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Conde Zinzendorf: "Fiz tudo isto por ti!, o que fazes tu por Mim?"
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Conde Zinzendorf: "Fiz tudo isto por ti!, o que fazes tu por Mim?"
Uma característica que pouco conhecem é que Zinzendorf observavam o sábado assim como os morávios de Belém [Pensilvânia]. Havia também um pequeno grupo de alemães observadores do sábado na Pensilvânia.” Rupp, History of the Religious Denominations in the United States
“Os abissínios e muitos do continente europeu, especialmente na Romênia, Boêmia, Morávia, Holanda e Alemanha, continuaram a guardar o sábado. Onde quer que a igreja de Roma predominasse, esses sabatistas eram penalizados com o confisco de suas propriedades, multas, encarceramento e execução.” Coltheart, pág. 26
Baixe a Biografia ilustrada do Conde Zinzendorf
Baixe o arquivo " Uma Biografia Ilustrada do Conde Zinzendorf". Trata-se de minha tradução do livro “From Jerusalem to Irian Jaya: a biographical history of Christian missions” de Ruth Tucker, Editora Zondervan, 2004, páginas 100 a 104. Com adaptações na organização e acréscimos nas imagens. Podem baixar o original aqui no Scribd.
Conde Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf
CONDE VON ZINZENDORF: O ESTADISTA MISSIONÁRIOUm dos maiores estadistas de todos os tempos e o indivíduo que fez o máximo para avançar a causa das Missões protestantes durante o curso do século 18 foi um nobre alemão, o Conde Nicolau Ludwing Von Zinzendorf, que teve poderosa influência sobre o cristianismo protestante primitivo, a qual, em muitos respeitos, igualou ou superou a de seus amigos cristãos, John Wesley e George Whitefield.
Ele introduziu a evangelização e fundou a igreja Morávia e compôs inúmeros hinos, mas acima de tudo inaugurou um movimento missionário mundial que preparou caminho para Willian Carey e o “Grande Século” das missões que se seguiria.
Nasceu em 1700 em meio à riqueza e nobreza. Ele ansiava entrar no ministério cristão, todavia parecia-lhe inconcebível quebrar as tradições familiares da nobreza. A decisão aconteceu em 1719, quando um incidente durante uma viagem pela Europa mudou o curso de sua vida. Enquanto visitava uma galeria de arte viu um quadro (Ecce Homo de Domecino Feti) que mostrava Cristo suportando a coroa de espinhos, com a seguinte inscrição:
ECCE HOMO
“FIZ TUDO ISTO POR TI, O QUE FAZES TU POR MIM?”Desse momento em diante, Zinzendorf soube que jamais poderia ser feliz vivendo como nobre. Qualquer que fosse o preço, ele buscaria uma vida de serviço para o Salvador que tanto sofreu para resgatá-lo.
Como estadista missionário, passou trinta e três anos como supervisor de uma rede mundial de missionários que esperavam liderança de sua parte. Seus métodos eram simples e práticos, suportando a prova do tempo. Todos seus missionários eram leigos, treinados para evangelistas e não teólogos. Como leigos, com sustento próprio, esperava-se que trabalhassem junto aos prováveis convertidos, dando testemunho de sua fé por palavras e exemplo de vida – sempre procurando identificar-se como iguais e não superiores.
A tarefa deles era apenas de evangelização, evitando estritamente qualquer envolvimento em questões políticas ou econömicas locais. Sua mensagem era o amor de Cristo – uma mensagem evangélica muito simples e entendida por todos e sob a liderança do conde, a igreja dos morávios colocara grande enfâse à pregação da morte de Cristo.
A contribuição de Zinzendorf no terreno das missões é melhor vista na vida dos homens e mulheres que aceitaram seu desafio de abandonar tudo pela causa do Evangelho. A única motivação deles, não era a fama, a glória humana, o enriquecimento às custas da obra de Deus, mas sim o amor sacrificial de Cristo pelo mundo, e foi essa a mensagem que levaram até os confins da terra.
Que Deus levante novos “morávios” e grandes estadistas missionários neste século presente, para recuperar a genuína visão missionária e anunciar a mensagem da Cruz aos bilhões que ainda faltam serem evangelizados.
O conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf nasceu há três séculos numa família da alta sociedade em Dresden, na Alemanha. Zinzendorf era de origem luterana e tornou-se um cristão muito dedicado (1). Vinte e sete anos mais tarde, irrompeu em Herrnhut, a propriedade do conde no leste da Alemanha, o conhecido avivamento morávio que gerou profundos desejos de santificação e dedicação missionária. Tanto os irmãos morávios como o próprio conde reconheceram que o acontecimento foi uma obra da graça de Deus (2). Por mais que queiramos, não podemos reproduzir despertamentos espirituais, os quais, inclusive, têm características diferentes uns dos outros. Felizmente, porém, podemos aprender com eles.
Entre outros aspectos, a história morávia mostra, em primeiro lugar, que um avivamento genuíno leva as pessoas a reconhecerem os seus pecados, abraçarem em fé o perdão pelo sangue do Cordeiro e terem um desejo profundo de viver em consonância com a vontade de Deus, ou seja, amar e servir a Deus e aos outros, em humildade e obediência. Em segundo lugar, antes de uma renovação espiritual geralmente existe um período de "pré-avivamento" (individual e coletivo) e, após a mesma, um movimento evangelístico no sentido de compartilhar as bênçãos com os outros. Em terceiro lugar, o maligno sempre tem um interesse especial em corromper essa bênção de Deus através de farisaísmo, radicalismo e separatismo, e o melhor é, se for possível, combatê-los firmemente no início, inclusive por meio de medidas administrativas sábias, pois de outro modo os prejuízos não se farão esperar. Os conflitos resultantes dessas atitudes esvaziam os corações do amor a Deus, ao passo que o verdadeiro avivamento enche-os desse amor, que é o dom e o fruto principal da atuação intensa do Espírito Santo (Rm 5.5; 1 Co 13.13; GI 5.22).
I. ZINZENDORF
A família Zinzendorf residia em um castelo do Reino da Saxônia, a uns quinze quilômetros da fronteira checa. O pai de Zinzendorf era secretário de estado em Dresden, mas faleceu depois de consagrar seu filho de seis semanas à obra do Senhor. Quatro anos mais tarde, sua mãe casou-se novamente, e o menino foi educado por sua avó e uma tia. Ambas apoiavam o movimento pietista, que procurava reavivar a igreja através de pequenas reuniões de estudo bíblico e oração, vistas como "igrejinhas na Igreja" (ecclesiolae in ecciesia). O líder do movimento era o Dr. Philipp Jakob Spener, que às vezes visitava a família Zinzendorf. O menino amava o Senhor de coração, orava muito, lia a Bíblia diariamente, conhecia bem o Catecismo de Lutero, e por vezes até pregava para as cadeiras.
Aos dez anos, Nikolaus foi para a famosa escola pietista de August Hermann Francke, em Halle, mas no início a experiência foi humilhante. Ele discordou dos pietistas especialmente quanto à prática obrigatória da "luta do arrependimento" (Busskampn, sem a qual o crente não era considerado um verdadeiro filho de Deus. Além de apelar para argumentos teológicos, ele também insistiu que nunca havia estado sem Cristo (3). Pouco a pouco conseguiu convencer outros meninos a formar um pequeno grupo para edificação mútua denominado a "Ordem do Grão de Mostarda." Aos quinze anos, seguiu para a Universidade de Wittenberg, a cidadela da ortodoxia luterana, a fim de preparar-se na faculdade de direito para o serviço governamental, como era a praxe para moços da alta sociedade. Paralelamente estudou teologia e procurou aproximar as duas alas beligerantes do luteranismo, a ortodoxia e o pietismo.(4)
Ao término dos seus estudos, fez uma viagem através da Alemanha, Holanda, Bélgica e França (1719-1720), viagem costumeira para um acadêmico aristocrata. Temia as tentações e procurava andar com Deus constantemente. Em Düsseldorf viu a pintura "Ecce Homo," de Domínico Feti (o quadro "Cristo coroado de espinhos" que atualmente está em Munique), com as palavras desafiadoras "Tudo isto fiz por ti. O que fazes tu por mim?" Essa experiência causou uma impressão indelével no jovem conde, que reforçou a sua decisão de viver para Cristo. Depois de voltar para casa, casou-se com a condessa Erdmuth Dorothea Reuss. Eles teriam doze filhos, dos quais somente quatro chegariam à idade adulta. Erdmuth seria uma ajudadora incansável do seu marido e da igreja. Zinzendorf certa vez afirmou: "Ela dirigiu [nosso lar] com a sabedoria da Escritura." No seu túmulo, os refugiados morávios gravaram os seguintes dizeres: "Mãe Adotiva da Igreja dos Irmãos." (5)
Homem feito, aos 22 anos Zinzendorf começou seu trabalho como conselheiro real em Dresden, mas aos domingos à tarde dirigia estudos bíblicos para os interessados. Em resposta aos críticos, apoiou-se nos Artigos de Schmalkald (1536), nos quais Lutero diz que o Evangelho oferece conselho e ajuda ao pecador pela pregação da Palavra, pelo Batismo e Santa Ceia, pelo poder das chaves (a disciplina) e "finalmente por conversação fraterna e encorajamento mútuo" (Mt. 18.20). Adquiriu de sua avó a vila de Berthelsdorf e, sendo um proprietário feudal, instalou seu amigo João Rothe como pastor, prometendo-lhe que ajudaria a transformar a vila numa verdadeira comunidade de crentes, sem ainda saber como Deus responderia a esse desejo mais profundo do seu coração.
II. a UNITAS FRATRUM
Todos sabem que a Reforma começou na Alemanha com Martinho Lutero (1517), mas poucos sabem que antes da Reforma havia uma florescente igreja protestante na atual República Checa, cujas principais regiões são a Boêmia no oeste (ao redor da capital Praga) e a Moravia no leste (6). Essa nação havia sido cristianizada no século IX por missionários vindos de Constantinopla e seu casal real mais conhecido era o piedoso Wenceslau e sua esposa Ludmila. Culturalmente, a região era como um promontório eslavo em um mundo alemão, mas, no final da Idade Média, durante o período do renascimento, houve um influxo de alemães no país, inclusive na importante universidade de Praga. Os alemães desprezavam os checos como um povo de cultura inferior. Quando estudantes checos começaram a freqüentar a Universidade de Oxford, ouviram o professor John Wycliffe (m.1384) e levaram os ensinos bíblicos dessa "estrela d'alva da reforma" para o seu país, onde tais ensinos receberam uma singular acolhida. Um dos professores da Universidade de Praga era João Huss, que pregava com zelo contra os erros que via na vida e na doutrina da Igreja Católica Romana. Hus foi condenado pelo Concílio de Constança e queimado vivo apesar de um salvo-conduto imperial (1415).
Na Boêmia, a terra natal de Hus, eclodiu uma revolta e formou-se uma igreja evangélica conhecida como Unitas Fratrum, a União dos Irmãos ou a Igreja dos Irmãos. Seus adeptos nunca se consideraram uma "seita;" simplesmente distanciaram-se das corrupções da igreja. Quando, porém, em 1620, a Boêmia foi vencida pela Áustria, o novo governo decidiu implantar a contra-reforma católica romana e exterminar a ferro e fogo os evangélicos, dentre eles, em primeiro lugar, a Igreja dos Irmãos. Nem a Paz de Westfália (1648) trouxe alívio para esses crentes perseguidos. Muitos foram mortos e outros fugiram, especialmente para Lissa, na Polônia, entre os quais o famoso educador João Amós Comênio, bispo da Unitas Fratrum (falecido em 1670), que lamentou o fato de a igreja de Roma ter se tornado perseguidora dos próprios cristãos.
Parecia que os evangélicos tinham sido extirpados da Boêmia e da Morávia. Mas ainda havia uma "semente oculta"(7). E Deus usou um jovem pastor de ovelhas da Morávia, Christiano David, apelidado de "o servo do Senhor," para reacender o fogo evangélico. Christiano tinha sido um católico romano radical, mas pela leitura da Palavra de Deus veio a conhecer a verdade. Depois de muitas viagens fora da Morávia e de ter recebido assistência de um pastor luterano pietista na Saxônia durante uma enfermidade, regressou para a sua terra natal a fim de pregar as boas novas de salvação. Sua pregação causou um despertamento espiritual, o que provocou, novamente, muitas perseguições. Então, Christiano procurou o seu pastor na Saxônia, que o apresentou ao pastor Rothe, o qual por sua vez levou-o para falar com Zinzendorf. Este consentiu em receber os crentes perseguidos em Herrnhut, sua propriedade. Christiano David voltou para a Morávia e um pequeno grupo aceitou o desafio de ir morar em Herrnhut. Numa noite, cinco famílias partiram de suas casas para atravessar as montanhas e, depois de doze dias, chegaram à vila de Berthelsdorf (1722).
III. HERRNHUT
Em Herrnhut, os morávios foram recebidos com carinho. O gentil administrador de Zinzendorf procurou um lugar para os refugiados se estabelecerem e escolheu uma localidade distante da vila, no pasto comum onde o gado era vigiado, o "Hutberg" (montanha de guarda). Disse que seria um verdadeiro "Herrnhut," um lugar debaixo da "guarda do Senhor," mas também sempre na "guarda do Senhor," louvando-o dia e noite (SI 134.1). Outros refugiados chegaram nos anos seguintes, especialmente herdeiros da Unitas Fratrum, e também anabatistas, calvinistas e schwenkfeldianos, místicos que colocavam o Espírito acima da palavra escrita.
Não demoraram a surgir tensões internas, que aumentaram especialmente após a chegada do grupo místico: disputas teológicas, divergências étnicas, concorrência no trabalho, etc. Herrnhut era de fato uma congregação da igreja luterana de Berthelsdorf, mas o líder das contendas, um tal de Krüger, um luterano já excomungado em outro lugar, chamou o pastor Rothe de "falso profeta" e Zinzendorf de "besta," e conclamou todos a deixarem a igreja luterana, que ele chamava de "Babilônia." Muitas pessoas foram influenciadas pelas suas pregações inflamadas, até mesmo o pioneiro Christiano David. Embora Krüger tenha enlouquecido, tendo de ser internado num manicômio em Berlim, o mal semeado permaneceu e exigiu a intervenção do próprio conde.
Por cinco anos, durante o inverno, Zinzendorf havia continuado em seu trabalho como conselheiro real em Dresden, e no verão cuidava da sua propriedade rural. A igreja da vila de Berthelsdorf florescia com as pregações fervorosas do pastor Rothe, e à tarde o próprio conde, em sua casa, explicava a mensagem aos seus arrendatários. Ele fez um pacto com seu amigo Frederico de Watteville e com os pastores Rothe e Schãfer no sentido de promover a expansão do evangelho. Enquanto tudo ia bem, não se incomodou muito com o lugarejo de Herrnhut. Apenas havia determinado que somente refugiados por razões religiosas podiam ser admitidos, e tinha convencido os moradores a prometerem fidelidade à Confissão luterana de Augsburgo (8). O cantar dos velhos hinos morávios não era problema. No início de 1727, porém, com o radicalismo de Krüger, a situação deteriorou e o conde precisou agir. A paz de Cristo nas suas terras estava em perigo, pois o pastor Rothe alertava a igreja quanto aos "fanáticos alucinados" da colina e Christiano David considerava o pastor um eclesiástico bitolado.
Nesse momento crítico o conde interveio, "transformando o duelo em dueto," como disse o historiador Hutton (9). Ele ensinaria os refugiados a obedecerem às leis do país, a curvar-se diante da sua autoridade como proprietário feudal e a viver em harmonia cristã (10). Ele convocou todos, homens e mulheres, depois de um longo culto de cânticos à noite (Singstunde), para uma reunião geral na casa grande de Herrnhut no dia 12 de maio. Primeiramente o conde falou pastoralmente sobre o pecado do separatismo. Em seguida, como dono das terras, explicou suas "Ordens e Proibições" que todos tinham de obedecer por força de lei, um tipo de constituição simples como existia nas vilas da Alemanha, porém adaptada à situação local. Finalmente, ele apresentou 42 "Estatutos" como base para uma (futura) sociedade religiosa voluntária. A reunião estendeu-se por mais de três horas, mas o resultado foi positivo. Prometendo obedecer as determinações de Zinzendorf, todos deram as mãos ao seu senhor terreno, que por sua vez garantiu que seus arrendatários nunca seriam seus servos feudais ou sua posse pessoal, mas sempre poderiam viver como homens livres, o que naquela época na Alemanha era algo especial (11).
No mesmo dia foram eleitos doze anciãos para a supervisão da comunidade e, dentre eles, quatro foram indicados por sorteio, segundo um antigo costume dos irmãos checos, para servirem como anciãos-chefes, entre eles o próprio Cristiano David. Posteriormente, foram eleitos guarda-noturnos, inspetores dos serviços públicos, assistentes dos enfermos e dos necessitados, etc. Finalmente, foram organizados pequenos grupos que se reuniriam freqüentemente para edificação mútua. Também houve muitas reuniões de Zinzendorf com os anciãos.
IV. o AVIVAMENTO
Após receber autorização da corte real, Zinzendorf passou a dedicar o seu tempo a Herrnhut, deixando os negócios nas mãos da sua esposa e do seu amigo De Watteville. Conversando com as famílias refugiadas, percebeu a profunda preocupação dos checos em reviver a Igreja dos Irmãos. Assim, chegou à conclusão que de fato a melhor solução seria organizar em Herrnhut uma "igrejinha dentro da Igreja" (ecclesiola in ecciesia), com características, inclusive disciplinares, da antiga igreja checa. Somente assim os irmãos checos poderiam preservar os laços com o passado e ao mesmo tempo a congregação de Herrnhut poderia continuar como parte integral do sistema paroquial da igreja de Berthelsdorf.
Em 1725, Francke já havia alertado Zinzendorf quanto às tendências separatistas de Herrnhut,12e o conde sabia muito bem que as leis do Estado da Saxônia não permitiriam uma simples reorganização independente da antiga Unitas Fratrum. Utilizando muitos elementos dos "Estatutos," eles prepararam o que depois seria denominado a "Concórdia Fraterna." No início de julho de 1727, o documento foi assinado solenemente: o conde em primeiro lugar, depois Cristiano David e em seguida quase todos os habitantes de Herrnhut. Todas as noites houve reuniões de oração, cânticos ou estudo bíblico. David exortou o povo a estudar a arte de amar segundo o ensino da Primeira Epístola de João. O movimento era calmo e de regozijo no Senhor, sem tentativas de estimular as emoções. O conde alertou: "Criar excitação religiosa é tão fácil como excitar as paixões carnais. E freqüentemente a primeira leva à segunda."
Poucas semanas depois, Zinzendorf encontrou numa biblioteca em Zittau uma cópia da versão latina, feita por Comênio, do antigo "Manual de Disciplina" da extinta Unitas Fratrum checa. Alegrou-se extremamente ao descobrir que ela tinha sido uma igreja fiel e ortodoxa e que as suas normas eram muito semelhantes aos artigos da "Concórdia Fraterna"!13Ao regressar a Herrnhut, relatou o seu achado e apresentou a versão alemã do documento, causando uma profunda gratidão em todos os irmãos refugiados, ao verem de perto a herança dos seus pais, que aparentemente tinha sido preservada tão fielmente entre eles. Mas os acontecimentos marcantes daquele ano seriam coroados pela fidelidade do Senhor.
Já que as brigas haviam cessado e os moradores de Herrnhut buscavam a santificação, o pastor Rothe convidou todos a participarem da Ceia do Senhor na igreja central de Berthelsdorf, num culto marcado para a manhã da quarta-feira dia 13 de agosto de 1727. Já antes do culto havia um forte senso de reverência. O pastor Rothe pregou sobre a importância daquela ocasião depois de tantas dificuldades: agora eles eram os convidados do Senhor para sentarem-se com ele à sua Mesa. Depois do cântico, duas moças fizeram profissão da sua fé. Após outro hino, o conde fez a oração de confissão pública em meio às lágrimas de muitos, suplicando perdão pelo sangue de Cristo, livramento de todas as divisões, e a bênção de uma união verdadeira de coração para que pudessem ser uma bênção para outros, perto e longe. Mais três pessoas oraram, e a parte da liturgia sobre o perdão dos pecados foi pronunciada por um outro pastor, que em seguida ministrou os elementos. Todos sentiram um misterioso toque do poder de Deus. Encheram-se da paz e alegria do Espírito Santo. Houve um profundo senso de comunhão com Cristo e com os outros, e eles reconheceram: "Aprendemos a amar." Até hoje o 13 de agosto é considerado como o dia do renascimento espiritual da Igreja dos Irmãos, da Unitas Fratrum.
Dois dos anciãos, entretanto, estavam ausentes, fazendo visitas na Hungria. Naquele dia, não sabendo porque, sentiram um forte desejo de orar por Herrnhut, somente mais tarde tomando conhecimento do que havia ocorrido. Para não perder esse impulso celestial, duas semanas após aquela Ceia memorável Herrnhut iniciou a "Intercessão de Hora em Hora": durante 24 horas por dia havia oração e cada irmão ou irmã tomava o seu lugar nesse rodízio. Essa foi a reunião de oração mais longa da história, pois estendeu-se por mais de um século.
RESULTADOS
Geralmente pensamos que o movimento missionário moderno começou a partir de 1800, com o trabalho de William Carey. Na realidade, como freqüentemente acontece, antes disso o Senhor já havia dado um grande impulso a essa obra. A partir da época dos descobrimentos (1500), o trabalho missionário das igrejas em geral passou a ocorrer dentro dos esquemas de colonização, primeiramente com as missões católicas romanas e depois também com as missões protestantes, como a da Igreja Reformada Holandesa no Nordeste do Brasil (1630-1654). Todavia, com o trabalho dos Irmãos Morávios, esse modelo ligado à colonização começaria a ser rompido, e "os seguidores do Cordeiro," como eles se denominavam, haveriam de ir por toda parte.
Um ano após a "renovação da aliança" em Herrnhut, um grupo de jovens solteiros começou a estudar a Bíblia, geografia, medicina e línguas. Sentiam que Deus estava preparando-os para uma obra maior. A chamada macedônica veio em 1731 e no ano seguinte teve início o trabalho missionário morávio. Em vinte anos, Herrnhut enviaria mais missionários ao exterior do que todas as outras igrejas protestantes nos primeiros duzentos anos da sua existência! E em breve, a Igreja Morávia no campo missionário seria maior do que a própria igreja mãe. Isso é um capítulo à parte,15 mas é claro que, incontestavelmente, foi resultado e fez parte integral daquele despertamento espiritual de 1727. Lembremo-nos do seu lema: Vincit Agnus Noster. Eum Sequamur! O nosso Cordeiro venceu. Vamos segui-lo!
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* O tricenteránio do nascimento do Conde de Zinzendorf aconteceu em maio de 2000.
** O autor é ministro da Igreja Reformada Holandesa, com mestrado no Calvin Theological Seminary, em Grand Rapids, Estados Unidos, e doutorado em história na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. É professor visitante do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper.
___________NOTAS:
1 - Zinzendorf nasceu em Dresden, a 26 de maio de 1700. Há muitas biografias sobre ele, como por exemplo, H. Renkewitz, Zinzendorf (Hamburgo, 1948). As obras completas de Zinzendorf foram reunidas e publicadas por G. Meyer, Nicolaus Ludwig von Zinzendorf Schriften, 67 vols (Hildesheim: Olms Verlag, 1962-).
2 - Como Zinzendorf lembrou em sua mensagem fúnebre sobre 1 Co 15.10 (1760), reproduzida em O. Uttendõrfer, ed., Nicolaus Ludwig Graf von Zinzendorf: Evangelische Gedanken (Berlim, 1948), 255.
3 - Ver Uttendõrfer, Evangelische Gedanken, 38-46.
4 - Ver A. J. Lewis, Zinzendorf, the Ecumenical Pioneer: A Study in the Moravian Contribution to Christian Mission and Unity (Filadélfia: Westminster Press, 1962), 15: Zinzendorf detestava o odium theologicum, procurando aproximação entre os que "têm experimentado a morte de Jesus nos seus corações" (ver F. Blanke, Zinzendorf und die Einheit der Kinder Gottes [Basel, 1950]), mas rejeitava energicamente o deísmo, que considerava como paganismo abstrato; ver O. Uttendõrfer, Zinzendorfs religióse Grundgedanken (Herrnhut, 1935), 166-174.
5 - Ela faleceu em Herrnhut no ano de 1756, quatro anos antes do conde. Ver a biografia escrita por E. Geiger, Erdmuth Dorothea Grãfin von Zinzendorf (Herrnhut, 1999).
6 - J.E. Hutton, A History of the Moravian Church (Londres, 19092), 11-176.
7 - A. Vacovsk, "History of the 'Hidden Seed' (1620-1722)," em M. P. van Buytenen, C. Dekker e H. Leeuwenberg, Unitas Fratrum. Herrnhuter Studien (Utrecht, 1975), 35-54.
8 - A Confessio Augustana (1530). A orientação fornecida pela Confissão, por Lutero e pela Escritura foi a bússola do conde, ajudando-o a superar grandes problemas, inclusive no período crítico entre 1743 e 1749 (Sichtungszeit = tempo de peneiração). Ver O. Uttendõrfer, Zinzendorf und die Mystik (Berlim, s.d.), 169ss, 422.
9 - Hutton, Moravian Church, 206.
10 - Lewis, Zinzendorf, 47-62, "The Watch of the Lord." A. L. Fries, Distinctive Customs and Practices of the Moravian Church (Bethlehem, Pensilvânia, 1949), 55: naqueletempo, Herrnhut devia ter ao todo uns 300 habitantes, em 34 casas.
11 - H. Beck, Brüder in vielen VóIkem; 250 Jahre Mission der Brüdergemeine (Erlangen, 1981), 32: Herrnhut seria um lugar de liberdade pessoal, mas também uma escola de disciplina mútua com supervisão dos anciãos e auxiliares.
12 - J. T. Hamilton, A History of the Church known as the Moravian Church, or the Unitas Fratrum, or the Unity of the Brethren, During the Eighteenth and Nineteenth Centuries (Bethlehem, Pensilvânia, 1900), 36.
13 - A. Ritschl, em Geschichte des Pietismus (1880-1886; 3 vols.), afirma que Zinzendorf conhecia a "Ratio Disciplinae" antes de escrever os Estatutos (III, 243). Hutton, em Moravian Church (pp. 212, 183), refuta Ritschl nesse e outros pontos e lembra que os erros de Ritschl foram corrigidos amplamente por B. Becker, Zinzendorf und sein Christentum im Verháltnis zum kirchlichen und religiõsen Leben seiner Zeit (Leipzig, 1900), e por J. T. Müller, Zinzendorf als Erneuerer der alten Brüderkuirche (Leipzig, 1900). Sigo a ordem cronológica de Hutton.
14 - Hino comemorativo por James Montgomery, Customs, p. 57. Ver R. von Delius, Gedichte des Grafen Zinzendorf (Berlim, 1920), 14: "Reine Flammen/ brennt zusammen!/ Macht mich Licht durch euren Schein/ und volt Triebe/ süszer Liebe:/ nehmt mein ganzes Wesen ein!" Uma experiência real, pística; L. Kalsbeek, Contours of a Christian Philosophy (Amsterdã, 1975), cap. 11.
15 - J. E. Hutton, A History of Moravian Missions (Londres, 1922); K. Müller e A. Schulze, 200 Jahre Brüdermission, 2 vols. (Herrnhut, 1931-1932); Beck, Brüder in vielen VóIkem; 250 Jahre; H. Bintz, ed., N. L. von Zinzendorf, Texte zur Mission (Hamburgo, 1979). Infelizmente os morávios não entraram no Brasil, apesar do convite oficial do regente do Império, o padre Diogo Antônio Feijó (1835-1837), que solicitou ao Marquês de Barbacena (então exercendo funções diplomáticas em Londres), providenciar a vinda de duas corporações dos Irmãos para trabalhar com os indígenas brasileiros (Ultimato 264 [Maio 2000], 28). Infelizmente não puderam atender (por falta de obreiros ou de visão?).
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Nicolau von Zinzendorf (1700-1760) foi um nobre crente que exerceu grande influência na história missionária. Quando jovem fundou com outros estudantes o que chamou de “Ordem do Grão de Mostarda”.
Em uma de suas viagens, ao visitar um Museu, viu um quadro do Senhor Jesus coroado com espinhos e uma inscrição: “Eu tudo fiz por ti, que fazes tu por mim?” E muito se emocionou. Meditou e chorou por muitos dias sobre tal frase. Após viajar para a Groenlândia seu coração tornou-se ainda mais inquieto ao ver que os esquimós da Groenlândia não conheciam a Cristo e seu choro aumentou ainda mais.
Algum tempo depois ele encontrou um amigo cristão e lhe fez um convite para ir pregar o Evangelho aos esquimós, dizendo: “Você gostaria de pregar o Evangelho aos esquimós? Mas antes que você me responda, quero que você saiba que você vai sozinho, sem sustento e sem possibilidade de voltar para casa. Você aceita o desafio?”.
Aquele homem aceitou o desafio sem pensar duas vezes. A única coisa que fez foi pedir um par de sapatos usados, pois o mesmo estava descalço e seria difícil viajar de tal forma. Na manhã seguinte, ao chegar à casa daquele cristão com o par de sapatos usados que ele havia pedido, Zinzendorf não o encontrou. Ele havia deixado um bilhete dizendo “saí de casa, descalço, antes de o sol nascer. Não posso perder tempo para fazer a obra de Cristo”.
Hoje, mais de 95% da população da Groenlândia é cristã! E tudo começou porque um homem ousado e comprometido com Jesus respondeu “SIM” ao chamado de Cristo e dedicou-se a pregar o evangelho e salvar vidas.
Nessa época, na Morávia, a Igreja que se originara após a morte de John Huss, estava sendo grandemente perseguida. O conde mandou avisar que se aqueles crentes quisessem, seriam acolhidos em suas terras, na Saxônia. Assim, muitos refugiados morávios conseguiram chegar lá e fundaram, em 1722, uma comunidade que existe até hoje, chamada Herrnhut (“sob o cuidado do Senhor” ou também “montando guarda para o Senhor”). Lá eles se auto-sustentavam. Aprenderam a viver como artesãos e desenvolveram um movimento de oração nas 24 horas do dia, nos sete dias da semana por 100 anos. Pouco tempo depois, aquela comunidade cristã, liderada por Zinzendorf, passou a ter um fortíssimo envolvimento missionário. Vários membros (principalmente jovens), começaram a se sentirem chamados para pregar em lugares distantes.
Além do comprometimento com a oração, eles também eram extremamente comprometidos com a obra missionária. Reconheciam o chamado da Grande Comissão, sabiam que precisavam pregar o Evangelho aos que nada sabiam sobre o Evangelho e entendiam que eram responsáveis por pregar o Evangelho aos perdidos. Assim, no espaço de 20 anos, a igreja dos morávios enviou mais missionários para o mundo do que todas as igrejas protestantes em 200 anos!
Os irmãos morávios, dirigidos por Zinzendorf e outros líderes, enviaram missionários para: Ilhas Virgens (1732); Groenlândia (1733); Suriname (1735); África do Sul (1736); Jamaica (1750); Canadá (1771); Austrália (1850); Tibet (1856), entre outros longínquos lugares.
Nos primeiros 100 anos de atividade (de 1732 a 1832), os irmãos morávios obtiveram o impressionante número de 40 mil membros, 209 missionários e 41 centros de missões ao redor do mundo! Em 150 anos enviaram 2.158 missionários.
Quando Zinzendorf era questionado sobre o real motivo para tão expressivo e sacrificial movimento missionário, respondia: “estamos indo buscar para o Cordeiro o galardão do Seu sacrifício”. Baseado em Isaías 53:11.
Zinzendorf morreu aos 60 anos em Herrnhut, pastoreando até o fim de seus dias.
Assim como o Senhor Jesus, foi obediente até a morte para cumprir as Escrituras.
O líder morávio procurou seguir o exemplo do Filho de Deus.
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Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf foi um homem levantado por Deus para dar refúgio a milhares de perseguidos religiosos na Europa. Alavancando assim a obra missionária tão esquecida naquela época. Ele
amava profundamente a obra missionária e, como poucos líderes na história, entendeu a importância de missões como a tarefa prioritária da igreja. Com seu exemplo foi capaz de levar a sua comunidade a
abraçar o empreendimento missionário, enviando ao longo dos anos mais de 200 missionários para todos
os continentes.
Zinzendorf nasceu em Dresden, na Saxônia, no dia 26 de maio de 1700, no seio de uma nobre família piedosa de confissão luterana. Seu pai, um alto oficial da corte, faleceu logo após seu nascimento, mas no leito de morte, o consagrou à obra do Senhor. Com o novo casamento de sua mãe, ele foi criado por sua avó, a baronesa Henrietta Catarina Von Gersdorf, uma mulher piedosa que lhe proporcionou uma fé viva no Senhor Jesus Cristo. Desde criança, Zinzendorf tinha grande interesse pelas coisas de Deus, como testemunhou mais tarde dizendo: “ainda na infância, eu amava o Salvador e tive comunhão abundante com Ele. Aos quatro anos comecei a buscar sinceramente a Deus e decidi tornar-me um verdadeiro servo de Jesus Cristo” (ATAÍDES, p. 15). Esse interesse acentuou-se ainda mais quando, aos dez anos de idade, foi matriculado na Escola Pietista, em Halle, onde foi tremendamente influenciado por esse movimento. Naquela escola, tornou-se líder entre os colegas criando a ordem “O Grão de Mostarda” que visava a evangelização do mundo. O emblema da ordem tinha um pequeno escudo com a inscrição: “Suas chagas nos curam”, e cada um deles usava um anel com as seguintes palavras: “nenhum homem é uma ilha.” Como lema da sua vida, Zinzendorf adotou a seguinte frase: “Tenho uma única paixão: Jesus, Ele e somente Ele”. Tendo essa paixão tão acentuada por Cristo, pregava uma profunda devoção pessoal a Ele baseada em sua própria experiência.
Certa vez, em uma de suas viagens pela Europa, numa galeria em Dusseldorf, na Alemanha, ao ver um quadro de Cristo coroado de espinhos com a seguinte inscrição: “Eu tudo fiz por ti, o que fazes tu por mim?” (ATAÍDES, p. 21), foi tocado profundamente, o que o levou a chorar e tomar uma decisão de dedicar a sua vida ao serviço de Cristo.
Ele usou sua herança em Berthelsdorf, para fundar uma comunidade denominada Herrnhut, que significa “Abrigo do Senhor”, em 1722, dando refúgio a cristãos perseguidos da Morávia, entre os quais se tornou o líder espiritual. Após 5 anos de existência, num memorável domingo, em 13 de agosto de 1727, quando estavam reunidos para a Ceia do Senhor, o Espírito Santo veio sobre eles, quebrantando-os e levando-os à maior reunião de oração de todos os tempos, que durou mais de 100 anos ininterruptos (TUCKER, p 73-74).
O despertamento missionário de Zinzendorf se deu quando, em Copenhague, participava da festa de coroação do rei da Dinamarca Cristiano VI. Foram-lhe apresentados dois convertidos esquimós da Groenlândia, batizados pelo missionário Hans Egede, e um escravo negro das índias ocidentais (NEIIL, P. 242). Zinzendorf ficou tão impressionado com eles que convidou o último para uma visita em sua comunidade em Herrnhut e a presença dele ali trouxe um grande despertamento entre os moravianos tendo como resultado o envio dos primeiros missionários, em 1732 (TUCKER, p. 74). O próprio Zinzendorf se tornou missionário entre os índios americanos, mas por algumas circunstâncias regressou a sua terra deixando este trabalho na responsabilidade dos missionários nomeados por ele.
Ele teve papel importante na propagação das missões cristãs na sua época e deixou exemplos que serão sempre modelos para a igreja, sendo pioneiro no exercício de missões protestantes estrangeiras que “enviaram, num curto espaço de tempo, mais missionários do que todos os protestantes juntos durante duzentos anos de protestantismo” (ATAÍDES, p.18). Os moravianos enviaram missionários para as Ilhas Virgens (1732); Groenlândia (1733); Suriname (1735); África do Sul (1736); Jamaica (1750); Canadá (1771); Austrália (1850); Tibet (1856), entre outros longínquos lugares.
O ilustre Conde Zinzendorf foi o líder da Igreja moraviana até sua morte, em 09 de maio de 1760, quando foi recebido nos tabernáculos eternos aos 60 anos de idade. Tendo sido um homem que buscou ardentemente a comunhão com o Senhor e a unidade do povo de Deus na terra, Zinzendorf levou seus seguidores a ter uma motivação e “a única motivação deles era o amor sacrificial de Cristo pelo mundo, e foi essa a mensagem que levaram até os confins da terra” (TUCKER, p. 77). Que possamos dizer como Zinzendorf: “venceu o nosso Cordeiro. Vamos segui-lo”.
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Referências:
ATAÍDES, Florencio Moreira de. História das Missões Moravianas. Arapongas: Aleluia, 2007.
NEILL, Stephen. História das Missões. São Paulo: Vida Nova, 1989.
TUCKER, Ruth. Missões até os confins da terra. São Paulo: Shedd, 2010.
“Os abissínios e muitos do continente europeu, especialmente na Romênia, Boêmia, Morávia, Holanda e Alemanha, continuaram a guardar o sábado. Onde quer que a igreja de Roma predominasse, esses sabatistas eram penalizados com o confisco de suas propriedades, multas, encarceramento e execução.” Coltheart, pág. 26
Baixe a Biografia ilustrada do Conde Zinzendorf
Baixe o arquivo " Uma Biografia Ilustrada do Conde Zinzendorf". Trata-se de minha tradução do livro “From Jerusalem to Irian Jaya: a biographical history of Christian missions” de Ruth Tucker, Editora Zondervan, 2004, páginas 100 a 104. Com adaptações na organização e acréscimos nas imagens. Podem baixar o original aqui no Scribd.
Conde Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf
CONDE VON ZINZENDORF: O ESTADISTA MISSIONÁRIO
Ele introduziu a evangelização e fundou a igreja Morávia e compôs inúmeros hinos, mas acima de tudo inaugurou um movimento missionário mundial que preparou caminho para Willian Carey e o “Grande Século” das missões que se seguiria.
Nasceu em 1700 em meio à riqueza e nobreza. Ele ansiava entrar no ministério cristão, todavia parecia-lhe inconcebível quebrar as tradições familiares da nobreza. A decisão aconteceu em 1719, quando um incidente durante uma viagem pela Europa mudou o curso de sua vida. Enquanto visitava uma galeria de arte viu um quadro (Ecce Homo de Domecino Feti) que mostrava Cristo suportando a coroa de espinhos, com a seguinte inscrição:
ECCE HOMO
“FIZ TUDO ISTO POR TI, O QUE FAZES TU POR MIM?”
Como estadista missionário, passou trinta e três anos como supervisor de uma rede mundial de missionários que esperavam liderança de sua parte. Seus métodos eram simples e práticos, suportando a prova do tempo. Todos seus missionários eram leigos, treinados para evangelistas e não teólogos. Como leigos, com sustento próprio, esperava-se que trabalhassem junto aos prováveis convertidos, dando testemunho de sua fé por palavras e exemplo de vida – sempre procurando identificar-se como iguais e não superiores.
A tarefa deles era apenas de evangelização, evitando estritamente qualquer envolvimento em questões políticas ou econömicas locais. Sua mensagem era o amor de Cristo – uma mensagem evangélica muito simples e entendida por todos e sob a liderança do conde, a igreja dos morávios colocara grande enfâse à pregação da morte de Cristo.
A contribuição de Zinzendorf no terreno das missões é melhor vista na vida dos homens e mulheres que aceitaram seu desafio de abandonar tudo pela causa do Evangelho. A única motivação deles, não era a fama, a glória humana, o enriquecimento às custas da obra de Deus, mas sim o amor sacrificial de Cristo pelo mundo, e foi essa a mensagem que levaram até os confins da terra.
Que Deus levante novos “morávios” e grandes estadistas missionários neste século presente, para recuperar a genuína visão missionária e anunciar a mensagem da Cruz aos bilhões que ainda faltam serem evangelizados.
“Fiz tudo isto por ti, o que fazes tu por mim?”
O Conde e o Avivamento Morávio: Um Ensaio Histórico por ocasião do tricentenário * de
Zinzendorf
Por Frans Leonard Schalkwijk**Zinzendorf
O conde Nikolaus Ludwig von Zinzendorf nasceu há três séculos numa família da alta sociedade em Dresden, na Alemanha. Zinzendorf era de origem luterana e tornou-se um cristão muito dedicado (1). Vinte e sete anos mais tarde, irrompeu em Herrnhut, a propriedade do conde no leste da Alemanha, o conhecido avivamento morávio que gerou profundos desejos de santificação e dedicação missionária. Tanto os irmãos morávios como o próprio conde reconheceram que o acontecimento foi uma obra da graça de Deus (2). Por mais que queiramos, não podemos reproduzir despertamentos espirituais, os quais, inclusive, têm características diferentes uns dos outros. Felizmente, porém, podemos aprender com eles.
Entre outros aspectos, a história morávia mostra, em primeiro lugar, que um avivamento genuíno leva as pessoas a reconhecerem os seus pecados, abraçarem em fé o perdão pelo sangue do Cordeiro e terem um desejo profundo de viver em consonância com a vontade de Deus, ou seja, amar e servir a Deus e aos outros, em humildade e obediência. Em segundo lugar, antes de uma renovação espiritual geralmente existe um período de "pré-avivamento" (individual e coletivo) e, após a mesma, um movimento evangelístico no sentido de compartilhar as bênçãos com os outros. Em terceiro lugar, o maligno sempre tem um interesse especial em corromper essa bênção de Deus através de farisaísmo, radicalismo e separatismo, e o melhor é, se for possível, combatê-los firmemente no início, inclusive por meio de medidas administrativas sábias, pois de outro modo os prejuízos não se farão esperar. Os conflitos resultantes dessas atitudes esvaziam os corações do amor a Deus, ao passo que o verdadeiro avivamento enche-os desse amor, que é o dom e o fruto principal da atuação intensa do Espírito Santo (Rm 5.5; 1 Co 13.13; GI 5.22).
I. ZINZENDORF
A família Zinzendorf residia em um castelo do Reino da Saxônia, a uns quinze quilômetros da fronteira checa. O pai de Zinzendorf era secretário de estado em Dresden, mas faleceu depois de consagrar seu filho de seis semanas à obra do Senhor. Quatro anos mais tarde, sua mãe casou-se novamente, e o menino foi educado por sua avó e uma tia. Ambas apoiavam o movimento pietista, que procurava reavivar a igreja através de pequenas reuniões de estudo bíblico e oração, vistas como "igrejinhas na Igreja" (ecclesiolae in ecciesia). O líder do movimento era o Dr. Philipp Jakob Spener, que às vezes visitava a família Zinzendorf. O menino amava o Senhor de coração, orava muito, lia a Bíblia diariamente, conhecia bem o Catecismo de Lutero, e por vezes até pregava para as cadeiras.
Aos dez anos, Nikolaus foi para a famosa escola pietista de August Hermann Francke, em Halle, mas no início a experiência foi humilhante. Ele discordou dos pietistas especialmente quanto à prática obrigatória da "luta do arrependimento" (Busskampn, sem a qual o crente não era considerado um verdadeiro filho de Deus. Além de apelar para argumentos teológicos, ele também insistiu que nunca havia estado sem Cristo (3). Pouco a pouco conseguiu convencer outros meninos a formar um pequeno grupo para edificação mútua denominado a "Ordem do Grão de Mostarda." Aos quinze anos, seguiu para a Universidade de Wittenberg, a cidadela da ortodoxia luterana, a fim de preparar-se na faculdade de direito para o serviço governamental, como era a praxe para moços da alta sociedade. Paralelamente estudou teologia e procurou aproximar as duas alas beligerantes do luteranismo, a ortodoxia e o pietismo.(4)
Ao término dos seus estudos, fez uma viagem através da Alemanha, Holanda, Bélgica e França (1719-1720), viagem costumeira para um acadêmico aristocrata. Temia as tentações e procurava andar com Deus constantemente. Em Düsseldorf viu a pintura "Ecce Homo," de Domínico Feti (o quadro "Cristo coroado de espinhos" que atualmente está em Munique), com as palavras desafiadoras "Tudo isto fiz por ti. O que fazes tu por mim?" Essa experiência causou uma impressão indelével no jovem conde, que reforçou a sua decisão de viver para Cristo. Depois de voltar para casa, casou-se com a condessa Erdmuth Dorothea Reuss. Eles teriam doze filhos, dos quais somente quatro chegariam à idade adulta. Erdmuth seria uma ajudadora incansável do seu marido e da igreja. Zinzendorf certa vez afirmou: "Ela dirigiu [nosso lar] com a sabedoria da Escritura." No seu túmulo, os refugiados morávios gravaram os seguintes dizeres: "Mãe Adotiva da Igreja dos Irmãos." (5)
Homem feito, aos 22 anos Zinzendorf começou seu trabalho como conselheiro real em Dresden, mas aos domingos à tarde dirigia estudos bíblicos para os interessados. Em resposta aos críticos, apoiou-se nos Artigos de Schmalkald (1536), nos quais Lutero diz que o Evangelho oferece conselho e ajuda ao pecador pela pregação da Palavra, pelo Batismo e Santa Ceia, pelo poder das chaves (a disciplina) e "finalmente por conversação fraterna e encorajamento mútuo" (Mt. 18.20). Adquiriu de sua avó a vila de Berthelsdorf e, sendo um proprietário feudal, instalou seu amigo João Rothe como pastor, prometendo-lhe que ajudaria a transformar a vila numa verdadeira comunidade de crentes, sem ainda saber como Deus responderia a esse desejo mais profundo do seu coração.
II. a UNITAS FRATRUM
Todos sabem que a Reforma começou na Alemanha com Martinho Lutero (1517), mas poucos sabem que antes da Reforma havia uma florescente igreja protestante na atual República Checa, cujas principais regiões são a Boêmia no oeste (ao redor da capital Praga) e a Moravia no leste (6). Essa nação havia sido cristianizada no século IX por missionários vindos de Constantinopla e seu casal real mais conhecido era o piedoso Wenceslau e sua esposa Ludmila. Culturalmente, a região era como um promontório eslavo em um mundo alemão, mas, no final da Idade Média, durante o período do renascimento, houve um influxo de alemães no país, inclusive na importante universidade de Praga. Os alemães desprezavam os checos como um povo de cultura inferior. Quando estudantes checos começaram a freqüentar a Universidade de Oxford, ouviram o professor John Wycliffe (m.1384) e levaram os ensinos bíblicos dessa "estrela d'alva da reforma" para o seu país, onde tais ensinos receberam uma singular acolhida. Um dos professores da Universidade de Praga era João Huss, que pregava com zelo contra os erros que via na vida e na doutrina da Igreja Católica Romana. Hus foi condenado pelo Concílio de Constança e queimado vivo apesar de um salvo-conduto imperial (1415).
Na Boêmia, a terra natal de Hus, eclodiu uma revolta e formou-se uma igreja evangélica conhecida como Unitas Fratrum, a União dos Irmãos ou a Igreja dos Irmãos. Seus adeptos nunca se consideraram uma "seita;" simplesmente distanciaram-se das corrupções da igreja. Quando, porém, em 1620, a Boêmia foi vencida pela Áustria, o novo governo decidiu implantar a contra-reforma católica romana e exterminar a ferro e fogo os evangélicos, dentre eles, em primeiro lugar, a Igreja dos Irmãos. Nem a Paz de Westfália (1648) trouxe alívio para esses crentes perseguidos. Muitos foram mortos e outros fugiram, especialmente para Lissa, na Polônia, entre os quais o famoso educador João Amós Comênio, bispo da Unitas Fratrum (falecido em 1670), que lamentou o fato de a igreja de Roma ter se tornado perseguidora dos próprios cristãos.
Parecia que os evangélicos tinham sido extirpados da Boêmia e da Morávia. Mas ainda havia uma "semente oculta"(7). E Deus usou um jovem pastor de ovelhas da Morávia, Christiano David, apelidado de "o servo do Senhor," para reacender o fogo evangélico. Christiano tinha sido um católico romano radical, mas pela leitura da Palavra de Deus veio a conhecer a verdade. Depois de muitas viagens fora da Morávia e de ter recebido assistência de um pastor luterano pietista na Saxônia durante uma enfermidade, regressou para a sua terra natal a fim de pregar as boas novas de salvação. Sua pregação causou um despertamento espiritual, o que provocou, novamente, muitas perseguições. Então, Christiano procurou o seu pastor na Saxônia, que o apresentou ao pastor Rothe, o qual por sua vez levou-o para falar com Zinzendorf. Este consentiu em receber os crentes perseguidos em Herrnhut, sua propriedade. Christiano David voltou para a Morávia e um pequeno grupo aceitou o desafio de ir morar em Herrnhut. Numa noite, cinco famílias partiram de suas casas para atravessar as montanhas e, depois de doze dias, chegaram à vila de Berthelsdorf (1722).
III. HERRNHUT
Em Herrnhut, os morávios foram recebidos com carinho. O gentil administrador de Zinzendorf procurou um lugar para os refugiados se estabelecerem e escolheu uma localidade distante da vila, no pasto comum onde o gado era vigiado, o "Hutberg" (montanha de guarda). Disse que seria um verdadeiro "Herrnhut," um lugar debaixo da "guarda do Senhor," mas também sempre na "guarda do Senhor," louvando-o dia e noite (SI 134.1). Outros refugiados chegaram nos anos seguintes, especialmente herdeiros da Unitas Fratrum, e também anabatistas, calvinistas e schwenkfeldianos, místicos que colocavam o Espírito acima da palavra escrita.
Não demoraram a surgir tensões internas, que aumentaram especialmente após a chegada do grupo místico: disputas teológicas, divergências étnicas, concorrência no trabalho, etc. Herrnhut era de fato uma congregação da igreja luterana de Berthelsdorf, mas o líder das contendas, um tal de Krüger, um luterano já excomungado em outro lugar, chamou o pastor Rothe de "falso profeta" e Zinzendorf de "besta," e conclamou todos a deixarem a igreja luterana, que ele chamava de "Babilônia." Muitas pessoas foram influenciadas pelas suas pregações inflamadas, até mesmo o pioneiro Christiano David. Embora Krüger tenha enlouquecido, tendo de ser internado num manicômio em Berlim, o mal semeado permaneceu e exigiu a intervenção do próprio conde.
Por cinco anos, durante o inverno, Zinzendorf havia continuado em seu trabalho como conselheiro real em Dresden, e no verão cuidava da sua propriedade rural. A igreja da vila de Berthelsdorf florescia com as pregações fervorosas do pastor Rothe, e à tarde o próprio conde, em sua casa, explicava a mensagem aos seus arrendatários. Ele fez um pacto com seu amigo Frederico de Watteville e com os pastores Rothe e Schãfer no sentido de promover a expansão do evangelho. Enquanto tudo ia bem, não se incomodou muito com o lugarejo de Herrnhut. Apenas havia determinado que somente refugiados por razões religiosas podiam ser admitidos, e tinha convencido os moradores a prometerem fidelidade à Confissão luterana de Augsburgo (8). O cantar dos velhos hinos morávios não era problema. No início de 1727, porém, com o radicalismo de Krüger, a situação deteriorou e o conde precisou agir. A paz de Cristo nas suas terras estava em perigo, pois o pastor Rothe alertava a igreja quanto aos "fanáticos alucinados" da colina e Christiano David considerava o pastor um eclesiástico bitolado.
Nesse momento crítico o conde interveio, "transformando o duelo em dueto," como disse o historiador Hutton (9). Ele ensinaria os refugiados a obedecerem às leis do país, a curvar-se diante da sua autoridade como proprietário feudal e a viver em harmonia cristã (10). Ele convocou todos, homens e mulheres, depois de um longo culto de cânticos à noite (Singstunde), para uma reunião geral na casa grande de Herrnhut no dia 12 de maio. Primeiramente o conde falou pastoralmente sobre o pecado do separatismo. Em seguida, como dono das terras, explicou suas "Ordens e Proibições" que todos tinham de obedecer por força de lei, um tipo de constituição simples como existia nas vilas da Alemanha, porém adaptada à situação local. Finalmente, ele apresentou 42 "Estatutos" como base para uma (futura) sociedade religiosa voluntária. A reunião estendeu-se por mais de três horas, mas o resultado foi positivo. Prometendo obedecer as determinações de Zinzendorf, todos deram as mãos ao seu senhor terreno, que por sua vez garantiu que seus arrendatários nunca seriam seus servos feudais ou sua posse pessoal, mas sempre poderiam viver como homens livres, o que naquela época na Alemanha era algo especial (11).
No mesmo dia foram eleitos doze anciãos para a supervisão da comunidade e, dentre eles, quatro foram indicados por sorteio, segundo um antigo costume dos irmãos checos, para servirem como anciãos-chefes, entre eles o próprio Cristiano David. Posteriormente, foram eleitos guarda-noturnos, inspetores dos serviços públicos, assistentes dos enfermos e dos necessitados, etc. Finalmente, foram organizados pequenos grupos que se reuniriam freqüentemente para edificação mútua. Também houve muitas reuniões de Zinzendorf com os anciãos.
IV. o AVIVAMENTO
Após receber autorização da corte real, Zinzendorf passou a dedicar o seu tempo a Herrnhut, deixando os negócios nas mãos da sua esposa e do seu amigo De Watteville. Conversando com as famílias refugiadas, percebeu a profunda preocupação dos checos em reviver a Igreja dos Irmãos. Assim, chegou à conclusão que de fato a melhor solução seria organizar em Herrnhut uma "igrejinha dentro da Igreja" (ecclesiola in ecciesia), com características, inclusive disciplinares, da antiga igreja checa. Somente assim os irmãos checos poderiam preservar os laços com o passado e ao mesmo tempo a congregação de Herrnhut poderia continuar como parte integral do sistema paroquial da igreja de Berthelsdorf.
Em 1725, Francke já havia alertado Zinzendorf quanto às tendências separatistas de Herrnhut,12e o conde sabia muito bem que as leis do Estado da Saxônia não permitiriam uma simples reorganização independente da antiga Unitas Fratrum. Utilizando muitos elementos dos "Estatutos," eles prepararam o que depois seria denominado a "Concórdia Fraterna." No início de julho de 1727, o documento foi assinado solenemente: o conde em primeiro lugar, depois Cristiano David e em seguida quase todos os habitantes de Herrnhut. Todas as noites houve reuniões de oração, cânticos ou estudo bíblico. David exortou o povo a estudar a arte de amar segundo o ensino da Primeira Epístola de João. O movimento era calmo e de regozijo no Senhor, sem tentativas de estimular as emoções. O conde alertou: "Criar excitação religiosa é tão fácil como excitar as paixões carnais. E freqüentemente a primeira leva à segunda."
Poucas semanas depois, Zinzendorf encontrou numa biblioteca em Zittau uma cópia da versão latina, feita por Comênio, do antigo "Manual de Disciplina" da extinta Unitas Fratrum checa. Alegrou-se extremamente ao descobrir que ela tinha sido uma igreja fiel e ortodoxa e que as suas normas eram muito semelhantes aos artigos da "Concórdia Fraterna"!13Ao regressar a Herrnhut, relatou o seu achado e apresentou a versão alemã do documento, causando uma profunda gratidão em todos os irmãos refugiados, ao verem de perto a herança dos seus pais, que aparentemente tinha sido preservada tão fielmente entre eles. Mas os acontecimentos marcantes daquele ano seriam coroados pela fidelidade do Senhor.
Já que as brigas haviam cessado e os moradores de Herrnhut buscavam a santificação, o pastor Rothe convidou todos a participarem da Ceia do Senhor na igreja central de Berthelsdorf, num culto marcado para a manhã da quarta-feira dia 13 de agosto de 1727. Já antes do culto havia um forte senso de reverência. O pastor Rothe pregou sobre a importância daquela ocasião depois de tantas dificuldades: agora eles eram os convidados do Senhor para sentarem-se com ele à sua Mesa. Depois do cântico, duas moças fizeram profissão da sua fé. Após outro hino, o conde fez a oração de confissão pública em meio às lágrimas de muitos, suplicando perdão pelo sangue de Cristo, livramento de todas as divisões, e a bênção de uma união verdadeira de coração para que pudessem ser uma bênção para outros, perto e longe. Mais três pessoas oraram, e a parte da liturgia sobre o perdão dos pecados foi pronunciada por um outro pastor, que em seguida ministrou os elementos. Todos sentiram um misterioso toque do poder de Deus. Encheram-se da paz e alegria do Espírito Santo. Houve um profundo senso de comunhão com Cristo e com os outros, e eles reconheceram: "Aprendemos a amar." Até hoje o 13 de agosto é considerado como o dia do renascimento espiritual da Igreja dos Irmãos, da Unitas Fratrum.
Dois dos anciãos, entretanto, estavam ausentes, fazendo visitas na Hungria. Naquele dia, não sabendo porque, sentiram um forte desejo de orar por Herrnhut, somente mais tarde tomando conhecimento do que havia ocorrido. Para não perder esse impulso celestial, duas semanas após aquela Ceia memorável Herrnhut iniciou a "Intercessão de Hora em Hora": durante 24 horas por dia havia oração e cada irmão ou irmã tomava o seu lugar nesse rodízio. Essa foi a reunião de oração mais longa da história, pois estendeu-se por mais de um século.
RESULTADOS
Geralmente pensamos que o movimento missionário moderno começou a partir de 1800, com o trabalho de William Carey. Na realidade, como freqüentemente acontece, antes disso o Senhor já havia dado um grande impulso a essa obra. A partir da época dos descobrimentos (1500), o trabalho missionário das igrejas em geral passou a ocorrer dentro dos esquemas de colonização, primeiramente com as missões católicas romanas e depois também com as missões protestantes, como a da Igreja Reformada Holandesa no Nordeste do Brasil (1630-1654). Todavia, com o trabalho dos Irmãos Morávios, esse modelo ligado à colonização começaria a ser rompido, e "os seguidores do Cordeiro," como eles se denominavam, haveriam de ir por toda parte.
Um ano após a "renovação da aliança" em Herrnhut, um grupo de jovens solteiros começou a estudar a Bíblia, geografia, medicina e línguas. Sentiam que Deus estava preparando-os para uma obra maior. A chamada macedônica veio em 1731 e no ano seguinte teve início o trabalho missionário morávio. Em vinte anos, Herrnhut enviaria mais missionários ao exterior do que todas as outras igrejas protestantes nos primeiros duzentos anos da sua existência! E em breve, a Igreja Morávia no campo missionário seria maior do que a própria igreja mãe. Isso é um capítulo à parte,15 mas é claro que, incontestavelmente, foi resultado e fez parte integral daquele despertamento espiritual de 1727. Lembremo-nos do seu lema: Vincit Agnus Noster. Eum Sequamur! O nosso Cordeiro venceu. Vamos segui-lo!
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* O tricenteránio do nascimento do Conde de Zinzendorf aconteceu em maio de 2000.
** O autor é ministro da Igreja Reformada Holandesa, com mestrado no Calvin Theological Seminary, em Grand Rapids, Estados Unidos, e doutorado em história na Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo. É professor visitante do Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper.
___________NOTAS:
1 - Zinzendorf nasceu em Dresden, a 26 de maio de 1700. Há muitas biografias sobre ele, como por exemplo, H. Renkewitz, Zinzendorf (Hamburgo, 1948). As obras completas de Zinzendorf foram reunidas e publicadas por G. Meyer, Nicolaus Ludwig von Zinzendorf Schriften, 67 vols (Hildesheim: Olms Verlag, 1962-).
2 - Como Zinzendorf lembrou em sua mensagem fúnebre sobre 1 Co 15.10 (1760), reproduzida em O. Uttendõrfer, ed., Nicolaus Ludwig Graf von Zinzendorf: Evangelische Gedanken (Berlim, 1948), 255.
3 - Ver Uttendõrfer, Evangelische Gedanken, 38-46.
4 - Ver A. J. Lewis, Zinzendorf, the Ecumenical Pioneer: A Study in the Moravian Contribution to Christian Mission and Unity (Filadélfia: Westminster Press, 1962), 15: Zinzendorf detestava o odium theologicum, procurando aproximação entre os que "têm experimentado a morte de Jesus nos seus corações" (ver F. Blanke, Zinzendorf und die Einheit der Kinder Gottes [Basel, 1950]), mas rejeitava energicamente o deísmo, que considerava como paganismo abstrato; ver O. Uttendõrfer, Zinzendorfs religióse Grundgedanken (Herrnhut, 1935), 166-174.
5 - Ela faleceu em Herrnhut no ano de 1756, quatro anos antes do conde. Ver a biografia escrita por E. Geiger, Erdmuth Dorothea Grãfin von Zinzendorf (Herrnhut, 1999).
6 - J.E. Hutton, A History of the Moravian Church (Londres, 19092), 11-176.
7 - A. Vacovsk, "History of the 'Hidden Seed' (1620-1722)," em M. P. van Buytenen, C. Dekker e H. Leeuwenberg, Unitas Fratrum. Herrnhuter Studien (Utrecht, 1975), 35-54.
8 - A Confessio Augustana (1530). A orientação fornecida pela Confissão, por Lutero e pela Escritura foi a bússola do conde, ajudando-o a superar grandes problemas, inclusive no período crítico entre 1743 e 1749 (Sichtungszeit = tempo de peneiração). Ver O. Uttendõrfer, Zinzendorf und die Mystik (Berlim, s.d.), 169ss, 422.
9 - Hutton, Moravian Church, 206.
10 - Lewis, Zinzendorf, 47-62, "The Watch of the Lord." A. L. Fries, Distinctive Customs and Practices of the Moravian Church (Bethlehem, Pensilvânia, 1949), 55: naqueletempo, Herrnhut devia ter ao todo uns 300 habitantes, em 34 casas.
11 - H. Beck, Brüder in vielen VóIkem; 250 Jahre Mission der Brüdergemeine (Erlangen, 1981), 32: Herrnhut seria um lugar de liberdade pessoal, mas também uma escola de disciplina mútua com supervisão dos anciãos e auxiliares.
12 - J. T. Hamilton, A History of the Church known as the Moravian Church, or the Unitas Fratrum, or the Unity of the Brethren, During the Eighteenth and Nineteenth Centuries (Bethlehem, Pensilvânia, 1900), 36.
13 - A. Ritschl, em Geschichte des Pietismus (1880-1886; 3 vols.), afirma que Zinzendorf conhecia a "Ratio Disciplinae" antes de escrever os Estatutos (III, 243). Hutton, em Moravian Church (pp. 212, 183), refuta Ritschl nesse e outros pontos e lembra que os erros de Ritschl foram corrigidos amplamente por B. Becker, Zinzendorf und sein Christentum im Verháltnis zum kirchlichen und religiõsen Leben seiner Zeit (Leipzig, 1900), e por J. T. Müller, Zinzendorf als Erneuerer der alten Brüderkuirche (Leipzig, 1900). Sigo a ordem cronológica de Hutton.
14 - Hino comemorativo por James Montgomery, Customs, p. 57. Ver R. von Delius, Gedichte des Grafen Zinzendorf (Berlim, 1920), 14: "Reine Flammen/ brennt zusammen!/ Macht mich Licht durch euren Schein/ und volt Triebe/ süszer Liebe:/ nehmt mein ganzes Wesen ein!" Uma experiência real, pística; L. Kalsbeek, Contours of a Christian Philosophy (Amsterdã, 1975), cap. 11.
15 - J. E. Hutton, A History of Moravian Missions (Londres, 1922); K. Müller e A. Schulze, 200 Jahre Brüdermission, 2 vols. (Herrnhut, 1931-1932); Beck, Brüder in vielen VóIkem; 250 Jahre; H. Bintz, ed., N. L. von Zinzendorf, Texte zur Mission (Hamburgo, 1979). Infelizmente os morávios não entraram no Brasil, apesar do convite oficial do regente do Império, o padre Diogo Antônio Feijó (1835-1837), que solicitou ao Marquês de Barbacena (então exercendo funções diplomáticas em Londres), providenciar a vinda de duas corporações dos Irmãos para trabalhar com os indígenas brasileiros (Ultimato 264 [Maio 2000], 28). Infelizmente não puderam atender (por falta de obreiros ou de visão?).
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Nicolau von Zinzendorf (1700-1760) foi um nobre crente que exerceu grande influência na história missionária. Quando jovem fundou com outros estudantes o que chamou de “Ordem do Grão de Mostarda”.
Em uma de suas viagens, ao visitar um Museu, viu um quadro do Senhor Jesus coroado com espinhos e uma inscrição: “Eu tudo fiz por ti, que fazes tu por mim?” E muito se emocionou. Meditou e chorou por muitos dias sobre tal frase. Após viajar para a Groenlândia seu coração tornou-se ainda mais inquieto ao ver que os esquimós da Groenlândia não conheciam a Cristo e seu choro aumentou ainda mais.
Algum tempo depois ele encontrou um amigo cristão e lhe fez um convite para ir pregar o Evangelho aos esquimós, dizendo: “Você gostaria de pregar o Evangelho aos esquimós? Mas antes que você me responda, quero que você saiba que você vai sozinho, sem sustento e sem possibilidade de voltar para casa. Você aceita o desafio?”.
Aquele homem aceitou o desafio sem pensar duas vezes. A única coisa que fez foi pedir um par de sapatos usados, pois o mesmo estava descalço e seria difícil viajar de tal forma. Na manhã seguinte, ao chegar à casa daquele cristão com o par de sapatos usados que ele havia pedido, Zinzendorf não o encontrou. Ele havia deixado um bilhete dizendo “saí de casa, descalço, antes de o sol nascer. Não posso perder tempo para fazer a obra de Cristo”.
Hoje, mais de 95% da população da Groenlândia é cristã! E tudo começou porque um homem ousado e comprometido com Jesus respondeu “SIM” ao chamado de Cristo e dedicou-se a pregar o evangelho e salvar vidas.
Nessa época, na Morávia, a Igreja que se originara após a morte de John Huss, estava sendo grandemente perseguida. O conde mandou avisar que se aqueles crentes quisessem, seriam acolhidos em suas terras, na Saxônia. Assim, muitos refugiados morávios conseguiram chegar lá e fundaram, em 1722, uma comunidade que existe até hoje, chamada Herrnhut (“sob o cuidado do Senhor” ou também “montando guarda para o Senhor”). Lá eles se auto-sustentavam. Aprenderam a viver como artesãos e desenvolveram um movimento de oração nas 24 horas do dia, nos sete dias da semana por 100 anos. Pouco tempo depois, aquela comunidade cristã, liderada por Zinzendorf, passou a ter um fortíssimo envolvimento missionário. Vários membros (principalmente jovens), começaram a se sentirem chamados para pregar em lugares distantes.
Além do comprometimento com a oração, eles também eram extremamente comprometidos com a obra missionária. Reconheciam o chamado da Grande Comissão, sabiam que precisavam pregar o Evangelho aos que nada sabiam sobre o Evangelho e entendiam que eram responsáveis por pregar o Evangelho aos perdidos. Assim, no espaço de 20 anos, a igreja dos morávios enviou mais missionários para o mundo do que todas as igrejas protestantes em 200 anos!
Os irmãos morávios, dirigidos por Zinzendorf e outros líderes, enviaram missionários para: Ilhas Virgens (1732); Groenlândia (1733); Suriname (1735); África do Sul (1736); Jamaica (1750); Canadá (1771); Austrália (1850); Tibet (1856), entre outros longínquos lugares.
Nos primeiros 100 anos de atividade (de 1732 a 1832), os irmãos morávios obtiveram o impressionante número de 40 mil membros, 209 missionários e 41 centros de missões ao redor do mundo! Em 150 anos enviaram 2.158 missionários.
Quando Zinzendorf era questionado sobre o real motivo para tão expressivo e sacrificial movimento missionário, respondia: “estamos indo buscar para o Cordeiro o galardão do Seu sacrifício”. Baseado em Isaías 53:11.
Zinzendorf morreu aos 60 anos em Herrnhut, pastoreando até o fim de seus dias.
Assim como o Senhor Jesus, foi obediente até a morte para cumprir as Escrituras.
O líder morávio procurou seguir o exemplo do Filho de Deus.
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Nicolaus Ludwig Von Zinzendorf foi um homem levantado por Deus para dar refúgio a milhares de perseguidos religiosos na Europa. Alavancando assim a obra missionária tão esquecida naquela época. Ele
amava profundamente a obra missionária e, como poucos líderes na história, entendeu a importância de missões como a tarefa prioritária da igreja. Com seu exemplo foi capaz de levar a sua comunidade a
abraçar o empreendimento missionário, enviando ao longo dos anos mais de 200 missionários para todos
os continentes.
Zinzendorf nasceu em Dresden, na Saxônia, no dia 26 de maio de 1700, no seio de uma nobre família piedosa de confissão luterana. Seu pai, um alto oficial da corte, faleceu logo após seu nascimento, mas no leito de morte, o consagrou à obra do Senhor. Com o novo casamento de sua mãe, ele foi criado por sua avó, a baronesa Henrietta Catarina Von Gersdorf, uma mulher piedosa que lhe proporcionou uma fé viva no Senhor Jesus Cristo. Desde criança, Zinzendorf tinha grande interesse pelas coisas de Deus, como testemunhou mais tarde dizendo: “ainda na infância, eu amava o Salvador e tive comunhão abundante com Ele. Aos quatro anos comecei a buscar sinceramente a Deus e decidi tornar-me um verdadeiro servo de Jesus Cristo” (ATAÍDES, p. 15). Esse interesse acentuou-se ainda mais quando, aos dez anos de idade, foi matriculado na Escola Pietista, em Halle, onde foi tremendamente influenciado por esse movimento. Naquela escola, tornou-se líder entre os colegas criando a ordem “O Grão de Mostarda” que visava a evangelização do mundo. O emblema da ordem tinha um pequeno escudo com a inscrição: “Suas chagas nos curam”, e cada um deles usava um anel com as seguintes palavras: “nenhum homem é uma ilha.” Como lema da sua vida, Zinzendorf adotou a seguinte frase: “Tenho uma única paixão: Jesus, Ele e somente Ele”. Tendo essa paixão tão acentuada por Cristo, pregava uma profunda devoção pessoal a Ele baseada em sua própria experiência.
Certa vez, em uma de suas viagens pela Europa, numa galeria em Dusseldorf, na Alemanha, ao ver um quadro de Cristo coroado de espinhos com a seguinte inscrição: “Eu tudo fiz por ti, o que fazes tu por mim?” (ATAÍDES, p. 21), foi tocado profundamente, o que o levou a chorar e tomar uma decisão de dedicar a sua vida ao serviço de Cristo.
Ele usou sua herança em Berthelsdorf, para fundar uma comunidade denominada Herrnhut, que significa “Abrigo do Senhor”, em 1722, dando refúgio a cristãos perseguidos da Morávia, entre os quais se tornou o líder espiritual. Após 5 anos de existência, num memorável domingo, em 13 de agosto de 1727, quando estavam reunidos para a Ceia do Senhor, o Espírito Santo veio sobre eles, quebrantando-os e levando-os à maior reunião de oração de todos os tempos, que durou mais de 100 anos ininterruptos (TUCKER, p 73-74).
O despertamento missionário de Zinzendorf se deu quando, em Copenhague, participava da festa de coroação do rei da Dinamarca Cristiano VI. Foram-lhe apresentados dois convertidos esquimós da Groenlândia, batizados pelo missionário Hans Egede, e um escravo negro das índias ocidentais (NEIIL, P. 242). Zinzendorf ficou tão impressionado com eles que convidou o último para uma visita em sua comunidade em Herrnhut e a presença dele ali trouxe um grande despertamento entre os moravianos tendo como resultado o envio dos primeiros missionários, em 1732 (TUCKER, p. 74). O próprio Zinzendorf se tornou missionário entre os índios americanos, mas por algumas circunstâncias regressou a sua terra deixando este trabalho na responsabilidade dos missionários nomeados por ele.
Ele teve papel importante na propagação das missões cristãs na sua época e deixou exemplos que serão sempre modelos para a igreja, sendo pioneiro no exercício de missões protestantes estrangeiras que “enviaram, num curto espaço de tempo, mais missionários do que todos os protestantes juntos durante duzentos anos de protestantismo” (ATAÍDES, p.18). Os moravianos enviaram missionários para as Ilhas Virgens (1732); Groenlândia (1733); Suriname (1735); África do Sul (1736); Jamaica (1750); Canadá (1771); Austrália (1850); Tibet (1856), entre outros longínquos lugares.
O ilustre Conde Zinzendorf foi o líder da Igreja moraviana até sua morte, em 09 de maio de 1760, quando foi recebido nos tabernáculos eternos aos 60 anos de idade. Tendo sido um homem que buscou ardentemente a comunhão com o Senhor e a unidade do povo de Deus na terra, Zinzendorf levou seus seguidores a ter uma motivação e “a única motivação deles era o amor sacrificial de Cristo pelo mundo, e foi essa a mensagem que levaram até os confins da terra” (TUCKER, p. 77). Que possamos dizer como Zinzendorf: “venceu o nosso Cordeiro. Vamos segui-lo”.
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Referências:
ATAÍDES, Florencio Moreira de. História das Missões Moravianas. Arapongas: Aleluia, 2007.
NEILL, Stephen. História das Missões. São Paulo: Vida Nova, 1989.
TUCKER, Ruth. Missões até os confins da terra. São Paulo: Shedd, 2010.
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