Paulo em Romanos 3 se assemelha à sua argumentação sobre fé e lei em Gálatas. Sentindo que seus comentários poderiam levar alguns a concluir que ele estava exaltando a fé em detrimento da lei, Paulo faz a pergunta retórica: “Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei”. A palavra traduzida como “anulamos” em Romanos 3:31 é katargeo. Paulo usa a palavra com frequência; ela pode ser traduzida como “anular” (Rm 3:3), “abolir” (Ef 2:15), “desfazer” (Rm 6:6, RC), ou mesmo destruir (1Co 6:13). Claramente, se Paulo quisesse apoiar a ideia de que a lei foi de alguma forma abolida na cruz, como algumas pessoas hoje afirmam que ele ensinou, essa teria sido a oportunidade. Mas Paulo não apenas negou essa opinião com um enfático não; na verdade, ele afirmou que seu evangelho “estabelece” a lei!
“Ao exigir e prover o sacrifício expiatório, o plano da justificação pela fé revela o respeito de Deus por Sua lei. Se a justificação pela fé anulasse a lei, não teria havido necessidade da morte expiatória de Cristo para libertar o pecador de seus pecados e, assim, restaurá-lo à paz com Deus.
“Além disso, em si mesma, a fé genuína envolve uma disposição sem reservas para cumprir a vontade de Deus em uma vida de obediência à Sua lei... A fé verdadeira, com base no pleno amor pelo Salvador, só pode conduzir à obediência” (SDA Bible Commentary, v. 6, p. 510).
Que implicações haveriam se Paulo, na verdade, quisesse dizer que a fé anula a necessidade de guardar a lei? Por exemplo, o adultério, o roubo, ou até mesmo o assassinato deixariam de ser pecado? Pense na tristeza, dor e sofrimento dos quais você poderia se preservar se simplesmente obedecesse à lei de Deus. Que sofrimentos você ou outras pessoas têm experimentado, inteiramente como resultado da desobediência à lei de Deus?
Terça | Ano Bíblico: Jo 10, 11 |
O propósito da lei
3. Em Gálatas 3:19-29 Paulo faz várias referências à “lei”. Nesta seção de Gálatas, que lei Paulo menciona principalmente?
Acreditando que a expressão até que, no verso 19, indica que essa lei foi apenas temporária, alguns têm pensado que a passagem deve se referir à lei cerimonial, porque o propósito dessa lei foi cumprido na cruz e, assim, ela chegou ao fim. Embora essa ideia faça sentido em si mesma, não parece ter sido esse o pensamento de Paulo em Gálatas. Tanto a lei cerimonial quanto a lei moral foram “adicionadas” no Sinai por causa da transgressão. Mas veremos, considerando a pergunta a seguir, que Paulo pensou principalmente na lei moral.
4. Por que Paulo disse que a lei foi acrescentada? A que ela foi acrescentada, e por quê? Compare Gl 3:19 com Rm 5:13, 20
Paulo não disse que a lei foi acrescentada à aliança de Deus com Abraão, como se fosse uma espécie de suplemento a um testamento que alterasse as provisões originais. A lei já havia existido por muito tempo antes do Sinai (veja a lição de amanhã). Paulo quis dizer, ao contrário, que a lei foi dada a Israel para um propósito totalmente diferente. Ela devia dirigir o povo de volta para Deus e à graça que Ele oferece a todos os que vão a Ele pela fé. A lei revela nossa condição pecaminosa e nossa necessidade da graça de Deus. A lei não foi destinada a ser uma espécie de programa para “conseguir” a salvação. Ao contrário, ela foi dada, diz Paulo, “para que a transgressão fosse ressaltada” (Rm 5:20, NVI), ou seja, para nos mostrar mais claramente o pecado em nossa vida (Rm 7:13).
Enquanto as leis cerimoniais apontavam para o Messias e enfatizavam a santidade e a necessidade de um Salvador, é a lei moral, com suas proibições, que revela o pecado, que nos mostra que o pecado não é apenas uma parte da nossa condição natural, mas, de fato, é a violação da lei de Deus (Rm 3:20; 5:13, 20; 7:7, 8, 13). É por isso que Paulo diz: “Onde não há lei, não há transgressão” (Rm 4:15, NVI). “A lei funciona como uma lupa. Esse dispositivo não aumenta realmente o número de marcas de sujeira que mancham uma roupa, mas faz com que elas se destaquem de maneira mais clara e revela muito mais delas do que a pessoa é capaz de ver a olho nu” (William Hendriksen, New Testament Commentary, Exposition on Galatians [Comentário sobre o Novo Testamento, Exposição sobre Gálatas], Grand Rapids, Michigan: Baker Book House, 1968, p. 141).
Quarta | Ano Bíblico: Jo 12, 13 |
A duração da lei de Deus
5. A declaração de Paulo sobre a lei ser adicionada no Monte Sinai significa que ela não existia antes? Se já existia, qual era a diferença entre os períodos anterior e posterior ao Sinai? Gn 9:5, 6; 18:19; 26:5; 39:7-10; Êx 16:22-26
Deus não precisou revelar Sua lei a Abraão com trovões, relâmpagos e pena de morte (Êx 19:10-23). Por que, então, Deus deu a lei aos israelitas dessa maneira? Foi porque durante seu cativeiro no Egito, os israelitas haviam perdido de vista a grandeza de Deus e Seus elevados padrões morais. Como resultado, eles precisavam ser conscientizados da extensão da própria pecaminosidade e da santidade da lei de Deus. Com certeza, a revelação no Sinai fez justamente isso.
6. O que Paulo quis dizer quando afirmou que a lei foi adicionada “até que viesse o descendente a quem se fez a promessa”? Gl 3:16-19
Muitos têm entendido que esse texto queria dizer que a lei dada no Monte Sinai era temporária. Ela foi introduzida 430 anos depois de Abraão e, então, foi anulada quando Cristo veio. Essa interpretação, porém, contradiz o que Paulo diz sobre a lei em Romanos, bem como em outras passagens da Bíblia, como Mateus 5:17-19.
O erro que os leitores muitas vezes cometem, com relação a essa passagem, é o de supor que a expressão “até que” sempre implica uma duração limitada de tempo. Esse não é o caso. Descrevendo a pessoa que teme ao Senhor, o Salmo 112:8 diz: “O seu coração, bem firmado, não teme, até ver cumprido, nos seus adversários, o seu desejo”. Isso significa que quando ele triunfar ficará com medo? Em Apocalipse 2:25, Jesus disse: “Tão-somente apeguem-se com firmeza ao que vocês têm, até que Eu venha” (NVI). Teria Jesus declarado que, depois que Ele vier, já não precisaremos ser fiéis?
O papel da lei não acabou com a vinda de Cristo. Ela continuará a apontar o pecado, enquanto a lei existir. O que Paulo disse foi que a vinda de Cristo marcou um momento decisivo na história humana. Cristo pôde fazer o que a lei jamais poderia fazer: prover o verdadeiro remédio para o pecado, ou seja, justificar os pecadores e, pelo Seu Espírito, cumprir Sua lei neles (Rm 8:3, 4).
Alguma vez você já teve estes pensamentos: “Se apenas o Senhor fizesse isso por mim, ou aquilo, ou aquilo outro, eu nunca mais duvidaria nem questionaria o Senhor?” Pense, entretanto, sobre o que aconteceu no Sinai, e a respeito da grande manifestação do poder de Deus, vista pelos israelitas, e, mesmo assim, eles se rebelaram. O que isso diz sobre o que é a verdadeira fé? Como obter e manter essa fé? (Cl 2:6).
Quinta | Ano Bíblico: Jo 14, 15 |
A superioridade da promessa
“Ele estava na congregação, no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos antepassados, e recebeu palavras vivas, para transmiti-las a nós” (At 7:38, NVI).
Em Gálatas 3:19, 20, Paulo continua sua linha de pensamento sobre o fato de que a lei não anula a aliança da graça. Isso é importante porque, se a teologia de seus oponentes estivesse correta, a lei faria exatamente isso. Como pecadores, imagine qual seria a nossa situação, se, para nos salvarmos, tivéssemos que confiar em nossa observância da lei, e não na graça de Deus. No fim, estaríamos sem esperança!
Embora os detalhes dos comentários de Paulo em Gálatas 3:19, 20 sejam difíceis, seu raciocínio básico é claro: a lei é subordinada à promessa, porque ela foi dada por intermédio de anjos e de Moisés. A conexão de anjos com a entrega da lei não é mencionada em Êxodo, mas é encontrada em vários outros lugares nas Escrituras (Dt 33:2; At 7:38, 53; Hb 2:2). Paulo usou a palavra mediador em 1 Timóteo 2:5 em referência a Cristo, mas seus comentários neste contexto sugerem fortemente que ele tem em mente Deuteronômio 5:5, onde Moisés diz: “Naquela ocasião eu fiquei entre o Senhor e você para declarar-lhe a Palavra do Senhor” (NVI).
Majestosa como tenha sido a promulgação da lei no Sinai, com incontáveis anjos presentes, e importante como Moisés tenha sido na função de legislador, a proclamação da lei foi indireta. Em forte contraste com isso, a promessa de Deus foi feita diretamente a Abraão (e, portanto, a todos os crentes), pois não havia necessidade de um mediador. No fim, por mais importante que seja a lei, ela não é substituto para a promessa da salvação pela graça através da fé. Ao contrário, a lei nos ajuda a entender melhor o quanto essa promessa é realmente maravilhosa.
7. Qual era a natureza dos encontros diretos de Abraão com Deus? Qual era o benefício dessa proximidade com Deus? Gn 15:1-6; 18:1-33; 22:1-18
Pense em outros encontros que as pessoas da Bíblia tiveram com Deus: Adão e Eva no Éden (Gn 3); a escada de Jacó (Gn 28); Paulo no caminho de Damasco (At 9). Talvez você não tenha experimentado algo tão dramático, mas, de que forma Deus tem Se revelado a você? Alguma coisa na sua vida pessoal pode estar impedindo que você tenha o tipo de intimidade e proximidade com Deus que Abraão experimentou? Que medidas você pode tomar para mudar?
Sexta | Ano Bíblico: Jo 16–18 |
Estudo adicional
Em seu cativeiro, o povo havia perdido em grande medida o conhecimento de Deus e dos princípios da aliança abraâmica. Ao libertá-los do Egito, Deus procurou revelar a eles Seu poder e misericórdia, para que fossem levados a amá-Lo e confiar nEle. Para que percebessem seu completo desamparo e sua necessidade da ajuda divina, Ele os levou ao Mar Vermelho, onde, perseguidos pelos egípcios, a fuga parecia impossível. Então, Ele operou o livramento deles. Assim, eles se encheram de amor e gratidão para com Deus e de confiança no Seu poder para ajudá-los. Ele os havia ligado a Si, na qualidade de seu libertador do cativeiro temporal.
“Mas havia uma verdade ainda maior a ser gravada na mente deles. Vivendo no meio da idolatria e corrupção, eles não tinham uma concepção verdadeira da santidade de Deus, da excessiva maldade de seu próprio coração, de sua total incapacidade de, por si mesmos, prestar obediência à lei de Deus, e de sua necessidade de um Salvador. Eles precisavam ser ensinados em tudo isso” (Ellen G. White,
Patriarcas e Profetas, p. 371).
“A lei de Deus, proclamada em terrível majestade do Sinai, é a declaração de condenação ao pecador. A função da lei é condenar, mas não há nela nenhum poder para perdoar ou redimir (Comentários de Ellen G. White, SDA Bible Commentary, v. 6, p. 1.094).
Perguntas para reflexão
1. Pense na ideia de promessas, especialmente as que foram quebradas. Como você se sentiu quando uma pessoa quebrou uma promessa feita a você? Que diferença fez se a pessoa pretendia cumprir a promessa e, depois, ou não conseguiu ou mudou de ideia, ou se você percebeu que a pessoa nunca quis cumpri-la? O que aconteceu com seu nível de confiança depois que a promessa foi quebrada, não importando o motivo? É importante saber que você pode confiar nas promessas de Deus? Ou, como você pode aprender a confiar nas promessas de Deus em primeiro lugar? 2. De que maneiras estamos em perigo de ser corrompidos pelo nosso ambiente, a ponto de perdermos de vista as importantes verdades que Deus nos deu? Como descobrir quais são essas influências corruptoras? Como podemos neutralizá-las?
Resumo: A proclamação da lei no Sinai não invalidou a promessa que Deus fez a Abraão, nem a lei alterou as provisões da promessa. A lei foi dada para que as pessoas fossem conscientizadas da verdadeira extensão da sua pecaminosidade e reconhecessem sua necessidade da promessa de Deus a Abraão e seus descendentes.
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Inscrição : 08/05/2010
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