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Saudações de Paulo
Após julgá-lo equivocadamente por
décadas,
consegui enxergar o lado sensível de Paulo
Por Reinder Bruinsma
Ao ser perguntado com quem achava que o apóstolo Paulo se parecia, Martinho Lutero sugeriu que ele poderia ter tido a aparência de Philip Melanchton, seu amigo.
A partir de relatos históricos, sabemos que Melanchton era um indivíduo esquelético, com expressões faciais que não expressavam muita alegria de viver. De certa forma, sempre pensei a mesma coisa a respeito de Paulo. Considerando que eu tinha uma imagem mental de Pedro como uma pessoa bastante dinâmica, a quem pudesse convidar para um chá e uma conversa interessante, sempre imaginei Paulo como um acadêmico austero que preferia debater questões teológicas difíceis em vez de fazer uma boa refeição com um amigo. Ele não me parecia uma pessoa muito social, capaz de abraçar as pessoas, gastar tempo para dialogar com elas e estabelecer fortes laços de amizade.
Mas o capítulo final de Romanos mudou meu modo de pensar.
Uma Pessoa do Povo
Quando olhamos pela perspectiva do Paulo de Romanos 16, uma nova imagem emerge.
Quando Paulo escreveu aos romanos, por volta de 55 d.C., ainda não havia visitado Roma. Sua carta para a igreja de Roma – uma igreja que, na época, se reunia na casa dos membros – viria a ser considerada sua carta mais importante, explicitando de forma mais detalhada do que em qualquer outra, sua teologia da redenção em Cristo. Mas neste artigo, vou me concentrar no epílogo da epístola – na lista de saudações que encontramos ali.
Febe, que Paulo menciona no início do capítulo, provavelmente tenha sido a portadora da carta para Roma. Ela era membro preeminente da igreja de Cencréia, perto de Corinto. O texto grego parece indicar que ela era diaconisa. A carta que ele levou continha saudações para nada menos do que 29 pessoas em Roma.
Priscila e Áquila, ex-companheiros de Paulo na confecção de tendas, são mencionados primeiro (verso 3). O casal havia fugido de Roma durante a perseguição imposta pelo Imperador Cláudio (At 18:2). Paulo os encontrou em Corinto e Éfeso, e ali ele os chama de “meus cooperadores em Cristo Jesus”. Então, Paulo saúda Epêneto (verso 5), o primeiro converso onde é hoje a Turquia. A seguir, menciona Maria, uma das muitas personagens bíblicas com esse nome. Ela “trabalhou muito” para a igreja, diz ele (verso 6). (Lembremo-nos de procurá-la na Nova Jerusalém e descobrir quem era ela.)
Não posso comentar todos os 29 nomes. Mas Andrônico e Júnias (verso 7) merecem uma breve menção. Eles eram “notáveis entre os apóstolos”, diz Paulo. Essa é uma declaração importante, levando-se em conta que há muita chance de que Júnias fosse mulher. O nome “Júnias” pode tanto ser masculino como feminino e, por mais de mil anos, os comentaristas se referem a essa pessoa como sendo do sexo feminino.
Passando por Andrônico, Urbano, Estáquis e Apeles (uma vez que tudo o que temos são seus nomes), chegamos a Aristóbulo (verso 10). Ele deve ter sido neto do rei Herodes. Herodião (verso 11) pode também ter pertencido à família de Herodes. Narciso, do mesmo modo (verso 11), pode ter pertencido à alta sociedade – alguns sugerem que ele tenha sido um secretário particular na corte imperial.
Mais adiante, na lista, encontramos o nome de Rufo (verso13). Seu nome nos traz à mente Marcos 15:21, onde certo Simão de Cirene (que carregou a cruz de Jesus) é descrito como “pai de Alexandre e Rufo”. Alguns estudiosos da Bíblia crêem que, a princípio, o Evangelho de Marcos pode ter sido escrito para os cristãos de Roma. E, talvez, sabendo que Rufus, posteriormente, acabou por ficar em Roma, Marcos fez questão de inserir tal pormenor em seu Evangelho.
Após a menção de alguns nomes adicionais, Paulo conclui sua carta, encorajando seus destinatários a saudarem uns aos outros com o “ósculo [beijo] santo” (verso 16), um costume que ele aconselhava seus leitores a seguir em outros lugares de suas Epístolas.
Um Paulo Diferente
Paulo nunca havia estado em Roma, embora conhecesse cerca de trinta pessoas pelo nome. É impressionante que nove entre as vinte e nove pessoas mencionadas eram mulheres. Será que Paulo era do tipo anti-mulher, como geralmente é conhecido? Mas é interessante notar que, embora algumas das pessoas da lista tivessem certo status – tanto na sociedade de Roma como na igreja – Paulo também se lembrou de pessoas “simples”, trabalhadoras, confiáveis, que não tinham títulos acadêmicos.
Quando olhamos pela perspectiva do Paulo de Romanos 16, uma nova imagem emerge – alguém muito interessado nas pessoas. Quando mantemos esse aspecto em mente ao reler o resto de Romanos e as outras epístolas, sua figura fica clara, em muitos lugares. No meio e por trás da teologia, da austeridade e, muitas vezes, da crítica e das admoestações, vemos um homem que amava as pessoas e se preocupava genuinamente por elas.
Isso não pode ser mais claro do que nas cartas que escreveu a Timóteo, a quem amava como se fosse seu próprio filho (2Tm 1:1-5). E sua paixão por seu país torna-se evidente em Romanos 9:2-4: “Tenho grande tristeza e incessante dor no coração; porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne. São israelitas.”
A Face Humana
Como administrador de igreja, poderia gastar grande parte de meu tempo em reuniões, discussões, todos os tipos de itens organizacionais de negócios – praxes, programas, prédios, dinheiro, cargos a preencher, relatórios a serem avaliados. E tudo isso é parte do trabalho, a maior parte. Mas, se não vejo o rosto humano por trás dos problemas, estou em grande falta, pois valorizo mais os regulamentos do que as pessoas. Se o que eu ou qualquer outro líder da igreja fizer não tiver uma face humana, é melhor deixar sem fazer.
Se quisermos trabalhar para a igreja, em qualquer nível, como obreiro assalariado ou como voluntário, devemos amar as pessoas. É significativo que a carta aos romanos não termina com altas declarações doutrinárias e teológicas, mas com alusão a pessoas – indivíduos com nome e rosto.
Hoje, ao discutirmos teologia, doutrina, problemas sociais e morais; ao criarmos regulamentos, ou seja lá o que for, toda a perspectiva mudará se permitirmos que essas questões assumam um rosto humano.
O capítulo 16 de Romanos mudou minha opinião sobre Paulo. Para mim, ele se tornou mais humano. Ele conhecia vinte e nove pessoas de uma igreja que nunca havia visitado! O quanto conhecemos das pessoas que se sentam ao nosso lado, na igreja?
Reinder Bruinsma é diretor do Departamento de Comunicação da União/ Associação da Holanda, em Huister Heide, Holanda.
consegui enxergar o lado sensível de Paulo
Por Reinder Bruinsma
Ao ser perguntado com quem achava que o apóstolo Paulo se parecia, Martinho Lutero sugeriu que ele poderia ter tido a aparência de Philip Melanchton, seu amigo.
A partir de relatos históricos, sabemos que Melanchton era um indivíduo esquelético, com expressões faciais que não expressavam muita alegria de viver. De certa forma, sempre pensei a mesma coisa a respeito de Paulo. Considerando que eu tinha uma imagem mental de Pedro como uma pessoa bastante dinâmica, a quem pudesse convidar para um chá e uma conversa interessante, sempre imaginei Paulo como um acadêmico austero que preferia debater questões teológicas difíceis em vez de fazer uma boa refeição com um amigo. Ele não me parecia uma pessoa muito social, capaz de abraçar as pessoas, gastar tempo para dialogar com elas e estabelecer fortes laços de amizade.
Mas o capítulo final de Romanos mudou meu modo de pensar.
Uma Pessoa do Povo
Quando olhamos pela perspectiva do Paulo de Romanos 16, uma nova imagem emerge.
Quando Paulo escreveu aos romanos, por volta de 55 d.C., ainda não havia visitado Roma. Sua carta para a igreja de Roma – uma igreja que, na época, se reunia na casa dos membros – viria a ser considerada sua carta mais importante, explicitando de forma mais detalhada do que em qualquer outra, sua teologia da redenção em Cristo. Mas neste artigo, vou me concentrar no epílogo da epístola – na lista de saudações que encontramos ali.
Febe, que Paulo menciona no início do capítulo, provavelmente tenha sido a portadora da carta para Roma. Ela era membro preeminente da igreja de Cencréia, perto de Corinto. O texto grego parece indicar que ela era diaconisa. A carta que ele levou continha saudações para nada menos do que 29 pessoas em Roma.
Priscila e Áquila, ex-companheiros de Paulo na confecção de tendas, são mencionados primeiro (verso 3). O casal havia fugido de Roma durante a perseguição imposta pelo Imperador Cláudio (At 18:2). Paulo os encontrou em Corinto e Éfeso, e ali ele os chama de “meus cooperadores em Cristo Jesus”. Então, Paulo saúda Epêneto (verso 5), o primeiro converso onde é hoje a Turquia. A seguir, menciona Maria, uma das muitas personagens bíblicas com esse nome. Ela “trabalhou muito” para a igreja, diz ele (verso 6). (Lembremo-nos de procurá-la na Nova Jerusalém e descobrir quem era ela.)
Não posso comentar todos os 29 nomes. Mas Andrônico e Júnias (verso 7) merecem uma breve menção. Eles eram “notáveis entre os apóstolos”, diz Paulo. Essa é uma declaração importante, levando-se em conta que há muita chance de que Júnias fosse mulher. O nome “Júnias” pode tanto ser masculino como feminino e, por mais de mil anos, os comentaristas se referem a essa pessoa como sendo do sexo feminino.
Passando por Andrônico, Urbano, Estáquis e Apeles (uma vez que tudo o que temos são seus nomes), chegamos a Aristóbulo (verso 10). Ele deve ter sido neto do rei Herodes. Herodião (verso 11) pode também ter pertencido à família de Herodes. Narciso, do mesmo modo (verso 11), pode ter pertencido à alta sociedade – alguns sugerem que ele tenha sido um secretário particular na corte imperial.
Mais adiante, na lista, encontramos o nome de Rufo (verso13). Seu nome nos traz à mente Marcos 15:21, onde certo Simão de Cirene (que carregou a cruz de Jesus) é descrito como “pai de Alexandre e Rufo”. Alguns estudiosos da Bíblia crêem que, a princípio, o Evangelho de Marcos pode ter sido escrito para os cristãos de Roma. E, talvez, sabendo que Rufus, posteriormente, acabou por ficar em Roma, Marcos fez questão de inserir tal pormenor em seu Evangelho.
Após a menção de alguns nomes adicionais, Paulo conclui sua carta, encorajando seus destinatários a saudarem uns aos outros com o “ósculo [beijo] santo” (verso 16), um costume que ele aconselhava seus leitores a seguir em outros lugares de suas Epístolas.
Um Paulo Diferente
Paulo nunca havia estado em Roma, embora conhecesse cerca de trinta pessoas pelo nome. É impressionante que nove entre as vinte e nove pessoas mencionadas eram mulheres. Será que Paulo era do tipo anti-mulher, como geralmente é conhecido? Mas é interessante notar que, embora algumas das pessoas da lista tivessem certo status – tanto na sociedade de Roma como na igreja – Paulo também se lembrou de pessoas “simples”, trabalhadoras, confiáveis, que não tinham títulos acadêmicos.
Quando olhamos pela perspectiva do Paulo de Romanos 16, uma nova imagem emerge – alguém muito interessado nas pessoas. Quando mantemos esse aspecto em mente ao reler o resto de Romanos e as outras epístolas, sua figura fica clara, em muitos lugares. No meio e por trás da teologia, da austeridade e, muitas vezes, da crítica e das admoestações, vemos um homem que amava as pessoas e se preocupava genuinamente por elas.
Isso não pode ser mais claro do que nas cartas que escreveu a Timóteo, a quem amava como se fosse seu próprio filho (2Tm 1:1-5). E sua paixão por seu país torna-se evidente em Romanos 9:2-4: “Tenho grande tristeza e incessante dor no coração; porque eu mesmo desejaria ser anátema, separado de Cristo, por amor de meus irmãos, meus compatriotas, segundo a carne. São israelitas.”
A Face Humana
Como administrador de igreja, poderia gastar grande parte de meu tempo em reuniões, discussões, todos os tipos de itens organizacionais de negócios – praxes, programas, prédios, dinheiro, cargos a preencher, relatórios a serem avaliados. E tudo isso é parte do trabalho, a maior parte. Mas, se não vejo o rosto humano por trás dos problemas, estou em grande falta, pois valorizo mais os regulamentos do que as pessoas. Se o que eu ou qualquer outro líder da igreja fizer não tiver uma face humana, é melhor deixar sem fazer.
Se quisermos trabalhar para a igreja, em qualquer nível, como obreiro assalariado ou como voluntário, devemos amar as pessoas. É significativo que a carta aos romanos não termina com altas declarações doutrinárias e teológicas, mas com alusão a pessoas – indivíduos com nome e rosto.
Hoje, ao discutirmos teologia, doutrina, problemas sociais e morais; ao criarmos regulamentos, ou seja lá o que for, toda a perspectiva mudará se permitirmos que essas questões assumam um rosto humano.
O capítulo 16 de Romanos mudou minha opinião sobre Paulo. Para mim, ele se tornou mais humano. Ele conhecia vinte e nove pessoas de uma igreja que nunca havia visitado! O quanto conhecemos das pessoas que se sentam ao nosso lado, na igreja?
Reinder Bruinsma é diretor do Departamento de Comunicação da União/ Associação da Holanda, em Huister Heide, Holanda.
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Inscrição : 08/05/2010
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