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Qual o castigo [kolasin] de Mateus 25:46 ?? Empty Qual o castigo [kolasin] de Mateus 25:46 ??




“E irão eles para o castigo eterno, mas os justos irão para a vida eterna”. Analisando friamente o texto, parece que o sentido da frase de Cristo era colocar os justos em uma vida eterna no Céu e os ímpios sendo torturados eternamente no inferno, contrariando o resto da Bíblia toda (cf. 2Pe.2:.6; Sl.37:9; Sl.37:22; Sl.104:35; Is.19:18-20; Sl.145:20; Sl.94:23; Pv.1:29; 1Ts.5:3; Jó 4:9; Sl.1:4-6; Sl.73:17-20; Sl.92:6,7; Sl.94:23; Pv.24:21,22; Is.1:28; Is.16:4,5). Porém, para analisarmos qual é o sentido do “castigo eterno”, empregado por Cristo, primeiramente devemos regressar ao significado literal expressado por Ele.



A palavra kolasin empregada por Cristo em Mateus 25:46 diz respeito à punição, e não a tormento. Se Cristo tivesse a intenção de pregar o tormento eterno, Mateus poderia ter perfeitamente empregado a palavra grega basaniso, que significa tortura, dor, tormento. Se Mateus tivesse a intenção de dar a frase tal sentido, ele teria essa opção pronta, a mão, que poderia ter sido perfeitamente utilizada. Contudo, o sentido aqui mencionado é de punição, e não de tormento.



A versão King James (considerada a melhor versão de todos os tempos), traz: everlasting punishment” – “punição eterna”. O mesmo fazem todas as grandes versões tais como a American Standard Version, a Versão King James with Strongs (de acordo com a Concordância de Strong), e todas as versões mais reconhecidas e imparciais. A Young’s Literal Translation vai além e traduz: “E estes vão se ir à idade de punição, mas o honrado à idade de vida eterna”.



A pergunta que fica agora é: Qual é a punição eterna que Cristo mencionou em Mateus 25:46? É de ficar queimando para sempre em um lago de fogo em um sofrimento que não acaba nunca, ou será o fato de serem “eternamente destruídos e banidos da face do Senhor”, como diz o apostolo Paulo em 2Tessalonicenses 1:7-10, e não se pode conceber um processo de destruição incompleto que não termina nunca, em um processo eterno e inconclusivo? É destruição com resultados permanentes.



Em Hebreus 6:2 o autor fala de “juízo eterno-aionios. Isso evidentemente não significa que o julgamento é um processo que tem início mas não tem fim, mas sim que este juízo é de resultados irreversíveis. Da mesma maneira, a “punição” eterna que os ímpios sofrerão, é uma punição de resultados permanentes. Para entendermos qual é a punição/castigo a que Cristo se referia em Mateus 25:46, basta regressarmos cinco versos, contextualizando a passagem, em que Cristo afirma aos ímpios:



“Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” (cf. Mt.25:41). Portanto, quando não pegamos um verso isolado da Bíblia para fundamentar uma doutrina, mas o contextualizamos como devidamente deve ser feito, percebemos que a punição eterna é o fogo eterno em que os ímpios serão jogados. Mas seria esse fogo eterno um fogo que não apaga nunca? Certamente que não! Vamos ver o que significa “fogo eterno” na Bíblia Sagrada:



“Os ribeiros de Edom se transformarão em piche, e o seu pó, em enxofre; a sua terra se tornará em piche ardente.Nem de noite nem de dia se apagará; subirá para sempre a sua fumaça; de geração em geração será assolada, e para todo o sempre ninguém passará por ela” (cf. Is.34:9-10)



Ora, onde é que estão os edomitas? Já desapareceram há muitíssimo tempo e na sua terra o fumo não está subindo nem queimando e muito menos o piche está ardendo até hoje.



“Mas, se não me ouvirdes, e, por isso, não santificardes o dia de sábado, e carregardes alguma carga, quando entrardes pelas portas de Jerusalém no dia de sábado, então, acenderei fogo nas suas portas, o qual consumirá os palácios de Jerusalém e não se apagará(cf. Je.17:27)



Aqui vemos que Deus disse que se o povo israelita deixasse de santificar o sábado, Ele iria acender fogo nas portas da cidade que “não se apagará”. Lemos em 2 Crônicas 36:19-21 que esta profecia se cumpriu:



“Os babilônios incendiaram o templo de Deus e derrubaram o muro de Jerusalém; queimaram todos os palácios e destruíram todos os utensílios de valor que havia neles. Nabucodonosor levou para o exílio, na Babilônia, os remanescentes, que escaparam da espada, para serem seus escravos e dos seus descendentes, até à época do domínio persa. A terra desfrutou os seus descansos sabáticos; descansou durante todo o tempo de sua desolação, até que os setenta anos se completaram, em cumprimento da palavra do Senhor anunciada por Jeremias” (cf. 2Cr.36:19-21)



A cidade estão queimando até hoje? É claro que não!!!



“Diga à floresta do Neguebe: Ouça palavra do Senhor. Assim diz o Soberano, o Senhor: Estou a ponto de incendiá-la, consumindo assim todas as suas árvores, tanto as verdes quanto as secas. A chama abrasadora não será apagada, e todos os rostos, do Neguebe até o norte, serão ressecados por ela. Todos verão que eu, o Senhor, acendi, e não será apagada(cf. Ez.20:47,48)



Será que existe algum fogo queimando até hoje sobre as florestas do Neguebe? Ou será que as árvores foram completamente consumidas pelo fogo, apesar de ser chamado de “eterno”, que “não seria apagado”, mas não está queimando até hoje?



Vemos, portanto, que fogo eterno na Bíblia Sagrada é o resultado de uma destruição/aniquilamento completo, com resultados que são permanentes. Em absolutamente nunca quando a Bíblia menciona “fogo eterno” ou que “não se apagará”, existe realmente um fogo que permanece queimando literalmente até os dias de hoje. Uma passagem que lança bastante luz, encontra-se em Judas 7, que diz:



“De modo semelhante a estes, Sodoma e Gomorra e as cidades ao redor se entregaram a imoralidade e a relações sexuais antinaturais, foram postas como exemplo, sofrendo a pena do fogo eterno(cf. Jd.7).



Aqui é nos dito de maneira clara que o fogo eterno que as cidades de Sodoma e Gomorra acabaram sofrendo é o exemplo do fogo eterno que acontecerá com os ímpios. Ora, será que o fogo que caiu nas cidades de Sodoma e Gomorra está queimando até hoje? É evidente que não, e nem poderia, já que na região atualmente localiza-se o “mar Morto”!



O mais importante a mencionarmos aqui, é o fato de que este fogo eterno que caiu em Sodoma e Gomorra (que não está queimando até hoje) é o exemplo, a tipificação, o antítipo do fogo eterno que acontecerá com os ímpios. Ora, se o fogo eterno das cidades de Sodoma e Gomorra não está queimando até hoje, então o fogo eterno do juízo final (que é claramente indicado como o mesmo tipo de fogo eterno que caiu sobre aquelas cidades – cf. Jd.7) do mesmo modo não é eterno por queimar para sempre, mas por ter resultados que são eternos e permanentes, irreversíveis.



Se nas regiões de Sodoma e Gomorra estivesse literalmente um fogo queimando até os dias de hoje, aí seria motivo de grande preocupação, pois o fogo eterno dos ímpios é do mesmo tipo do fogo eterno de Judas 7. Mas, novamente, como em todas as demais ocasiões em que fogo eterno que nunca se apaga é mencionado nas Sagradas Escrituras, é para mencionar a total e plena destruição que tem resultados que são permanentes e irreversíveis.



Portanto, a passagem de Mateus 25:46, dentro de seu devido contexto textual e Escriturístico, nos assegura a antítese de que “os justos irão para a vida eterna, mas os ímpios irão para a punição do fogo eterno [que é eterno pelos resultados permanentes da destruição completa]”.



Cristo está estabelecendo a antítese do destino final de salvos e perdidos, o que evidentemente é um destino eterno [irreversível], definitivo para ambos os grupos. A palavra “eterno-aion” está relacionada para ambos os grupos, mas não está igualada em seu sentido pleno e absoluto. Ambos são “eterno”, mas com aplicações diferentes. Para os salvos, a eternidade é no próprio processo; para os perdidos, a eternidade é nos efeitos/consequências do fogo eterno. Como bem observa o erudito Basil Atkinson:



“Quando o adjetivo aionios com o sentido de ‘eterno’ é empregado no grego com substantivos de ação faz referência ao resultado da ação, não ao processo. Assim, a frase ‘castigo eterno’ é comparável a ‘eterna redenção’ e ‘salvação eterna’, ambas sentenças bíblicas. Ninguém supõe que estamos sendo redimidos ou sendo salvos para sempre [como um processo]. Fomos redimidos e salvos de uma vez por todas por Cristo, com resultados eternos. Do mesmo modo, os perdidos não estarão passando por um processo de punição para sempre, mas serão punidos uma vez por todas com resultados eternos. Por outro lado, o substantivo ‘vida’ não é um substantivo de ação, mas um que expressa uma condição. Assim, a própria vida é eterna” [Life and Immortality]



Antes de concluirmos essa fácil refutação, é bom também levarmos em consideração a aplicação que kolasin tinha na época de Cristo. “Kolasin” era uma palavra que tinha costume de uso para “Pena de Morte” (Punição Capital) e, portanto, no versículo citado ele se refere a morte eterna (morte, e não tormento), referindo-se a “segunda morte” (Ap.2:11; Ap.21:8). O Dicionário Internacional de Teologia do NT (pág. 313), declara nas seguintes palavras:



Kolasin = Castigo. Deriva-se de Kolos, ‘mutilar’, ‘cortar fora; é usado figuradamente para ‘impedir’, ‘restringir’, ‘punir’” [Dicionário Internacional de Teologia do NT]



Como vemos, o termo “kolasin” era usado na época de Cristo, nunca para indicar um tormento sem fim, mas sim para acentuar o caráter bíblico do aniquilamento dos ímpios [morte eterna; segunda morte] que serão “mutilados”, “cortados fora” ou “despedaçados”. Essa analogia é feita para ressaltar o aspecto irreversível da destruição completa dos pecadores, mas nunca de um processo de tormento sem fim. Jesus estava acentuando o contraste entre a vida eterna dos justos e a morte eterna dos ímpios, que serão mutilados e despedaçados [figura de aniquilacionismo], cortados fora do Seu Reino.

http://lucasbanzoli.no.comunidades.net/index.php?pagina=1079449363

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